domingo, 3 de novembro de 2013

Gravidade

clip_image001ASSUNTO
Luto, angústia, solidão, existencialismo, metáfora de renascimento ou processo terapêutico.
SINOPSE
2013 - Matt Kowalski (George Clooney) é um astronauta experiente que está em missão de conserto ao telescópio Hubble juntamente com a doutora Ryan Stone (Sandra Bullock). Ambos são surpreendidos por uma chuva de destroços decorrente da destruição de um satélite por um míssil russo, que faz com que sejam jogados no espaço sideral. Sem qualquer apoio da base terrestre da NASA, eles precisam encontrar um meio de sobreviver em meio a um ambiente completamente inóspito para a vida humana.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Li alguns comentários sobre a trama, uns destacam os efeitos espetaculares, outros salientam as cenas improváveis na realidade espacial, mas nenhum deles sinalizou sensivelmente como meu cliente. Segundo o Site MEGACURIOSO, ‘“Gravidade” é um filme de suspense e drama capaz de tirar o fôlego até mesmo dos cinéfilos mais exigentes.’ Eles apontam erros e acertos do filme (Para ler o artigo completo, clique aqui.). Já na revista Info, abril, lemos “Graças às atuações de Clooney e Bullock, o filme supera o simples horror científico e provoca reflexões sobre a condição humana, seus limites e o desapego ao plano material.” (Para ler o artigo completo, clique aqui.) Diego, meu parceiro terapêutico, indicou o filme e identificou a metáfora do renascimento. Ele teve o cuidado de não contar o final e elegeu algumas cenas importantes. Como a cena da posição fetal que Ryan assume, imersa em sua solidão e a outra cena que ilustra sua dificuldade de se “desprender”, “deixar ir” - não só do cordão que a prende (umbilical?) -, mas de sua perda. Concordo plenamente com ele, toda a trama aponta para um processo de luto, de fechamento de ciclo, de renascimento, de reencontro com a vida. A sensação de angústia, de desamparo, de dor e desespero está presente na trama. Aquele momento de impasse, quando beiramos a desistir de tudo, tamanho desespero, está lá. Linda mas também angustiante metáfora, que pode nos remeter a questões tanto pessoais como universais. O renascimento de um único ser ou de toda humanidade estão ali para quem quiser perceber. A sobrevivência é, sem dúvida, tema do filme, que entre outras coisas nos faz refletir sobre a sobrevivência não só do planeta terra, da humanidade, mas principalmente sobreviver às intempéries dessa jornada chamada vida.
Durante nosso desenvolvimento quantas dores nós precisamos passar, quantas perdas, quantos obstáculos são partes inerentes ao crescimento? “No pain, no gain” (sem dor, sem ganho). O filme poderia ser considerado como metáfora do processo terapêutico, que pretende dar suporte ao cliente para o seu retorno a si mesmo. Matt pode ser aquele que oferece o suporte, aquele que a provoca a enfrentar sua realidade, que está ali com ela, ouvindo e oferecendo espaço para suas reflexões. Mesmo depois de deixar claro que era hora dela deixar ir, os registros de suas vivências compartilhadas permanecem. Ainda que não tivesse se dado conta de sua possibilidade de autonomia, de seu potencial na ocasião, após seu confronto com sua fragilidade, sua solidão, sua dor, todo processo começa a fazer sentido, ressurgindo em sua mente “como se” estivesse ali. Claro simbolismo da transição entre o suporte terapêutico e o auto-suporte. Muitos ângulos poderão ser percebidos no filme, este é apenas um deles. Para aqueles que vivem o luto, seja por perdas ou qualquer outro conflito humano, há a possibilidade de identificação com muitas passagens da fita. Confrontar a si mesmo é de fato doloroso, mas não há como andar com as próprias pernas sem que alguns tombos ocorram. Faz parte do processo, não só terapêutico, mas de vida. O filme é uma celebração a vida, recomendado para todos!




5 comentários:

  1. Esse filme é incrível, gostei da sua visão do filme.

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    1. Obrigada por sua participação, Janderson. Sempre existe outra visão, outra forma de tocar quem assiste, afinal é nesse encontro que os sentidos emergem. Fico muito feliz quando alguém acrescenta sua percepção, fique a vontade para acrescentar algo.
      Abçs
      Patrícia Simone

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  2. assisti ao filme ontem, simplesmente fantástico. Gostaria de acrescentar algumas coisas. voces perceberam que se passou muito tempo no filme, e que durante todo o filme, a personagem não come nem bebe ? assim que ela chega a capsula, depois do acidente, ela procura se confortar na posição fetal, a primeira coisa que eu faria quando chegasse na nave seria procurar algo para comer. então isso me da uma base para analisar uma metáfora do filme, ela não procura sobreviver 'biologicamente', mas sim psicologicamente. Essa experiencia fora necessária para a personagem crescer, superar. Como ela mesma disse a morte da filha foi de forma estúpida, e realmente foi, isso nos mostra a fragilidade da vida.
    outra coisa que achei muito interessante também foi que depois que a filha dela morreu, ela ia para o trabalho e dirigia, só e em silencio. o silencio era reconfortante. mas depois que acaba o combusativel da nave, e com o combustivel, a esperança, ela precisa quebrar o silencio, desesperadamente... e ai em que ouvimos vozes de um homem, latidos de cachorros e a personagem, apesar de não ter absolutamente nada, se sente plena de tudo, com uma coisa que antes lhe roubava o sossego, o som, o som de pessoas, de vida. quando ela costumava comtemplar a perda, o sentimento de solidão de vagar sem rumo, apenas dirigindo por ai...

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    1. Ju,
      Gostei muito de sua percepção. Faz todo o sentido. Obrigada por partilhar conosco!
      Abçs
      Patrícia

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    2. É sempre um prazer visitar esse blog, cada filme um aprendizado.
      Simplesmente adoro suas interpretações, tenho 14 anos e admiro muito o seu trabalho !!
      Abraços, Jullia

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