sábado, 28 de março de 2015

Copenhagen 2015

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ASSUNTO
Relações sociais, afetivas, terapêuticas e familiares, segredo, história familiar.
SINOPSE
Depois de semanas viajando pela Europa, o William imaturo é descoberto em uma encruzilhada em Copenhagen, que para ele não é qualquer cidade europeia é o local de nascimento de seu pai. Quando o jovem amigo dinamarquês de William Effy torna-se tanto embarcar na aventura de encontrar o avô de William. A mistura de frescor e sabedoria de Effy suposto William um desafio como nenhuma outra esposa alegou. Enquanto a atração está em ascensão e William começa a realmente se conectar com alguém pela primeira vez em sua vida, ele deve assimilar as descobertas chocantes sobre o passado sórdido de sua família.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O homem se descobre a partir do contorno que o outro dá, desenvolvendo a própria identidade, que às vezes está encoberta por tantas defesas construídas ao longo da vida. O filme, ainda que seja considerado drama romântico, se revela superior a isso, pois mais do que um romance, a estória nos brinda com uma trajetória do ser em busca de si mesmo. Por muitos momentos, o filme me lembrou uma ferramenta muito utilizada no processo terapêutico denominada GENOGRAMA. Seu uso está entrelaçado com o processo de reconhecimento da própria história e a capacidade de escolha do indivíduo. A construção do genograma, que funciona como uma árvore genealógica, serve para que o cliente participe e se conscientize sobre elementos que contribuíram para torná-lo quem é. A partir dos dados, que são aos poucos elaborados junto ao cliente, é possível descobrir as heranças familiares, os segredos, mitos, legados, crenças e valores, que podem ser repetidos ou negados, sem que a pessoa tenha consciência. A capacidade de escolha emerge daí, fazendo com que tudo fique mais claro e o indivíduo possa pegar as rédeas da própria vida. A pessoa desenvolve a capacidade de perceber o que é e o que não é seu, favorecendo a escolha do próprio caminho. Assim também acontece com Willian ao conhecer Effy, que representa um papel quase terapêutico na vida dele, ao dar suporte no enfrentamento da própria história.

A demora

La DemoraASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, terceira idade, senilidade.
SINOPSE
No Uruguai vive uma família pobre que é composta por um velho homem, que esquece as coisas e dá trabalho, por três crianças e uma mulher, a mãe, que cuida do pai e dos filhos, e é a única que trabalha. Cansada da jornada de trabalho e percebendo que não dá conta da situação, ela tenta ajuda com a irmã ou em um abrigo de idosos para o seu pai. Quando não encontra resposta para sua angústia, toma uma decisão drástica. Em um dia gelado, ela passeia com o velho em uma praça,  diz que vai comprar água e volta logo, mas o abandona. Depois, ela liga para abrigos do governo para ver se alguém recolhe o seu pai, conseguindo assim, que eles sejam obrigados a acolhêlo. Só que  não, seua planos são frustrados.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme uruguaio dá um sôco no estômago, definitivamente, não é para qualquer público. Longe de ser comercial, a fita retrata a realidade nua e crua que pode ser vivida por diferentes famílias ao redor do mundo. Não falamos de uma questão estritamente uruguaia, falamos de uma realidade de qualquer país que não é capazr oferece suporte para a terceira idade. Talvez, o que mais choque, é saber que quanto mais o tempo passa, maior o número de pessoas idosas, e, menor o número de subsídios dirigidos para acolher os problemas enfrentados na velhice. O filme conta a estória de uma família monoparental (quando apenas um dos pais de uma criança arca com as responsabilidades de criar o filho e ou os filhos), que é sustentada por Maria, mãe solteira com três filhos. Trabalhadora, a dona de casa também acolhe em sua casa o pai idoso, que está senil e com a memória afetada. Por mais que deseje mudar de atividade profissional, Maria percebe que trabalhar em casa é sua única alternativa, para dar conta das necessidades do pai, que esquece até do próprio endereço.  Ao deparar com as discrepâncias do sistema de suporte governamental, que não a considera pobre o suficiente para ter direito ao azilo público para o pai, ela procura a irmã, com a intenção de alternar a responsabilidade com o genitor. Diante também da recusa da irmã, ela se vê obrigada a deixá-lo em praça pública, com esperança de que assim ele seja recolhido para o abrigo. O restante da trama gira em torno das situações enfrentadas pelo pai, enquanto espera a filha retornar e dos momentos de Maria enfrentando as possíveis consequências de seu ato. Não é preciso 24 horas da permanência do idoso naquele local, para que emoções e situações diversas aconteçam.

Relatos Selvagens

Relatos Selvagens
ASSUNTO
Relações afetivas, familiares e sociais, bullying, corrupção, crise existencial, situações-limite, descontrole emocional, violência.
SINOPSE
Diante de uma realidade crua e imprevisível, os personagens deste filme caminham sobre a linha tênue que separa a civilização da barbárie. Uma traição amorosa, o retorno do passado, uma tragédia ou mesmo a violência de um pequeno detalhe cotidiano são capazes de empurrar estes personagens para um lugar fora de controle.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Fiquei pensando no discurso repetido do que é politicamente correto, etc. e tal. A exigência de ser aprovado pela sociedade nos coloca em posição rígida, no que se redere ao fato de  atender aos parâmetros desejados pelo sistema. Muitas vezes, acumulamos tantas tarefas, que esquecemos da pausa, da digestão (fisiológica e psicológica), da elaboração de nossas sensações e sentimentos. Não é politicamente correto, nem isso nem aquilo, vamos deixando pra lá, nos abandonando aos poucos, deixando acumular tudo que poderia ser mal recebido, desaprovado ou politicamente incorreto. Nossos sentidos são esquecidos em meio aos modismos intectualóides de uma época, seguimos no automático, esquecendo cada dia mais de nossa búlsula interna, nossa humaninade, nossa centralidade. Assim, acumulamos reações naturais, que vão sendo escondidas do mundo e de nós mesmos, represadas em algum lugar. Mas, será que basta evitar sua existência, esquecê-las, fingir que os sentidos estão nos significados das coisas, como nos ensinaram? Até quando é possível reter tanto? RELATOS SELVAGENS fala um pouco sobbre aquilo que transborda em situações limite. Não é necessário que a situação em si seja caótica, basta ser a gota d’água para a represa estourar. Assim, o que existe de animal no humano é revelado em reações impulsivas, irracionais, bestiais, selvagens! As seis estórias do filme revelam o descontrole humano em diferentes situações, na busca de soluções através comportamentos extremos. De fato, não é difícil se identificar com algumas das situações relatadas, quando temos vontade de reagir da mesma forma. A trama dá espaço para inúmeras identificãções.

quarta-feira, 25 de março de 2015

O SINO DE ANYA

ASSUNTO
Dislexia, deficiência visual, preconceito, amizade, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
A verdadeira amizade é aquela em que os amigos se impulsionam mutuamente a serem cada vez melhores. O sino de Anya é estrelado por Della Reese no papel de Anya Herpick. Em 1949, Anya é uma mulher cega que sempre foi cuidada pela sua mãe e não saia de casa, uma situação que se agrava quando sua mãe morre. Anya lida com sua solidão colecionando sinos. Agora, mais velha e sozinha, Anya faz amizade com um menino entregador de 12 anos, Scott Rhymes, e encontra nele a amizade e a ajuda que precisava para enfrentar a vida.Para Scott, Anya torna-se a avó que ele é privado de ter. Ele é considerado um garoto "lento", praticamente sem amigos, e descobre-se depois que ele é disléxico (uma doença normalmente não compreendida na época). Mora só com a mãe, que não mantém mais contato com seus pais, avós de Scott.O menino motiva Anya a aprender a andar de bengala nas ruas, e Anya ensina braille a ele. Nessa emocionante história, eles encontrarão uma forma de ajudar-se mutuamente diante de suas dificuldades, tornando-se verdadeiros companheiros. Ganhador de dois prêmios “Young Artist Award”, como melhor filme família feito para televisão e melhor ator para o jovem Mason Gamble.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Não, não é um filme sobre dislexia tão didático como SOMOS TODOS DIFERENTES, mas não deixa nada a desejar, quando debatemos sobre as diferentes formas de existir. As dificuldades enfrentadas por qualquer pessoa que não se adeque ao padrão em voga é suficiente para tornar-se um bom tema a ser explorado. No tempo em que a dislexia era pouco conhecida, Scott enfrenta sérios problemas. O menino, portador do transtorno de aprendizagem, passa por diversas situações constrangedora, sendo rotulado como “burro” ou incapaz. A professora, que usa uma abordagem pouco educativa, humilha-o perante aos colegas, abrindo espaço para que os mesmos também assim o desconsiderem. A mãe, que é mãe solteira em uma época na qual a sociedade reprovava tal condição, tinha sido expulsa de casa, e, lutava para sobreviver e dar educação para o filho. O menino, por sua vez, tentava esconder suas dificuldades, para não decepcionar a mãe. Aos poucos, ele se convence de ser incapaz de aprender, de fazer amigos, de ser “normal”. A mãe, sem recurso e possibilidade de compreensão do seu problema real, sente-se desencorajada, assustada e perdida diante da forma como a professora considera o problema. É nesse momento doloroso que Scott conhece Anya, uma senhora cega, que restrita ao espaço de seu lar, encontra-se em luto e em luta para não ser colocada em um azilo. Desde a morte de sua mãe, Anya se tornou preocupação para o advogado da família, que não vê outra alternativa a não ser cumprir o desejo de sua mãe, de interná-la em um azilo. Quando ambos se conhecem, tornam-se incentivadores um do outro, aprendendo, através da troca de afeto, a ampliar o próprio potencial. A relação deles é baseada na confiança, se desenvolvendo no cuidado, carinho e atenção. A relação se torna terapêutica, a medida que ambos estão atentos para as necessidades reais, um do outro, e, de si mesmos.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Clube de compras em Dallas

Clube de Compras Dallas
ASSUNTO
Indústria farmacêutica, AIDS, homofobia, preconceito, relações familiares, afetivas e sociais, perseverança.

SINOPSE
Baseado em uma história real, o filme se passa na década de 1980 e retrata o dia a dia do eletricista texano Ron Woodroof após ser diagnosticado com o vírus da AIDS. Em uma batalha contra a indústria farmacêutica e os próprios médicos, Ron procura tratamentos alternativos e passa a contrabandear drogas ilegais do México.

TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
A “doença maldita” era sinônimo de fim, degradação, preconceito e muito mais, estamos falando da epidemia da AIDS, que em seu início representava o mal do século.  O filme retrata a realidade cruel de mulheres e homens debilitados e segregados, que lutaram sozinhos contra o sistema. Embora pensassem que AIDS era a doença dos homossexuais, logo foi possível perceber que não era bem assim. Ron era homofóbico, como muitos dos amigos dele, mas também era viciado e promíscuo, sendo também vítima da doença. Sexo, apostas e drogas faziam parte de seu cotidiano, tudo ocorria sem limite ou seleção. O caipira eletricista não esperava que algo semelhante lhe pudesse acontecer. Descobrir-se contaminado foi difícil de aceitar, tornando sua trajetória mais verdadeira. Logo, ele descobre o preconceito, não só em relação ao HIV, mas também duplamente enfrentado por aqueles que são transexuais ou homossexuais. Enfrentar a doença, que segundo os médicos lhe dá 30 dias de vida, se torna um desafio diário. Então, só depois de ultrapassar o período de negação, que ele vê no fim da estrada,  um poço que parece sem fundo, mas não é. Suas crenças e valores são desafiados e afetados durante o processo de confronto com seu destino anunciado.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Psicólogo, o doutor está fora

o psicologo
ASSUNTO
Relação terapêutica, suicídio, luto, relações afetivas, sociais, drogas
SINOPSE
“O psicólogo”, protagonizado pelo sempre brilhante Kevin Spacey, parte do princípio de que algumas vezes o mundo é mesmo pequeno, e logo no início são apresentados os personagens que pouco a pouco estarão mudando o rumo das vidas uns dos outros. O Dr. Henry Carter é um conhecido psicólogo de celebridades em Hollywood, lugar onde cresceu e se estabeleceu. Ele é o autor de alguns best-sellers, incluindo um livro sobre a felicidade, que agora está gravando como um audiobook. Neste livro de sucesso, Carter oferece, por assim dizer, a sua receita de felicidade. Entretanto, ele nos é apresentado de uma forma bastante incômoda, pois tem vivido sob o signo do suicídio da esposa. Embora tenha uma rica e confortável residência, cheio de conflitos em sua vida particular, ele não dorme em sua antiga e bonita cama de casal; uma cena comum é a dele esticado em algum sofá, cadeira, divã, etc. Apesar de ter muitas pessoas que se preocupam sinceramente com ele (como é o caso do seu pai), o companheiro mais presente na vida do psicólogo é um cão. O viúvo solitário, sem filhos, amargurado, fumante inveterado, companheiro de uma garrafa de bebida, ainda é apresentado optando  por variedades de maconha adequadas ao seu estado de espírito do momento… Aliás, um aspecto saliente no filme é a droga, que rola solta, aos borbotões! Drogas em geral, incluindo o álcool.O protagonista da história é Henry Carter, um psicólogo famoso por tratar celebridades. Carter vive em profunda tristeza e quase absoluta letargia– a quase todo momento o vemos fumar um baseado -, uma maneira de ficar alheio à dor e a tudo o que acontece ao seu redor. Só quando seu pai, também psicólogo, lhe “repassa” uma paciente, a jovem Jemma, cuja mãe também cometeu suicídio, é que Carter começa a se dar conta de que está perdido. Mas nem isso o faz repensar suas atitudes. Isso vem acontecer quando, depois de utilizar uma droga mais forte – ao que parece, uma erva adulterada -, Carter vai parar no hospital.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Título original; Shrink – Psiquiatra, shrink, em inglês, significa “encolher”. A partir dos anos 60 Shrink passa a designar psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas na gíria, significando “encolhedores de cabeça”. Ou seja, nós carregamos coisas demais, o que geram neurose, a mente desorganizada precisa de ajuda para encolher, reorganizar, precisa do profissional Shrink. O “Psicólogo das Estrelas”, que faz uso de automedicação e fuma “baseados", atende em seu consultório pessoas influentes em Hollywood – lugar afetivamente pouco saudável. Tendo o terapeuta como centro unificador, o filme vai nos apresentando os clientes de Carter em suas rotinas. Pouco a pouco, tanto no consultório quanto fora dele, vamos nos envolvendo com os pacientes em suas neuroses, seus dilemas e infortúnios, seus tédios e angústias, seus dramas existenciais e seus vícios. Na lista de clientes do Dr. Henry Carter estão: uma famosa atriz, Kate Amberson e seu marido narcisista; Jeremy, um jovem escritor descontrolado e inseguro; Patrick, um produtor obsessivo compulsivo, entre outros. Cada um com a sua paranóia, seus problemas e seus medos… Desiludido com sua carreira e vida pessoal, a ponto de, surtando, declarar-se numa entrevista televisiva que era uma fraude, um momento significativo na vida de Carter se dá quando seu pai encaminha para ele o primeiro caso fora das celebridades. Trata-se de Jemma, uma garota problemática, que também está vivendo sob o signo da morte da mãe. Contatar sofrimento semelhante ao seu não será fácil. O filme retrata uma sociedade enferma e a situação em que a vida perdeu o sentido. Na cena em que o pai dá retorno sobre o sonho relatado por ele, o pai cita kierkegaard, “O doente deve se ajudar”. E o processo terapêutico segue com a disponibilidade de ambos. Nesse caso, profissional também é cliente.

A passagem

                A Passagem                       

ASSUNTO

Relação terapêutica, relações afetivas, alucinações, culpa, medo, dor, suicídio.

SINOPSE

Sam Foster (Ewan McGregor) é um psicólogo que trabalha numa prestigiosa universidade americana. Certo dia um de seus jovens pacientes o procura para dizer que planeja cometer suicídio em breve. À medida que Sam estuda o caso, o rapaz começa a fazer estranhas e terríveis profecias que se realizam. Aterrorizado, Sam tenta ajudar seu paciente e impedir o suicídio de todas as maneiras, mas acaba se envolvendo numa misteriosa jornada da alma.

TRAILER (inglês)

O OLHAR DA PSICOLOGIA

De difícil compreensão, o filme só se explica no final. Até então, consideramos real tudo que se passa na tela. Os conflitos do Terapeuta e do cliente são apresentados como se assim ocorressem de fato. O que é verdade o que é alucinação? A relação terapêutica é apresentada de forma quase “misturada”, quando o terapeuta vive seus conflitos pessoais e os de seu cliente tal quais cartas embaralhadas. O que é real o que é imaginário? O que é do cliente, o que é de si? Assim questionamos durante a fita. Os resgates de cada um são o enredo vivido por Henry em seus últimos suspiros, A passagem fala exatamente desse momento: passagem: e todos os rostos que desfilam ao seu redor passam a fazer parte dele. Vítima de um acidente de carro fatal, para si, para a namorada e para os pais, Henry parece só um corpo, no chão, em meio a metal retorcido, fogo e barulho. As pessoas correm e o cercam, observam, oferecem ajuda. Ele ainda está vivo, mas, por apenas um instante. É nesse instante que ele fita vários olhares, ouve várias frases, sente o contato das pessoas. É o seu instante final, ele sabe disso. Mas, não se desespera. São estes olhares, frases e contatos que o farão reviver seus conflitos, os sentimentos que o dominam. Naquele instante, com aquelas pessoas, ele monta o enredo final de sua vida, tentando, de alguma forma, uma resolução para seus dilemas e sofrimentos. Nesse instante, só lhe vem a culpa. E é essa culpa que, num espaço de três dias (em seu tempo mental) ele vai viver intensamente, com todas as suas dores (depressão, abandono, medo, dor, suicídio). É nesse espaço de tempo mental que o filme se desenrola. Ele sabe que tudo agora é só um instante.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Jogo da Imitação

imageASSUNTO
Relações sociais, familiares e afetivas, homossexualidade, genialidade, coportamento anti-social.
SINOPSE
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico monta uma equipe que tem por objetivo quebrar o Enigma, o famoso código que os alemães usam para enviar mensagens aos submarinos. Um de seus integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de 27 anos estritamente lógico e focado no trabalho, que tem problemas de relacionamento com praticamente todos à sua volta. Não demora muito para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe. Seu grande projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas. Entretanto, para que o projeto dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe e tem Joan Clarke (Keira Knightley) sua grande incentivadora.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme é baseado na vida do cientista Alan Turing, matemático considerado o pai da computação. Retratado com dificuldade de contato social, o gênio é um homem obcecado por seu trabalho, atividade que o encanta desde a infância. Por meio de flashbacks, somos apresentados aos momentos difíceis de seu desenvolvimento. Vítima de Bullying, incompreendido e com sérias dificuldades para entender as regras sociais de comunicação, porque não dizer as mentiras sociais, seu crescimento foi marcado por conflitos. Algumas cenas trazem situações surreais, pouco críveis, mas que podem ser perdoadas por conta do que é chamado de ‘licença poética’. Obviamente, as oscilações de incompreensão/compreensão de situações metafóricas, piadas e outras formas de comunicação não estão comprometidas com o quadro sugerido, pois a aprendizagem seria possível, mas trata-se de uma repetição aprendida e não uma reação natural. Fora isso, temos uma questão desumana no que se refere a homossexualidade. Sim, o rapaz é homossexual numa época em que, na Inglaterra, tal condição era considerada crime. Ele é arrogante, narcisista, grosseiro, incapaz de compreender mentiras, rodeios e metáforas, mas é um gênio. Desde criança, aprende a mentir para se manter em seu mundo lógico, distante da crueldade social e esconde sua homossexualidade.

Tangerinas

clip_image001ASSUNTO
Guerra, violência, relações afetivas, sociais, humanismo – valores humanos, humanidade, amizade, perdas.
SINOPSE
Aldeias estonianas foram formadas na Abecásia, na segunda metade do século 19. A guerra entre Georgia e Abecásia começou em 1992 e alterou a vida pacífica dos habitantes estonianos. A comunidade da Abecásia quer se tornar independente da Geórgia. Quase todos os habitantes já deixaram a aldeia. As aldeias ficaram vazias, apenas alguns permaneceram. A história de Ivo (Lembit Ulfsak), que com a ajuda do produtor de tangerinas Margus (Elmo Nüganen) e o médico Juhan (Raivo Trass), salva a vida do checheno Ahmed (Giorgi Nakashidze) e do georgiano Niko (Misha Meskhi), em um povoado estoniano da Abecásia no meio da guerra de 1992.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Filme para poucos, a trama tem como pano de fundo o período após a dissolução da União Soviética, quando muitos conflitos foram iniciados. Embora retrate o embate entre russos e georgianos, o tema central é a humanidade que há por trás do conflito. Não se trata de um filme de guerra, como tantos outros, que colocam o "foco" na ação. Não, os conflitos retratados são muito mais aqueles internos, os que não produzem grandes efeitos visuais. Restrito a poucos personagens e a apenas parte da aldeia, o filme é lento,  embora tenha seu tempo de projeção considerado curto. Abecásia se torna uma região de fronteiras disputada. Desde o século dezenove muitos estonianos lá se instalaram, colaborando para que as tangerinas fossem consideradas produção típica da região. Desde o início da guerra, muitos retornaram para terra natal. Dentre os poucos que restam no vilarejo, estão Margus e Ivo, ambos estonianos. O primeiro não quer desperdiçar sua colheita, considerando a possibilidade de partir após comercializar suas tangerinas. Já o marceneiro Ivo, além de ficar para ajudar o amigo, logo deixa claro o seu amor pelo lugar onde constituiu família. Todo o filme é passado no vilarejo, seja na casa de Ivo ou no pomar de Margus. O isolamento da aldeia não é suficiente para manter a guerra afastada. Os russos contratam os chechenos como mercenários que, ao encontrarem Georgianos nas proximidades, travam combate armado. Ivo, junto ao amigo, recolhe os sobreviventes e os acolhe em sua casa. Ahmed e Niko se odeiam por princípio, estão em lados opostos, o primeiro é Checheno e muçulmano, o segundo Georgiano é cristão ortodoxo. Outra perspectiva da guerra é colocada em foco, através desse conflito sabiamente controlado pelo por Ivo, que tal qual um avô sábio, se torna maestro naquele dissonante conjunto de dois "netos".

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Birdman

imageASSUNTO
Indústria cultural, indústria do consumo,  vivência de papéis, crise de meia-idade, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
No passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone cultural. Entretanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira começou a decair. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Entretanto, em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e ainda uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
imageDemorei muito a escrever sobre o filme, tamanho assombro que me provocou. Agora, como vencedor do oscar, não posso continuar protelando. Vamos lá: O filme é complexo, provocador, existencial, crítico, profundo. Podemos nos reter na história contada, de um ator em crise, diante da possibilidade de arriscar o sucesso, sendo quem ele é, sem máscaras. Não se trata de um filme sobre super-herói, embora ele seja mencionado. O papel de herói foi um dia pesado demais para o ator, que agora, em crise de meia idade, assistindo sua família desintegrar, decide arriscar ao estrelato vivendo um papel menos clichê e mais existencial. Se por um lado, a necessidade é se mostrar sem máscara, por outro há uma voz interna ameaçando a impossibilidade de ser aceito por seu talento real, de cara quase limpa. Seria a voz de seu ego ou o ser se desintegrava em surto psicótico? Os bastidores revelam as dificuldades reais de um projeto tão ousado, ambicionando retratar o “ser” em detrimento do “ter”, como reagiria a público? Trata-se apenas de uma crítica óbvia a indústria cultural cinematográfica de nossos tempos ou podemos nos aprofundar mais? No que é possível se identificar diante das angústias do protagonista?

domingo, 18 de janeiro de 2015

Teoria de tudo

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Relações familiares, sociais, acadêmicas, afetivas e terapêuticas – auto-suporte. Conceitos gestálticos: Priorizar os sentidos, momento presente, teoria paradoxal da mudança (aceitar o que está sendo para que a mudança ocorra, favorecendo se tornar quem de fato é).
SINOPSE
Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa, quando ele tinha apenas 21 anos.
TRAILER



O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme retrata um período importante da vida do famoso astrofísico, que foi acometido ainda jovem pela doença degenerativa denominada ‘síndrome de Charcot’. O médico informa, ao esclarecer o caso, que embora a doença não vá afetar o seu cérebro,  a ligação entre este e os músculos será interrompida gradativamente, o que impossibilitará sua comunicação com seu entorno. Ao assistir a cena em que o médico fez tal declaração, fiquei me perguntando como o jovem astrofísico poderia sobreviver ao rompimento de sua relação com o mundo. A abordagem gestáltica prioriza o ‘entre’, a “fronteira” é considerada como o lugar de desenvolvimento da existência. O “contato” é a realidade mais simples e primeira, sem o qual não há construção de indivíduo - individuação. Este contato com o que está “fora” vai dando contorno à noção de quem somos. Como seria para o astrofísico sobreviver sem a possibilidade de contato? Seu momento trouxe um contato especial, capaz de expandir as próprias fronteiras: o amor. Razão e emoção se encontram e perfazem novas configurações. Ele está determinado a encontrar uma “eloquente explicação” para o Universo, seu mundo é matemático, racional. Ele busca a lógica, tem o objetivo de explicar fenômenos do universo, como o tempo. Jane, por outro lado, é emocional, poética e personifica a fé, busca a compreensão do universo através dos sentidos. Esse encontro torna possível expandir suas fronteiras, permitindo que as probabilidades científicas sejam desafiadas. O “tempo”, seu objeto de estudo, é vivido em sua plenitude pelo casal, que encontra novas alternativas para cada novo desafio imposto pela enfermidade.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Para sempre Alice

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Alzheimer, relações familiares, afetivas e sociais, luto, momento presente - Abordagem gestáltica.
SINOPSE
A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguistica. Aos poucos, ela começa a esquecer certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ela é diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a força de sua família. Enquanto a relação de Alice com o marido, John (Alec Baldwinse), fragiliza, ela e a filha Lydia  (Kristen Stewart) se aproximam.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Filme sobre Alzheimer não é novidade, o tema já foi debatido em outras películas. O que há de novo nessa versão? Além de retratar a doença precoce, em sua versão rara, hereditária, que atinge pessoas em fases mais precoces da vida, o filme nos faz refletir sobre outros aspectos: processo de perda, adoecimento inesperado e relações familiares. Acompanhar a jornada de Alice não é nada fácil. Tocante, emocionante, dramático, o filme nos faz refletir sobre muitos aspectos, seja sobre o Alzheimer, sobre valores ou qualquer outra doença, que pode ser inesperada e atingir toda a família. Existe também um aspecto informativo no filme. Por exemplo, minha mãe tinha o hábito de fazer palavras cruzadas. Ela dizia que isso ajudava a exercitar a memória e evitar algumas demências. Se existe um aspecto positivo nisso, não tem qualquer relação com a capacidade cognitiva, como pode fazer crer. Talvez, ajude no exercício da repetição, como uma gravação que firma sua marca, tornando mais difícil perdê-la. No filme, quando o marido pergunta a respeito da preocupação com deterioração acelerada da memória, o médico diz: “Cada caso é diferente, casos familiares podem evoluir bem rápido. E, nas pessoas com alto grau de instrução, as coisas podem ser ainda mais aceleradas. Elas sustentam processos mentais por mais tempo, e isso atrasa o diagnóstico”. Ele afirma, assim, que as pessoas mais inteligentes, ao contrário do que possa ser esperado, podem ser as que mais se comprometem com o processo. Dentre os interessantes informativos, há também a visão do doente. Na cena em que a filha caçula pergunta como é estar assim, Alice esclarece: “Não é sempre a mesma coisa, tem dias bons e dias ruins. E nos dias bons, quase sou uma pessoa normal. E nos ruins, não consigo me encontrar. Eu sempre fui muito guiada por meu intelecto, pelo meu modo de falar, articulação. E agora, vejo as palavras na minha frente e não consigo me expressar. Não sei quem sou, não sei o que mais vou esquecer.”

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Elsa e Fred

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ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, terceira idade, luto
SINOPSE
Elsa (Shirley MacLaine) é uma mulher de idade que vive sozinha. Um dia, ela comete uma barbeiragem ao sair com o carro e quebra os faróis do carro de Lydia (Marcia Gay Harden), a filha de seu novo vizinho, Fred (Christopher Plummer). Revoltada com o ocorrido, Lydia exige que Elsa pague o conserto. O filho de Elsa (Scott Bakula) aceita cobrir os danos mas, ao entregar o cheque a Fred, Elsa lhe conta uma história triste que acaba convencendo-o a recusar o valor. Com o tempo, Elsa e Fred se aproximam cada vez mais, apesar do temperamento bastante diferente. Enquanto ela é cheia de vida, ele é rabugento e mal quer sair de casa.
TRAILER
Elsa & Fred (2005)
imageSINOPSE
Fred (Manuel Alexandre) é um pacato senhor com quase 80 anos que se muda para um novo prédio, logo após ficar viúvo, e conhece Elsa (China Zorrilha) sua vizinha também com quase 80 anos. Ela, que sofre de grave doença, é muito atirada, otimista e comunicativa, e tenta viver intensamente cada dia, enquanto Fred é um hipocondríaco e quieto. Mesmo com essas diferenças, e pela insistência de Elsa, essas diferenças são superadas e juntos redescobrem o prazer de viver, a cumplicidade e a amizade.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Entre os temas presentes no filme está a dificuldade em superar o luto na viuvez. A perda de um ente querido, com quem foi compartilhada boa parte da vida, o que trás complicações para aquele que fica. Independente de a relação ter sido feliz, a interrupção de uma rotina partilhada pode levar a quadros depressivos. Muitas vezes quando há a morte de um dos cônjuges a família destitui o lugar daquele que está vivo, e dá pouco espaço para que o indivíduo possa elaborar seu luto. Para quem não sabe “Elsa & Fred” é uma refilmagem de um filme hispano-argentino de 2005. Infelizmente, apesar de ter um elenco extraordinário, confesso que gostei mais da interpretação e do roteiro do filme hispano-argentino. Além disso, a nova versão também modifica consideravelmente a personalidade dos protagonistas. Na versão argentina, Fred é um senhor viúvo, romântico, reflexivo, melancólico e muito, muito doce. Diferente da nova versão, que traz um Fred muito ranzinza e carrancudo, apesar do bom coração. A versão contemporânea tende mais para a comédia e o pragmatismo americano, tirando o encanto, a poesia, a reflexão delicada que a primeira oferece. Em todo caso, ambas discutem as dificuldades da terceira idade, o luto, a possibilidade de vivenciar o amor e as diferentes formas de enfrentar a vida e a morte.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

No espaço não existem sentimentos

ASSUNTO
Síndrome de Asperger, Relações familiares, sociais e afetivas, diferenças, amizade, amor fraterno.
SINOPSE
Quando a namorada de Sam rompe o relacionamento, ele fica muito deprimido. Para animá-lo e fazer com que volte à sua vida normal, Simon decide ajudar o irmão a encontrar uma nova e perfeita namorada. Mas, vítima da Síndrome de Asperger, Simon percebe que a busca é muito mais complicada do que poderia imaginar e fica em dúvida se realmente poderá ajudar Sam.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O título do filme nos remete ao funcionamento de Simon, que tem dificuldade de comprender e expressar sentimentos, mas se sente seguro onde não precisa lidar com emoções. O chefe de Simon diz: “Anda, tempo é dinheiro!” E Simon responde: “Tempo é tempo, dinheiro é dinheiro.” É assim que funciona para os portadores da Síndrome de Asperger, não há facilidade na compreensão do que que não é literal. Ele usa uma roupa que o identifica como portador da síndrome, deixando claro que não gosta de ser tocado, pois perde a tranquilidade e o controle nessas ocasiões. Outro problema para ele é mudar a rotina, qualquer coisa que saia do controle compreensível, previsível, repetido, para ele é sinônimo de caos. Ele não entende muito bem o mundo, e as pessoas em geral,  que por sua vez não entendem ele. Os pais não conseguem falar sua língua e qualquer ameaça de desestabilizar seu universo, ele se esconde em sua “nave”, um latão fechado, ou reage agressivamente.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Homens, mulheres e filhos

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Relações interpessoais, relações familiares, afetivas e sociais, sexualidade, anorexia, pornografia
SINOPSE
Adultos, adolescentes e crianças amam, sofrem, se relacionam e compartilham tudo, sempre conectados. A internet é onipresente e, nesta grande rede em que o mundo se transformou, as ideias de sociedade e interação social ganham um novo significado. Algumas situações como um casal que não tem intimidade; uma garota que quer ser uma anoréxica melhor; um adolescente que vive em num mundo de pornografia virtual, fazem o expectador repensar a relações humanas.
Homem, Mulheres & Filhos´ conta a história de um grupo de adolescentes do ensino médio e de seus pais enquanto tentam lidar com as diversas maneiras nas quais a Internet mudou seus relacionamentos, suas comunicações, suas auto-imagens e suas vidas amorosas. O filme trata de questões sociais como a cultura dos videogames, anorexia, infidelidade, busca da fama e a proliferação de material ilícito na Internet. Na medida em que cada personagem e cada relacionamento é testado, podemos ver a variedade de caminhos que as pessoas escolhem – alguns trágicos, outros cheios de esperança – e fica claro que ninguém está imune a esta enorme mudança social que vem através de nossos telefones, nossos tablets e nossos computadores.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme fala das mudanças nas relações a partir do universo virtual. De que forma os avanços tecnológicos que trouxe smartfones, tablets, netbooks, smarttvs estão colaborando ou prejudicando as relações entre as pessoas? É disso que trata o enredo. As novas formas de contatar ou evitar os contatos nossos de cada dia. Afetos virtuais, aproximações e afastamentos, pornografia virtual, perda de tempo, privacidade, anorexia, infidelidade, fama, exibicionismo, crimes virtuais, jogos virtuais e tantas possibilidades são discutidas, pontuando a influência da tecnologia na transformação das formas do ser humano se relacionar. Longe de propor respostas, o filme apresenta diferentes perspectivas nas relações mediadas pela internet, muitas vezes tornando o contato real e nutritivo distante daqueles que priorizam as relações virtuais. Certamente, trata-se de um pequeno alerta, não apontando muitos benefícios que o bom uso da internet pode trazer.

O porco espinho

 
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ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, filosofia, pré-adolescência.

SINOPSE
Paloma é uma menina séria e inteligente de 11 anos, decidida a se matar em seu décimo-segundo aniversário. Fascinada por arte e filosofia, a menina passa o dia filmando seu cotidiano, a fim de fazer um documentário. À medida que a data de seu aniversário se aproxima, ela conhece pessoas que a fazem questionar sua visão pessimista do mundo.


TRAILER (em espanhol)
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme foi baseado no livro “L’Élégance du Hérissson”, a elegância do porco espinho. Arthur Schopenhauer expôs a parábola do porco-espinho, na sua obra Parerga e Paralipomena, como uma metáfora acerca dos desafios subjacentes às relações de intimidades dos seres humanos. Segundo o filósofo, para enfrentar um Inverno rigoroso um grupo de porcos-espinhos precisaram de se juntar para que pudessem aquecer-se mutuamente, de forma a enfrentarem o frio que os atingia. No entanto, terminada a aproximação, os porcos-espinhos começaram a afastar-se, pois os espinhos que cobrem os seus corpos (servem de defesa contra os predadores) tornaram essa mesma proximidade demasiado dolorosa de suportar. Mas como é que eles iriam encontrar a distância adequada de forma a se aquecerem sem se magoarem? O dilema do porco-espinho é um dilema humano. No filme, a pequena filósofa decide registrar aproximações a afastamentos existentes no universo a sua volta, antes de partir. A menina é parte de uma família disfuncional, onde o pai é um político ausente e a mãe, que toma ansiolíticos diariamente, cuida mais de suas plantas do que das filhas.  Sim, ao considerar o vazio de sua existência, particularmente no que se refere a vida adulta que conhece, ela decide marcar a data de se retirar do mundo, que para ela não tinha sentido. Eis que surgem personagens que podem transformar sua visão de mundo.

Boyhood

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Relações familiares, afetivas e sociais, desenvolvimento, ciclos familiares, bullying, alcoolismo, violência doméstica.
SINOPSE
As alegrias e as armadilhas de crescer são vistos através dos olhos de uma criança chamada Mason (Ellar Coltrane), seus pais (Patricia Arquette, Ethan Hawke) e sua irmã (Lorelei Linklater). Vinhetas, filmadas com o mesmo elenco ao longo de 12 anos, capturar as refeições em família, viagens por estrada, festas de aniversário , Formaturas e outros marcos importantes. O filme conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar Coltrane). A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.
TRAILER
As mudanças de Mason
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Boyhood poderia chamar A VIDA COMO ELA É, pois a trama acompanha o desenvolvimento de Mason, da infância à juventude, retratando mudanças cíclicas que ocorrem na família durante o período. Como tantos outros, Mason é filho de pais divorciados, ele enfrenta as mudanças do entorno e as que ocorrem com ele próprio. Assim, ser e ambiente se influenciam mutuamente, e, transformam-se ao longo desse período, simples assim, exatamente como a vida é. Não é difícil para o espectador se identificar com alguma passagem do filme. A trama inicia quando o menino tem 6 anos e os pais já estão separados. Fruto de pais imaturos, ele e a irmã vivem as turras, sem que o amor deixe de existir. A mãe, por sua vez, tenta administrar seu lugar de mãe e de mulher, pois sem o suporte do ex-marido, torna-se a única responsável pela administração do lar. Difícil dar conta de cuidar dos filhos e buscar relacionamentos saudáveis.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Um certo olhar

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Autismo, aceitação, diferenças, amizade, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Alex (Alan Rickman) é um taciturno inglês que está no Canadá para se encontrar com a mãe de seu falecido filho. No caminho ele dá carona para Vivienne (Emily Hampshire), jovem que vai visitar a mãe. Na viagem um caminhão atinge o carro, matando Vivienne. Alex sai então à procura da mãe da jovem. Ao encontrá-la, descobre que ela (Sigourney Weaver) é autista. Linda não tem qualquer reação ao saber da tragédia, mas Alex decide ficar com ela até o funeral. É quando ele conhece Maggie (Carrie-Anne Moss), a vizinha sexy com quem se envolve.
Linda
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Mais do que falar sobre autismo, o filme oportuniza uma bela reflexão sobre nossas neuroses de cada dia. Explico melhor: Linda, uma autista de altas habilidades, a todo tempo sinaliza a obviedade da vida dos que são considerados “normais”. Um bom exemplo acontece quando ela repete, para seu hóspede “normal”, a frase: “perfecto mondo”. Ou seja, que normalidade é essa, na qual “fantasiamos” controle social de todos os nossos atos, ao considerar perfeito determinado padrão. Quer dizer, para ser socialmente aceito, o homem “normal” precisa se comportar de forma pouco autêntica?!?!? Quanto mais “polido”, menos autêntico e, ainda chamamos de patológico aquele que não consegue mentir, que é objetivo, autêntico e real. Sim, nossa neurose é politicamente correta! A vida é assim. Pois bem, nossa querida Linda nos mostra muito sobre o valor das pequenas coisas. Dentro de sua forma de funcionamento peculiar, ela revela o quanto perdemos contato com as pequenas coisas que poderiam fazer mais “sentido”. Tal qual sua filha, que era apaixonada pela singularidade da mãe, Alex descobre o encanto daquele ser, que além de aceitá-lo, pode ensinar muito sobre o quanto vida pode ser simples. Aliás, a filha já tinha sinalizado sobre o isolamento dele, sobre a evidência de sua solidão, um comportamento humani que a seduzia. Para a menina, as pessoas solitárias precisavam resgatar o contato com o mundo, assim, ela se candidatava ao lugar de facilitador desse processo. Escolher se aproximar de pessoas assim era para ela uma aventura. Ela dá o pontapé inicial para o melhor aprendizado que Alex pode ter, ou seja, aprender sobre sua capacidade de escolha. Nossa capacidade de escolha inclui o que fazer com o que fizeram de nós, podemos sair do lugar de “vítima das circunstâncias” e escolher fazer algo com a situação.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Adam

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Sindrome de Asperguer, Autismo, relação terapeutica, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
O jovem engenheiro eletrônico Adam acaba de perder o pai. Com dificuldades de se socializar, vive isolado em seu excessivamente organizado apartamento em Nova York. Sua rotina se transforma quando a atraente Beth se muda para o andar de cima. Inicialmente reticente com o comportamento estranho do vizinho, ela aos poucos passa a conhecê-lo melhor e a entender as razões por trás de suas dificuldades de comunicação. Percebendo o interesse de Adam e a profunda conexão que se formou entre eles, Beth resolve dar uma chance ao relacionamento.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Adam é portador da Síndrome de Asperger, transtorno de espectro autista. Sua forma de funcionamento traz algumas peculiaridades, principalmente no que se refere à percepção. Costumamos considerar “Normal” ter a capacidade de selecionar o estímulo ambiental que nos interessa. Por exemplo, no universo dos neuróticos, escolhemos o que ouvir, o que ver, o que “perceber”. Muitas vezes, o trabalho da terapia é favorecer a ampliação da percepção, pois nossa tendência de selecionar o que é possível pode provocar comunicação ineficiente, causando sofrimento. Por outro lado, para compreendermos, de fato, o que estamos ouvindo, vendo, percebendo, é preciso focar no alvo de nosso interesse. Em Gestalt-terapia, chamamos de “figura” o estímulo em foco, e de “fundo” todo o restante. Assim, estando aberto ao fenômeno que se revela, ele é selecionado, “destacado”, em detrimento dos estímulos restantes, que vão para o fundo. O processo saudável consiste em trocas sucessivas de figura e fundo, de acordo com o interesse da pessoa, fluindo naturalmente e constantemente. A cada formação de sentido ou “fechamento de uma gestalt”, outro estímulo se torna figura e o anterior se torna fundo. Pessoas portadoras da Síndrome de Asperger não conseguem selecionar estímulos, o que transforma seu universo em alvo de múltiplos estímulos simultâneos. A sensibilidade com a informação sensorial, como luz, som, textura e gosto podem ser percebidas como invasivas, transformando o convívio social em uma ameaça insuportável. O isolamento social é consequência desse e de outros sintomas. Os “aspies” – como se autodenominam os portadores da síndrome – não apresentam nenhum traço físico aparente da doença e possuem inteligência normal, muitas vezes acima da média. Suas dificuldades de comunicação são confundidas muitas vezes como mera timidez, enquanto, na verdade, enfrentam problemas de primeira ordem relacionados à sociabilidade, compreensão da linguagem e interesse exclusivos por determinados assuntos, o que abala as estruturas convencionais na formação de vínculos com a sociedade. Dificilmente eles olham para seu interlocutor, sempre evitando o contato direto. Do mesmo modo, quando olham, eles não conseguem interpretar suas expressões faciais. Isso quer dizer que esteja você sorrindo ou com cara de zangado, a reação é a mesma e neutra, o que acusa a falta de entendimento das emoções. Essa característica provavelmente é uma das que mais lhes gera angústia, pois não conseguem compartilhar e entender os sentimentos do próximo. Uma característica peculiar da síndrome faz que seus portadores se interessem quase que exclusivamente por um único assunto, como pode ser visto com Adam. Cada caso é um caso, nem todos os sintomas são iguais ou têm a mesma intensidade nos portadores. O filme nos mostra como é para Adam, que depois de perder o pai, encontra-se perdido. Beth representa um vínculo nutritivo, que o auxilia a ampliar suas habilidades sociais, a partir de sua disponibilidade e carinho. O desdobrar da história, irá retratar alguns sintomas peculiares e novas revelações dentro  das possibilidades. Trata-se de um filme simpático, que não perde a chance de ser didático, pois a consciência da própria síndrome faz com que Adam explique parte do que ocorre em seu universo. A inaptidão para perceber a linguagem não verbal é amenizada pelo aprendizado lento, mas possível. O longa é super recomendado para melhor compreensão de outras formas de funcionamento no mundo, nem melhor nem pior, apenas diferente. Confira!




terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O lenhador

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Pedofilia, relações afetivas, sociais, familiares e relação terapêutica.
SINOPSE
Após 12 anos na prisão, Walter (Kevin Bacon) se muda para uma pequena cidade. Ele vai viver num apartamento em frente a uma escola de ensino básico, cheia de crianças. Walter arruma emprego em uma madeireira e se mantém o mais reservado possível, mas isto não o impede de se envolver com Vicki (Kyra Sedgwick), uma extrovertida colega de trabalho. Ele, porém, não pode escapar do seu passado e quando os colegas de trabalho descobrem seu crime, o clima amigável desaparece.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Confesso minha resistência em assistir ao filme. Pedofilia é um tema difícil, que provoca sentimentos conflitantes, dificultando a necessária neutralidade no processo terapêutico. Recordo que na época de seu lançamento, o longa foi recomendado por uma professora querida, que sinalizava a respeito da consciência que o terapeuta deve ter sobre os próprios limites. Existem situações nas quais o profissional pode ficar impossibilitado de manter a postura de imparcialidade, do não julgamento, a pedofilia pode ser uma delas. Como atender com imparcialidade um cliente, que em um momento de descontrole, é capaz de molestar uma criança indefesa? Como lidar com tal situação de forma imparcial? Certamente, o filme nos dá pistas sobre o outro lado da situação. Não há como não repensar nosso impulso de considerar o pedófilo como monstro, após assistir ao drama. Nós somos convidados a acompanhar os dias de Walter, após 12 anos de detenção. Aos poucos, somos apresentados ao seu drama, e seus conflitos cotidianos diante da necessidade de se reinserir na sociedade e seus conflitos internos, frente à possibilidade de se descontrolar novamente.

Encontros ao acaso

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Relações afetivas, familiares e sociais; processo autodestrutivo, dificuldade de aceitar afetos e mudanças.
SINOPSE
Lucy Fowler (Ashley Judd) é uma mulher trabalhadora e auto-destrutiva, que realiza frequentes aventuras de uma só noite, sempre regada a muita bebida. Ao tentar mais uma vez se reaproximar do pai, Lowell (Scott Wilson), ela conhece Cal Percell (Jeffrey Donovan), que se mudou recentemente. Cal consegue enxergar em Lucy algo que ela própria não deseja reconhecer, o que faz com que se afaste dele. Desta forma Lucy precisa lidar sozinha com sua conturbada família e sua dificuldade em amadurecer e manter um relacionamento amoroso.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme fala, principalmente, sobre a dificuldade de relações afetivas da protagonista, que “repete” o comportamento do pai, que se revela na trama a própria dificuldade de manter relações afetivas. Lucy, além de manter relações com desconhecidos em momentos de embriaguez, não se lembrando no dia seguinte sobre os detalhes da relação, faz questão de se manter emocionalmente distante de tudo. Atentem para a relação com o cachorro abandonado, e, sua atitude distante diante da clara afeição ao animal. Como qualquer de nós, ela tem uma história, um contexto que ajuda a compreender seu comportamento reativo diante das possibilidades afetivas. A trama me fez recordar da importância do GENOGRAMA no processo terapêutico. Para quem não conhece a ferramenta, trata-se de um recurso potente de suporte ao processo terapêutico. Com ele, somos capazes de identificar, junto ao cliente, as repetições transgeracionais, as questões familiares, oferecendo a oportunidade de capacitar o cliente para realização de novas escolhas. Ao reconhecer “repetições”, situações inacabadas, ou questões que pertencem ao histórico da pessoa, o cliente encontra a oportunidade de aceitar/perceber/ter consciência seu movimento atual. Diante disso, algo semelhante ao que Jung chamou de “processo de individuação” pode acontecer de forma mais saududável. Em Gestalt-terapia, o mesmo processo pode ser reconhecido como percepção da própria fronteira, que deve ser flexível, nem totalmente aberta nem fechada. Assim, a pessoa pode escolher quando e onde abrir seu mundo ao mundo do outro, fazendo contatos nutritivos com o ambiente. A repetição de comportamentos engessa as fronteiras, que bloqueiam as novas trocas. O processo de Lucy, aos poucos vai oferecendo a oportunidade dela perceber suas ações “reativas”, repetidas, inacabadas. E, assim, durante a trama, vamos acompanhando seu movimento de busca de fechamento para situações inacabadas, ou, o reconhecimento de seu funcionamento “repetido”.  Nesse sentido, Cal é a chave terapêutica de Lucy, pois “representa” o papel do terapeuta, ao sinalizar o óbvio. Assim também faz sua colega de quarto, que questiona suas atitudes. Acompanhamos a busca de sentidos na relação familiar, que aos poucos lhe dão a clareza do próprio funcionamento, e, com isso a possibilidade de novas escolhas. Não espere, então, que o desfecho feliz esteja de acordo com os romances clássicos. Ser feliz com o príncipe encantado? Que nada! Há frustração, há dor, mas não é possivel desenvolvimento real, sem que passemos pela dor.  Na fita, vemos a busca da própria integração, em detrimento da busca do outro que a “complete”. Para que um sistema inteiro seja possível, sem dependência, mas apenas uma relação de contato saudável, ambos precisam estar inteiros, integrados em sua individualidade, para somente depois realizar trocas nutritivas. O final está aberto, mas feliz, pois fica claro o quanto Lucy pode realizar novas e criativas escolhas, o restante pode ser imaginado. Aí está um final real e feliz, vale a pena conferir!




sábado, 25 de outubro de 2014

Mary & Martha: Unidas Pela Esperança


ASSUNTO
Bullying, solidariedade, luto, perdas, relações, familiares, 
afetivas e sociais.

SINOPSE
Mary vai morar com o filho na África, mas ele acaba
morto, vítima de malária. Logo, ela conhece Martha, que também perdeu o filho  para a doença. Juntas, elas vão tentar prevenir outras famílias deste mal e impedir que outras mães sofram da mesma forma.






TRAILER



O OLHAR DA PSICOLOGIA
Vamos começar pelo óbvio, falando de perda, de luto. Quando se trata de um filho, a coisa fica mais complicada ainda. Como elaborar o luto da perda de um filho? Preparem seus lenços, a trama apresenta a dor da perda de um filho em dose dupla. Não é fácil acompanhar, muito menos viver. No filme, encontramos duas personagens na mesma situação, ambas perdem seus filhos. Mas como toda situação, cada qual tem sua particularidade, seu contexto. Mary decidiu proteger seu filho de uma situação de bullying na escola. Atentemos as questões pessoais de Mary. Depois de ser informada sobre o que acontecia com o filho, ela percebe o quanto está distante dele e demonstra sentir-se culpada por isso. Ao longo da trama, percebemos que a mesma sofreu com a ausência do pai, que priorizava o trabalho antes da família. Com a percepção atravessada por sua história, ela escolhe “corrigir” seu comportamento, indo com o filho para África por seis meses. Seu planejamento inclui estudos, proteção, resgate da própria história e aproximação do universo do filho. Durante seus primeiros momentos junto ao filho, há uma crítica sutil ao mundo virtual, que tem ocupado o tempo familiar, antes preenchido com as trocas familiares. Em outro lugar, somos apresentados à família de Martha, senhora dedicada, que representa o papel claro da mãe protetora. Seu filho querido, superprotegido e amado, decide se aventurar também na África, se engajando num projeto de voluntariado. A África, lugar da perda, é também lugar do encontro com a humanidade de cada um. A morte por malária já faz parte do cotidiano dos africanos, pois em condições desumanas, sem assistência suficiente ou possibilidades de prevenção, a doença se alastra. Interessante, se compararmos a situação atual do EBOLA, receios a parte, temos a ilusão de que acontecendo lá, tão longe, na África, não terá chance de nos atingir. Somos evoluídos, temos melhores condições, etc. Como se não fizéssemos parte do mesmo planeta, da mesma condição humana, da mesma rede. Assim também, me parece, pensou o filho de Martha que se sentindo inatingível distribui as pílulas entre as crianças, e, não tomou. Martha e Mary perderam seus filhos no mesmo lugar, elas tinham em comum a dor dessa perda quando se conheceram. Ambas precisavam elaborar seu luto, momento difícil que as conduziu para o local da tragédia. Talvez, apenas talvez, ficasse mais fácil de compreender um acontecimento tão fora da ordem natural das coisas. Embora aparente mais uma resenha do que um artigo, tal introdução é importante para a compreensão do que discutiremos a seguir.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Helen Keller e o Milagre de Anne Sullivan

 
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Deficiência auditiva e visual, limite, relações familiares, afetivas e aprendizagem.
SINOPSE
A incansável tarefa de Anne Sullivan, uma professora, ao tentar fazer com que Helen Keller, uma garota cega, surda e muda, se adapte e entenda (pelo menos em parte) as coisas que a cercam. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo nem lhe tratado como qualquer criança.
O filme The Miracle Worker (sem distribuição no Brasil, produzido para TV em 2000 nos EUA, dirigido por Nadia Tass) é um "remake" de dois filmes sobre o mesmo tema: "The Miracle Worker", produzido em 1962, dirigido por Arthur Penn, distribuído no Brasil com o título O Milagre de Anne Sullivan; e "The Miracle Worker", também produzido para TV em 1979, dirigido por Paul Aaron, que em 1984 teve ainda uma sequencia com o título "Helen Keller, The Miracle Continues".
TRAILER
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme retrata uu período da história de vida de uma menina cega e surda. O nome dela era é Helen Keller, de sete anos, filha de proprietários de terras. Ela não sabia o que era mundo e não sabia como interpretá-lo, e apesar disso tudo, ela precisava muito se expressar. A trama retrata uma parte da história da menina, depois dela já ter perdido a visão e a audição. A família, por sua vez, após tê-la quase perdido, faz todas as vontades que pensam ser dela. Hellen, por sua vez, se parecia com um animal agressivo, ela chutava, mordia, cuspia, sem conseguir se comunicar. Foi o desespero, o limite diante dos espetáculos grotesco da criança, que favoreceu a descoberta de Anne Sullivan, a professora de métodos pouco convencionais, que surge para disciplinar, domesticar e educar a menina. Ela foi cega (fez nove cirurgias nos olhos) e usa óculos escuros para proteger-se do sol. Ao se deparar com Helen, entende que ali está o maior desafio da sua vida: o desafio de explicar a uma menina como viver no mundo e como entende-lo. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Numb

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Relações familiares, sociais e afetivas. Erros e acertos nas relações terapêuticas, transtorno de despersonalização.
SINOPSE
Um roteirista sofre de um  transtorno, que o faz perder contato com sua personalidade e ter sensações de irrealidade e estranheza. Suas tentativas de tratamento e cura são retratadas na fita.  Quando se apaixona por uma mulher, o esforço dele aumenta, passando por todo tipo de terapia existente para conseguir conquistá-la.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Numb é um filme de 2007, que inicia com Hudson se percebendo de forma estranha. Havia algo errado em sua percepção, mas ainda assim, era possível manter as aparências. Ninguém percebia o que estava acontecendo com ele até o dia ao fumar maconha ele perde o controle. Diante do surto, ele procura ajuda. O médico descarta as doenças físicas e o encaminha para o psiquiatra. De acordo com a psiquiatria, o filme retrata o transtorno de despersonalização e desrealização, que de forma resumida relaciona-se a um estranhamento em relação ao próprio corpo e ao mundo externo e que ocorre puramente como patologia, ou como fenômenos em diversos transtornos psiquiátricos como transtornos dissociativo e no famoso transtorno do pânico. Hudson (Matthew Perry) define assim sua desordem metal: O transtorno de despersonalização é o desligamento de sensações exteriores. Consiste na persistência ou recorrente experiência de se sentir desligado, como se alguém fosse um observador de seus próprios processos mentais ou do corpo. Além de oferecer um material informativo sobre o transtorno, o filme apresenta diferentes intervenções, psicológicas e psiquiátricas, que revelam algumas situações terapêuticas pouco recomendadas. O material a seguir contém Spoiler (revelações do enredo), portanto é recomendado ser lido após o filme ter sido assistido.