domingo, 28 de fevereiro de 2016

Se eu ficar

ASSUNTO
Adolescência, escolha, perda, música, relações afetivas e familiares.

SINOPSE
Mia Hall (Chlöe Grace Moretz) é uma prodigiosa musicista que vive a dúvida de ter que decidir entre a dedicação integral à carreira na famosa escola Julliard e aquele que tem tudo para ser o grande amor de sua vida, Adam (Jamie Blackley). Após sofrer um grave acidente de carro, a jovem perde a família e fica à beira da morte. Em coma, ela reflete sobre o passado e sobre o futuro que pode ter, caso sobreviva.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Durante a madrugada, fui surpreendida com o filme exibido na TV. Baseado em um Best Seller, o enredo aborda o romance de um casal (adolescente) que é interrompido por um acidente. Mia, que fica em coma no hospital, repassa momentos da vida, durante a luta pela sobrevivência. A história se desenvolve em duas linhas paralelas. Através de flashbacks, passamos a conhecer a menina tímida dedicada ao violoncelo, que se apaixona pelo guitarrista popular mais velho. Ao mesmo tempo, acompanhamos a luta de Mia pela sobrevivência, circulando “literalmente” pelos corredores do hospital, pesando se vale a pena continuar a viver depois da tragédia. Prepare o lenço, difícil não se emocionar. Os bons diálogos ficam por conta dos pais, que são responsáveis por tiradas espetaculares, como o momento em que o pai convence a filha, afirmando que: “culpas e subornos são aspectos que unem as famílias por séculos”. O filme parte de uma tragédia para discutir relações familiares, perdas, escolhas. O longa lida com questões pertinentes ao universo juvenil, ou seja, dúvidas em relação ao amor, às escolhas e o medo de arriscar. A diferença dos estilos musicais revela aspectos importantes para o crescimento de ambos, e ainda, presenteiam o público com extremo bom gosto. Trata-se de um entretenimento, melodramático e capaz de tocar o coração do espectador. Pode ser usado como ponto de partida para discutir perdas, escolhas, medos e paixões experimentadas pelo adolescente. E, como nada é definitivo, o desfecho sugerido (final feliz), em sua continuação, sofre um revez. E novas questões são colocadas em “Para onde ela foi”, onde o resultado de suas escolhas são o foco, trazendo novos questionamentos.


A caça

ASSUNTO
Pedofilia, pré-julgamento, relação terapêutica, familiar e social, psicoterapia, investigação psicológicas, calúnia, sexualidade

SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos 
2012 - Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche. Simpático e amigo de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio complicado, no qual perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia, a pequena Klara (Annika Wedderkopp), de apenas cinco anos, diz à diretora da creche que Lucas lhe mostrou suas partes íntimas. Klara na verdade não tem noção do que está dizendo, apenas quer se vingar por se sentir rejeitada em uma paixão infantil que nutre por Lucas. A acusação logo faz com que ele seja afastado do trabalho e, mesmo sem que haja algum tipo de comprovação, seja perseguido pelos habitantes da cidade em que vive.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Difícil, angustiante, porque não dizer, dilacerante. O tema central do filme é um assunto delicado, difícil e desconfortável, a possibilidade de pedofilia. Assunto que causa revolta, inconformismo, prejuízos incalculáveis para os envolvidos. Entretanto, nem sempre a acusação de pedofilia é verídica. Difícil ser imparcial num processo semelhante, que pode promover reações imprevisíveis. A trama foca numa acusação inocente, sem bases consistentes, mas é o suficiente para marcar a vida do acusado e despertar reações psicológicas, físicas e emocionais incontroláveis em seu entorno. Sim, é doloroso se colocar no lugar do professor acusado injustamente. É impressionante assistir o processo que transforma a sua vida, sem que isso afete a sua forma doce de lidar com as crianças, mesmo em relação àquela que foi fonte de seu sofrimento. Se, por um lado temos uma pessoa acusada injustamente, por outro, temos pessoas reagindo à possibilidade de um fato grotesco, a pedofilia. Inimaginável se colocar no lugar dos pais em situação semelhante. Tudo começa com uma reação infantil a uma frustração. A pequena Klara, inconformada com a sensação de rejeição, busca em sua imaginação uma forma de se vingar. Sua experiência recente com o irmão mais velho oferece material suficiente para sua vingança. Ela não tinha ideia do que viu, ouviu e usou em como fonte, muito menos das possíveis consequências de sua ação. Acompanhamos o cuidado inicial da diretora da creche, que pretendia investigar o caso com cuidado. No entanto, ela também é contaminada pelas atitudes inconsequentes do profissional recomendado para averiguar o caso, o psicólogo da escola. Teremos, então, um exemplo equivocado de investigação. No lugar de aguardar o fenômeno se revelar, acompanhamos um processo indutivo por parte do profissional. Sim, infelizmente, o profissional induz a criança durante a entrevista. Na conversa, fica claro que ele parte do pressuposto de ter ocorrido o abuso, de que o professor é culpado, o equívoco profissional começa aí. A equivocada entrevista do profissional é o ponto de partida para o desdobramento da trama, nos colocando no lugar do acusado, que acaba por ser estigmatizado sem que haja provas suficientes. Se por um lado, o filme apresenta um exemplo equivocado de entrevista psicológica, por outro, nos abre a oportunidade de auxílio ao acusado, permitindo outra perspectiva.

Chocolate

ASSUNTO
Mitos familiares, herança transgeracional, segredo, questões de gênero, relação familiar, terapêutica e social, preconceito, amizade e psicodiagnóstico.

SINOPSE
Em 1959, Vianne (Juliette Binoche) se muda com a filha para uma pequena cidade francesa e abre uma loja de bombons e chocolates com guloseimas de dar água na boca. Mas ela enfrenta oposição: é mãe solteira, trabalha aos domingos e prepara doces que fazem qualquer um ceder à tentação da gula. Alguns moradores planejam expulsar Vianne da cidade, temendo que ela perturbe a moral do lugar. Tem início um confronto entre os conservadores e os que desejam o sabor recém-descoberto.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Quase 6 anos depois de ter assistido, tive a oportunidade de rever CHOCOLATE, filme de 2000 repleto de assuntos, um prato cheio para discussão. Podemos começar pelo uso do chocolate como “remédio para alma”, servindo para libertar os desejos de quem o consome. Ainda que em menor proporção, o chocolate era indicado pelos povos antigos como afrodisíaco, por despertar a sensação de prazer. Vianne herdou dos seus antepassados as receitas mágicas de chocolate. Ao chegar à Cidade, ela abre uma loja para encantar os consumidores. A cada cliente que chega, ela aguça sua percepção para o que pode ser revelado, encontrando a indicação necessária para cada um. Mas, ela não é a única a seguir tradições, o conde também é guardião de tradição, só que de forma opressora, influenciado por outras normas (religiosas, sociais e acadêmicas). Aqui temos o encontro das diferentes perspectivas, o lugar da tensão, do conflito, espaço onde a trama se desenvolve. Enquanto a dona da doceria representa movimento, o conde é a personificação da tranquilidade, da rotina, da suposta segurança. As mudanças não são bem vindas. Ele controla uma sociedade fechada em si mesma, com pessoas escravizadas pela norma ditadas pela tradição familiar do nobre. Os valores estagnados são ameaçados pela transgressora, que é mãe solteira. Logo, é possível perceber as cores alegres das estrangeiras, o que destoa do cinzento e aparentemente pacato vilarejo. Desde então, já é possível refletir sobre a dificuldade que há em qualquer mudança, seja em sistemas familiares ou neuroses pessoais, que insistem estagnar em nome de uma suposta segurança. O novo pode ser percebido como ameaça. Não se trata de olhar a tradição como algo negativo, ao contrário, tradição pode ser o suporte necessário para nos adaptarmos às mudanças, desde que estejamos abertos para atualizações. A tradição do Conde era controladora, opressora, fechada, aparentemente tranquila e segura. Os existencialistas já sinalizaram a respeito do que é considerado um “dilema humano”, ou seja, segurança versus liberdade - quanto maior a liberdade, menor a segurança, e, vice-versa.  Aí está apenas a premissa inicial da trama, que apresentará os diferentes conflitos nas relações familiares e/ou sociais.  Vianne utiliza as diferentes formas do chocolate para destravar cadeados que aprisionavam os cidadãos.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Garota Dinamarquesa


ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, sexualidade, transsexualidade, transtorno de identidade de gênero.

SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos 

Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar Mogens Wegener e foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. Em foco o relacionamento amoroso do pintor dinamarquês com Gerda (Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

O filme é a cinebiografia de Lili Elbe, nascido Einar Mogens Wegener, um artista plástico dinamarquês que teria sido a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. A década de 20 era um momento em que a medicina ainda não estava preparada para lidar com as possíveis complicações daquela intervenção. É preciso considerar que o filme foi baseado em um livro, que por sua vez foi baseado em uma história real, um marco na história da medicina e uma porta que se abria para os transexuais. Na adaptação para o cinema, importantes detalhes foram omitidos ou modificados. Por exemplo, Lili foi submetida a 4 cirurgias, pois encontrou o amor e pretendia constituir família, ter filhos. Segundo diversos relatos, na ocasião de sua morte, Gerda já não convivia com Lili, que estava acompanhada de seu novo amor, um curador de artes. Gerda, por sua vez, bissexual assumida, após se divorciar do segundo marido, não obteve sucesso profissional e se tornou alcoólatra, encerrando sua passagem pela vida no anonimato. Embora não haja qualquer menção à bissexualidade de Gerdra na trama, é possível considerar algumas pistas, seja no roteiro ou na interpretação da atriz. A trama foca o relacionamento do artista com sua esposa Gerda,  sua descoberta como mulher e a reação de ambos durante o processo. Não há exposição sobre as reações da sociedade. As críticas não foram favoráveis nem ao desfecho do filme, nem a forma, sendo considerada por muitos como rasa na abordagem do assunto. Fato é que o enredo abre uma brecha para discussão e melhor compreensão do que é ser transexual. Esclarecendo: Diferente da homossexualidade, que é caracterizada apenas pela atração sexual e afetiva entre indivíduos do mesmo sexo, sem que haja incômodo com o próprio corpo, a transexualidade traz uma pessoa que não se identifica com o seu corpo, seu gênero psicológico não corresponde ao físico.  Independente da ficção, a trama denuncia algumas questões reais. Por exemplo, na procura de solução para seu incômodo, Lili encontra até o diagnóstico de esquizofrenia. Dentre outras intervenções que tentavam "resolver" a questão, o choque também foi utilizado,

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Refúgio do Medo


ASSUNTO
Relações sociais, afetivas e terapêuticas, saúde mental, reforma psiquiátrica, normal e patológico.


SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos - baseado em um conto do mestre Edgar Allan Poe. Um jovem recém-graduado na faculdade de medicina assume um cargo numa instituição mental e logo se vê apaixonado por uma de seus colegas - e tal distração não permite que ele perceba uma terrível mudança no corpo de funcionários.






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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Indicado por uma cliente, o filme apresenta um quadro não tão distante de nossa realidade. Ainda que se desenrole de uma forma um tanto quanto absurda, o filme oferece a oportunidade de refletirmos sobre as diferentes e ultrajantes formas de tratamento daqueles que não são considerados “normais”. Aliás, ótima oportunidade para questionarmos o que é necessário para consideramos alguém normal. A saúde mental é o foco do enredo, que em diferentes momentos retrata a realidade dos manicômios do século passado. Ainda que muitas intervenções façam parte da história, é preciso rever as mudanças e questionar as verdadeiras transformações realizadas. Em pleno século XXI, ainda temos tratamentos desumanos, pois a reforma psiquiátrica ainda não alcançou seus plenos objetivos. Ainda é possível encontrar tratamentos desumanos, falta de esclarecimento na sociedade, falta de humanidade com qualquer pessoa que não apresente comportamento comum ou esperado. Enfim, o filme é também denúncia, quando dá voz aos “pacientes”. Qual o limite entre a sanidade e a loucura? Sem a pretensão de responder a questão, o filme abre discussão sobre o tema, que volta para o foco de diferentes segmentos sociais contemporâneos. Como dizia um professor da faculdade, quem pode garantir que sabe onde está a chave de seu próprio manicômio? Difícil responder, nenhum de nós pode ter certeza, pois a certeza é parte consistente do quadro da loucura, tanto quanto a dúvida é pressuposto necessário para a saúde. Não podemos falar muito sobre o enredo, sem revelar partes importantes da trama, portanto, recomendo que assistam, e, assim, visitem os próprios sentidos que darão a trama.

Juventude

ASSUNTO

Relações afetivas, familiares e sociais, terceira idade, cinema, juventude, vida e morte.

SINOPSE
Fred (Michael Caine) e Mick (Harvey Keitel), dois velhos amigos com quase 80 anos de idade cada, estão passando as férias em um luxuoso hotel. Fred é um compositor e maestro aposentado, Mick é um cineasta em atividade. Juntos, os dois passam a se recordar de suas paixões da infância e juventude. Enquanto Mick luta para finalizar o roteiro daquele que ele acha que será seu último grande filme, Fred não tem a mínima vontade de voltar à música. Entretanto, muita coisa pode mudar. 


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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Do que pode falar um filme que exibe o título juventude e apresenta em seguida a imagem de corpos enrugados, exatamente o oposto do que é anunciado? Paolo Sorrentino parte de opostos, e, com um toque de ironia dá início a uma reflexão séria sobre a vida. Falamos de opostos ou de partes de uma coisa só? As polaridades são o ponto de partida para compreendermos um pouco mais sobre a necessidade de uma visão mais ampla sobre integração, sobre aquilo que se completa e não são de fato opostos. Vida e morte são parte da discussão, tendo em vista que passado, presente e futuro são temas de dois amigos: Fred e Mick questionam a idade, a proximidade da morte e o tempo, com reverência e aceitação. O que é juventude, afinal? Jovens que desejam aparentar mais idade, idosos que querem rejuvenescer, onde está a vida? Se no presente se vive o futuro e no futuro investimos a energia no passado, onde fica o presente da vida?

sábado, 30 de janeiro de 2016

Cinco Graças


ASSUNTO

Relações sociais, familiares e afetivas, crenças e valores, cultura, religião.

SINOPSE
No início do verão em um vilarejo turco, Lale e suas 4 irmãs brincam de forma debochada com os meninos, o que acarreta em um escândalo de consequências muito fortes: a casa delas se torna praticamente uma prisão, elas aprendem a limpar ao invés de ir para a escola e seus casamentos começam a ser arranjados. As cinco não deixam de desejar a liberdade, e tentam resistir aos limites que lhes são impostos.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Viajar o mundo e conhecer outras culturas é uma forma de ampliar nosso olhar. Se de um lado, algumas culturas são capazes de flexibilizar nossos conceitos, outros nos oportunizam a gratidão pelos conceitos e pré-conceitos de nosso universo cultural. Ainda assim, como qualquer experiência, prazerosa ou não, saímos enriquecidos da experiência. “Cinco graças” provoca diferentes reflexões, revelando conceitos particulares daquela cultura, que escolhe oprimir as adolescentes, para que possam cumprir as regras morais. Ainda que não haja o desejo sincero de exercer atos punitivos, seguindo os preceitos da religião muçulmana conservadora, todos estão condicionados a regras tão poderosas, que já se reproduzem sozinhas (sem que seja necessária uma intervenção explícita dos representantes da igreja). As regras morais fazem parte do que foi apreendido como “receita do bom viver”. Isso nos fez pensar naquilo que Ângelo Gaiarsa alertava na relação mãe e filho. De fato, independente das regras morais e sociais, cada mãe apreende uma “receita pronta” sobre ser “boa mãe”. Muitas se esforçam tanto para exercer tal receita apreendida durante o próprio desenvolvimento, que acabam por esquecer-se de ver e ouvir o próprio filho, que traz outros olhares, novas linguagens e necessidades.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O Quarto de Jack


ASSUNTO
Relações afetivas e familiares, infância, sequestro, depressão, transtorno pós-traumático, relações sociais e potencialidades.

SINOPSE
O longa conta a história de Jack (Jacob Tremblay) , um menino de cinco anos que é criado por sua mãe, Ma (Brie Larson). Como toda boa mãe, Ma se dedica a manter Jack feliz e seguro e a criar uma relação de confiança com ele através de brincadeiras e histórias antes de dormir. Contudo, a vida dos dois não é nada normal: eles estão presos em um espaço de 10m², um minúsculo quarto sem janelas, com apenas uma claraboia Enquanto a curiosidade de Jack sobre a situação em que vivem aumenta, a resiliência de Ma alcança um ponto de ruptura. Os dois, então, começam a traçar um plano de fuga. Ao mesmo tempo em que conta uma história de cativeiro e liberdade, O Quarto de Jack destaca o triunfante poder do amor familiar mesmo na pior das circunstâncias.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Profundamente tocante, o filme é intenso, angustiante. Acompanhamos o início da trama sem compreender direito a razão daquela forma restrita de Ma educar o filho. Aos poucos percebemos a grandeza daquela mãe, que transforma a condição de cativeiro em um mundo particular, explorando a fantasia e transbordando afeto para seu filho. Jack desconhece a possibilidade de existir um mundo diferente daquele. Para ele, tudo que é apresentado na televisão é irreal, é fantasia, é de mentira. Ainda com a angústia provocada pelos acontecimentos restritos ao quarto, fomos transportados para "nossas neuroses de cada dia". É sabido sobre a importância dos eventos e impressões registrados em nossos primeiros anos de vida, compondo assim nosso mundo, que pode ser considerado verdadeiro e único. O que muitas vezes torna difícil aceitar outras perspectivas. Entretanto, ainda que as experiências iniciais sejam dolorosas, é possível que existam outras pessoas capazes de apresentar outras versões, que ampliam nossas possibilidades. Ainda assim, na infância há questões difíceis de serem questionadas ou superadas, dificultando nosso processo de desenvolvimento. Pode ser pela ausência de afeto, por excesso de “verdades”, por violência, valores restritos, julgamentos exacerbados, etc. Independente do que acontece nesta fase, é fato que  se torna parte do que nos tornamos,  parte difícil de ser desconsiderada ou questionada. Na abordagem Gestáltica, vemos o homem como um ser que se constrói através dos contatos que faz com o seu meio - pessoas com diferentes perspectivas -, num processo eterno de vir a ser. É muito importante mantermos contatos nutritivos, com pessoas que colaboram para nosso desenvolvimento, evitando cristalizações, engessamentos produzidos em contatos tóxicos – pessoas que prejudicam nosso processo. Muitas vezes, os contatos tóxicos da infância nos contaminam, tornando difícil aceitar outras perspectivas, produzindo conflitos que nos paralisam diante da vida. Sintomas diversos expressam a necessidade de mudança, ao mesmo tempo em que revelam um difícil obstáculo, em uma paralisação ou repetição É o momento de pedir ajuda profissional de um psicólogo, um psiquiatra ou ambos. Outras vezes, contatos nutritivos nos ajudam a superar tais conflitos, favorecendo nosso desenvolvimento através do afeto, transformando nosso mundo, até então empobrecido, restrito. Certamente, Jack tem afeto e suporte para seu desenvolvimento. No entanto, seu mundo se restringe ao quarto e sua mãe, um universo afetuoso, entretanto, limitado.

sábado, 12 de setembro de 2015

O pequeno príncipe

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Infância, relações familiares, sociais e afetivas, solidão, educação, controle, universo lúdico, criatividade e sensibilidade.
SINOPSE
Uma garota acaba de se mudar com a mãe, uma controladora obsessiva que deseja definir antecipadamente todos os passos da filha para que ela seja aprovada em uma escola conceituada. Entretanto, um acidente provocado por seu vizinho faz com que a hélice de um avião abra um enorme buraco em sua casa. Curiosa em saber como o objeto parou ali, ela decide investigar. Logo conhece e se torna amiga de seu novo vizinho, um senhor que lhe conta a história de um pequeno príncipe que vive em um asteróide com sua rosa e, um dia, encontrou um aviador perdido no deserto em plena Terra.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O assunto do setting terapêutico girava em torno do tema pontuado pela irmã, que sinalizou sua forma séria de educar. Nós conversávamos sobre o quanto a responsabilidade de educar provoca certa seriedade, principalmente em situações de pais separados, quando aquele que fica com a criança tem que fazer dois papéis, pai e mãe. O projeto de educar ocupa a mente da mãe ou pai de tal forma, que eles se esquecem de relaxar, brincar, acessar a criança em suas necessidades básicas. Lembrei-me, então, de um alerta de Ângelo Gaiarsa, um psiquiatra brasileiro, que afirmava que muitas mães estão tão preocupadas em serem “boas mães”, e, investem toda energia em alguma “receita” aprendida. Durante o processo há desperdício de energia, o que torna impossível ouvir o próprio filho com suas demandas particulares. Hoje fui ver O PEQUENO PRÍNCIPE, e, logo no início me lembrei desse episódio, quando em off, o personagem fala “Os adultos esquecem de brincar”. Imediatamente, percebi que o filme podia superar minhas expectativas. Sim, o filme é indicado não só para crianças, mas também para todo pai ou mãe, que ao se preocupar com o futuro do filho (a), planeja, investe e controla as suas atividades, visando a “melhor educação” para um futuro promissor. Durante esse processo, eles se esquecem de brincar, de ouvir e de participar efetivamente do universo da criança, muitas vezes sufocando seu potencial criativo. Além disso, na ânsia de garantir o futuro de um filho,  eles abandonam a criança interior, deixam de se divertir com a família, ficam sempre alertas para o comportamento “certo” e  “errado” do filho, assim,  afastam as possibilidades de crescerem juntos, de forma prazerosa, criativa e divertida. Voltando ao filme, quem conhece o livro também poderá se surpreender, pois a trama vai um pouco além do que foi proposto no livro de Saint-Exupéry.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Coração mudo

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Esclerose múltipla (esclerose lateral amiotrófica), eutanásia, relações familiares, afetivas e sociais, segredo.
SINOPSE
Três gerações de uma família se encontram na casa da matriarca para um fim de semana. Doente terminal, ela está decidida a acabar com sua vida naquele domingo e, por isso, deseja dar o adeus final a seus entes mais queridos. Sanne e Heidi, suas filhas, já concordaram em acatar a decisão da mãe de partir antes da doença se agravar, mas a proximidade com o fim faz da decisão algo cada vez mais difícil de lidar. Enquanto o fim de semana progride, antigos conflitos voltam a atormentá-los.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Coração Mudo” (2014) do dinamarquês Bille August (Marie Krøyer – 2012, Trem Noturno para Lisboa – 2013). O filme explora um tema polêmico, estamos falando de eutanásia. Diferentes aspectos são apontados na trama, envolvendo a decisão de um suicídio com o consentimento de toda a família, a aceitação e sofrimento dos envolvidos, segredos familiares, conflitos antigos e a experiência de viver um luto antecipado. As três gerações da família enfrentam a difícil questão, cada qual com sua perspectiva singular. Aos poucos vamos conhecendo a dinâmica das relações da família, as questões pessoais de cada elemento, sua forma de enfrentar a possível despedida. Somos convidados a refletir nossos lutos, nossas questões pessoais e familiares, nosso sistema de relações. Esther sofre de esclerose lateral amiotrófica, uma doença que irá acabar com ela em questão de pouco tempo: ela não terá mais os movimentos do corpo, perderá a consciência e no fim precisará de ajuda até para respirar. Com o consentimento de todos da família, eles farão uma despedida num fim de semana. Quando o momento chegar, tudo acontecerá sem que não fique claro tratar-se de escolha. Não será um final de semana fácil, definitivamente, não!

sábado, 22 de agosto de 2015

A dama dourada

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História, Artes, holocausto, relações sociais, familiares e afetivas, atualização.
SINOPSE
A Dama Dourada narra a excepcional jornada, baseada em fatos reais, de uma mulher para reinvidicar sua herança e procurar justiça para o que aconteceu com sua família. Sessenta anos depois de fugir de avião de Viena, durante a Segunda Guerra Mundial, uma senhora judia, Maria Altmann (Helen Mirren), começa a sua jornada para recuperar os bens de sua família apreendidos pelos nazistas, entre eles a obra-prima do pintor Gustav Klimt `Retrato de Adele Bloch-Bauer´. Na companhia de seu inexperiente, mas valente jovem advogado Randy Schoenberg (Ryan Reynolds), Maria embarca numa grande batalha que os leva diretamente ao coração do governo austríaco e também à Suprema Corte Americana, o que obriga a destemida e determinada velha dama a confrontar difíceis revelações e inesperadas verdades ao longo do percurso.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado por Selma Ciornai, o filme encanta em sua forma delicada de contar fatos históricos. Ao contrário de alguns críticos, que consideraram o filme superficial, principalmente diante da perspectiva de narrar episódios do holocausto, considerei o drama sensível, sem se tornar melodramático. Impossível acompanhar as lembranças de Maria e não ser tocado na alma. Fiquei me perguntando, em diferentes momentos, como pode ter sido tão retente o pesadelo vivenciado por muitos. Maria se viu obrigada a enfrentar o passado que quis esquecer. A dor evitada precisou ser encarada, revisitada, assim oferecendo a possibilidade ser atualizada. A história de Maria é também de todos nós, seja por seu aspecto individual ou não. Cada um de nós já foi desafiado pela vida para enfrentar um fantasma do passado, algo que foi evitado a todo custo. No entanto, o passado que está nos assombrando no presente, nem que seja apenas por um movimento repetido de negação, não é mais passado, torna-se obstáculo para vivenciarmos o agora. Diante disso, visitar nossa história é também colocar o passado em seu lugar, nos permitindo a vivência do momento presente em sua plenitude. Por outro lado, somos produto também da história da humanidade, que ao longo de séculos apresentou dolorosos e vergonhosos episódios, como o holocausto, um passado mais recente do que queremos admitir. Ler sobre ou assistir a um filme que conta sobre os horrores do holocausto nos coloca no lugar de expectadores, afastados e em certo ponto alienados daquela realidade narrada. A DAMA DOURADA costura passado e presente, através da memória de Maria, durante o embate jurídico, para a recuperação das obras de arte da família. Entretanto, os não ditos e a superficialidade apontada pelos críticos foram os aspectos que favoreceram a minha aproximação daquela realidade. O seu tom raso, sem tender para excessos, - seja no maior aprofundamento dos dados jurídicos, artísticos ou históricos,- oferece maior intimidade do expectador. Talvez, o responsável por esse envolvimento seja o humor, que desarma as defesas, aguçando os sentidos e promovendo ricas reflexões.

Um momento pode mudar tudo

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Esclerose lateral amiotrófica (ELA), relações familiares, afetivas e sociais, polaridades.
SINOPSE
Kate (Hilary Swank) é uma pianista clássica sofisticada, casada, extremamente bem-sucedida e recém-diagnosticada com ELA (esclerose lateral amiotrófica, também conhecida como doença de Lou Gehrig). Bec (Emmy Rossum) é uma estudante impertinente e aspirante a cantora de rock que mal consegue dar conta caos que é a sua vida, tanto no aspecto romântico quanto em outras áreas. Conforme a doença de kate avança, seu casamento com Evan (Josh Duhamel) se deteriora. Quando Bec consegue o emprego para dar assistência a Kate, ambas passam a se apoiar em algo que se torna um laço não convencional. Como está sem objetivo, Bec está determinada a se tornar uma sombra íntima de Kate, passando por situações confusas e embaraçosamente cômicas. À medida que a cautelosa e voluntariosa Kate começa a se contagiar com o turbilhão e o espírito livre que é Bec – e vice versa – ambas acabam encarando arrependimentos, explorando novos territórios e expandindo suas ideias sobre quem realmente querem ser.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O título em inglês You're Not You (Você não é você), o que nos remete a ideia de não haver uma definição precisa sobre quem ou o que pensamos ser, sobre a transitoriedade da vida,que acontece num “vir a ser” constante. A doença de Kate se torna um marco para reflexão sobre sua existência, que não corresponde mais a um simples rótulo. Já em português, o título parece enfatizar a ruptura ocorrida na vida de Kate após ser diagnosticada com Esclerose Lateral Amiotrófica - (ELA) - uma doença degenerativa do sistema nervoso, que acarreta paralisia motora progressiva, irreversível, de maneira limitante. Quando os primeiros sintomas surgem, Kate vivencia o sonho de consumo de muitos, ela é bem casada e bem sucedida, tanto profissional como afetivamente. A vida estava sob controle até então. Ela perde sua autonomia, dependendo de outro para os pequenos movimentos, o que compromete também sua capacidade de escolha. Após serem apresentados os primeiros sintomas, o filme retrata um tempo depois, momento no qual ela se vê dependente do marido para quase tudo. Logo, é possível constatar sua dificuldade em aceitar a doença.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Vicky Cristina Barcelona

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Relações afetivas e sociais, poliamor, limites morais e sociais.
SINOPSE
Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são amigas e passam férias em Barcelona. Vicky está noiva e é sensata nas questões do amor. Cristina é pura emoção e movida a paixão. Durante uma exposição de arte, as duas se encantam pelo pintor Juan Antonio (Javier Bardem), que as convida mais tarde, durante um jantar, para uma viagem. O que elas não sabiam é que o galante sedutor mantém um relacionamento problemático com sua ex esposa Maria Elena (Penélope Cruz). E as coisas ainda ficam piores porque as duas, cada uma de sua forma, se interessam por ele, dando início a um complicado "quadrado" amoroso.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Após falar sobre poliamor através do filme Dieta Mediterrânea, que apresenta o relacionamento de dois homens com uma mulher, aqui encontramos o contrário, um homem e duas, talvez três mulheres. A perspectiva muda também em outros aspectos. Por exemplo, no primeiro instante, ao conhecer as moças, Juan Antonio é direto as convidando para uma viagem, onde poderão se aventurar, até na cama. As amigas, de personalidades quase opostas, reagem de forma distinta a tal proposta. Enquanto Cristina deseja ardentemente aceitar o convite, Vicky nega veementemente, alegando, entre outras coisas, estar noiva. No entanto, algo não revelado a convence e as duas embarcam no avião. O choque inicial, diante da proposta ousada de Juan, logo se dissipa, pois novos acontecimentos impedem que os planos dele se realizem. Não  falta desejo. Cristina, a mais liberal, não precisa de mais intimidade ou conhecimento, ela segue seus impulsos, se entrega aos desejos da alma e do corpo. Ainda assim, o inesperado acontece, eles não podem seguir adiante, ela passa mal. É por acaso, então, que Vicky e Juan se aproximam, aos poucos revelando as qualidades do sedutor. Ela, até então previsível, perde o controle, também se encanta por ele. Daí em diante, assistimos encontros e desencontros, construções e desconstruções de relacionamentos diversos.

Dieta Mediterrânea

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Relações afetivas, familiares, poliamor, culinária, conujagalidades.
SINOPSE
Sofia (Olivia Molina) nasceu prematuramente, em uma barbearia rodeada de homens. Nos 15 anos seguintes ela vive em meio às mesas e fogões do restaurante de seus pais. Já adulta, se casa com Toni (Paco León) e com ele tem três filhos. Só que, ao mesmo tempo em que ama seu marido, se apaixona por Frank (Alfonso Bassave), o agente que todo artista gostaria de ter. Com Frank ela aprende os segredos da gastronomia. Logo o trio firma um acordo profissional, que altera a forma de cozinhar de Sofia.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Leve, saboroso e ligeiramente picante”, foi assim que Line Macedo (Clique para ler o artigo completo) fez referência ao filme. Concordo. O filme é leve, toca em assuntos delicados de forma light, permitindo que o espectador compartilhe da evolução de Sofia, sem que os julgamentos tenham espaço suficiente para o estranhamento. É saboroso pela possibilidade da película trazer para as imagens diferentes sabores, através de cores no encontro entre aromas e paladares. Ligeiramente picante porque o filme ousa transcender o convencional, sem que para tanto se torne agressivo ou chocante. O filme escolhe outros caminhos. Aqui falamos de poliamor, um modelo de relação que inclui relações múltiplas, simultâneas e consentidas. Não se trata de uma modalidade de relação apenas sexual, inclui afetividade, um conceito novo para uma prática há muito existente. A trama retrata a construção dessa relação de uma forma quase natural. A disponibilidade de Sofia para explorar sabores, aromas e cores está em sua afinidade com a cozinha desde a infância, o que acaba por ser estendido para suas relações afetivas. Sim, Sofia explora os limites dos sentidos em suas relações, seja com as combinações dos alimentos ou de relacionamento.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Samba

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ASSUNTO
Síndrome de Burnout, situação do imigrante, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Samba (Omar Sy) é um imigrante do Senegal que vive há 10 anos na França e, desde então, tem se mantido no novo país às custas de empregos pequenos. Alice (Charlotte Gainsbourg), por sua vez, é uma executiva experiente que tem sofrido com estafa devido ao seu trabalho estressante. Enquanto ele faz o possível para conseguir os documentos necessários para arrumar um emprego digno, ela tenta recolocar a saúde e a vida pessoal no trilho, cabendo ao destino determinar se eles estarão juntos nessa busca em comum.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Comédia social, comédia romântica ou comédia dramática? Difícil definir. O filme toca em assuntos delicados. Fala um pouco da situação dos imigrantes na França, o que pode ser estendido para marginalizados de toda espécie ou mesmo para imigrantes em outros países. A trama toca suavemente em uma questão do nosso século, sobre as vítimas de nossa era, que adoecem por trabalhar excessivamente. A síndrome de Burnout é citada por Alice, que se encontra no trabalho atual por indicação terapêutica. A dedicação exagerada à atividade profissional é característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, a necessidade de se afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em obstinação e compulsão; o paciente nesta busca sofre, além de problemas de ordem psicológica, forte desgaste físico, gerando fadiga e exaustão. É uma patologia que atinge pessoas das mais diversas profissões. O filme não se propõe a aprofundar o assunto, apenas o cita. O tio de Samba sugere que Alice é uma deprimida, apontando-a de forma crítica, como tantos sintomas psicológicos são vistos por muitos. O encontro entre Alice e Samba permite que esses temas sejam abordados de forma sutil. Outros personagens surgem para dar um ar leve para a trama, tornando-a um entretenimento de bom gosto, sem que seja necessário aprofundar qualquer dos temas. De fato, o encontro de diferentes questões traz certo equilíbrio para ambos, que encontram um novo caminho para as próprias questões. Para o sonho distante de Samba é preciso abrir mão de uma perspectiva engessada, criando, talvez, uma nova forma de se perceber, se identificar. Para Alice, a possibilidade de sair da alienação afetiva, se permitindo sentir uma coisa de cada vez. O Brasil é sutilmente homenageado, seja na música, nas frases em português, ou, até mesmo, na personificação que o Argelino faz, para conquistar mais. Um entretenimento suave que ainda pode provocar o desejo do espectador pesquisar mais sobre os temas, ou não. Confira!






domingo, 12 de julho de 2015

O Cérebro de Hugo

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ASSUNTO
Autismo, Transtorno do Espectro Autista, Asperger, estudos e formas de tratamentos – Relações sociais, familiares, terapêuticas e afetivas.
SINOPSE
Filme Francês que fala do autismo. O filme mostra uma ficção, a história do Hugo, baseada em fatos reais, e ao mesmo tempo mostra declarações de pessoas auitistas e também mostra a história dos tartamentos psicológicos evidenciando os principais psicólogos que trabalharam com autismo.
TRAILER – Documentário completo no Youtube


O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para saber um pouco mais sobre o Universo autista, este documentário explora os estudos realizados no mundo sobre o assunto, a evolução do tratamento ao longo da história, e, inclui alguns depoimentos de autistas, aspies (Asperger) e familiares. Uma lição sobre o assunto, que nos coloca em alerta sobre o quanto ainda precisamos aprender sobre diferenças, sem que seja necessário rejeitar o que não pode ser compreendido. Recomendado para qualquer público, o documentário francês nos brinda com uma aula de cidadania. Não perca!!

sábado, 11 de julho de 2015

Gatos não têm vertigens

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ASSUNTO
Terceira idade, solidão, família disfuncional, adolescência, luto, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Rosa (Maria do Céu Guerra), uma professora reformada de 73 anos, recusa admitir que o seu marido (Nicolau Breyner) morreu e continua a vê-lo e a conversar com ele. Jó, que acabou de fazer 18 anos, foi expulso de casa. Os dois vão encontrar-se e iniciar uma improvável e terna história de amor. Um filme que fala sobre a solidão, do luto, da velhice e do encontro de duas pessoas de mundos tão diferentes. Jó vive com uma turminha que faz pequenos furtos, tem um pai alcoólatra e violento e sua mãe o abandonou. Ele está fazendo 18 anos e ninguém liga para ele. Rosa perdeu seu marido, seu grande companheiro e agora tem que enfrentar o genro que está de olho em seu apartamento para vendê-lo e sua filha que pensa que ela não pode mais viver sozinha, que precisa ir para um lar de idosos. É quando o destino vai unir estes dois e tudo pode ser diferente. Um belo filme.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Jó é um delinquente, proveniente de uma família disfuncional, abandonado pela mãe e sem suporte adequado do pai, que é alcoólatra. Rosa está em processo de luto, acaba de perder o marido e continua a dialogar com a imagem dele, que para ela permanece nos cômodos de sua casa. O jovem, ao fazer 18 anos, espera que alguém se lembre, lhe preparando algum tipo de surpresa ou dando-lhe algum presente. Rosa, na terceira idade, enfrenta o luto e a solidão. Como muitos em situações semelhantes, ela também precisa reafirmar sua autonomia, pois sua filha e genro programam vender seu apartamento e mandá-la para um lar de idosos. Se Jó se frustra com a pouca sensibilidade de seus pais no dia do seu aniversário, Rosa se decepciona ao perceber as intenções do genro em anular sua capacidade de decisão. O improvável encontro deles acaba por inaugurar um campo de suporte para o momento conturbado vivenciado por ambos. As diferenças permitem que ambos tenham a oportunidade de se deslocar daquele lugar, no qual estão neuroticamente aprisionados. Repleto de clichês, o filme não chega a ser uma obra prima, que aprofunde qualquer dos assuntos propostos. Entretanto, nos oferece, sim, boas oportunidades de reflexão.

sábado, 4 de julho de 2015

Divertida Mente

clip_image001ASSUNTO
Totalidade, Gestalt-terapia, emoções, memória, depressão, apatia.
SINOPSE
Crescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith). As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.
TRAILER

 
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Sucesso de público e de crítica, DIVERTIDA MENTE ainda pode render muito assunto. Logo, me chamou a atenção o fato da menina Riley enfrentar aos 11 anos sua primeira crise. Muitas famílias protegem os filhos por bastante tempo, tornando difícil o enfrentamento das crises previsíveis da vida. Na realidade, o amor superprotetor não tem intenção de tornar o filho inseguro, ao contrário, a intenção é que o filho não sofra, não sinta dor, não encare os fatos difíceis da vida ainda cedo. A informação recebida pelas crianças, nessas situações, é de que elas não são capazes de enfrentar problemas. Fica a dica, embora não seja o assunto do filme. Então, voltando para DIVERTIDA MENTE, trata-se uma animação repleta de símbolos que podem nos levar a diversas reflexões. Nosso olhar será gestáltico, à medida que escolhe as emoções como partes da totalidade do ser. A Gestalt-terapia tem uma visão de homem como organismo em relação, uma totalidade, onde as partes de relacionam, um movimento constante de tornar-se integrado. A alegria é a emoção privilegiada na trama, tentando estar no comando o tempo todo, com a finalidade de tornar a vida feliz. Seu oposto, a tristeza, é sempre colocada para segundo plano, evitada a qualquer preço, afinal, todos buscam a felicidade. É aí que o filme nos encanta, elaborando de forma lúdica movimentos tão semelhantes com as ideias e ideais perseguidos pelo ser humano. Medo, nojinho e raiva são as outras emoções personificadas no filme. Ainda criança, a menina tem com o medo os alertas necessários para evitar problemas. Nojinho é também mostrada como uma emoção, no caso, capaz de ajudar Riley a rejeitar alimentos e situações que podem não ser agradáveis. A raiva, embora não seja explorada em sua devida importância, é apresentada como parte necessária para nossa sobrevivência. Fomos educados para não respeitarmos a raiva como emoção válida, muitas vezes aprendendo que é feio sentir raiva, o que muito atrapalha nossa evolução, tendo em vista que a raiva é também parte do que sentimos. Fingir que tal emoção não existe, com a finalidade de parecermos “bonzinhos” só ajuda a nos desintegrar, não aceitando parte de nossa existência. Como o propósito do ser humano é a integração, vemos na animação um movimento bastante semelhante ao do ser humano.

sábado, 9 de maio de 2015

Entre abelhas

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ASSUNTO
Casal e família, separação. Relações afetivas, familiares e sociais, depressão.
SINOPSE
Bruno (Fábio Porchat), um editor de imagens recém-separado da mulher (Giovanna Lancellotti), começa a deixar de ver as pessoas. Ele tropeça no ar, esbarra no que não vê, até perceber que as pessoas ao seu redor estão ficando invisíveis. Com a ajuda da mãe (Irene Ravache) e do melhor amigo (Marcos Veras), ele tentará descobrir o que se passa em sua vida. Mesclando momentos engraçados, gerado pela situação, Bruno recorre a mãe. Mas a invisibilidade parece piorar e pessoas essenciais da vida de Bruno estão ameaçadas de se tornarem invisíveis também.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Inesperado, surpreendente, decepcionante. Falamos do mesmo filme, público diferentes surpresas e decepções inesperadas. Certamente, quem espera algo do estilo humorístico de “porta dos fundos” ou do que costumamos ver na atuação de Fábio Porchat, se decepcionará. Não é uma comédia leve, muito menos de fácil compreensão. Definitivamente, seu roteiro está muito longe daquela fórmula conhecida dos filmes comerciais, ele ousa, vai além, é surreal, é metafórico!. Ultrapassando o estilo fácil, o filme propõe reflexões, não oferece respostas nem explicações, apenas provoca diferentes interpretações, implicando o espectador no enredo. Lembrei-me daquela propaganda, que dizia mais ou menos isto: O MUNDO É FEITO DE PERGUNTAS. Pois é, que perguntas são provocadas pelo longa? O que estamos de fato vendo? É muito fácil criticar o personagem, que por sua condição, aos poucos deixa de ver pessoas significativas. Cada espectador pode se perguntar também, que pessoas consegue ver, de verdade. Em nosso cotidiano, quem e o que nos permitimos ver? O que escolhemos ver e ouvir? Como estamos usando nossos sentidos? Embora, o filme retrate o sentido da visão como aquele claramente prejudicado em momento de luto, a audição também falha para Bruno. O filme denuncia, através da alienação dos sentidos de Bruno, a distância cotidiana de nossa bússola principal: os nossos sentidos. Muitas vezes obstruídos por razões e emoções, promovendo o desequilíbrio na saúde. Impossível desconsiderar o drama de qualquer separação, pois independente de quem teve a iniciativa de por fim a uma relação, enfrentar uma separação é lidar o com fim de um sonho, um projeto. É difícil, é dramático e às vezes um luto insuportável. Sim, Bruno está de luto, a ficha da separação custa a cair. Seu ritmo é diferente da ex-esposa, para ele tudo aconteceu muito rápido. A proposta da “despedida de casado” não pareceu divertida para ele. Aos poucos, as pessoas desaparecem. Mãe, médico, psicólogo e amigo, todos tentam ajudar de seu jeito. A mãe, ora superprotetora, ora assustada, tenta traçar uma estratégia. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. As situações hilárias têm espaço, não tirando a seriedade do drama, que inclui o público em suas angústias.  Compartilhamos com ele de momentos difíceis, sem sentido, no melhor significado da palavra, afinal, seus sentidos o estão enganando. Seu amigo Davi, retratado como um homem de moral duvidosa, do estilo egoísta, infiel, irresponsável, é incapaz de ver o que o amigo está passando. Claro, sua forma de resolver as coisas não permite que ele enxergue outras opções, nem a própria dificuldade de enfrentar suas questões. Não, o melhor amigo de Bruno não pode servir de exemplo, nem suporte. Os diálogos, com o psicólogo que acha cedo para medicação, são esclarecedores para o público, não para Bruno. Ele não está preparado para ouvir. Ele faz sinalizações importantes, mas o cliente não pode ainda compreender.

A história de Luke

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ASSUNTO
Diferença, saúde mental, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Abandonado como uma criança por sua mãe por ser autista, Luke foi criado por seus avós que lhe ofereceram uma educação amorosa mas protegida. Quando sua avó morre de repente, Luke, hoje com 25 anos, e seu avô senil Jonas são forçados a morar com os parentes tio Paul, tia Cindy e primos Brad e Megan. A adaptação é difícil para todos e vovô Jonas logo se mudou para uma casa de repouso, não antes de deixar Lucas com suas palavras coerentes finais: "Consega um emprego. Encontre uma garota. Viva sua própria vida. Seja um homem!" Apesar de seus familiares disfuncionais, Luke tem agora uma missão. Mais fácil dizer do que fazer, uma vez que Luke não sabe nada sobre o mundo fora da casa de sua avó. Com a ajuda Megan, e auxiliado por suas boas habilidades de cozinha, Lucas sai em uma busca que o leva todos ao redor da cidade visitando agências de trabalho temporário e centros de serviços com necessidades especiais. Finalmente Luke tem uma oportunidade de treinamento em uma grande empresa. Mas sua missão está apenas prestes a começar, como ele agora se encontra à mercê de Zack, o filho anti-social do proprietário falastrão, mas que também o entende de uma maneira que ninguém mais o faz.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Apesar dos personagens estereotipados, não retratando com clareza nenhum dos psicodiagnósticos sugeridos, o filme tem lá seu charme. Não serve para aprendizagem sobre os casos descritos, Asperger e Anti-social, entretanto, alguns pontos podem ser de grande valia quando pensamos nas dificuldades enfrentadas pelos “diferentes”, ao conviverem em sociedade. Espanta o fato de um Asperger ter facilidade em se relacionar, pois este é um dos sintomas claros no quando, que tem sérias dificuldades de contato. Em alguns momentos, seu colega, descrito como anti-social, apresenta alguns sintomas semelhantes ao de um Asperger, pois além de sua inteligência acima da média, ele mostra clara dificuldade de contato. Asperger é uma condição psicológica do espectro autista, caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. O enredo poderia ter sido mais trabalhado, explorando as questões de um autista, servindo assim para esclarecer algumas de suas reais dificuldades. Não é o caso, pois tanto Luke quanto Zac apresentam comportamento difuso, insuficiente para retratar a proposta.

sábado, 28 de março de 2015

Copenhagen 2015

ASSISTIR COPENHAGEN 2015 LEGENDADO FILME ONLINE
ASSUNTO
Relações sociais, afetivas, terapêuticas e familiares, segredo, história familiar.
SINOPSE
Depois de semanas viajando pela Europa, o William imaturo é descoberto em uma encruzilhada em Copenhagen, que para ele não é qualquer cidade europeia é o local de nascimento de seu pai. Quando o jovem amigo dinamarquês de William Effy torna-se tanto embarcar na aventura de encontrar o avô de William. A mistura de frescor e sabedoria de Effy suposto William um desafio como nenhuma outra esposa alegou. Enquanto a atração está em ascensão e William começa a realmente se conectar com alguém pela primeira vez em sua vida, ele deve assimilar as descobertas chocantes sobre o passado sórdido de sua família.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O homem se descobre a partir do contorno que o outro dá, desenvolvendo a própria identidade, que às vezes está encoberta por tantas defesas construídas ao longo da vida. O filme, ainda que seja considerado drama romântico, se revela superior a isso, pois mais do que um romance, a estória nos brinda com uma trajetória do ser em busca de si mesmo. Por muitos momentos, o filme me lembrou uma ferramenta muito utilizada no processo terapêutico denominada GENOGRAMA. Seu uso está entrelaçado com o processo de reconhecimento da própria história e a capacidade de escolha do indivíduo. A construção do genograma, que funciona como uma árvore genealógica, serve para que o cliente participe e se conscientize sobre elementos que contribuíram para torná-lo quem é. A partir dos dados, que são aos poucos elaborados junto ao cliente, é possível descobrir as heranças familiares, os segredos, mitos, legados, crenças e valores, que podem ser repetidos ou negados, sem que a pessoa tenha consciência. A capacidade de escolha emerge daí, fazendo com que tudo fique mais claro e o indivíduo possa pegar as rédeas da própria vida. A pessoa desenvolve a capacidade de perceber o que é e o que não é seu, favorecendo a escolha do próprio caminho. Assim também acontece com Willian ao conhecer Effy, que representa um papel quase terapêutico na vida dele, ao dar suporte no enfrentamento da própria história.

A demora

La DemoraASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, terceira idade, senilidade.
SINOPSE
No Uruguai vive uma família pobre que é composta por um velho homem, que esquece as coisas e dá trabalho, por três crianças e uma mulher, a mãe, que cuida do pai e dos filhos, e é a única que trabalha. Cansada da jornada de trabalho e percebendo que não dá conta da situação, ela tenta ajuda com a irmã ou em um abrigo de idosos para o seu pai. Quando não encontra resposta para sua angústia, toma uma decisão drástica. Em um dia gelado, ela passeia com o velho em uma praça,  diz que vai comprar água e volta logo, mas o abandona. Depois, ela liga para abrigos do governo para ver se alguém recolhe o seu pai, conseguindo assim, que eles sejam obrigados a acolhêlo. Só que  não, seua planos são frustrados.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme uruguaio dá um sôco no estômago, definitivamente, não é para qualquer público. Longe de ser comercial, a fita retrata a realidade nua e crua que pode ser vivida por diferentes famílias ao redor do mundo. Não falamos de uma questão estritamente uruguaia, falamos de uma realidade de qualquer país que não é capazr oferece suporte para a terceira idade. Talvez, o que mais choque, é saber que quanto mais o tempo passa, maior o número de pessoas idosas, e, menor o número de subsídios dirigidos para acolher os problemas enfrentados na velhice. O filme conta a estória de uma família monoparental (quando apenas um dos pais de uma criança arca com as responsabilidades de criar o filho e ou os filhos), que é sustentada por Maria, mãe solteira com três filhos. Trabalhadora, a dona de casa também acolhe em sua casa o pai idoso, que está senil e com a memória afetada. Por mais que deseje mudar de atividade profissional, Maria percebe que trabalhar em casa é sua única alternativa, para dar conta das necessidades do pai, que esquece até do próprio endereço.  Ao deparar com as discrepâncias do sistema de suporte governamental, que não a considera pobre o suficiente para ter direito ao azilo público para o pai, ela procura a irmã, com a intenção de alternar a responsabilidade com o genitor. Diante também da recusa da irmã, ela se vê obrigada a deixá-lo em praça pública, com esperança de que assim ele seja recolhido para o abrigo. O restante da trama gira em torno das situações enfrentadas pelo pai, enquanto espera a filha retornar e dos momentos de Maria enfrentando as possíveis consequências de seu ato. Não é preciso 24 horas da permanência do idoso naquele local, para que emoções e situações diversas aconteçam.

Relatos Selvagens

Relatos Selvagens
ASSUNTO
Relações afetivas, familiares e sociais, bullying, corrupção, crise existencial, situações-limite, descontrole emocional, violência.
SINOPSE
Diante de uma realidade crua e imprevisível, os personagens deste filme caminham sobre a linha tênue que separa a civilização da barbárie. Uma traição amorosa, o retorno do passado, uma tragédia ou mesmo a violência de um pequeno detalhe cotidiano são capazes de empurrar estes personagens para um lugar fora de controle.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Fiquei pensando no discurso repetido do que é politicamente correto, etc. e tal. A exigência de ser aprovado pela sociedade nos coloca em posição rígida, no que se redere ao fato de  atender aos parâmetros desejados pelo sistema. Muitas vezes, acumulamos tantas tarefas, que esquecemos da pausa, da digestão (fisiológica e psicológica), da elaboração de nossas sensações e sentimentos. Não é politicamente correto, nem isso nem aquilo, vamos deixando pra lá, nos abandonando aos poucos, deixando acumular tudo que poderia ser mal recebido, desaprovado ou politicamente incorreto. Nossos sentidos são esquecidos em meio aos modismos intectualóides de uma época, seguimos no automático, esquecendo cada dia mais de nossa búlsula interna, nossa humaninade, nossa centralidade. Assim, acumulamos reações naturais, que vão sendo escondidas do mundo e de nós mesmos, represadas em algum lugar. Mas, será que basta evitar sua existência, esquecê-las, fingir que os sentidos estão nos significados das coisas, como nos ensinaram? Até quando é possível reter tanto? RELATOS SELVAGENS fala um pouco sobbre aquilo que transborda em situações limite. Não é necessário que a situação em si seja caótica, basta ser a gota d’água para a represa estourar. Assim, o que existe de animal no humano é revelado em reações impulsivas, irracionais, bestiais, selvagens! As seis estórias do filme revelam o descontrole humano em diferentes situações, na busca de soluções através comportamentos extremos. De fato, não é difícil se identificar com algumas das situações relatadas, quando temos vontade de reagir da mesma forma. A trama dá espaço para inúmeras identificãções.

quarta-feira, 25 de março de 2015

O SINO DE ANYA

ASSUNTO
Dislexia, deficiência visual, preconceito, amizade, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
A verdadeira amizade é aquela em que os amigos se impulsionam mutuamente a serem cada vez melhores. O sino de Anya é estrelado por Della Reese no papel de Anya Herpick. Em 1949, Anya é uma mulher cega que sempre foi cuidada pela sua mãe e não saia de casa, uma situação que se agrava quando sua mãe morre. Anya lida com sua solidão colecionando sinos. Agora, mais velha e sozinha, Anya faz amizade com um menino entregador de 12 anos, Scott Rhymes, e encontra nele a amizade e a ajuda que precisava para enfrentar a vida.Para Scott, Anya torna-se a avó que ele é privado de ter. Ele é considerado um garoto "lento", praticamente sem amigos, e descobre-se depois que ele é disléxico (uma doença normalmente não compreendida na época). Mora só com a mãe, que não mantém mais contato com seus pais, avós de Scott.O menino motiva Anya a aprender a andar de bengala nas ruas, e Anya ensina braille a ele. Nessa emocionante história, eles encontrarão uma forma de ajudar-se mutuamente diante de suas dificuldades, tornando-se verdadeiros companheiros. Ganhador de dois prêmios “Young Artist Award”, como melhor filme família feito para televisão e melhor ator para o jovem Mason Gamble.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Não, não é um filme sobre dislexia tão didático como SOMOS TODOS DIFERENTES, mas não deixa nada a desejar, quando debatemos sobre as diferentes formas de existir. As dificuldades enfrentadas por qualquer pessoa que não se adeque ao padrão em voga é suficiente para tornar-se um bom tema a ser explorado. No tempo em que a dislexia era pouco conhecida, Scott enfrenta sérios problemas. O menino, portador do transtorno de aprendizagem, passa por diversas situações constrangedora, sendo rotulado como “burro” ou incapaz. A professora, que usa uma abordagem pouco educativa, humilha-o perante aos colegas, abrindo espaço para que os mesmos também assim o desconsiderem. A mãe, que é mãe solteira em uma época na qual a sociedade reprovava tal condição, tinha sido expulsa de casa, e, lutava para sobreviver e dar educação para o filho. O menino, por sua vez, tentava esconder suas dificuldades, para não decepcionar a mãe. Aos poucos, ele se convence de ser incapaz de aprender, de fazer amigos, de ser “normal”. A mãe, sem recurso e possibilidade de compreensão do seu problema real, sente-se desencorajada, assustada e perdida diante da forma como a professora considera o problema. É nesse momento doloroso que Scott conhece Anya, uma senhora cega, que restrita ao espaço de seu lar, encontra-se em luto e em luta para não ser colocada em um azilo. Desde a morte de sua mãe, Anya se tornou preocupação para o advogado da família, que não vê outra alternativa a não ser cumprir o desejo de sua mãe, de interná-la em um azilo. Quando ambos se conhecem, tornam-se incentivadores um do outro, aprendendo, através da troca de afeto, a ampliar o próprio potencial. A relação deles é baseada na confiança, se desenvolvendo no cuidado, carinho e atenção. A relação se torna terapêutica, a medida que ambos estão atentos para as necessidades reais, um do outro, e, de si mesmos.