domingo, 11 de março de 2012

Tão forte e tão perto

clip_image001ASSUNTO
Luto, Síndrome de Asperger, relações familaires, afetivas e sociais.
Ainda que não tenha sido aclamado pela crítica, foi um filme indicado ao Oscar em duas categorias. Os críticos que leram o livro consideraram que muito se perdeu no processo de exibir na tela, o que a literatura tinha proposto. Trata-se de um drama daqueles de fazer chorar muito, pois fala de perda, da dificuldade de elaboração desta e usa como pano de fundo a tragédia de 11 de setembro. Fica claro desde o início algum tipo de patologia na criança, que apresenta diversas dificuldades em seu funcionamento, além de machucar a si mesmo em momentos de dor. Apesar de suas dificuldades, o menino de 11 anos foi motivado pelo pai a explorar suas potencialidades. A importância da relação para o desenvolvimento de Oskar fica evidente. O pai deixa claro o quanto é importante estimular sua curiosidade (criatividade como consequência) para prepará-lo para o futuro, na conversa com a mãe. A eterna busca em resolver enigmas é para o menino uma prioridade, pois assim encontra também um sentido. Encontrar um sentido para as coisas é de fato seu objetivo, portanto é também assim que elabora seu luto, tentando encontrar um sentido para a dor que a ausência paterna traz. Somos apresentados à sua angústia e sua forma de ver o mundo, logo após saber da morte do pai. Ele narra o mundo caótico com sons e imagens que se atropelam, ilustrando sua forma de perceber o mundo. Seu universo nos é apresentado no decorrer da trama, ele mesmo cita a síndrome de Asperger como uma tentativa de diagnostico não concluída. Ou seja, alguns sintomas ele possui, mas nada é explicitado. Achei muito interessante esse aspecto, visto que somos induzidos a entender a pessoa e não a doença. Ainda assim, muitos irão identificar sintomas de ASPERGER – Alguns sintomas dos portadores desta síndrome são: dificuldade de interação social, dificuldades em processar e expressar emoções (o que leva outras pessoas a pensar erroneamente que eles não sentem empatia), interpretação muito literal da linguagem, dificuldade com mudanças, perseverança em comportamentos estereotipados. No entanto, isso pode ser conciliado com desenvolvimento cognitivo normal ou alto. Outros sintomas da síndrome podem incluir Rotinas e rituais obsessivos; Problemas de capacidade motora, como movimentos desajeitados ou descoordenados; problemas de interação social, especialmente relacionados à comunicação com outras pessoas e sensibilidade a informação sensorial, como luz, som, textura e gosto. - Aos interessados no assunto, indico o filme indiano Meu nome é Khan, pois além de se aprofundar mais no aspecto da síndrome de Asperger, também aborda os desdobramentos da tragédia de 11 de setembro, sob outro ângulo. – Importante ressaltar que, ainda que retrate uma forma de funcionamento particular, devido a sua intensidade, a necessidade de buscar um sentido para ordenar o mundo é um mecanismo de defesa muito comum no ser humano. Toda ameaça que nos remeta ao desconhecido ou não compreendido nos provoca uma busca de sentido para o que nem sempre tem. Temos medo do desconhecido, principalmente do que não podemos nomear. Somos tomados por tamanha angústia que procuramos alguém que nos possa ajudar nessa busca. O diagnóstico, por exemplo, é uma busca do paciente, na tentativa de tentar aliviar a angústia daquilo que não pode compreender. A busca de Oskar acaba por levá-lo a superar seus medos e a conhecer outras realidades. Sua frustração no final do caminho o faz transbordar tudo que o angustiava, ele acaba por liberar o último nó de seu peito. Aos poucos, ele descobre a importância do caminho em si, quando se dá conta de sua perda – o que evitava enfrentar até então- e se permite parar. Nesse momento, enfrentando seus maiores receios, ele chega ao ponto de partida, e, no balanço encontra sua resposta e sua liberdade para viver. È no final que encontramos um novo começo, e os ciclos se sucedem. Há que se destacar a relação do avô com o neto como uma oportunidade de resgate de sua ausência de outrora, o carinho da avó como um diferencial e a relação com a mãe como um processo delicado. O filme é para quem gosta de drama, pois em muitos momentos somos convidados a derramar muitas lágrimas.
O que faz “Tão Forte e tão Perto” alçar voos próprios é a forma como Oskar Schell processa a própria perda, entrando num mundo muito particular, entre a fantasia e a loucura. Ele tenta oferecer respostas matemáticas a tudo, abraçando uma missão: encontrar a fechadura para a misteriosa chave descoberta entre os pertences do pai. Esse mecanismo de defesa é o que mais interessa ao roteiro de Roth. Para Oskar, é a possibilidade de retomar a comunicação interrompida abruptamente. Leia mais clicando aqui.
Suas neuroses podem ser divertidas (seu medo de transporte público, ou de atravessar pontes, produzem bons momentos), mesmo que seu pandeirinho constante – para mantê-lo calmo – irrite. Leia mais...
SINOPSE
A narrativa de Tão Forte e Tão Perto gira em torno do excepcional Oskar Schell, que aos 9 anos já é inventor amador, admirador da cultura francesa e pacifista. Depois de encontrar uma misteriosa chave que pertencia a seu pai, morto nos atentados de 11 de setembro, o garoto embarca em uma incrível jornada – uma busca frenética por um segredo cruzando as cinco regiões de Nova York. Ao percorrer a cidade, ele encontra pessoas de todos os tipos, todos sobreviventes em seus próprios caminhos. Por fim, a jornada de Oskar termina onde começou, mas com o consolo da experiência mais humana de todas: o amor.
TRAILER

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