Atendendo em consultório particular em Copacabana e na Ilha do Governador, reflito sobre a influência dos filmes em minha trajetória, que foi atravessada pelo cinema em diversas fases. Ferramenta de auxílio para a compreensão de diversos conceitos, os filmes não só informam, mas são capazes de nos tocar, favorecendo assim, novas formas de lidar com nossas questões e conflitos.
Compartilho, então, alguns desses filmes.
Sexualidade,
terceira idade, relação afetiva, social e profissional.
SINOPSE
Curta-metragem indicado ao
Oscar de 23019. Uma mulher idosa e sua enfermeira desenvolvem uma amizade que a
inspira a descobrir desejos não reconhecidos e, assim, ajudá-la a fazer as
pazes com seu passado.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
O
curta-metragem encanta, ao apresentar a relação entre profissional e paciente,
de uma forma delicada e poética. Diferentes profissionais convivem com
pacientes terminais, em um processo delicado de fechamento de um ciclo. Não é
um trabalho fácil, considerando ao vínculo construído na relação, que sabemos, está
se aproximando do fim. Marguerite é uma senhora que escolhe não mais se submeter
aos tratamentos que exigem internação, ela quer seguir de seu modo, em sua casa,
enquanto seu corpo aguentar. Assim sendo, sua acompanhante faz o possível para
mantê-la confortável.
Jogos de poder
da realeza, relações sociais e afetivas.
SINOPSE.
Na Inglaterra do século XVIII, Sarah Churchill,
a Duquesa de Marlborough (Rachel Weisz) exerce sua influência na corte como
confidente, conselheira e amante secreta da Rainha Ana (Olivia Colman). Seu
posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail (Emma
Stone), nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com
unhas e dentes à oportunidade única.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Fofocas
e intrigas da corte habitam a trama, que baseada em fatos reais, passeia pelo
mundo dos detentores do poder, em uma época em que a realeza decidia o rumo da
história, mesmo sem a menor condição de fazê-lo. Um jogo cruel e manipulador de
interesses políticos e pessoais são explorados no filme, evidenciando a força
da influência feminina. Falamos da disputa entre duas mulheres que servem a
rainha, através da amizade e de favores sexuais, ambas manipulam suas decisões,
seja por interesse pessoal ou político. Em forma de sátira, o Longa faz uma
crítica aos jogos sórdidos do poder, explorando as possibilidades e
impossibilidades dessas relações. A rainha, louca e com tendências
homossexuais, é, por sua vez, retratada como mimada. É possível perceber que
ela é falha, humanamente imperfeita, como todos podem ser. Apesar de ocupar um
cargo de liderança, tudo que ela quer é o lado bom da vida. Usufruir de todas
as possibilidades prazerosas, sem que seja necessário tomar decisões e ser
julgada por isso, que é desejável. Abrir mão da responsabilidade por suas
escolhas é um desejo comum nos mais diversos quadros patológicos. Por isso, ela se tornava alvo para a disputa daquelas
mulheres, a estrategista e a alpinista social, que rápido aprende a usar as
mesmas armas.
Racismo, preconceito,
homofobia, relações sociais, familiares e afetivas.
SINOPSE
1962.
Tony Lip (Viggo Mortensen), um dos maiores fanfarrões de Nova York, precisa de
trabalho após sua discoteca, o Copacabana, fechar as portas. Ele conhece um um
pianista e quer que Lip faça uma turnê com ele. Enquanto os dois se chocam no
início, um vínculo finalmente cresce à medida que eles viajam.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
O
racismo aqui é apresentado com uma dinâmica invertida, onde um negro contrata
um branco e racista para ser seu motorista e assistente. Apesar de branco, Lip
é também vítima de preconceito, tendo em vista sua classe social e ser ítalo-americano,
ou seja, pertencente a uma família de imigrantes italianos. Além da troca de
papéis, a comédia dramática apresenta personalidades antagônicas. Don Shirley,
além de ser um conceituado pianista, tem uma formação cultural refinada,
enquanto Tony Lip é bronco, grosseiro e de pouco estudo. É exatamente sua característica
grotesca, que o qualifica para a vaga de motorista, assistente e segurança. O músico
tem uma turnê marcada no sul dos Estados Unidos, o que nos anos 60 representava
um risco para ele, tendo em vista o racismo que marca a época e o lugar. Logo
no início, percebemos o comportamento racista do motorista, o que é prenúncio
de um difícil processo. Ao longo da trama, o público pode ser surpreendido. A
forma delicada que o contato dessas diferenças pode produzir grandes
transformações, contribuindo muito para o crescimento de ambos. Chamamos de
contato, em Gestalt-terapia, o encontro genuíno entre diferentes, que se afetam
mutuamente, gerando desenvolvimento do ser. Nesse aspecto, o filme nos brinda
com passagens espetaculares, promovendo uma clara demonstração de humanidade.
Sim, porque apesar das pré-definições que temos sobre o que nos parece
estranho, tais preconceitos só afastam as possibilidades de trocas necessárias
ao ser humano.
Racismo,
classismo, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Cidade do México, 1970. A rotina de uma família
de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher
(Yalitza Aparicio), que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante
um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os
moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Aclamado
pela crítica, o filme é um retrato da sociedade mexicana em uma época não muito
longínqua, está repleto de metáforas sociais e de fácil identificação com outras
culturas. Roma é o nome de um bairro mexicano de classe alta e não dá cidade
italiana. O luxuoso bairro contrasta com outros locais frequentados pelos menos
privilegiados. Assim como em outros países da América Latina, a empregada
doméstica e babá é a personagem central do meio familiar. Ao mesmo tempo em que
é invisível aos integrantes da família, ela é a peça central que dá suporte e
movimento ao enredo. O diretor escolheu retratar, com carinho, momentos de sua
vida. Não perdeu, nem mesmo a oportunidade de exibir os constantes aviões cruzando
o céu. Uma perspectiva que vai além de sua memória, pois serve também como uma
forma de transmitir a ideia de transitoriedade, o que nos remete às situações pelas
quais os personagens passam. Além da metalinguagem, que rende homenagens a
outros filmes, o longa aproveita a oportunidade para retratar acontecimentos trágicos
e marcantes dos anos 70. Cléo transita entre os seus dramas pessoais e os da
família, que se torna parte de sua trajetória de vida. Sendo assim, num momento ela está aconchegada
com os patrões vendo filme, em outro, cumprindo ordens específicas e urgentes. Carinho
e frieza, presença e ausência, consideração e desprezo, são algumas polaridades
marcadas na relação empregada/patrão. Se, por um lado inclui a babá como parte
da família, por outro, a mantém no “seu lugar”, ou seja, na classe social a
qual pertence, e, na qual deve permanecer.
Paralisia
cerebral, deficiência visual, descoberta da sexualidade, bissexualidade,
relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Laila (Kalki Koechelin) é uma adolescente
indiana que tem paralisia cerebral. Ela estuda na Universidade de Delhi, escreve
poesias e cria sons eletrônicos para uma banda indie da universidade. Laila se
apaixona pelo vocalista e fica de coração partido quando é rejeitada. Ao lado
de sua mãe (Revathy), ela deixa seu país para estudar na Universidade de Nova
York, onde aproveita a oportunidade para exercitar sua independência. Lá, ela
conhece uma jovem ativista (Sayani Gupta) em Manhattan e embarca em uma jornada
de descobertas.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Que
filme delicado, verdadeiro, esclarecedor, simples e inclusivo. A trama não
pretende focar nas dificuldades da protagonista ou de outros personagens.
Apesar dos obstáculos impostos por sua paralisia cerebral, ou pela deficiência
visual da outra personagem, o foco está nas possibilidades de vida, apesar das
adversidades. Como qualquer adolescente, Laila enfrenta questões muito comuns
aos seus pares. Ela se apaixona, tem desejos, dúvidas, paixões e decepções. As
experiências dela são verdadeiras, simplesmente acontecem e ela faz novas
descobertas. A sutileza das cenas é incrível, transformando suas descobertas
sexuais, desde a masturbação ao ato, em acontecimentos naturais. Não há
classificação, exploração ou crítica, eles simplesmente fazem parte da vida.
Simples assim. O espectador acompanha gestos sutis, ouve sons, descortina seu desabrochar,
sem que sua privacidade seja desrespeitada. Um olhar delicados sobre as
questões dela, sejam afetivas ou sexuais, é uma constante no longa, que encanta
em sua simplicidade. Outros mundos se revelam para Laila, a cada novo encontro,
novos vínculos, novas experiências. Preconceitos e tabus são desnudados na
telona, com uma leveza sedutora, delicada e única. Seu encontro com Khanum, uma
deficiente visual, ampliam seu mundo.
Preconceito, relações
afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Violet Jones (Sanaa Lathan) é uma publicitária
bem-sucedida que considera sua vida perfeita, tendo um ótimo namorado e uma
rotina organizada meticulosamente para conseguir estar sempre impecável. Após
uma enorme desilusão, ela resolve repaginar o visual e o caminho de aceitação
de seu cabelo está intrinsecamente ligado à sua reformulação como mulher,
superando traumas que vêm desde a infância e pela primeira vez se colocando
acima da opinião alheia.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA
“Felicidade
por um fio” é uma comédia leve sobre a construção do amor próprio. O
preconceito internalizado na infância é parte do que faz Violet buscar a
perfeição em sua forma de funcionar no mundo. Alguma receita pronta de “vida
perfeita” tornou-se o norteador de seu viver, oprimindo sua autenticidade e a
aceitação de si mesma. Ainda que seja uma comédia despretensiosa, a trama
apresenta um tema interessante, que pode encontrar identificação em diferentes
espectadores. O preconceito, de qualquer espécie, pode ser internalizado ainda
na infância, tornando a aceitação de si mesmo um processo longo e doloroso.
Aliás, doloroso é viver em um formato diferente da própria naturalidade de ser,
entretanto, isso é mais comum do que podemos imaginar. A preocupação em se
adequar ao que é apreendido como desejável, como forma de ser aceito e bem
visto pela sociedade, pode distanciar a pessoa de quem é de fato. A vida
neurótica, aparentemente perfeita, pode ser bastante sofrida. Escrava da
aparência, Violet representa outros tantos que não estão satisfeitos consigo,
devido a um modelo do que é considerado “normal”, socialmente aceito, ou,
imposto pela “ditadura da beleza”. Em um momento de decepção amorosa, de
sofrimento e dor, a protagonista encontra
o caminho de volta para si, resgatando sua espontaneidade e o orgulho por ser
quem é: mulher, negra, com opinião
própria. Desfazer-se de seu cabelo é como despir-se, sentir-se nua em público. Trata-se de um processo semelhante ao
terapêutico, que nos coloca frente a frente com o que somos, nos revelando aos
poucos, descortinando as aparências para revelação do ser. A desconstrução de um modelo automático,
pré-fabricado, dá lugar a novas descobertas sobre desejos e objetivos,
inaugurando um novo caminho, resgatando os sentidos em sua totalidade do ser. Fritz
Perls, considerado o pai da Abordagem psicológica conhecida como
Gestalt-terapia, nos alertava sobre o perigo dessa busca pela perfeição, ao
afirmar;
“Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo é uma
maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. Você é
perfeito, se se permitir, ser. Amigo, não tenha medo de erros. Erros não são
pecados. Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez
criativamente nova. Amigo, não fique aborrecido por seus erros. Alegre-se por eles. Você teve
coragem de dar algo de si.”
Literatura, poesia, relações familiares, afetivas e sociais, biografia, sensibilidade, multiplicidade da vida. Relação parte-todo da Abordagem Gestáltica.
SINOPSE
O longa apresenta aspectos pouco conhecidos da vida de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, a Cora Coralina, uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos. Em emocionantes 75 minutos, o filme revela a trajetória de Cora Coralina dos anos de infância até se casar e sair de Goiás; do largo tempo de 45 anos vividos em diferentes cidades no estado de São Paulo; e de seu retorno à Cidade de Goiás, quando se revelou ao Brasil com a força de sua poesia.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Ah, Cora Coralina, a multiplicidade do ser, pessoa, mulher, poeta, doceira, e, tantas outras. Aninha, sua versão infantil, é resgatada na poesia, integrando a pessoa. Um filme bibliográfico e poético, tendo em vista sua costura entre a subjetividade e o material documentado. Como não podia deixar de ser, a arte é o fio condutor, que revela a força da mulher que foi Cora Coralina. Solidária, corajosa, crítica, guerreira, frágil e forte, sensível, sensível e sensível. Costumamos dizer, em psicologia, que percebemos no mundo aquilo que nos é conhecido. Somos sensíveis frente a situações que já experimentamos. O que torna difícil compreendermos o que está fora de nosso repertório pessoal. Obviamente, algumas situações inusitadas nos despertam para o novo, o que colabora para nosso crescimento pessoal. O filme retrata uma particularidade de Cora invejável, sua sensibilidade diante do mundo. Desde cedo, ela foi e se manteve muito aberta para o novo, se integrando a cada instante ao meio circundante. Sua percepção abrange a natureza das coisas e pessoas, todo tempo revelando-se parte e todo, um movimento extremamente sensível e delicado. Para a Gestalt-terapia, a relação parte e todo, movimento explícito na obra, é o movimento saudável do ser humano, em direção a totalidade do ser. Dentre outros conceitos, caros à abordagem, é possível percebê-lo em detaque na trama, em diferentes momentos poéticos. Se num momento, ela se identifica com a natureza como parte de si mesma, no outro, acolhe a diferença do outro como possibilidade, sem conceito pré concebido. O filme é um presente para os amantes da arte, da literatura e da vida.
domingo, 18 de março de 2018
ASSUNTO
Relações familiares, sociais e afetivas, suicídio, psicodiagnóstico, saúde mental e arte.
SINOPSE
1891. Um ano após o suicídio de Vincent Van
Gogh, Armand Roulin (Douglas Booth) encontra uma carta por ele enviada ao irmão
Theo, que jamais chegou ao seu destino. Após conversar com o pai, carteiro que
era amigo pessoal de Van Gogh, Armand é incentivado a entregar ele mesmo a
correspondência. Desta forma, ele parte para a cidade francesa de Arles na esperança
de encontrar algum contato com a família do pintor falecido. Lá, inicia uma
investigação junto às pessoas que conheceram Van Gogh, no intuito de decifrar
se ele realmente se matou.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
A animação é uma obra prima, trazendo
para a telona a arte de Van Gogh em movimentos, tão tocantes quanto suas obras.
Como qualquer obra prima, inspira diferentes percepções no espectador. A
animação quase documental, não se furta de evidenciar conflitos existenciais de
sua história, traduzidos em suas obras. Tal qual Armand, personagem que
investiga a vida do artista, somos conquistados aos poucos, pela riqueza de situações emocionantes e curiosas em torno do mestre. Alguns elementos históricos foram incluídos na
trama, de forma tão sensível, que o filme se torna magnífico. Um dos aspectos
que mais me tocou, tem a ver com repetidas angústias que chegam diariamente ao
consultório de psicologia. Falamos da dificuldade daqueles que não se “encaixam”
no que a família ou a sociedade espera dele. Encontrar a própria vocação, em
meio às pressões familiares e sociais, pode ser dilacerante. Família e sociedade
funcionam com seus padrões de exigência, muitas vezes desestimulando,
reprovando, sufocando a singularidade do ser. A adolescência, momento de ENEM, de
pressão versus sensações intensas, podem desencadear frustrações insuportáveis.
A ausência de suporte pode agravar a situação. A crítica, a reprovação, afeta o
processo de identidade da pessoa, sua auto estima pode ser prejudicada. A
depressão, mal do século, pode ser considerada como a melhor alternativa, que o
sujeito encontra para lidar com a situação. Longe de apontar uma relação causal
para a depressão, estamos partilhando uma reflexão provocada pela trama.
Miguel é um menino de 12 anos que quer muito
ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu
sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos
ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado
mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Animação
encantadora que ousa falar de morte, real ou simbólica, através de música, cores,
poesia e afeto familiar. É impossível permanecer indiferente diante de questões
que podem ser tanto singulares, quanto comuns. Ainda, que o enredo tenha como
pano de fundo a cultura mexicana, ou, que explore questões particulares da
família de Miguel, estamos diante de temas comuns a qualquer família. Sendo
assim, há na trama o encontro, ou embate, entre a tradição familiar e os
desafios da nova geração. Toda família tem suas próprias regras. Suas crenças e
valores são, muitas vezes, desafiados pela nova geração. Miguel não foge a
regra, deseja transgredir os limites impostos pela família, pois a música é a
arte que já faz parte de quem ele é. É no “dia de muertos”, feriado celebrado
pelos mexicanos de um jeito especial, que ele decide ir atrás de seu sonho. No
processo de individuação, ou, na busca por sua identidade, Miguel se depara com
uma parte que falta na foto da família. Essa parte faltante o leva para o mundo
dos mortos.A morte, ou, os mortos,
ganham outra perspectiva, sendo suavizados através da expressão repleta de sons, cores e o clima festivo. Aqui, a chave mestre é o afeto, aquele capaz de manter na memória a
lembrança do familiar que partiu. A dor não é o único caminho. Para os mexicanos,
é dia de festa, com direito a oferendas diante das fotos dos entes e a família
reunida, é um encontro de gerações. Na celebração, o caminho é decorado com
pétalas de flores, para que os entes queridos possam visitar suas famílias (o
que só é permitido no referido feriado).Além de homenagear a cultura mexicana, a animação convida o expectador a
entrar em contato com seu campo familiar, o que pode promover boas reflexões.
Adolescência, despertar da sexualidade, Homossexualidade, diferenças, relações familiares, sociais e afetivas.
SINOPSE
Verão de 1983, norte da Itália. Elio Perlman,
um jovem ítalo-americano de 17 anos, passa seus dias na vila de sua família, um
antigo casarão do século XVII. Seus dias são repletos de composições ao piano e
flertes com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver, um charmoso homem de 24 anos, que
está fazendo doutorado, chega para ajudar o pai de Elio, um renomado professor,
em sua pesquisa sobre cultura greco-romana. Sob o sol do verão italiano, Elio e
Oliver descobrem a beleza do despertar de novos desejos que irão mudar as suas
vidas para sempre.
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O
OLHAR DA PSICOLOGIA
Pode
não agradar, não só pelo tema delicado, mas pelo ritmo lento, principalmente na
primeira parte. No entanto, é exatamente pelo ritmo, que o longa proporciona o
envolvimento do público no sensível processo de contato entre os protagonistas.
“Me chame pelo seu nome” traz em seu título o anúncio do tema que será
desdobrado na tela: A entrega no encontro com o outro, tão intensa e
arrebatadora, que promoverá autoconhecimento. Elio é maduro para sua idade
e conhecedor de diversos assuntos, mas não deixa de ser adolescente. Como tal,
seu corpo e mente sofrem transformações, ele está desabrochando. A chegada de
Oliver afeta seu mundo de diferentes formas, o que o deixa confuso. O despertar de sua sexualidade começa em
momentos de tensão, que aos poucos se transformam. A experiência intensa e
arrebatadora irá afetar a ambos para sempre. Não é sobre homossexualidade, é
uma história de amor, do primeiro amor, simplesmente, amor.
Relações
familiares, sociais e afetivas; abuso de poder, violência, racismo e família
disfuncional.
SINOPSE
Inconformada com a ineficácia da polícia em
encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes
(Frances McDormand) decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando
três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em
toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a
própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela
investigação.
.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Não
existe nada óbvio no longa, ainda que tenha como tema central algo que assim
possa parecer. Entre o absurdo e a crueldade da vida, o filme transita entre os
acontecimentos e personagens peculiares. Com humor negro surpreendente, recheado
de personagens complexos, a trama perpassa entre o bem e o mal, sem escolher
lado. Não há herói, nem vilão. A mãe, inconformada com a lentidão das
investigações, age de acordo com suas convicções. A cidade é pequena, a lei tem
suas particularidades e seus agentes a aplicam de acordo com as próprias
convicções. Por outro lado, a culpa é um peso a ser carregado, pois ninguém
está livre de cometer erros em ações promovidas pela própria noção de justiça.
É bom ressaltar que o crime brutal, tema central da trama, não é a única
injustiça retratada. Temos um retrato particular e universal, quando observamos
as diferentes reações, ou a falta dela, diante do fato que pode afetar a vida
dos personagens. A raiva está nos pequenos e grandes movimentos dos personagens,
em diversos momentos da trama. As relações sociais e familiares não estão ausentes,
ao contrário, são exploradas. A pacata
cidade do interior se transforma num cenário doente, onde todos têm seus anjos
e demônios expostos. Não é sobre a solução de um crime, nem sobre lição de
moral. Com humor ácido, o filme denuncia mais do que um crime, provoca o
próprio julgamento, confronta tudo que é politicamente correto, incomoda. Um
episódio abominável altera a rotina de várias pessoas, desencadeando reações
inesperadas. Racismo, abuso de poder, culpa, manipulações afetivas, doenças
físicas e/ou mentais, relações familiares disfuncionais são temas que podem
provocar diferentes reações no espectador, pela forma que são apresentados. A crueldade, as motivações, os encontros e desencontros, as diferentes provocações e reações suscitadas, nos personagens ou no espectador, podem provocar diferentes reflexões. alvez, muito necessárias, diante das atrocidades e inversão de valores que cada vez mais fazem parte do nosso cotidiano. Confira!
Década de 60. Em meio aos
grandes conflitos políticos e bélicos e as grandes transformações sociais
ocorridas nos Estados Unidos, Elisa (Sally Hawkins), zeladora em um laboratório
experimental secreto do governo, conhece e se afeiçoa a uma criatura fantástica
mantida presa no local. Para elaborar um arriscado plano de fuga ela recorre a
um vizinho (Richard Jenkins) e à colega de trabalho Zelda (Octavia Spencer).
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O OLHAR
DA PSICOLOGIA
Existem filmes que são capazes de
nos deixar atônitas em seu desfecho. “A forma da água” não é apenas um deles,
pois o suspiro emocionado ainda transbordava, após a conclusão do longa,
reverberando por algum tempo. Talvez, tenha sido por sua linguagem poética,
delicada, encantadora, que costura fantasia e realidade para falar de sentimentos
tão existenciais e necessários ao ser humano. O filme fala, de forma singela,
sobre o encontro de diferenças, desnuda a empatia, denuncia diferentes faces da
desemboca no amor, simples assim. Da masturbação ao sexo entre seres distintos, o enredo possibilita desconstruções. Para os
que se percebem deslocados no mundo, é um poema. Com delicadeza, em contraste
com a estupidez humana, a trama desdobra o amor, sem pudor. A água, fonte da
vida, não podia estar em melhor lugar para falar e espelhar diferentes emoções
do humano, que podem ser refletidas na “criatura”, diante das diferentes
conexões, conforme declarado por Guillermo Del Toro:
“A água toma a forma do que quer que a esteja
contendo, e embora possa ser tão suave, é também a força mais poderosa e
maleável do universo. Isso também é amor, não é?! Não importa em que fôrma
colocamos o amor, ele se molda a ela, seja homem, mulher ou criatura”.
O filme é uma fábula encantadora sobre amor,
que dispensa palavras, priorizando os sentidos através das diferentes formas de
amar, amor ao próximo, à ciência, à amizade, ao estranho, ao diferente,
singular e puro amor. Para os que são incapazes de lidar com as diferenças, que
abusam da violência, do sadismo, da moralidade falsa, fica a questão: quem é o
monstro? Quem é a criatura que nos ameaça, o desconhecido ou a repressão
cotidiana e sádica capaz de sufocar? Cada personagem tem seu próprio espaço,
contados através de linguagem verbais e não verbais. O contexto, a guerra fria,
a tensão em um mundo dividido, nos lembra outras tantas divisões promovidas em
diferentes momentos históricos, em qualquer lugar. O abuso de poder, o
machismo, a homofobia, o racismo, o moralismo hipócrita são os “nós” da trama. Elisa (sexismo), Zelda (racismo), Giles (preconceito) e a criatura (xenofobia) representam vítimas do sistema capazes de alinhavar laços afetivos.
Adolescência,
ansiedade, sexualidade, puberdade, relações familiares, sociais e afetivas.
SINOPSE
Christine McPherson
(Saoirse Ronan) está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir
fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por
sua mãe (Laurie Metcalf). Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige
ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo
assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as
obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais
de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Indicado
para o Oscar, o longa acompanha Lady Bird da passagem da adolescência para a
maturidade. A jornada de amadurecimento já foi retratada em outros tantos
filmes, o Charme daqui está na forma como acontece. A ansiedade adolescente é evidenciada
no processo, sem que seja necessário qualquer diagnóstico. Afinal, é bastante
comum que a ansiedade acompanhe a adolescência, sem que precise ser considerada
uma patologia. Christine quer voar, é
aventureira, sonhadora, dramática, impetuosa e muito desafiadora. A família não está em uma situação financeira privilegiada, a mãe aponta isso a todo
instante, diferente do pai, que dá “cobertura” para os sonhos da moça. Mãe e filha vivem às turras, diante dos desafios da vida. Não é muito diferente do que acontece com frequencia: o adolescente elege um dos pais para "parceiro" e o outro como inimigo. Se o inimigo é aquele que tem os pés na realidade, frustrando os devaneios adolescentes, ele vira alvo de enfrentamentos, birras, discussões infindáveis.
Relações familiares, afetivas, diferença, valores e crenças.
SINOPSE
O Natal se aproxima e, como acontece em todos
os anos, a família Cooper se prepara para a grande ceia na casa dos patriarcas
Sam (John Goodman) e Charlotte (Diane Keaton). Só que, em meio ao suposto clima
festivo, o casal está prestes a se separar. Seus filhos Hank (Ed Helms) e
Eleanor (Olivia Wilde) também enfrentam problemas, já que ele está desempregado
e ela mantém um caso com um médico casado. Paralelamente, Emma (Marisa Tomei)
tem dificuldade em lidar com a solidão e com a inveja que sente da irmã mais
velha, Charlotte, enquanto que o pai delas, Bucky (Alan Arkin) sente-se cada
vez mais próximo de Ruby (Amanda Seyfried), a garçonete do restaurante que ele
sempre frequenta.
TRAILER
OLHAR
DA PSICOLOGIA
A
“magia do Natal” é destaque em muitos filmes do gênero, que insistem em mostrar
uma família “perfeita” enfrentando alguma situação ou pessoa do mal, que no
final são “afetadas” pelo encanto da ocasião. Só que não, “O Natal dos Coopers” mostra uma família real, com problemas comuns, nos
dias que antecedem o encontro natalino, onde serão omitidas as questões
pessoais de cada membro. Encontros e desencontros antecedem a noite esperada, seja consigo ou com o outro, com verdades e mentiras que podem provocar risos e incômodos na mesma medida. Nem todos acreditam que o evento possa ser mágico,
harmonioso e feliz. Os próprios anfitriões escondem a real situação, pois
omitem o abalo na relação do casal, que está em vias de separação. Cada um dos
familiares enfrenta problemas pessoais, o que pode fazer o reencontro um momento
de pressão, ameaça ou trazer lembranças de situações infelizes, algumas inacabadas. Reunir parentes no natal é momento de infinitas possibilidades, nem sempre tão felizes, como as comumente apresentadas na telona! É momento de atualização, de "fofocas", de "disputas, de encontro de diferenças. O filme apresenta um pouco de cada possível extremo, da conturbada expectativa ao final feliz, do aparentar ao ser. Falar de família é transitar nos extremos, é explorar aspectos que parecem antagônicos, e, podem se revelar complementares. Algo inesperado, incômodo, frustrante ou constrangedor na noite de natal em família, quem não viveu?
Relação afetiva,
familiar e social, família disfuncional, segredo, traição, feminismo, suicídio e alcoolismo.
SINOPSE
Sarah (Doria Tillier) e Victor (Nicolas Bedos)
estiveram juntos por 45 anos. No funeral dele, Sarah é abordada por um jornalista
que deseja contar a história de seu marido, um renomado escritor, a partir do
olhar da mulher que sempre o acompanhou. A partir de então, ela passa a contar
as minúcias do relacionamento que tiveram, incluindo segredos bastante íntimos.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
A
trama nos convida a desconstruir os ideais de felicidade nas relações afetivas
de longa data. Não, o filme está longe de se tornar “receita” de boa relação
amorosa. Ao contrário, a trama está repleta de alternativas pouco recomendadas
em qualquer relação. É isso que faz do filme um relato possível, verdadeiro,
recheado de erros e acertos de uma relação amorosa de 45 anos. Partindo do
relato da viúva, acompanhamos a história do casal desde o primeiro encontro,
revelando os sabores e dissabores da relação. A perspectiva, que desnuda a
intimidade do casal, revela a força da personagem feminina, que desde o início
busca o que deseja sem perder o foco . Tudo é contado sem menosprezar o contexto. A cada momento, a
trama alinhava a vida social, religiosa e política, apontando possíveis
influências do entorno de cada época, na relação que é construída pelo casal.
Temos uma mulher à frente de seu tempo, determinada, empenhada e apaixonada,
que se torna o pilar da família em construção.
Relações
familiares, afetivas e sociais, alcoolismo, conflitos familiares, legado.
SINOPSE
Nova York. Harold
Meyerowitz (Dustin Hoffman) é o patriarca da família, casado com Maureen (Emma
Thompson) e pai de Matthew (Ben Stiller), Danny (Adam Sandler) e Jean
(Elizabeth Marvel). Escultor aposentado e extremamente vaidoso, ele fica
satisfeito ao saber que está sendo organizada uma exposição para celebrar seu
trabalho artístico. Só que, em meio aos preparativos, Harold adoece e faz com
que todos os filhos precisem se unir para ajudá-lo a se recuperar, o que
resulta em várias situações que colocam a limpo traumas do passado. Danny é um
pianista que abandonou a carreira e se dedicou integralmente aos cuidados da
filha Eliza (Grace Van Patten), que agora aos 18 anos se mostra
completamente independente de seu pai.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
As peculiaridades de
cada membro da família disfuncional podem ser resumidas na frase em destaque da
trama: “Somos apegados a ideia que temos de nós mesmos”. Afinal, como tal idéia
é construída? Qual é a influência da família de origem nessa construção? Os Meyerowitz podem revelar muito sobre o
assunto. Somos
apresentados a família por Danny, o filho estagnado, que abandonou a carreira e se
dedicou exclusivamente a educar sua filha. Ao contrário do pai, egoísta e
distante, Danny negligencia a si mesmo, priorizando o afeto na relação com a
filha. Como muitos adultos do nosso século, após a separação e a ida da filha
para a faculdade, ele busca refúgio na casa da família de origem. Seu corpo
expressa aquilo que não consegue elaborar, a raiva contida.
O filme conta a história de
um jovem com autismo, chamado Cho-won, que se encontra apenas na corrida.
Quando criança, Cho Won regularmente tinha birras, e recusava-se a comunicar
com os outros - encontrando consolo em zebras e apenas no lanche coreano, Chocopie.
Sua mãe nunca desistiu dele e estava determinada a provar ao mundo que seu
filho pode ser normal. Ao envelhecer, ele começa a descobrir a paixão pela
corrida e sua mãe está lá para encorajar e apoiar ele. Apesar de ambos sofrerem
com a família e de problemas financeiros, eles encontram um antigo campeão de
maratona - agora um homem velho letárgico com problemas de alcoolismo, que ajuda
Cho-won a se superar.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA:
Contar
a história de um autista implica falar de relações familiares e sociais. Em
MARATHON não é diferente, acompanharemos a construção e desconstrução dessas
relações desde seu nascimento. As dificuldades enfrentadas pelos parentes, pais
e irmãos, durante o processo de educação, são apresentadas. A mãe, que se
dedica exaustivamente a aproximá-lo do mundo social, carrega também culpa por
seus conflitos internos. Acompanhamos as dificuldades de uma família lidar com o autista, da complexidade em sua forma de perceber o mundo, diferente dos neurotípicos (como são considerados os ditos “normais”). A hipersensibilidade sensorial e as comuns crises de ansiedade são retratatadas na trama, que revela muito do universo autista. A mãe procura,
incansavelmente, qualquer possibilidade de suporte ao filho, muitas vezes esquecendo-se
de si e dos outros membros da família. Como acontece com muitas mães de
autista, ela busca sua forma peculiar de ensinar, traduzir e proteger. Na fase adulta do jovem, ela só deseja que o
filho morra um dia antes dela, para que ainda possa ser cuidado por ela. O
irmão, muitas vezes preterido, em função das necessidades do autista, revela mágoa em seu comportamento.
Relações familiares, afetivas, terapêutica e social, Autismo, Asperger.
SINOPSE
Sam ( Keir Gilchrist) é um jovem autista de 18
anos que está em busca de sua própria independência. Nesta jornada, repleta de
desafios, mas que rende algumas risadas, ele e sua família aprendem a lidar com
é tão óbvio assim.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Arypical
(atípico) é a nova série da Netflix, que traz algumas singularidades do
Espectro Autista para o centro do debate, muito mais para familiarizar o
público, do que para rotular diferenças. Sam é atípico, não funciona como a
maioria, foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na forma
branda, o que antes era diagnosticado como Síndrome de Asperger. Difere do autismo
clássico, não só pelos sintomas mais leves, mas principalmente por sua
capacidade cognitiva, muitas vezes com a inteligência acima da média. Sua forma de perceber o mundo é apresentada,
favorecendo ao espectador compreender melhor o universo autista. Sim, Sam tem
uma família comum, que aos poucos conhecemos em sua rotina imperfeita. Todos os
personagens são humanos, repletos de conflitos e imperfeições, o que torna a série
crível e simpática. A irmã de Sam é sua parceira, sua protetora e amiga. Ela também
é atleta e leva muito a sério seu treino diário. Sam freqüenta a psicoterapia,
vai à mesma escola da irmã e trabalha numa loja de eletro-eletrônicos. Seu pai
trabalha fora e sua mãe abriu mão da carreira para dar suporte às necessidades
do filho. Somos convidados a conhecer o
universo de Sam pela ótica autista, uma forma singular de perceber o mundo. Aos
poucos, conhecemos a difícil realidade, não só dos familiares, mas da sociedade
em geral, no trato com o TEA. A falta de compreensão ou informação sobre a
condição autista e suas particularidades pode dificultar as relações, não só da
sociedade com o portador, mas também do autista consigo mesmo e com o mundo.
Ele se esforça para ser aceito pela sociedade, apesar de não perceber o entorno
da mesma forma. Muitas vezes, o TEA desenvolve crises de depressão ou
ansiedade, muito antes de compreender a si mesmo e as diferentes formas de
perceber o mundo. O diagnóstico e a informação sobre suas particularidades podem
favorecer uma vida mais saudável, integrando sua identidade. A série presta um
serviço social ao apresentar sintomas e dificuldades reais vivenciadas por Sam e
seus familiares. Quase didática, a série costura as relações afetivas e sociais
de forma leve, agradável e até engraçada. A primeira temporada deixa o gosto de
“quero mais” no espectador, pois além de promover esclarecimentos sobre o TEA,
traz conflitos e conquistas de outros personagens bem reais, humanos e
imperfeitos como todos nós. Vale conferir.
Durante um período de ocupação nazista na
França, os jovens irmãos judeus Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le
Clech) embarcam em uma aventura para escapar dos nazistas. Em meio a invasão e
a perseguição, eles se monstram espertos, corajosos e inteligentes em sua
escapada, tudo com o objetivo de reunir a família mais uma vez.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Numa
época na qual os valores se perdem, quando as crianças não são convidadas a
enfrentar seus próprios desafios, sendo protegidas em demasia, o filme se torna
necessário. Sim, necessário para reflexão de pais educadores e filhos
contemporâneos, tão íntimos dos avanços tecnológicos e ao mesmo tempo, tão
distantes das necessidades reais. A trama acompanha a saga de dois irmãos
diante dos horrores do Holocausto e da segunda Guerra mundial. Eles pertencem a uma família feliz, unida,
amorosa e judia. Maurice e Joseph
descobrem da pior forma possível como a intolerância pode se tornar uma
epidemia. Seus colegas de escola, “contaminados” pelo pensamento nazista
anti-semita, passam a hostilizá-los da noite para o dia, apenas por ostentarem
a identificação judaica. Eles deixam de ser reconhecidos como pessoas, passam a
ostentar um rótulo, que os classifica como algo a ser eliminado. Na mesma
velocidade da ocupação nazista, a trajetória de vida deles é radicalmente
transformada, o mundo exige novas estratégias. A estrutura familiar fica
evidenciada na emergência da situação, quando o pai impõe o limite necessário,
mesmo que seja preciso separar, agredir, desconstruir ensinamentos, até mesmo sobre
a própria identidade. Eles precisam aprender a mentir para sobreviver. Os
meninos aprendem com a experiência, sem o suporte físico dos pais, mas apoiados
na estrutura fornecida por aquela família amorosa. É um filme lindo,
emocionante, delicado. A urgência, de cada dura experiência, prepara-os para o
momento seguinte, tornando-os mais fortes. Não é nada fácil, o que fica
evidente na fragilidade das crianças, que podem chorar, chamar pela mãe, quase
desistir, entretanto, contam com a sorte em momentos de desesperança. A
intolerância e violência retratadas na trama são contrastadas com a reação humanitária
de Joseph, diante da reação vingativa dos franceses no fim da guerra. Ele
mente, ele surpreende, ele aprendeu com a própria dor a não desejar o mesmo
para o outro. Ele aprendeu que a diferença não é justificativa para a violência
e que todos são iguais, independente da raça, cor ou crença. Ele nos alerta
sobre a necessidade de respeitarmos as diferenças, aceitando múltiplas
singularidades do ser. As crianças experimentam situações dolorosas, que os
ensinam sobre si mesmos, descortinando o próprio potencial.
Alcoolismo,
dependência química, racismo, luto, disputa de guarda de menor, direito, relações
familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Ao mesmo tempo que se
esforça para superar a recente perda da mulher, Elliot Anderson (Kevin Costner) tenta dar o melhor de si a Eloise (Jillian Estell), a neta que vive aos seus
cuidados desde a trágica morte da sua filha. Apesar das dificuldades inerentes
à sua condição de viúvo e avô, a criança tornou-se a sua única razão de viver e
o que o motiva a continuar. Quando We-we (Octavia
Spencer), a avó da criança, o informa das intenções de obter a custódia
partilhada, Elliot recusa-se terminantemente a aceitar. De um momento para o
outro, a pequena Eloise é forçada a dividir-se entre as duas famílias que lutam
pela sua atenção e pelo que consideram ser o melhor. Quando a rivalidade entre
os dois sexagenários chega à barra do tribunal, eles vêem-se confrontados com
algumas das suas crenças e preconceitos mais enraizados.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
O
título original é “Back or White”, usando “or” (o – em português) no lugar do “e”
do título em português. O que agrada de cara, tendo em vista que muito do
trabalho terapêutico da Abordagem Gestáltica está focado na integração de
polaridades. Ou seja, priorizamos a noção integrativa oferecida pelo aditivo “e”,
em detrimento das dicotomias promovidas pelo “ou”. Afinal, por que não as duas
coisas? A visão dicotômica de conceitos como, “preto ou branco”, “bom e mau”, “verdade
ou mentira” são restritivas e estão sendo revisadas, muitas vezes sendo substituídas
por noções mais integrativas. O filme desenvolve essa idéia, ainda que o
processo tente argumentar uma divisão racista em nome da vitória nos tribunais.
Mas, o drama é mais que isso. Fala de luto, de alcoolismo, de dependência
química, de mágoas, de relações familiares, de super proteção, de construção de
afetos e desafetos.
Anorexia,
distúrbios alimentares, família disfuncional, relações familiares, afetivas e
sociais.
SINOPSE
Uma jovem (Lily Collins) está lidando com um
problema que afeta muitos jovens no mundo: a anorexia. Sem perspectivas de se
livrar da doença e ter uma vida feliz e saudável, a moça passa os dias sem
esperança. Porém, quando ela encontra um médico (Keanu Reeves) não convencional
que a desafia a enfrentar sua condição e abraçar a vida, tudo pode mudar.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Anorexia,
entre outros distúrbios alimentares, é tema central do filme. Ellen, 20 anos, tem
anorexia, uma doença que afeta também aos familiares. Antes de tudo, vamos falar sobre transtornos
alimentares, um mal que atinge parcela significativa da população. Os
transtornos alimentares envolvem fatores
biológicos, psicológicos, familiares, socioculturais, genéticos e de
personalidade. A anorexia é um dos principais transtornos
alimentares contemporâneos, no qual a pessoa vive o peso ou a forma do corpo de
uma forma distorcida, se recusando a manter o peso corporal dentro do mínimo considerado
adequado para sua idade e altura. Ellen acredita ter a situação sob controle,
quando seu corpo revela o contrário, uma aparência esquelética e assustadora. A
família, embora seja apresentada como disfuncional, está abalada, tentando ajudar
da melhor forma possível, para cada um. Filha de pais separados, Ellen morou
mais tempo com a mãe e sua namorada, mas foi enviada para a casa do pai, no
momento em que a mãe não suportou mais lidar com a questão da anorexia. Apesar
do pai ausente, assistimos o bom convívio com sua meia irmã e o esforço de sua
madrasta em buscar ajuda para a enteada. Embora a família seja apontada como
conflituosa e disfuncional, em nenhum momento são citados como responsáveis,
nem é o foco da trama. Que, aliás, explora mais as questões do ponto de vista
daqueles acometidos pelo transtorno. “Aqueles” são os outros personagens em
tratamento, que embora sejam pano de fundo, também retratam suas angústias. O
encontro com eles apresenta outras perspectivas do transtorno, seja pelos
sintomas ou pela singularidade de cada personagem ao lidar com o problema.
Uma exposição celebrando a fotógrafa Isabelle
Reed (Isabelle Huppert) três anos após sua morte prematura traz seu filho
mais velho Jonah (Jesse Eisenberg) de volta para a casa da família
– forçando-o a passar mais tempo com seu pai Gene (Gabriel Byrne) e com
seu recluso irmão mais novo Conrad (Devin Druid) do que ele passou em
anos. Com os três sob o mesmo teto, Gene tenta desesperadamente
conectar-se com seus dois filhos, mas eles lutam para reconciliar
seus sentimentos em relação à mulher que eles se lembram de maneira tão
diferente.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O título pode
nos remeter a diferentes perspectivas do drama, como a explosão que causa em
cada personagem ou no espectador. A
fotógrafa falecida é o elo entre os personagens. O ofício de retratar situações de guerra,
envolvendo os afetados, inaugura uma questão pertinente, ao revelar uma linha
tênue entre o que é e o que pode aparentar. Tal questionamento nos remete a
outras guerras do cotidiano, seja com os semelhantes, ou, consigo mesmo.
Afinal, entre o que aparentamos e o que somos pode haver uma distância
considerável. É exatamente aí que
identificamos um sentimento comum a muitos personagens contemporâneos, reais,
que não compreendem as aparências comumente retratadas, sentem-se
particularmente deslocados. A lembrança
da falecida é retratada por diferentes pontos de vista. As diferentes formas de
lidar com o luto e suas complicações são evocadas no momento de reunir material
para a exposição dos trabalhos. O marido,
que tem problemas como filho adolescente, convida o filho casado não só para
ajudá-lo a separar o material, mas principalmente para ajudá-lo na comunicação
com o mais novo. As diferentes formas de
lidar com a falta que aquela mulher faz se desdobra.
França, década de 1950.
Gabrielle nasceu e cresceu numa pequena aldeia, numa época em que ser mulher
significava deixar a casa dos pais e ser entregue a um marido. Ser apenas
esposa e mãe era um destino quase inevitável. Conscientes da sua rebeldia, os
pais resolvem casá-la com o José, um trabalhador esforçado de origem espanhola,
com a missão de fazer dela uma mulher respeitável. Apesar de toda a dedicação
de José, ela nunca se entrega de corpo e alma ao marido, por quem sente algum
desprezo. Alguns anos depois, sofrendo de dores crônicas nos rins, Gabrielle é
enviada para uma estância termal nos Alpes. Lá, conhece André Sauvage, um
ex-soldado ferido na guerra da Indochina, por quem se apaixona ao primeiro
olhar. Durante as seis semanas seguintes, vai viver umamor que nunca julgou possível…
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Por
um instante, somos convidados a refletir sobre diferentes momentos do papel
feminino ao longo história. Antes de somente estranhar o comportamento de
Gabrielle, é preciso ter um olhar aguçado para a sexualidade feminina,
contextualizando, não só o ambiente familiar, mas também sua época. A burguesia
agrícola é palco para que o mito da histeria tenha lugar. Gabbrielle desafia regras e convenções, expressa
desejos reprimidos descontroladamente. Tida
como louca, ela oscila entre momentos de melancolia e o desejo de romper
barreiras, a apatia e o ataque de fúria. A paixão, tão comum nas transformações
hormonais femininas se torna ato, assédio. A frustração, com a constatação de
sua paixão platônica, se torna surto, desordem, realidade cruel. Dentro de uma
sociedade convencional, sua feminilidade indomável é direcionada para soluções
burguesas, a escolha de um casamento arranjado como opção, aprisionando o
desejo. Sua sexualidade está entrelaçada com a paixão, desejo e amor não podem
ser separados. Para não ser internada, ela aceita se casar, mas sufoca seu desejo,
sua sexualidade latente. Ela impõe regras, mantém distância afetiva do marido.
É no momento de cuidar de sua doença renal, uma metáfora de seu desejo
encarcerado, que Gabrielle volta a fantasiar, amando o amor, sonhando ser
amada, vivendo sua fantasia de amor perfeito, apaixonado, indomável.