sexta-feira, 27 de maio de 2011

A rede social

a rede social ASSUNTO
Relações sociais, afetivas, ética, amizade, isolamento social, bullying virtual.
O filme começa com diálogos incessantes e pouco importa do que se depreende deles. O objetivo é entender que os jovens se interessam por informação - em grande quantidade, pouco importa sua qualidade ou profundidade. O mesmo se aplica aos relacionamentos, sejam amorosos ou simples amizades. Zuckerberg é uma figura paradoxal, é um jovem que utiliza o lado lógico em todas as suas ações, e logo no início do filme vemos ele e sua namorada terminando um relacionamento e ele não percebe a crueldade de suas palavras, sempre frias guiadas por suas razões, que mesmo refletindo a verdade magoam as pessoas. O Zuckerberg de “A Rede Social” é uma pessoa pouco, ou nada, sociável, o que torna irônico sair dela o nascimento de um site de relacionamento, um mecanismo que agrega as pessoas entre si, o que talvez venha de uma carência emocional, mas que para Fincher ainda é apenas o resultado de um gênio, ainda ferido pelo rompimento, mas com uma fome de criar. De dar um próximo passo. Seus dedos deslizam pelo teclado enquanto o resto da universidade curte suas festas privadas regadas a drogas, álcool e sexualidade à flor da pele, Zuckerberg parece não ter tempo para isso, e assim resolve criar sua própria festa, onde ele é o “cara” e não um atleta qualquer cheio de músculos. Antes chegar à rede social virtual triunfante, passa-se pelo fiasco que é a vida offline de Mark Zuckerberg. A desconstrução do mito do herói exerce aqui um exemplar genial no século XXI. Pode-se dizer que a sua sociabilidade deformada é proporcional à sua criatividade, talento empreendedor e facilidade em criar tecnologias (ainda criança, cedeu para a Microsoft um software para realizar downloads de mp3). Mark é um gênio e disso ninguém duvida, mas o próprio roteiro de Aaron Sorkin tenta se manter imparcial neste sentido, não o julgando como vilão, mas o apresentando como um jovem que se tornou bilionário a partir da criação de um site que vem crescendo ano após ano e expandindo as suas atividades para outros países. A história acaba sendo também sobre as relações cada vez mais vazias que começaram a ser criadas a partir da internet e das suas redes sociais. Em um determinado momento do filme, Sorkin apresenta a expressão “me adicione no facebook” como um bordão que havia se tornado sucesso entre os estudantes de Harvard e de outras universidades. A própria namorada de Eduardo Saverin se comporta de uma maneira completamente distorcida quando ele muda o “status do seu relacionamento” para solteiro no Facebook. As pessoas passaram a dar mais importância a conhecer outras pessoas e a se conectarem a elas, não mais pelo convívio pessoal, mas sim em estarem ligadas na internet. Dentro do Facebook, ou do Orkut, você pode ter 300, 400, 500 amigos. Mas quantos deles são realmente próximos a você? Quantos deles você realmente pode chamar de amigo? Por esta razão é emocionante a cena em que Eduardo Saverin, já movendo uma ação contra Mark Zuckerberg quando o brasileiro vê as suas ações sendo diluídas de 33% para 0.03%, pergunta a Mark por que ele havia feito aquilo com o único amigo que ele tinha. Eles eram amigos, por mais que Eduardo não conseguisse chamar a sua atenção e que Mark estivesse concentrado nos planos de expansão de Sean Parker. E a mesma emoção sentida nesta cena pode também ser sentida em outro momento, quando uma das advogadas de defesa diz a Mark que ele não é um babaca como as pessoas comentam ou falam, mas que ele vive se esforçando para se tornar um e deixar esta impressão nos outros. A Rede Social é um filme sobre ética e relacionamentos. A vida de Mark acaba sendo uma trágica ironia. Ele é um nerd socialmente excluído no selvagem sistema social dos universitários de Harvard, que sonha com popularidade. No entanto, a obstinação de Mark pela "popularidade" é tanta que acaba sacrificando essas poucas relações valiosas. Nossa cultura ocidental adora exaltar a fama e o status, mas muitas vezes o preço disso é bem alto. Como diz o slogan do filme "Você não conquista 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos". Mesmo que esses inimigos sejam seus amigos. Será que vale mesmo a pena? A grande ironia é que o criador do Facebook (teoricamente uma rede de "amizades" - ou status, dependendo do usuário), rico, famoso, "conectado" a milhões de pessoas, acaba como um grande solitário. Uma ferramenta que teoricamente serve para aproximar pessoas acaba afastando-o de todas as pessoas que realmente importavam. Tempos de redes sociais, tempos de relações líquidas, tempos de paradoxos. “A rede social” é um filme atual por abordar questões pertinentes como o bullying virtual ou a falsa sensação de poder que a internet pode criar. Isso sem falar na questão dos direitos autorais em tempos de web colaborativa e até mesmo na crise da indústria fonográfica.
SINOPSE
Em 2003, o jovem gênio em programação de computadores Mark Zuckerberg, graduando da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, leva um fora da namorada e ataca a reputação dela por meio de seu blog. Em seguida, cria um aplicativo para avaliar a beleza e sensualidade das universitárias do campus, o Facemash, com ajuda do programador e amigo Eduardo Saverin - brasileiro.A invenção torna Zuckerberg popular e três outros estudantes o convidam para ajudar a colocar no ar um projeto pessoal deles: uma rede social universitária, na qual os cadastrados poderão se relacionar sabendo exatamente quem é a pessoa por trás da tela do computador. Nesse momento, Mark se tranca em seu quarto e aprimora as ideias dos colegas, criando o “The Facebook”, embrião da rede social Facebook.O filme, baseado no livro “Bilionários Por Acaso - A Criação do Facebook”, mostra cenas do passado e do presente, com Mark programando o site e se defendendo no tribunal de seus ex-colegas, que lutam pelo crédito e ganhos financeiros a que julgam ter direito.
TRAILER

terça-feira, 24 de maio de 2011

Lixo Extraordinário

lixo ASSUNTO
Relações sociais, auto-suporte, contato, cultura, arte, processo terapêutico.
Esse foi um dos filmes mais impactantes que assisti e por isso se tornou tão difícil postar. Várias vezes, eu me sentei diante do computador para tentar reunir informações, que fossem suficientemente capazes de descrever a experiência. Percebi ser impossível sintetizar. Buscar no “Papai Google” complicou a situação, pois a infinidade de relatos é grande. Como compactar tudo isso? Impossível. Qualquer palavra sobre ele se torna pequena ou simplória demais diante da avalanche de sentimentos que causa. Lixo extraordinário consegue transformar um documentário que poderia ser chato e monótono em quase uma ficção. É realmente extraordinário! E ainda tem outro mérito fantástico, porque você não precisa ter nenhum conhecimento prévio sobre arte ou artista, pois tudo é devidamente apresentado. Lixo Extraordinário é daqueles filmes para serem vistos de coração aberto. Importante é ver, pensar e se emocionar. O motivador, emocionante e sensacional Lixo Extraordinário é uma aula de humanidade e cidadania que vai te tocar profundamente. Por esse motivo, convido todos para participarem do fórum, somando sua experiência. É um filme fácil de encontrar, até mesmo para assistir online, não perca!
Os diretores tiveram uma excelente sacada de entrelaçar o trabalho do artista plástico com a vida dos catadores de material reciclado, focando todo o processo de “transformar lixo em arte (...). e se transformar durante o processo”. Vik começa a conhecer as pessoas e vamos percorrendo os seus passos na construção do seu projeto. E tudo é feito por meio de uma montagem extremamente bem construída. Vik Muniz, além de um grande artista, é um ser raro que compartilha com o público sua sensibilidade. Ele diz: “O momento que uma coisa se transforma em outra é o momento mais bonito”. O que Vik propõe se desdobra: O que a arte é capaz de realizar com pessoas? Tudo nos faz refletir, até o quanto realmente essas pessoas mudaram diante daquilo, diante da possibilidade de olhar, não só para a beleza da arte feita justamente daquilo que, para eles é sustento, mas que parece não mais servir para a sociedade.
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O artista:
É impossível enxergar a separação entre os temas, entre o criador, a obra de arte e os verdadeiros artistas. “Lixo Extraordinário” trafega exatamente através dessa teia humana e sensível. Durante todo tempo o espectador é convidado e viajar, não em pequenas histórias, mas sim em pessoas vivas. Os acontecimentos se dão de forma tão natural que, a cada depoimento prestado por uma daquelas pessoas, é uma oportunidade de perceber o que é ser humano. “Lixo Extraordinário” é um filme emocionante e o trabalho de Vik Muniz é tão extraordinário quanto à própria história.
Logo no início do filme, os catadores surpreendem ao mostrar a felicidade e o orgulho que sentem por trabalhar de forma digna, o que já serve como um choque de realidade impactante – capaz de alterar as percepções do espectador.  Engajado inicialmente em um retrato social crítico, com o passar do tempo o filme revela o poder transformador da arte na vida das pessoas. O público é convidado a refletir sobre a questão da marginalização daquelas pessoas, absolutamente excluídas da sociedade. E, depois de sua metade passa a, inevitavelmente, emocionar-se com a transformação que o contato através da cultura é capaz de trazer. Destaco “cultura” como possibilidade de encontro autêntico, o que faz com que os envolvidos sejam tocados e transformados, e, isso é o que há de mais lindo no uso da arte como ferramenta de contato!
Acompanhando um dos catadores indo trabalhar, a câmera observa o personagem bradar sobre o caminhão que “A luta é grande, mas a vitória é certa”, palavras sábias, que escorregam através de um sorriso sem dentes, atropelada pela falta de escolaridade (como o próprio faz questão de lembrar), mas que brilham com os olhos marejados de esperança e do orgulho de estar ali fazendo um trabalho honesto. É fácil o espectador dar de cara com a surpresa desses momentos e perceber que a consciência, tanto de vida quanto ecológica (que está tão em voga), às vezes se descobre muito mais forte em lugares que ninguém imagina. Conhecer as pessoas que trabalham no lixão é um dos pontos mais interessantes do documentário. É a partir dali que aquelas pessoas observam o mundo. Inicialmente doidos para se mostrar para a câmera e com discursos de auto-afirmação na ponta da língua, os catadores contam que lêem livros que encontram no lixão, que passam vergonha na rua por voltarem para casa fedendo, falam dos problemas de relacionamento entre outras declarações. Não é agradável viver no meio do lixo, mas muitas mulheres gostam de deixar claro que é muito melhor estar ali do que na calçada se prostituindo. Os catadores mostram que têm mais consciência sócio-ambiental do que muitos moradores do Leblon e Barra. Em seus relatos eles falam do quanto é perdido nos lixos e como as pessoas desperdiçam suas coisas. E o pior de tudo: pessoas jogam livros no lixo. Podemos perceber que tem gente ali que tem mais cultura e consciência que muita gente de classe média. Tião já leu Nietzsche ("Ah, Nietzsche era um cara que tinha uma filosofia muito maneira", explica) e Maquiavel. Zumbi sonha em construir uma biblioteca com os livros que encontra no lixo que vai de leitura fácil como O Código da Vinci ao livro A Arte da Guerra. Cada ser humano ali tem uma história, um sonho, um futuro.
Os catadores não são apenas objetos para belas fotografias artísticas de Vik em meio à sujeira, mas passam também a serem autores das obras ao darem os contornos necessários – sempre com material retirado do lixo. É fascinante ver os catadores utilizando a matéria-prima que antes não passava para eles de meio de sustentação para fazer arte. Mais fascinante ainda é conhecer essas pessoas, saber o que elas pensam da vida e extrair delas lições de vida. Assim, a emoção daquelas pessoas humildes ao verem o resultado de seus esforços e perceberem suas capacidades intelectuais para produzir, e até mesmo interpretar a arte, é facilmente dividida com o público que, em privado, inevitavelmente pensa que é hora de rever certos conceitos sobre a importância da cultura e os efeitos da exclusão social que leva ao desperdício de talentos.
À medida que os catadores passam a fazer parte do processo de criação de Muniz fica evidente que não há como sair inalterado do encontro. O processo teve um poder transformador na vida deles, e os fizeram pensar diferente e ver que no final de tudo: tudo é arte. E a transformação - que antes parecia tão ingênua ao ser discursada por Vik Muniz na introdução - acontece diante de nós. Mudanças reais aconteceram, como uma das mulheres que largou o marido. Vik se surpreende e pergunta se, então, foi uma mudança ruim, ao que ela responde: “Não, foi maravilhosa! Comecei a me enxergar como pessoa, antigamente eu era um mulambinho”. Quem antes tinha até vergonha de seu trabalho, passou a ter orgulho. Pessoas desacreditadas, sofridas, passaram a ganhar seu merecido valor, e o principal, ganharam voz. Seus rostos foram parar em Londres, sendo admirados por intelectuais em museus, dividindo espaço com Basquiat e sendo leiloados juntamente com peças de Andy Warhol. E o mais bonito é ver a reação deles diante do sucesso, com gratidão nos olhos e dizendo “fui eu que fiz”. É emocionante ver como Tião, o presidente da Associação de Catadores de Lixo do Aterro Sanitário de Gramacho, se emociona ao falar que Deus foi muito bom com ele; ou ainda a senhora que, depois de tanto tempo trabalhando no aterro, se muda para um lugar, mas acaba voltando para lá, pois sentia saudade dos seus amigos; e também o outro lado, da mulher que não deseja voltar para ali nunca mais. O choro de Tião quando vê sua Associação ser roubada dá lugar a uma posterior alegria de trabalhar com arte e de descobrir outra visão de mundo. É na fala de Tião que percebo a melhor descrição da experiência desse encontro com a arte – nesse caso a obra em si, mas que pode ser também o filme, que também é arte ou a vida, que também é transformação. E o brilho nos olhos surge com naturalidade e credibilidade quando ele diz: “Acho que (arte) tem que passar alguma coisa para as pessoas. Você pode não gostar de uma coisa (apenas) porque nunca experimentou”.
Disse antes que o filme fala de processo terapêutico, isso se deve a semelhança desse encontro, da experiência, da transformação da pessoa através da arte. Muniz traz a proposta de retratá-los, tornando possível para cada um se ver de outro ângulo, e assim, descobrir-se, revelar-se. E não é a também a terapia uma forma de arte?
SINOPSE
O documentário mostra o contato do artista plástico Vik Muniz com os catadores de material reciclável do Aterro do Jardim Gramacho, maior da América Latina, localizado no Rio de Janeiro. A partir da experiência, surge um novo combustível criativo para Vik e, como contrapartida, os catadores diminuem sua distância com a arte e conseguem condições melhores de vida. Muniz recria pinturas famosas, como fez numa série de imagens de crianças que trabalham nas plantações de cana-de-açúcar, usando sobras do processo de refino. Assim, quando a cineasta Lucy Walker indagou Muniz se podia fazer um filme sobre ele enquanto trabalhava em seu próximo projeto, os dois se concentraram naquela que parecia a locação perfeita – Jardim Gramacho. O documentário de Walker explora o processo criativo de Muniz enquanto ele cria novas obras a partir do que os outros deixaram para trás, mas também traça os perfis das pessoas que vivem perto do Jardim Gramacho e sobrevivem separando o útil do inútil. Walker empresta dignidade aos chamados “catadores de lixo”; enquanto eles revelam as coisas valiosas que podem ser encontradas no lixo das outras pessoas e como eles conservam seu orgulho e respeito apesar de suas parcas circunstâncias. O documentário aborda não só o trabalho de Vik, mas também o poder transformador da arte, capaz de alterar não só a realidade das pessoas, mas ainda a percepção de mundo que elas têm.
É arrebatador ver como aquelas pessoas trabalhavam no aterro disputando o lixo em meio aos urubus. E quando aqueles dejetos eram despejados, todos corriam para conseguirem catar o lixo que eles precisavam para serem reciclados. Como o próprio Vik Muniz diz em uma determinada cena, eles foram parar ali porque lhes faltou sorte na vida. E isso fica claro quando eles começam a contar as histórias, de como perderam os seus pais e foram para lá tentar uma oportunidade. Alguns poderiam estar se prostituindo, roubando ou partindo para o tráfico de drogas. Mas, ao invés disso, estão ali em meio àquele lixo para ganharem, ao final do dia, os R$ 50 que ajudarão a viver e a continuar vivendo. É uma verdadeira experiência sentimental capaz de nos fazer dar valor ao que muitos não se dão ao direito de sentir. Serve como protesto, um grito de excluídos que estão à deriva, mas que aos poucos passam a perceber que têm o seu valor. Essas pessoas são as responsáveis pela comprovação de que é possível fazer com que a arte desempenhe um papel social que muitas vezes soa como uma utopia. Logo de cara, aliás, o que mais surpreende em Lixo Extraordinário é constatar a natureza alegre daqueles indivíduos, que, mesmo levando uma existência que o resto da população provavelmente consideraria como o “fundo do poço”, abraçam com orgulho a profissão que, afinal de contas, é responsável por alimentar suas famílias. Sentindo-se obviamente à vontade diante da equipe comandada por Lucy Walker (o brasileiro João Jardim, responsável pelo lindo Janela da Alma, assina a co-direção), os personagens vistos neste documentário brincam, fazem piadas e confissões sem qualquer resquício de auto-censura – e é impossível não se deixar contagiar pela natureza brincalhona de pessoas que, mesmo em meio a um importante protesto, respondem ao chamado para uma greve de fome com um irreverente: “Sim, vamos fazer a greve de fome! Mas meio-dia vou ali almoçar!”. Da mesma maneira, é importante observar como os realizadores conseguem capturar momentos incrivelmente reveladores e dolorosos, como no instante em que a associação dos catadores é assaltada, levando seus dirigentes à desesperança absoluta, e também no momento em que, visitando o barraco de uma das personagens, captura a triste ironia de uma tevê que, no meio daquela miséria, exibe um episódio de Riquinho.
TRAILER
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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Duro aprendizado

DURO APREND ASSUNTO
Racismo, xenofobia, opressão, diversidade sexual, relações familiares, afetivas e sociais.
Grupos diferentes nos são apresentados e ao longo do filme irão se entrelaçar formando a história dessa tensão bastante contemporânea. Desde a questão dos estupros dentro do campus sobre os quais algumas matérias já foram publicadas em grandes meios de comunicação, até a vivência da segregação, perseguição da população negra dentro do espaço do campus, passando pela questão da orientação sexual e outros temas ainda pincelados ao longo do roteiro. A tensão se instala e fica bem clara ao longo do desenrolar da película, em uma direção que não se furta a aprofundar reflexões bastante importantes em meio a conversas entre os personagens. Faz refletir e se apresenta como um bom filme para balançar as mais rígidas convicções baseadas em preconceitos, problematiza questões sociais de uma maneira mobilizadora de emoções das mais diversas. Malik questiona de maneira incessante o caminho da luta da população negra dentro de um país de supremacia branca. De frente a estátua de Colombo que dá nome à universidade, tece comentários históricos de uma maneira bastante pontual, novos parâmetros do pensar nossos heróis dentro da atualidade, há em nossos dias valores que foram sendo modificados ao longo de décadas de lutas encaminhadas por grupos alcançando modificações de crenças antes instituintes dos ideais da cultura. Nosso personagem  nos leva pelas mãos ao tomar contato com toda a tensão estrutural, a luta de forças que está abrigada dentro da malha social, da questão dos vínculos como também bastante determinados por nossos papéis dentro desse tecido, falando de origem de classe, gênero, raça, religião, ideologia. Em muitos momentos do filme o espectador será levado a sentir o mesmo estado “confusional” do personagem, onde aquilo que se acredita busca se determinar na cena, mas algo de insólito leva a um pensar por outros caminhos, brilhante essa forma como o filme nos encaminha para os questionamentos necessários, delicadas e sutis cenas que nos levam a uma desconstrução de importantes crenças.  Não há conciliação possível, embora o amor, via fala de sua namorada, queira convidar a um revisitar essas separações raciais, sociais, de grupos. O filme não se propõe, e não cumpre mesmo essa tarefa, de apresentar soluções para a tensão social e muito menos buscará um final feliz para aplacar nossas angústias frente ao modelo instituído, o convite ao final do filme é: “desaprenda” - uma desconstrução e uma nova busca. O personagem que se apresenta no filme e que levará ao clímax de toda situação, o calouro de skinheads, parte dessa necessidade de se sentir pertencente a um grupo, sua violência e força partirão dessa fragilidade que traz, ferida exposta em um desamparo de não pertencer a nenhum grupo, cooptado pelos skinheads determinará o trágico desfecho do filme.Mais uma vez seremos levados a emoções contraditórias conduzidos pela atuação de Malik, entre horror, ódio, desprezo e nojo; mas também através de uma compreensão amorosa, a frase de sua namorada, a vítima que recebe o tiro, ressoa em nossas emoções e crenças: “Por que?!!”. O filme provoca uma reflexão sobre o indivíduo/mundo, essa relação tão importante, essa necessidade de um movimento circular onde uma peça do sistema pode e deve mudar, para que seu entorno também se transforme. Vale a pena conferir!
SINOPSE
1995 - Nosso personagem principal, Malik (Omar Epps), negro americano que consegue acesso à universidade (campus fictício da Columbia). Ele um corredor promissor que tem acesso a uma bolsa parcial para seus estudos, porém não tem como algo muito aprofundado sua relação com o conhecimento, a busca do saber. No intuito de conseguir a bolsa integral aceita competir em nome da Universidade. Em seu caminho atravessará o professor de Ciências Políticas, Phipps (Laurence Fishburne) que o levará a questionar seus próprios posicionamentos frente à vida, a luta racial, a relação com o conhecimento e discurso. Assim como sua proximidade e amizade com um veterano estudante na Universidade, o aluno Fudge (Ice Cube), marcará sua trajetória nesse primeiro semestre dentro do campus.Junto aos dilemas de jovem estudante, ocorrem outras narrativas paralelas que em comum têm apenas o campus da Columbus.

sábado, 7 de maio de 2011

As coisas impossíveis do amor

as coisas impossiveis do amor ASSUNTO
Traição, recasamento, luto, relações afetivas, familiares e sociais.
Com o título original “The other woman “ – Em português, seria “A outra mulher” -, o filme apresenta a perspectiva de Emília, a esposa do segundo casamento. Embora possa parecer parcialidade, quando a primeira esposa é vista como “megera” na situação, é apenas uma das possíveis perspectivas de um mesmo fato. É claro, o comportamento reativo, como de muita ex esposa, é considerar a “madrasta” como desqualificada para cuidar do filho. Fica óbvia também, a frustração em relação ao próprio casamento, que foi finalizado por conta da “amante”, que permanece sendo vista de forma distorcida, como “ladra de maridos”. Aqui, preciso comentar o quanto retrata uma realidade do nosso cotidiano. É mais fácil responsabilizar um terceiro pelo fim de uma relação, principalmente, quando há a frustração pelo que é considerado “fracasso” para quem sente a perda, sem levar em conta a possibilidade do final de um ciclo, que já era anunciado muito antes da entrada do terceiro. Retornando ao filme, o processo de luto é intercalado com as dificuldades de um “recasamento”, uma nova família que se forma em paralelo a outra e as dificuldades enfrentadas durante o processo. O luto pela perda de um casamento e as transformações da família são mostradas no comportamento do filho, da primeira esposa, além do ex marido, que vive o luto da família anterior. O espectador é convidado a participar do processo de elaboração do luto em relação a bebê vivido pela mãe, pelo pai e também pelo irmão. Os primeiros momentos sugerem que o pré-adolescente é apenas um menino mimado que implica com a madrasta, cutucando a ferida aberta de seu luto. O garoto é inteligente, mas resiste a nova situação e sente a dificuldade da relação com a madrasta. No desenrolar do filme, percebemos que ele também elabora seu luto, seja das transformações familiares ou da perda da irmã, que o estava ajudando a configurar sua nova família. Uma nova configuração familiar trás fantasmas da nossa família de origem, bem como da família anterior, e, o filme também ilustra o fato. Os conflitos psicológicos vividos pela protagonista, no processo de luto atual, provocam a revisão de questões de sua família de origem. Assim, as situações abertas ou inacabadas do passado ressurgem, emergindo na relação com seu pai e com seu entorno, numa busca frenética de fechamento. Então, é possível acompanharmos atentos os desequilíbrios e crises vividos como “oportunidade” de mudança. Sob esse aspecto, o filme cumpre seu papel ao revelar dos conflitos de relacionamento uma resolução que emociona. “As coisas impossíveis do amor” é um drama sensível, comovente e principalmente verdadeiro sobre a complexidade dos sentimentos humanos.
SINOPSE
Natalie Portman interpreta uma advogada, Emilia, casada com Jack (Scott Cohen), o qual conheceu na época em que ele era casado e começaram a ter um relacionamento. Os dois se casam, mas infelizmente, sua vida toma um rumo inesperado quando os dois perdem a sua filha recém-nascida e Emilia passa a lutar para superar a dor, tentando criar um laço afetivo com seu enteado William (Charlie Tahan). Ao mesmo tempo, ela também tenta superar suas divergências com seu pai, causadas por infidelidade. Além de ter que suportar os dramas de Carolyn (Lisa Kudrow), a ex-mulher do seu marido. É a história de uma mulher devastada pela perda do seu bebê recém nascido, que desencadeia diversos conflitos entre uma família – o relacionamento de uma madrasta com um garoto que não sabe de que lado estar, um pai que tenta apaziguar os ânimos do seu lar e uma mãe que foi traída e a princípio tenta controlar as coisas a sua volta. Além dos conflitos em sua própria casa, Emilia enfrenta o luto e carrega o fardo da culpa. Para não deixar de lado, ela também culpa o pai pela infidelidade a sua mãe, culpando-o por não ter traído somente a mãe, como também a ela. O filme pode ser bastante conflituoso para alguns, mas vai agradar principalmente aos fãs da atriz. Mas ela também da espaço ao pequeno Charlie Tahan, que mostra que talento não depende da idade.
TRAILER

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Alguém para dividir os sonhos

alguem p div sonhos ASSUNTO
Esquizofrenia, desospiralização, amizade, exclusão social.
Drama de grande sensibilidade, retratando a sincera amizade que enlaçou duas criaturas sofredoras, em busca de sobrevivência na turbulenta Nova Iorque. No início, uma voz em off relata: era uma vez...“Um menino preto, bem a cor não interessa, entrou na floresta com um tênis novo, uma camisa nova lilás e um casaco cinza, novo também. Lá ele foi assaltado e roubaram-lhe todas as suas roupas. Ao sair da floresta nu, o menino continuava com a mesma felicidade com que entrou, pois sabia ele que o bem mais precioso não lhe fora roubado. Sua alma”. Vemos o personagem hospitalizado, depois um prédio demolido e ele nas ruas... Embora a sinopse não fale a respeito, pensei muito no processo de desospitalização, e em quantos pacientes foram jogados na rua sem a menor estrutura social para recebê-los. Quantos esquizofrênicos estão pelas ruas do mundo, incluindo Brasil?
Muitas cenas são delicada e despertam nossa reflexão. Chamo a atenção para o momento que Mathew tenta regressar ao lar, encontrando a fechadura trocada e a informação que sua mãe estava viajando sem deixar autorização para ele entrar. Mais um momento que retrata a realidade de muitas famílias na mesma situação, sem a menor disponibilidade para o acolhimento. Fica clara a carência do sentimento de pertencimento, em outra cena, quando o amigo diz que o sente como filho, fazendo planos de uma vida de cuidados um com o outro, A sensação de pertencer a algum lugar (pessoa, família) faz com que Mathew paralise, e, sonhe, s suspire, é espetacular o dedobramento da cena.
Também importante o diálogo sobre a esquizofrenia e o retorno do amigo:.
“ - Ouço vozes, sabe?
- Não há nada de errado nisso. E Joana D´Arc? Ela ouvia vozes. É considerada santa, não esquizofrênica. E Moisés?
- Que tem ele?
- Ouvia vozes. Ele ouviu uma Voz. Se não tivesse ouvido, não teria a tradição judaico-cristã. Moisés desceu daquela montanha. Perguntaram-lhe o que ele ouviu. Ele disse: “Tu não matarás. Tu não cometerás adultério. “Disseram: - “Ouviu isso, Moisés? Vozes disseram isso?” Eles o encheram de sedativos e o trancaram.
Se não fosse pelas vozes, ainda seríamos pagãos. Sacrificaríamos cordeiros e até pessoas. Seríamos sacrificadores. Talvez você não seja esquizofrênico. Talvez seja um santo.” (Daí a razão do nome original deste filme).
Ainda tem outra cena, quando Mathew está surtando e o amigo o chamando... sensacional, tanto quanto na hora da contagem do dinheiro, de sua “incapacidade” para fazê-lo, quando o amigo entra em seu delírio, confirma sua capacidade e diz que não vai deixar ninguém atrapalhar sua ação. Isso basta para que Mathew sinta-se confirmado em sua capacidade. O filme é imperdível, vale a pena pegar na locadora, e assistir.
SINOPSE
(THE SAINT OF FORT WASHINGTON) – 1993 -Essa e a historia de Matthew (Dillon), um rapaz ingênuo e bondoso, recém-saído de um hospital psiquiátrico. Obrigado a passar a noite num abrigo de indigentes conhecido como Fort Washington, ele conhece Jerry (Glover), um veterano da guerra do Vietnã que perdeu tudo, inclusive família e emprego. Nasce assim, uma amizade entre os personagens. Enquanto tentam ganhar a vida de maneira digna, encaram as adversas situações com doses de bom humor, mesmo ao limpar pára-brisas nas ruas de Nova York. O dinheiro arrecadado pode significar uma nova vida para ambos. Um filme que emociona, com atuações marcantes de Danny Glover e Matt Dillon,e uma trilha sonora considerada uma das melhores do gênero segundo o site Music from the Movies.
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terça-feira, 26 de abril de 2011

Simple Simon

simple simon

ASSUNTO


Síndrome de Asperger, Relações familiares, afetivas e de casal.

SINOPSE

Dirigido por Andreas Öhman, o filme conta a história de Simon, um jovem de 18 anos que sofre da síndrome de Asperger. Ele gosta do espaço, de ciência e de círculos, mas não consegue entender sentimentos. Ao ver sua vida transformada em caos após seu irmão entrar em depressão após o término de um namoro, Simon embarca em uma missão para conseguir a namorada perfeita pro seu irmão. Simon não entende nada de amor, mas tem um plano cientificamente perfeito. Mas, vítima da Síndrome de Asperger, Simon percebe que a busca é muito mais complicada do que poderia imaginar e fica em dúvida se realmente poderá ajudar Sam.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Filme sueco, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, é uma comédia leve que fala, principalmente, de relações afetivas e as diferenças. Simon tem dificuldade de compreender sentimentos, é portador da síndrome de Asperger. Seu irmão, Sam, é o único a conseguir contatá-lo em seu mundo particular. Seu carinho, sua dedicação fazem com que fale a mesma língua, entrando em sua órbita e se relacionando de forma satisfatória. Para todos os outros não é tão fácil. Os pais não têm a mesma disponibilidade, o que faz com que Simon vá morar como irmão. A namorada não consegue conviver com a diferença e parte, Sam fica deprimido, Simon se desespera. Na tentativa “científica” de solucionar o problema do irmão, Simon “esbarra” em uma garota que não tem o menor problema em lidar com suas limitações. É a partir da compreensão da diferença e da aceitação de Simon como é, que a personagem se torna candidata em potencial a ser namorada do irmão. No desdobrar de seus planos é que Simon descobre que não é somente o irmão que é capaz de ir ao seu encontro, e, que sua estatística “afetiva” não corresponde ao mundo dos afetos.
O filme, como bem lembrado por Thamires, é pouco reconhecido ou conhecido pelo público em geral. Entretanto, sua forma delicada e esclarecedora sobre as diferentes formas da existência faz da experiência uma necessidade para qualquer público. Mais do que esclarecer sobre as possibilidades do Transtorno do Espectro Autista, o filme nos fala sobre relações sociais e afetivas, e, sua riqueza nas diferenças. Desconstruir um saber sobre a ideia de normal ou ideal jeito de ser  é um dos melhores trunfos do longa. Procure, vale conferir!

Divinos segredos

divinos segredos ASSUNTO
Relação de casal & família, segredos familiares, relação mãe e filha, repetições, saúde mental, perdas.
Tema Universal, o conflito entre mãe e filha é abordado nesta fita. As amizades irão trabalhar no sentido de desvendar segredos familiares, tudo com o objetivo de promover o reencontro. O filme apresenta um ritual infantil que fortalece a amizade de longa data da mãe e suas companheiras de infância. “Tal mãe, tal filha”, as repetições que ocorrem sem que nos demos conta é o que afasta ainda mais as duas. Mas, as amigas sabem que, por trás dos humores de Vivi, há uma mulher gentil, uma pessoa adorável que se machuca facilmente. Sem grandes pretensões, o filme fala de amizade, segredos familiares, relações familiares, relação de casal, perdas, conflitos psicológicos e saúde mental. Por trás do aparente abandono, há uma história de sofrimento, conflitos psicológicos, internação psiquiátrica. Nada é muito aprofundado, mas “Divinos Segredos” nos apresenta uma perspectiva bastante comum em qualquer família. É no momento de iniciar uma nova família que Sidda se questiona a respeito de sua capacidade de não repetir os erros de sua mãe. Momento complexo, entre separação e repetição, sua busca por contorno (fronteira) individual e familiar (nova) esbarra em sua família de origem, disparando seus medos e inseguranças. O “passado” que impede o desdobramento do presente, que é obstáculo para o fluir, é revisto através de flashbacks, sentido e resignificado, permitindo ir para seu lugar, que é na lembrança, no passado. Assim, como já é previsto em filme do gênero, chegamos ao final feliz.
SINOPSE
Siddalee Walker é uma jovem e proeminente dramaturga que mora em Nova York, bem longe de sua cidade Natal, na Lousiana. Mas para ela, bem mais importante do que estar nas proximidades da Broadway é estar longe do “perigo”, personificado na adorável, mas dramática e excêntrica Vivi, sua mãe. Sidda maldiz o dia em que concedeu uma entrevista à revista Time. Sem perceber, com as informações que passa à repórter, Sidda dá a entender que Vivi não foi uma boa mãe. E assim, profundamente ofendida, Vivi declara contra Sidda a mais antiga de todas as guerras: a batalha entre mães e filhos Para tentar colocar tudo em seu devido lugar, amigas de infância de Vivi resolvem intervir à força no conflito. As irmãs “YA-YA”, membros de uma fraternidade inventada por elas quando crianças, reso lvem mostrar a Sidda quem sua mãe realmente é. E para tanto terão que permitir que ela revire o livro de fotos e registros dos “Divinos Segredos da Irmandade YA-YA”.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cisne negro

cisne negro ASSUNTO
Desenvolvimento, sexualidade, neurose, psicose, polaridades, relações afetivas, familiares, sociais.
Demorei muito a postar esse filme devido à quantidade e diversidade de conteúdos possíveis apresentados. Muitos já conhecem o enredo do famoso balé Cisne Negro e suas particularidades. Já é conhecida a representação do cisne Branco como inocência, pureza e douçura, em oposição ao negro que simboliza sexualidade, sedução e o mal. Pois bem, o filme sai do balé e traz uma protagonista angustiada, perfeccionista, filha de mãe possessiva, controladora, ex bailarina frustrada. A busca pela perfeição, ao se candidatar ao papel, nos convida a acompanhar a psique já pertubada da candidata ao papel principal. Sua dedicação e disciplina beiram a perfeição, mas não atendem a proposta. È preciso unir os opostos em uma só atuação, o diretor quer apenas uma bailarina, uma que seja capaz de unir essas polaridades e representar ambas. O público, então, acompanha a mente atormentada e doente de Nina durante essa viagem onde todas as fronteiras entre realidade e imaginação, sanidade e loucura são transpostas. Em determinado momento não é possível distinguir o que é real do que é mera alucinação.
Entre os conceitos Junguianos que podem ser encontrados estão as polaridades. Além do que pode ser encontrado nos sites abaixo, chamo a atenção para algumas peculiaridades desses conceitos, de acordo com cada perspectiva. No balé temos Odette, a ingênua e romântica, em oposição a sua irmã gêmea Odile, a maliciosa, sedutora e malvada. Inseridas na psique feminina, esses são aspectos potenciais das polaridades internas que todos possuímos durante o desenvolvimento. Particularmente no desenvolvimento feminino, há a menina sonhadora que desperta para o desejo e a competitividade, durante o processo de enfrentar novos e novos desafios. E assim segue o curso do desenvolvimento saudável, entre uma e outra concepção, buscando integrar os opostos. O controle exacerbado do corpo, que é tratado como instrumento, e de sua alimentação ilustra sua busca pela perfeição. Mas, perfeição não é apenas um lado, perfeição é inteireza, é ser o que se é completamente. Só podemos crescer para o lado que não fomos. É isso que podemos acompanhar no filme.
O filme mostra logo a relação mãe-filha de uma forma misturada, manipuladora, obsessiva, castradora, possessiva. A mãe bailarina-frustrada parece querer se realizar através da filha, e para tanto é exigente, disciplinadora, repressora.
Gosto do olhar sobre a metáfora da sexualidade. Rui Ferreira Nunes fala da sexualidade Feminina e o Cisne Negro, acentuando como metáfora perfeita o controle castrador do corpo. Falamos aqui de uma visão de sexualidade que ainda perdura: a mulher pura e casta que é punida pela mulher sexualizada, destruidora de amor. Nina, cativada na relação com uma mãe psicótica, constrói uma estrutura mental rígida. As exigências do diretor, representante do poder do homem, da sexualidade e do perfeccionismo da dança, provocam um conflito extremo, potenciador de sintomas psicóticos que acabarão por destruí-la. A mãe controladora procura cristalizar a relação com a filha e impedi-la de crescer, sexualizar-se e, talvez, se tornar rival. Nina, que não tinha reconhecimento de si, de tanta mistura que havia com a mãe, se angustia com sua imperfeição e persegue a busca de ser perfeita, para obter o reconhecimento de si mesma através dos outros. Mas, sente-se inadequada perante os outros, que estranham a falta de desejo e de competências sociais da bailarina. Para sentir o prazer ou ultrapassar seus medos, Nina precisa se descontrolar, transgredir a sua estrutura, transformando o real em suas fantasias e alucinações. Quando tenta explorar a sexualidade, ela o faz de forma desorganizada, quase infantil. A repressão de seu desenvolvimento sexual pode ser o gatilho para o surgimento de seu lado auto-destrutivo, principalmente quando é colocada a frente da colega, rival aparente, a que possui sexualidade integrada, um objeto de inveja e fascinação. O filme, assim, inverte a representação clássica da sexualidade da mulher destruidora do bem. O cisne Branco acaba por ser vítima da sua assexualidade, da sua desconexão com o real. Nina não está muito longe do que muitas mulheres sentem em relação à sexualidade: o terrível medo de perder o controle.
Percebe-se, em alguns momentos, que Nina quer se desvencilhar da mãe, mas como a relação é baseada na culpa, ela acaba cedendo ou se auto-punindo. A Nina é perfeita pra o papel, pois foi treinada e ensinada pela mãe a seguir regras rígidas. Mas, o Cisne Negro é seu oposto, pois representa rebeldia, sedução, força – todas as características que Nina tinha bloqueadas em seu interior. O surto psicótico surge quando ela sente-se ameaçada de perder o papel, disparando seus delírios, que já são confundidos com a realidade. A rival de Nina é o antônimo da protagonista, representando tudo que ela precisava/queria ser: confiante, feliz, livre. Assistimos a metamorfose de Nina, que passa de princesinha da mamãe à uma mulher de sentimentos a flor da pele, podendo se competitiva, impiedosa e até violenta. Então, seja pelo viés loucura-sanidade, bem-mal, patologia, saúde, ou qualquer outro tipo de polaridade, o filme representa as polaridades presentes em todos nós, saudável ou não. Bom e mau, saudável e doente, verdade e mentira, tantas outras polaridades que nos parecem extremos incompatíveis. Costumo falar de nossas necessidades neuróticas do ou isso ou aquilo. Meus clientes já conhecem bem esse discurso, pois sempre saliento a necessidade de usarmos mais “e” no lugar de “ou”. Pois, os dois lados fazem parte de uma só coisa, se ignorarmos nossas limitações, nossas imperfeições, nossos defeitos, não poderemos nos desenvolver. Pois bem, o filme propõe essa integração. Ainda que o resultado não seja aparentemente feliz, atente para a dança que transcende o humano, se torna sublime!
Por mais difícil e angustiante que seja a experiência de assistir Cisne Negro, é impossível sentir qualquer vestígio de arrependimento quando o filme chega ao fim.” Leia mais clicando aqui
Olhar Junguiano 1, clique aqui                               Olhar Junguiano 2
Olhar psicanalítico                                                      Cognitivo comportamental, clique aqui
SINOPSE
‘Cisne Negro’ é um thriller psicológico ambientado no mundo do balé da Cidade de Nova York. Natalie Portman interpreta uma bailarina de destaque que se encontra presa a uma teia de intrigas e competição com uma nova rival interpreta por Mila Kunis. Dirigido por Darren Aronofsky (O Lutador, Fonte da Vida), Cisne Negro faz uma viagem emocionante e às vezes aterrorizante à psique de uma jovem bailarina, cujo papel principal como a Rainha dos Cisnes acaba sendo uma peça fundamental para que ela se torne uma dançarina assustadoramente perfeita.
A trama começa com Nina competindo com outras bailarinas do corpo de balé de Nova York pelo papel principal da peça “O Lago dos Cisnes”. Metódica e disciplinada, ela tem tudo para ser o Cisne Branco, mas falta-lhe malícia e poder de sedução para encarnar seu duplo, o Cisne Negro, responsável por roubar o príncipe da irmã e levá-la ao suicídio. Pressionada por Thomas Leroy, o diretor da companhia, ela precisa mostrar que pode ser a grande estrela do show, ainda que esteja sendo seguida de perto por Lily, uma bailarina nova que se junta ao grupo. Enquanto Nina é descrita por seu tutor como fraca e covarde, Lily tem a personalidade sedutora necessária se tornar o Cisne Negro. O Lago dos Cisnes requer uma bailarina capaz de interpretar tanto o Cisne Branco com inocência e graça, quanto o Cisne Negro, que representa malícia e sensualidade.. As duas desenvolvem uma amizade conflituosa, repleta de rivalidade, e Nina começa a entrar em contato com seu lado mais sombrio, com uma inconseqüência que ameaça destruí-la.
TRAILER

O discurso do rei

o discurso do rei ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e terapêuticas, gagueira.
O “terapeuta” em questão não é psicólogo, não tem título, não é certificado. No entanto, durante todo o processo, podemos identificar uma relação terapêutica, tal qual a psicoterapia. Aos poucos o cliente é levado a se dar conta de que sua gagueira é uma impossibilidade de se expressar, de se expor. “O tom da voz do pai o fazia tremer”, sua infância foi repleta de “sintomas” (crises estomacais crônicas) apresentados após as correções e formatações a que fora submetido (escrever com a mão direita, mesmo sendo canhoto, correção das pernas tortas,etc.). George buscava apenas o equilíbrio quando assombrado por seus medos infantis, diante de situações ameaçadoras, desenvolvida algum sintoma na busca de sobrevivência.
Especialistas afirmam que há dois tipos de gagueira, a adquirida e a de desenvolvimento. Quando identificada como genética, profissionais afirmam não ser psicológica, ainda que afirmem que não se podem desprezar os fatores ambientais. Pois, algumas situações podem disparar o gatilho da gagueira em pessoas que tem predisposição genética. Embora, no filme a gagueira seja abordada como resultado de um trauma de infância, diversos especialistas discordam.
Importante, é perceber que o filme mostra como a gagueira era entendida na época. O trabalho do terapeuta do rei, autodidata e heterodoxo foi pioneiro. Há que se destacar o quanto fenomenológico ele se apresenta, pois foi a partir da experiência vivida nos de vários casos anteriores é que desenvolveu seu método de trabalho. Além do trabalho da oratória do seu tempo, ele usava técnicas de relaxamento e suavização da fala que ainda hoje são usados. Lionel se coloca de igual para igual, servindo-se de instrumento, de ferramenta para auxiliar George a se dar conta de suas questões. É através desse vínculo terapêutico que o Rei vai qualificando suas potencialidades. Sua história está repleta de perdas, violência física e psíquica, manipulações, desqualificações, e, principalmente, falta de vínculo que qualificasse sua forma de ser. Como Gestalt-terapeuta, o que mais me chamou a atenção no filme foi esse vínculo Terapeuta-cliente, que para nós é tão caro. Nosso trabalho é na relação, pois somos constituídos a partir delas. É através desse vínculo terapêutico que percebemos a forma de funcionamento do cliente no mundo e suas interrupções. E é essa relação, esse vínculo, essa quase “matriz” que dará suporte para o desenvolvimento das próprias potencialidades, ampliando-as, revelando novas formas de funcionamento singulares. Isso tudo sem contar com a interpretação e produção estupenda que conquistou o Oscar. Amei o filme, recomendo!
SINOPSE
O Discurso do Rei  conta a história de George, personagem de Colin Firth, que é gago desde os quatro anos de idade.  Mas este problema comum ganha muita seriedade, pois George pertence a realeza britânica, e por isso precisa fazer discursos com grande freqüência.  Apesar de já ter passado por diversos médicos, ele nunca conseguiu encontrar resultados eficazes. A situação fica pior quando George se vê obrigado a ocupar o trono de rei da Inglaterra depois que seu irmão Edward, vivido por Guy Pearce, abdica do posto em 1936. A história de George começa a mudar quando sua esposa Elizabeth, personagem de Helena Bonham Carter, o leva até um terapeuta chamado Lionel Logue, interpretado por Geoffrey Rush. Lionel  usa métodos diferentes dos convencionais, por isso no começo George perde um pouco da esperança de que este novo tratamento possa realmente lhe ajudar. No entanto, o terapeuta se coloca em uma posição de igual para igual com George e passa a ocupar um lugar de “psicólogo”, até se tornar seu amigo.
A estratégia de Lionel é fazer com que fazem com que George adquira autoconfiança para cumprir os maiores desafios da sua vida. Através dos seus exercícios e métodos, ele consegue ajudar George a assumir a coroa e mudar a sua concepção de que é incapaz de governar a Inglaterra por conta de uma gagueira nervosa.
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Meu Pai, uma Lição de Vida

meu pai uma lição de vida ASSUNTO
Terceira idade, relações familiares, afetivas, casal.
O filme aborda temas importantes como a relação familiar, os cuidados com o idoso, o acolhimento residencial ao invés da inclusão em instituição asilar  e deixa grandes lições sobre a importância família, sobre a vida, o amor, o respeito, a renúncia, a amizade, o zelo e proximidade entre pessoas num período tão delicado como o estágio do envelhecimento.
“A doença da esposa faz o filme fluir como uma parodoxal lição de vida – porque o que seria apenas uma crepuscular, trágica e asfixiante história de velhos em doenças terminais, num universo terrível, adquire um sentido de esperança a medida que se descobre que é preciso estar atento aos sentimentos e as sensações.” …leia mais clicando aqui
Dentre as muitas cenas imperdíveis, podemos ver sua inquietação quando percebe conflito em família, momento em que os abraça e reforça a importância do amor em família, acima de tudo. Depois, ao tentar explicar seu novo entusiasmo pela vida no caminho da morte, ele diz a esposa: - “Morrer não é pecado. Pecado é não viver!". Então, acho que isso resume que o filme é uma lição para todos nós, não é? Vale a pena, procure na locadora, na Internet, onde quiser. Mas, não perca essa fita de 1989, mas extremamente atual!
SINOPSE
1989 -John (Ted Dansen) é um empresário apegado à rotina de seu trabalho e que se vê em uma situação delicada com o adoecimento de sua mãe Beth (Olympia Dukakis), uma mulher racional, controladora, autoritária que não permitia que o marido fizesse quase nada, todas as decisões parecia lhe pertencer. Ela e Jack (Lemmon) estão casados a muito tempo e tiveram dois filhos: John (Dansen) e Annie (Kathy Baker) que são independentes, cada um com sua vida e seu ritmo. A partir da hospitalização da mãe, o filme mostra uma realidade muito difícil: o marido Jack é totalmente dependente de sua mulher e agora seu filho precisa ajudá-lo na redescoberta de sua própria individualidade, seus gostos etc. Embora a vida profissional de John, o filho, seja uma estressante loucura, ele abre mão de tudo para ficar mais tempo ajudando seu pai nessa nova etapa da vida, sua nova rotina, onde tudo era um desafio, do vestir-se sozinho aos cuidados domésticos, ainda mais  que a mãe ainda permaneceria mais alguns dias hospitalizada. Infelizmente, após a saída da mãe a família descobre que o pai está com câncer e a forma como ele, o pai, foi informado do diagnóstico, levou-o a um choque perturbador e seu filho John, antes tão distante de tudo e de todos, agora reúne forças para cuidar de seu pai no afã de vê-lo recuperado. Em meio a tudo isso, John percebe o quanto distanciou-se não apenas de seus pais, mas também de seu filho Billy (Ethan Hawke)  que morava então no México e quase não tinha contato, tornando-se estranho um para o outro. Essa relação distante fica visível quando o seu filho visita os avós e então John tenta resgatar os laços perdidos dessa relação e inicia uma conversa com uma série de questionamentos no intuito de conhecer melhor a vida de seu filho que a princípio não entende o propósito e até estranha muito, mas permite essa tentativa de proximidade através do diálogo sincero.
Trailer em inglês Clique aqui

sexta-feira, 18 de março de 2011

No limite do silêncio

no limite do silencio ASSUNTO
Relação terapêutica, relações familiares, sociais, afetivas, abuso, violência doméstica, incesto.


SINOPSE
2001 - Michael Hunter (Andy Garcia) é um psiquiatra que fica arrasado quando seu filho adolescente, Kyle (Trevor Blumas), se suicida. Este fato provocou a separação do casal, pois Penny (Chelsea Field), sua ex-mulher, o culpou pelo acontecido e na verdade ele também se considerava responsável pelo fato. Três anos após o suicídio, Michael não dá mais consultas e só dá palestras e escreve livros. Até que Barbara Wagner (Teri Polo), uma ex-aluna, lhe pede para examinar o caso de Thomas Caffey (Vincent Kartheiser), um garoto que foi marcado por uma tragédia familiar. Com a mãe morta e o pai preso Tommy foi para um orfanato, mas agora, quando ele está prestes para completar dezoito anos, será liberado, sendo que Barbara sente que ele ainda não está pronto. Inicialmente Michael se recusa a tratar do caso, mas gradativamente se interessa e vai conversar com Tommy. Logo que Tommy e Michael se encontram as barreiras entre médico e paciente ficam confusas, pois entre eles há mais alguém e este alguém é Kyle.

TRAILER
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
No Limite do Silêncio conta duas histórias sobre pedofilia que levam suas vítimas a estados psicopatológicos, cujos desfechos são: tentativa de suicídio, o ato consumado em si e homicídios. Contrário a tratamento com psicotrópicos, Michael encaminha o adolescente deprimido a um amigo de confiança, para psicoterapia. Aproveitando uma saída da família, Kyle comete suicídio em casa - ato aparentemente explicado pela depressão. Na verdade, o adolescente foi vítima de abuso sexual, o que o pai vem saber três meses após o suicídio. Descoberto por Michael, o responsável pelo crime de pedofilia também se mata. O filme mostra difícil momento a que chegou o psicólogo Michael Hunter, que é abordado pela ex-aluna Barbara Wagner, para ajudá-la em um caso difícil. Assim como Kyle, Thomas também foi vítima de pedofilia, trauma que desencadeia no jovem um comportamento agressivo e violento, beirando a fobia social e a psicopatia. Tommy defende-se de qualquer aproximação íntima feminina, chegando a matar, ante o percebido como ameaça. Mas, há muita ambivalência aí. Ao aceitar o trabalho, o psicólogo voltará a ter contato com as mais doloridas e profundas lembranças que ele mesmo gostaria de ter esquecido. A relação entre psicólogo e paciente se torna um difícil jogo de manipulação de sentimentos. A história, que de início promete um enredo linear, dá várias reviravoltas, como se fosse a condução de uma fala (Tommy) em terapia, cujo psicólogo conduz, ao facilitar o “dar-se conta” do cliente – posterior percepção do que há por trás dos mecanismos de defesa do paciente. “No limite do silêncio”, portanto, apresenta os sintomas do cliente como formas de buscar seu equilíbrio, formas de evitar o contato com os acontecimentos dolorosos que não suporta lembrar. Interessante constatar que o psicólogo foca no não verbal, no que não é dito - respiração, olhar, expressões faciais, para auxiliar o cliente. A exemplo do trabalho em Gestalt-terapia, o filme apresenta a visão humanista do trabalho terapêutico, sem esquecer do humano que há no terapeuta. 
Lins sobre outros olhares na rede: Link 1 Link 2 Link 3

Simples como amar

simples como amar ASSUNTO
Relações familiares, afetivas, sociais, sexualidade, deficiência.
Carla Tate é a "outra irmã" ,do título original de Simples Como Amar . O filme trata de questões corriqueiras na vida e de pessoas especiais (em todos os sentidos da palavra), fala de preconceito, de relações entre pais e filhos, de super-proteção da família, de sexualidade, de diferenças... Somos sim todos diferentes. Mas também temos muita coisa em comum. A Carla quer as mesmas coisas que todos os jovens querem. Quer autonomia, quer independência, quer se descobrir, quer superar seus limites. E todos têm limitações, cada um tem a sua. Há uma ligação entre a super-proteção da mãe e o preconceito dela em relação às filhas. Ela não aprova nem concorda com as escolhas das filhas, é preconceito? Elas estão recebendo críticas exatamente de onde deveria vir suporte. Ela sufoca a filha porque acha que ela é incapaz, não acredita no potencial da filha. E o que dizer da filha homossexual...
A mãe Elizabeth se martiriza por ter afastado Carla por tanto tempo da família, mas insiste em adequá-la às convenções da alta sociedade. Torna-se uma presença insuportável (também para o espectador), tentando histericamente proteger a filha dos males do mundo, enquanto o pai Bradley (tenta conciliar as coisas. As outras irmãs são estereótipos bem marcados, a bem casada, acomodada e a lésbica, sempre prontas a defender a irmã contra a rigidez materna. Carla enfrenta a mão, não aceita seus moldes e se constitui como ser em sua singularidade. O filme nos toca como filhos e pais de uma forma leve, nos fazendo refletir sobre amor e seus limites na relação com o outro, independente do quão especial esse outro é. Afinal, a singularidade de cada um é que o torna especial!
SINOPSE
1999 - Após passar alguns anos em uma escola especial, Carla Tate (Juliette Lewis) foi "graduada" e poderá voltar para casa de seus pais em São Francisco. Carla voltou para casa, cheia de planos e sonhos. O problema é sua superprotetora mãe (Keaton), que é incapaz de aceitar a sua liberdade. E mesmo que Carla tenha crescido e superado as dificuldades, sua mãe entra em estado de choque quando a garota conhece Danny (Ribisi) e se apaixona pela primeira vez! Mas, apesar de ser intelectualmente limitada, Carla planeja morar sozinha, ter uma vida independente e também se libertar da presença da mãe, que a vigia de forma sufocante. Este desejo de ter seu próprio apartamento é aumentado quando conhece Danny McMann (Giovanni Ribisi), um jovem que como ela é mentalmente "lento", mas mora sozinho. Em pouco tempo Carla e Danny estão namorando e já pensam em se casar.
TRECHOS DO FILME
O inicio do namoro
O primeiro encontro

Perfeitos no amor

perfeitos no amor ASSUNTO
Esquizofrenia, relações afetivas, relações familiares.
Comédia leve não aprovada pela crítica, o filme é uma comédia romântica. Considerada superficial, no que tange aos aspectos enfrentados pela doença mental, o filme se torna fantasioso, considerado até utópico. Utopias a parte, quem não gosta de um conto de fadas? De que forma elaborar nossas questões do dia a dia, se não tivermos sonhos, desejos e fantasias? Entre a fantasia e a realidade, o filme é água com açúcar, mamão com mel, porque não, sonhos dos sonhos dentre o que é normal ou não? Eu gostei!
SINOPSE
Mark é um rapaz rico e rebelde que se envolve num grave acidente ao dirigir bêbado. Dori é uma aspirante a atriz e cantora que se vê aos poucos mergulhada num quadro de esquizofrenia, perdendo todo o contato com o mundo ao seu redor. Pressionados por suas famílias, Mark se alista na Marinha e Dori é admitida num hospital psiquiátrico. Embora os pais de ambos proíbam que os jovens se vejam, Mark e Dori continuam se encontrando, contra tudo e contra todos, experimentando um sentimento que poderá tanto lhes trazer dificuldades insuperáveis, quanto proporcionar uma alucinante fuga da realidade árida em que vivem.
TRECHO DO FILME

Minha vida sem mim

minha vida sem mim ASSUNTO
Relações familiares, afetivas, sociais, auto-descoberta, morte/vida
Sem perder tempo com futilidades, Ann dedica toda a energia que lhe resta para resolver as questões de sua vida. A reflexão é muito válida, porque, afinal de contas, “para morrer basta estar vivo”. Todos vão morrer um dia, é uma questão de tempo, sabemos. No entanto, mesmo assim, muitos de nós deixamos sonhos às margens da vida, enquanto acumulamos mágoas nos porões da memória. Através da descoberta da morte eminente, a personagem nos convida a refletir sobre a vida, nossas escolhas, nossa forma de estar no mundo. O filme brinda a vida através de um assunto tão pouco encarado por todos nós, a morte.
Lidar com a possibilidade da morte não é uma coisa fácil, seja na vida real ou no cinema a perda é sempre brutal e dolorosa. Sempre relacionada a algo assustador e soturno, em “Minha Vida Sem Mim”, a diretora Isabel Coixet reveste a morte com uma áurea mais suave e até mesmo romântica, sem esquecer a realidade.É um filme que acorda, que desestabiliza, que nos diz o quanto somos impotentes e um pouco paranóicos com relação a muitas coisas na vida. Desmistifica um pouco a morte e mostra que a vida não precisa ser tão cheia de seriedade ou tão cheia de comédia para ser vivida. O interessante é que todas as reflexões são passadas de forma comovente, às vezes triste, sem lições de moral, sem sermões infinitos, às vezes metaforicamente, outras não. E enquanto a protagonista vai morrendo, ela vai descobrindo a vida, assim como o espectador. Tudo nos leva a uma jornada de questionamentos, a uma revisão de nossas prioridades e a perceber, que mesmo com ou sem a nossa presença, a vida continua. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
Tendo apenas 23 anos, Ann (Sarah Polley) é mãe de duas garotinhas, Penny (Jessica Amlee) e Patsy (Kenya Jo Kennedy), e é casada com Don (Scott Speedman), que constrói piscinas. Ela trabalha todas as noites na limpeza de uma universidade, onde nunca terá condições de estudar, e mora com sua família em um trailer, que fica no quintal da casa da sua mãe (Deborah Harry), uma mãe com um coração partido que se transformou numa mulher amargurada. Ann mantém uma distância obrigatória do pai, pois ele há dez anos está na prisão. Após passar mal, Ann descobre que tem câncer nos ovários. A doença alcançou o estômago e logo estará chegando no fígado, assim ela terá no máximo três meses de vida. Sem contar a ninguém seu problema e dizendo que está com anemia, Ann faz uma lista de tudo que sempre quis realizar, mas nunca teve tempo ou oportunidade. Ela começa uma trajetória em busca de seus sonhos, desejos e fantasias, mas imaginando como será a vida sem ela e um pai que está há dez anos na cadeia.
TRAILER

Impulsividade

impulsividade ASSUNTO
Compulsão, relações familiares, sociais, afetivas, psicodiagnóstico
O título original é Thumbsucker, que significa chupador de dedo. O pai, identificado com aquele ato regressivo do filho, agia com brutalidade tentando coibi-lo, simplesmente, através de repreensões e pressões. São reações consideradas inadequadas que inibem aquilo que ele está tentando comunicar através do ato, suas ansiedades e conflitos. A escola, por sua vez, também se apressa em diagnosticar a dificuldade do menino em se concentrar, como TDAH, déficit de atenção e hiperatividade. É prescrito, então, Ritalina, um medicamento usado para esses casos. A pílula mágica encobre, então, a angústia que aquele menino revelava, e que não se reduzia de forma alguma a um problema de atenção e concentração, sinais que estavam presentes. Manter atenção a coisas do mundo externo é algo que fica prejudicado, quando alguém está às voltas com conflitos, temores ou depressões. Tratar isso como um simples problema de atenção, ou então como hiperatividade, pode ser um erro grave e injusto, o que tem ocorrido com grande freqüência na atualidade. O contato com o outro é experiência essencial para o ser humano, pois é através dela que constituímos a identidade. Em toda relação, desde a que acontece com a mãe, até todas as outras que se estabelecem durante a vida, há que se buscar um espaço suficiente para contato e separação. O filme nos convida a refletir sobre as relações humanas.O processo de construção de sua identidade se desenrola no filme. Algo se descortina quando se atravessa o espaço propiciado pela fase da adolescência. Um leque de possibilidades se abre e junto, um medo de vivê-los. Após instalado, despertado o conflito através da negação, da recusa em refazer os dentes de seu paciente, Perry Lyman (funcionando como terapeuta?!?!?), frustrou o adolescente e a si mesmo. E, a partir da frustração, outra solução há de ser buscada. Nosso leque de opções se revela, encontramos outras formas de estar no mundo, diferente daquele mecanismo automático de defesa, que nos paralisava até então. Algumas mudanças começam a acontecer, processo de tornar-se quem é.
Este é o mundo de Justin: a transição entre (os conceitos) normalidade e anormalidade. E o grande ganho da história é justamente ir subvertendo esses parâmetros. Seja com o dentista em busca de redenção, a mãe em busca de futilidade e sonhos, um irmão em busca de atenção, um pai lidando com a frustração diária e a garota "certinha e gostosa" do colégio, correndo riscos e experimentando sensações fora do "normal". O filme mostra como cada um é único em suas complexidades. Ao acreditar - por ter sido diagnosticado - ser doente, Justin começa a tomar um remédio (Speed), dito como uma droga que se diferencia da cocaína apenas por 3 tipos de moléculas. A base de estimulantes Justin se torna ativo, falante e desenvolve sua capacidade de raciocÍnio.. E é ai que mora o mérito do filme. Na transição desta passagem Justin começa a compreender e questionar sua família e os que o rodeiam. Entra em choque com o pai, dúvida da mãe, experimenta drogas, prática sexo, bebe álcool e dialoga com o irmão. Um pós-adolescente normal, com todos os problemas básicos pertinentes a essa faixa etária. " (...) Quando Justin começa a encarar sua vida "de frente" surge uma oportunidade que o fará mudar de vida. Nesse momento o filme toca fundo, porque ás vezes quando nos tocamos do que temos - ou tivemos - ao redor, já não há mais tempo para aproveitar. Perdemos o momento da descoberta do outro. Cada um segue seu caminho e embora resida nessa confirmação muita tristeza e solidão é justamente nela que se encontra a grande magia da vida: a visualização de sua própria estrada. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
Justin Cobb (Lou Taylor Pucci) seria um adolescente comum se não fosse o fato de que nunca conseguiu parar de chupar o dedo. Aos 17 anos, após ter tentado de tudo para se livrar do vício, ele finalmente resolve o problema através da hipnose feita pelo seu dentista, que tem ambições a psicólogo. O verdadeiro problema, porém, está apenas começando. Justin continua compensando suas frustrações pela boca, consumindo todo e qualquer tipo de droga, de maconha a remédios antidepressivos. Filho de pais que nunca saíram da adolescência, ele vai ter de aprender a crescer sozinho, nem que seja à força.
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Its kind of funny story SE ENLOUQUECER NÃO SE APAIXONE

its kind of funny sotory ASSUNTO
Adolescência, Saúde mental, depressão, realações sociais, familiares e afetivas
Na ala psiquiátrica do hospital encontramos de tudo um pouco: Esquizofrênicos, depressivos e sociopatas. Está no elenco o coadjuvante. Zach Galifianakis, conhecido por filmes como Se Beber, Não Case e Um Parto de Viagem. É possível observar a evolução do protagonista, que entende o quanto imatura é a sua atitude diante seus problemas, ao conviver com pessoas muito mais problemáticas do que ele. Galifianakis, por exemplo, já tentou suicídio seis vezes. O impulso do personagem em acabar com a própria vida é tão grande que ele nem se lembra da falta que faria à filha. Sua esposa não aguenta mais suas atitudes e parece odiá-lo, preferindo que ele morra de uma vez. Isso é algo bastante complexo, nos faz pensar. Muitos outros personagens estão presentes no filme. Temos um egípcio que vive na cama e só se sente atiçado a sair caso uma música de seu país seja tocada. Um judeu que tem sensibilidade auditiva e passa o filme inteiro pedindo às pessoas que estão no telefone do corredor para falarem mais baixo. Um idoso que não larga a raquete de ping pong, mas que quando o colocam para jogar fica imóvel. Aliás, ele fica imóvel em qualquer situação. É uma comédia, que apresenta os casos de forma superficial, mas de suma importância, seja para rir ou refletir sobre tudo isso. As crises da adolescência, depressão ou sobre os cuidados com psicóticos são parte de um “mundo” que o personagem não conhecia. E é a partir de todos os acontecimentos que estão fora de sua rotina que o personagem segue no processo de auto-conhecimento. O filme já pode ser encontrado na rede, vale a pena conferir!
SINOPSE
Sem título em português ainda, o filme retrata, com comédia, a realidade que é a transição da adolescência para a vida adulta. Conta a história de “Cool” Crag (Keir Gilchrist) um garoto de 16 anos que devido a pressão de entrar em boa faculdade para que no futuro possa conseguir um bom emprego e ser o presidente dos EUA, pensa em cometer suicídio. No caminho até a ponte aonde ia se matar, ele resolve passar primeiro em um hospital psiquiátrico e se internar por conta própria. Chegado lá, ele conta o porque de querer cometer suicídio, dramas adolescentes como, querer ter, e não poder, a namorada do seu melhor amigo, entrar para uma boa faculdade e conseguir um bom emprego (que pague bem).Ele consegue entrar. Vai para a ala de adultos, já que a de adolescentes esta em reforma. De cara ele conhece Bobby (Zack Galifianakis) que lhe apresenta o local. Nessa apresentação ele avista a bela Noelle (Emma Roberts) (de cara da pra ver q vão ter um romance) e depois vai conhecer seu quarto, onde se encontra o paciente Muqtada, não sai do quarto a muuito tempo. (guarde isso) Depois ela vai ao encontro de uma psiquiatra onde conversam sobre os problemas dele, como, a preocupação de não conseguir entrar na faculdade (algo bem americano), e fica sabendo que ficara internado durante 5 dias, sabendo disso fica preocupado com a escola (algo pequeno em relação ao problema). O filme apresenta situações nas quais é evidente a necessidade de um psicólogo ou psiquiatra, ou ter alguém para conversar tudo; conforme o personagem fala: Se não se abrir, nunca vai se curar. It’s Kind of a Funny Story é um filme baseado no livro de Ned Vizzini, de mesmo nome, que fala um pouco das pressões por quais passam os adolescentes.
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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O amor e outras drogas

o amor e outras drogas ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, Mal de Parkinson, sexualidade.
Não há grandes mergulhos nos assuntos propostos, mas é na leveza temos um desdobramento cativante e até provocador. A fita nos convida a pensar, seja sobre os mecanismos de defesa apresentado pelos personagens, ou sobre os bastidores das indústrias farmacêuticas .Misturando comédia e drama, o filme discute questões sérias. Jamie largou a faculdade de medicina para trabalhar em uma loja de eletrônicos, como que competindo com o pai para mostrar-se no controle de sua própria vida. Mas Jamie acaba sendo despedido da loja, e passa a vender produtos bem menos inofensivos quando entra para o time de representantes da gigante farmacêutica Pfizer. A falta de ética é usada para efeito cômico em diálogos e os personagens obedecem a um único objetivo: fazer com que médicos receitem o medicamento da Pfizer ao invés do concorrente. Entra em cena Maggie, personificando uma das fantasias masculinas como a garota que quer só sexo, dispensando as complicações de um relacionamento - fachada que proporciona escape fácil, evitando assim o risco da dor que todos corremos ao amar. A garota compartilha de sua filosofia anti-romântica, mas é vítima do mal de Parkinson, mesmo tendo apenas 26 anos. Ao se relacionar com Maggie, ele vai descobrindo seu lado “humano”, palavra essa usada pelos próprios personagens como forma de entender que o amor entre os dois estava por florescer. Maggie, por sua vez, é bem mais explícita em suas atitudes e também tem no sexo casual e selvagem o escape da tristeza de sua doença precoce. Nisso, acompanhamos a evolução do relacionamento dos dois, enquanto a doença de Maggie progride e, graças ao advento do Viagra, a carreira de Jamie ascende. Torna-se muito interessante para o público (e para o próprio Jamie) descobrir, aos poucos, as origens da aversão da moça ao conceito de romance, processo que também faz com que o vendedor passe a entender muito mais sobre si mesmo.
SINOPSE
2011- Jamie (Jake Gyllenhaal) é um vendedor que usa seu charme tanto no trabalho quanto com as mulheres para se dar bem. A história transcorre na segunda metade da década de 1990, período em que o Viagra era a sensação do momento. O carismático e mulherengo Jamie inicia um emprego como representante de uma poderosa indústria farmacêutica. Em uma visita ao consultório médico, esbarra com a charmosa e atraente Maggie (Anne Hathaway), que, com 26 anos, sofre de Mal de Parkinson. Ambos descobrem afinidades e, a partir do encontro inicial, estabelecem uma relação descompromissada, na qual o sexo, somente o sexo, é o "protagonista". Mas não demora até que o caso se transforme em uma história de amor. O relacionamento enfrenta barreiras na resistência de Maggie em assumir o namoro, por causa da prematura doença.
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