sábado, 12 de setembro de 2015

O pequeno príncipe

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Infância, relações familiares, sociais e afetivas, solidão, educação, controle, universo lúdico, criatividade e sensibilidade.
SINOPSE
Uma garota acaba de se mudar com a mãe, uma controladora obsessiva que deseja definir antecipadamente todos os passos da filha para que ela seja aprovada em uma escola conceituada. Entretanto, um acidente provocado por seu vizinho faz com que a hélice de um avião abra um enorme buraco em sua casa. Curiosa em saber como o objeto parou ali, ela decide investigar. Logo conhece e se torna amiga de seu novo vizinho, um senhor que lhe conta a história de um pequeno príncipe que vive em um asteróide com sua rosa e, um dia, encontrou um aviador perdido no deserto em plena Terra.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
O assunto do setting terapêutico girava em torno do tema pontuado pela irmã, que sinalizou sua forma séria de educar. Nós conversávamos sobre o quanto a responsabilidade de educar provoca certa seriedade, principalmente em situações de pais separados, quando aquele que fica com a criança tem que fazer dois papéis, pai e mãe. O projeto de educar ocupa a mente da mãe ou pai de tal forma, que eles se esquecem de relaxar, brincar, acessar a criança em suas necessidades básicas. Lembrei-me, então, de um alerta de Ângelo Gaiarsa, um psiquiatra brasileiro, que afirmava que muitas mães estão tão preocupadas em serem “boas mães”, e, investem toda energia em alguma “receita” aprendida. Durante o processo há desperdício de energia, o que torna impossível ouvir o próprio filho com suas demandas particulares. Hoje fui ver O PEQUENO PRÍNCIPE, e, logo no início me lembrei desse episódio, quando em off, o personagem fala “Os adultos esquecem de brincar”. Imediatamente, percebi que o filme podia superar minhas expectativas. Sim, o filme é indicado não só para crianças, mas também para todo pai ou mãe, que ao se preocupar com o futuro do filho (a), planeja, investe e controla as suas atividades, visando a “melhor educação” para um futuro promissor. Durante esse processo, eles se esquecem de brincar, de ouvir e de participar efetivamente do universo da criança, muitas vezes sufocando seu potencial criativo. Além disso, na ânsia de garantir o futuro de um filho,  eles abandonam a criança interior, deixam de se divertir com a família, ficam sempre alertas para o comportamento “certo” e  “errado” do filho, assim,  afastam as possibilidades de crescerem juntos, de forma prazerosa, criativa e divertida. Voltando ao filme, quem conhece o livro também poderá se surpreender, pois a trama vai um pouco além do que foi proposto no livro de Saint-Exupéry.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Coração mudo

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Esclerose múltipla (esclerose lateral amiotrófica), eutanásia, relações familiares, afetivas e sociais, segredo.
SINOPSE
Três gerações de uma família se encontram na casa da matriarca para um fim de semana. Doente terminal, ela está decidida a acabar com sua vida naquele domingo e, por isso, deseja dar o adeus final a seus entes mais queridos. Sanne e Heidi, suas filhas, já concordaram em acatar a decisão da mãe de partir antes da doença se agravar, mas a proximidade com o fim faz da decisão algo cada vez mais difícil de lidar. Enquanto o fim de semana progride, antigos conflitos voltam a atormentá-los.
IMAGEM
O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Coração Mudo” (2014) do dinamarquês Bille August (Marie Krøyer – 2012, Trem Noturno para Lisboa – 2013). O filme explora um tema polêmico, estamos falando de eutanásia. Diferentes aspectos são apontados na trama, envolvendo a decisão de um suicídio com o consentimento de toda a família, a aceitação e sofrimento dos envolvidos, segredos familiares, conflitos antigos e a experiência de viver um luto antecipado. As três gerações da família enfrentam a difícil questão, cada qual com sua perspectiva singular. Aos poucos vamos conhecendo a dinâmica das relações da família, as questões pessoais de cada elemento, sua forma de enfrentar a possível despedida. Somos convidados a refletir nossos lutos, nossas questões pessoais e familiares, nosso sistema de relações. Esther sofre de esclerose lateral amiotrófica, uma doença que irá acabar com ela em questão de pouco tempo: ela não terá mais os movimentos do corpo, perderá a consciência e no fim precisará de ajuda até para respirar. Com o consentimento de todos da família, eles farão uma despedida num fim de semana. Quando o momento chegar, tudo acontecerá sem que não fique claro tratar-se de escolha. Não será um final de semana fácil, definitivamente, não!

sábado, 22 de agosto de 2015

A dama dourada

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História, Artes, holocausto, relações sociais, familiares e afetivas, atualização.
SINOPSE
A Dama Dourada narra a excepcional jornada, baseada em fatos reais, de uma mulher para reinvidicar sua herança e procurar justiça para o que aconteceu com sua família. Sessenta anos depois de fugir de avião de Viena, durante a Segunda Guerra Mundial, uma senhora judia, Maria Altmann (Helen Mirren), começa a sua jornada para recuperar os bens de sua família apreendidos pelos nazistas, entre eles a obra-prima do pintor Gustav Klimt `Retrato de Adele Bloch-Bauer´. Na companhia de seu inexperiente, mas valente jovem advogado Randy Schoenberg (Ryan Reynolds), Maria embarca numa grande batalha que os leva diretamente ao coração do governo austríaco e também à Suprema Corte Americana, o que obriga a destemida e determinada velha dama a confrontar difíceis revelações e inesperadas verdades ao longo do percurso.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado por Selma Ciornai, o filme encanta em sua forma delicada de contar fatos históricos. Ao contrário de alguns críticos, que consideraram o filme superficial, principalmente diante da perspectiva de narrar episódios do holocausto, considerei o drama sensível, sem se tornar melodramático. Impossível acompanhar as lembranças de Maria e não ser tocado na alma. Fiquei me perguntando, em diferentes momentos, como pode ter sido tão retente o pesadelo vivenciado por muitos. Maria se viu obrigada a enfrentar o passado que quis esquecer. A dor evitada precisou ser encarada, revisitada, assim oferecendo a possibilidade ser atualizada. A história de Maria é também de todos nós, seja por seu aspecto individual ou não. Cada um de nós já foi desafiado pela vida para enfrentar um fantasma do passado, algo que foi evitado a todo custo. No entanto, o passado que está nos assombrando no presente, nem que seja apenas por um movimento repetido de negação, não é mais passado, torna-se obstáculo para vivenciarmos o agora. Diante disso, visitar nossa história é também colocar o passado em seu lugar, nos permitindo a vivência do momento presente em sua plenitude. Por outro lado, somos produto também da história da humanidade, que ao longo de séculos apresentou dolorosos e vergonhosos episódios, como o holocausto, um passado mais recente do que queremos admitir. Ler sobre ou assistir a um filme que conta sobre os horrores do holocausto nos coloca no lugar de expectadores, afastados e em certo ponto alienados daquela realidade narrada. A DAMA DOURADA costura passado e presente, através da memória de Maria, durante o embate jurídico, para a recuperação das obras de arte da família. Entretanto, os não ditos e a superficialidade apontada pelos críticos foram os aspectos que favoreceram a minha aproximação daquela realidade. O seu tom raso, sem tender para excessos, - seja no maior aprofundamento dos dados jurídicos, artísticos ou históricos,- oferece maior intimidade do expectador. Talvez, o responsável por esse envolvimento seja o humor, que desarma as defesas, aguçando os sentidos e promovendo ricas reflexões.

Um momento pode mudar tudo

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Esclerose lateral amiotrófica (ELA), relações familiares, afetivas e sociais, polaridades.
SINOPSE
Kate (Hilary Swank) é uma pianista clássica sofisticada, casada, extremamente bem-sucedida e recém-diagnosticada com ELA (esclerose lateral amiotrófica, também conhecida como doença de Lou Gehrig). Bec (Emmy Rossum) é uma estudante impertinente e aspirante a cantora de rock que mal consegue dar conta caos que é a sua vida, tanto no aspecto romântico quanto em outras áreas. Conforme a doença de kate avança, seu casamento com Evan (Josh Duhamel) se deteriora. Quando Bec consegue o emprego para dar assistência a Kate, ambas passam a se apoiar em algo que se torna um laço não convencional. Como está sem objetivo, Bec está determinada a se tornar uma sombra íntima de Kate, passando por situações confusas e embaraçosamente cômicas. À medida que a cautelosa e voluntariosa Kate começa a se contagiar com o turbilhão e o espírito livre que é Bec – e vice versa – ambas acabam encarando arrependimentos, explorando novos territórios e expandindo suas ideias sobre quem realmente querem ser.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O título em inglês You're Not You (Você não é você), o que nos remete a ideia de não haver uma definição precisa sobre quem ou o que pensamos ser, sobre a transitoriedade da vida,que acontece num “vir a ser” constante. A doença de Kate se torna um marco para reflexão sobre sua existência, que não corresponde mais a um simples rótulo. Já em português, o título parece enfatizar a ruptura ocorrida na vida de Kate após ser diagnosticada com Esclerose Lateral Amiotrófica - (ELA) - uma doença degenerativa do sistema nervoso, que acarreta paralisia motora progressiva, irreversível, de maneira limitante. Quando os primeiros sintomas surgem, Kate vivencia o sonho de consumo de muitos, ela é bem casada e bem sucedida, tanto profissional como afetivamente. A vida estava sob controle até então. Ela perde sua autonomia, dependendo de outro para os pequenos movimentos, o que compromete também sua capacidade de escolha. Após serem apresentados os primeiros sintomas, o filme retrata um tempo depois, momento no qual ela se vê dependente do marido para quase tudo. Logo, é possível constatar sua dificuldade em aceitar a doença.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Vicky Cristina Barcelona

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Relações afetivas e sociais, poliamor, limites morais e sociais.
SINOPSE
Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são amigas e passam férias em Barcelona. Vicky está noiva e é sensata nas questões do amor. Cristina é pura emoção e movida a paixão. Durante uma exposição de arte, as duas se encantam pelo pintor Juan Antonio (Javier Bardem), que as convida mais tarde, durante um jantar, para uma viagem. O que elas não sabiam é que o galante sedutor mantém um relacionamento problemático com sua ex esposa Maria Elena (Penélope Cruz). E as coisas ainda ficam piores porque as duas, cada uma de sua forma, se interessam por ele, dando início a um complicado "quadrado" amoroso.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Após falar sobre poliamor através do filme Dieta Mediterrânea, que apresenta o relacionamento de dois homens com uma mulher, aqui encontramos o contrário, um homem e duas, talvez três mulheres. A perspectiva muda também em outros aspectos. Por exemplo, no primeiro instante, ao conhecer as moças, Juan Antonio é direto as convidando para uma viagem, onde poderão se aventurar, até na cama. As amigas, de personalidades quase opostas, reagem de forma distinta a tal proposta. Enquanto Cristina deseja ardentemente aceitar o convite, Vicky nega veementemente, alegando, entre outras coisas, estar noiva. No entanto, algo não revelado a convence e as duas embarcam no avião. O choque inicial, diante da proposta ousada de Juan, logo se dissipa, pois novos acontecimentos impedem que os planos dele se realizem. Não  falta desejo. Cristina, a mais liberal, não precisa de mais intimidade ou conhecimento, ela segue seus impulsos, se entrega aos desejos da alma e do corpo. Ainda assim, o inesperado acontece, eles não podem seguir adiante, ela passa mal. É por acaso, então, que Vicky e Juan se aproximam, aos poucos revelando as qualidades do sedutor. Ela, até então previsível, perde o controle, também se encanta por ele. Daí em diante, assistimos encontros e desencontros, construções e desconstruções de relacionamentos diversos.

Dieta Mediterrânea

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Relações afetivas, familiares, poliamor, culinária, conujagalidades.
SINOPSE
Sofia (Olivia Molina) nasceu prematuramente, em uma barbearia rodeada de homens. Nos 15 anos seguintes ela vive em meio às mesas e fogões do restaurante de seus pais. Já adulta, se casa com Toni (Paco León) e com ele tem três filhos. Só que, ao mesmo tempo em que ama seu marido, se apaixona por Frank (Alfonso Bassave), o agente que todo artista gostaria de ter. Com Frank ela aprende os segredos da gastronomia. Logo o trio firma um acordo profissional, que altera a forma de cozinhar de Sofia.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Leve, saboroso e ligeiramente picante”, foi assim que Line Macedo (Clique para ler o artigo completo) fez referência ao filme. Concordo. O filme é leve, toca em assuntos delicados de forma light, permitindo que o espectador compartilhe da evolução de Sofia, sem que os julgamentos tenham espaço suficiente para o estranhamento. É saboroso pela possibilidade da película trazer para as imagens diferentes sabores, através de cores no encontro entre aromas e paladares. Ligeiramente picante porque o filme ousa transcender o convencional, sem que para tanto se torne agressivo ou chocante. O filme escolhe outros caminhos. Aqui falamos de poliamor, um modelo de relação que inclui relações múltiplas, simultâneas e consentidas. Não se trata de uma modalidade de relação apenas sexual, inclui afetividade, um conceito novo para uma prática há muito existente. A trama retrata a construção dessa relação de uma forma quase natural. A disponibilidade de Sofia para explorar sabores, aromas e cores está em sua afinidade com a cozinha desde a infância, o que acaba por ser estendido para suas relações afetivas. Sim, Sofia explora os limites dos sentidos em suas relações, seja com as combinações dos alimentos ou de relacionamento.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Samba

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ASSUNTO
Síndrome de Burnout, situação do imigrante, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Samba (Omar Sy) é um imigrante do Senegal que vive há 10 anos na França e, desde então, tem se mantido no novo país às custas de empregos pequenos. Alice (Charlotte Gainsbourg), por sua vez, é uma executiva experiente que tem sofrido com estafa devido ao seu trabalho estressante. Enquanto ele faz o possível para conseguir os documentos necessários para arrumar um emprego digno, ela tenta recolocar a saúde e a vida pessoal no trilho, cabendo ao destino determinar se eles estarão juntos nessa busca em comum.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Comédia social, comédia romântica ou comédia dramática? Difícil definir. O filme toca em assuntos delicados. Fala um pouco da situação dos imigrantes na França, o que pode ser estendido para marginalizados de toda espécie ou mesmo para imigrantes em outros países. A trama toca suavemente em uma questão do nosso século, sobre as vítimas de nossa era, que adoecem por trabalhar excessivamente. A síndrome de Burnout é citada por Alice, que se encontra no trabalho atual por indicação terapêutica. A dedicação exagerada à atividade profissional é característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, a necessidade de se afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em obstinação e compulsão; o paciente nesta busca sofre, além de problemas de ordem psicológica, forte desgaste físico, gerando fadiga e exaustão. É uma patologia que atinge pessoas das mais diversas profissões. O filme não se propõe a aprofundar o assunto, apenas o cita. O tio de Samba sugere que Alice é uma deprimida, apontando-a de forma crítica, como tantos sintomas psicológicos são vistos por muitos. O encontro entre Alice e Samba permite que esses temas sejam abordados de forma sutil. Outros personagens surgem para dar um ar leve para a trama, tornando-a um entretenimento de bom gosto, sem que seja necessário aprofundar qualquer dos temas. De fato, o encontro de diferentes questões traz certo equilíbrio para ambos, que encontram um novo caminho para as próprias questões. Para o sonho distante de Samba é preciso abrir mão de uma perspectiva engessada, criando, talvez, uma nova forma de se perceber, se identificar. Para Alice, a possibilidade de sair da alienação afetiva, se permitindo sentir uma coisa de cada vez. O Brasil é sutilmente homenageado, seja na música, nas frases em português, ou, até mesmo, na personificação que o Argelino faz, para conquistar mais. Um entretenimento suave que ainda pode provocar o desejo do espectador pesquisar mais sobre os temas, ou não. Confira!






domingo, 12 de julho de 2015

O Cérebro de Hugo

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ASSUNTO
Autismo, Transtorno do Espectro Autista, Asperger, estudos e formas de tratamentos – Relações sociais, familiares, terapêuticas e afetivas.
SINOPSE
Filme Francês que fala do autismo. O filme mostra uma ficção, a história do Hugo, baseada em fatos reais, e ao mesmo tempo mostra declarações de pessoas auitistas e também mostra a história dos tartamentos psicológicos evidenciando os principais psicólogos que trabalharam com autismo.
TRAILER – Documentário completo no Youtube


O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para saber um pouco mais sobre o Universo autista, este documentário explora os estudos realizados no mundo sobre o assunto, a evolução do tratamento ao longo da história, e, inclui alguns depoimentos de autistas, aspies (Asperger) e familiares. Uma lição sobre o assunto, que nos coloca em alerta sobre o quanto ainda precisamos aprender sobre diferenças, sem que seja necessário rejeitar o que não pode ser compreendido. Recomendado para qualquer público, o documentário francês nos brinda com uma aula de cidadania. Não perca!!

sábado, 11 de julho de 2015

Gatos não têm vertigens

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ASSUNTO
Terceira idade, solidão, família disfuncional, adolescência, luto, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Rosa (Maria do Céu Guerra), uma professora reformada de 73 anos, recusa admitir que o seu marido (Nicolau Breyner) morreu e continua a vê-lo e a conversar com ele. Jó, que acabou de fazer 18 anos, foi expulso de casa. Os dois vão encontrar-se e iniciar uma improvável e terna história de amor. Um filme que fala sobre a solidão, do luto, da velhice e do encontro de duas pessoas de mundos tão diferentes. Jó vive com uma turminha que faz pequenos furtos, tem um pai alcoólatra e violento e sua mãe o abandonou. Ele está fazendo 18 anos e ninguém liga para ele. Rosa perdeu seu marido, seu grande companheiro e agora tem que enfrentar o genro que está de olho em seu apartamento para vendê-lo e sua filha que pensa que ela não pode mais viver sozinha, que precisa ir para um lar de idosos. É quando o destino vai unir estes dois e tudo pode ser diferente. Um belo filme.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Jó é um delinquente, proveniente de uma família disfuncional, abandonado pela mãe e sem suporte adequado do pai, que é alcoólatra. Rosa está em processo de luto, acaba de perder o marido e continua a dialogar com a imagem dele, que para ela permanece nos cômodos de sua casa. O jovem, ao fazer 18 anos, espera que alguém se lembre, lhe preparando algum tipo de surpresa ou dando-lhe algum presente. Rosa, na terceira idade, enfrenta o luto e a solidão. Como muitos em situações semelhantes, ela também precisa reafirmar sua autonomia, pois sua filha e genro programam vender seu apartamento e mandá-la para um lar de idosos. Se Jó se frustra com a pouca sensibilidade de seus pais no dia do seu aniversário, Rosa se decepciona ao perceber as intenções do genro em anular sua capacidade de decisão. O improvável encontro deles acaba por inaugurar um campo de suporte para o momento conturbado vivenciado por ambos. As diferenças permitem que ambos tenham a oportunidade de se deslocar daquele lugar, no qual estão neuroticamente aprisionados. Repleto de clichês, o filme não chega a ser uma obra prima, que aprofunde qualquer dos assuntos propostos. Entretanto, nos oferece, sim, boas oportunidades de reflexão.

sábado, 4 de julho de 2015

Divertida Mente

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Totalidade, Gestalt-terapia, emoções, memória, depressão, apatia.
SINOPSE
Crescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith). As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Sucesso de público e de crítica, DIVERTIDA MENTE ainda pode render muito assunto. Logo, me chamou a atenção o fato da menina Riley enfrentar aos 11 anos sua primeira crise. Muitas famílias protegem os filhos por bastante tempo, tornando difícil o enfrentamento das crises previsíveis da vida. Na realidade, o amor superprotetor não tem intenção de tornar o filho inseguro, ao contrário, a intenção é que o filho não sofra, não sinta dor, não encare os fatos difíceis da vida ainda cedo. A informação recebida pelas crianças, nessas situações, é de que elas não são capazes de enfrentar problemas. Fica a dica, embora não seja o assunto do filme. Então, voltando para DIVERTIDA MENTE, trata-se uma animação repleta de símbolos que podem nos levar a diversas reflexões. Nosso olhar será gestáltico, à medida que escolhe as emoções como partes da totalidade do ser. A Gestalt-terapia tem uma visão de homem como organismo em relação, uma totalidade, onde as partes de relacionam, um movimento constante de tornar-se integrado. A alegria é a emoção privilegiada na trama, tentando estar no comando o tempo todo, com a finalidade de tornar a vida feliz. Seu oposto, a tristeza, é sempre colocada para segundo plano, evitada a qualquer preço, afinal, todos buscam a felicidade. É aí que o filme nos encanta, elaborando de forma lúdica movimentos tão semelhantes com as ideias e ideais perseguidos pelo ser humano. Medo, nojinho e raiva são as outras emoções personificadas no filme. Ainda criança, a menina tem com o medo os alertas necessários para evitar problemas. Nojinho é também mostrada como uma emoção, no caso, capaz de ajudar Riley a rejeitar alimentos e situações que podem não ser agradáveis. A raiva, embora não seja explorada em sua devida importância, é apresentada como parte necessária para nossa sobrevivência. Fomos educados para não respeitarmos a raiva como emoção válida, muitas vezes aprendendo que é feio sentir raiva, o que muito atrapalha nossa evolução, tendo em vista que a raiva é também parte do que sentimos. Fingir que tal emoção não existe, com a finalidade de parecermos “bonzinhos” só ajuda a nos desintegrar, não aceitando parte de nossa existência. Como o propósito do ser humano é a integração, vemos na animação um movimento bastante semelhante ao do ser humano.

sábado, 9 de maio de 2015

Entre abelhas

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ASSUNTO
Casal e família, separação. Relações afetivas, familiares e sociais, depressão.
SINOPSE
Bruno (Fábio Porchat), um editor de imagens recém-separado da mulher (Giovanna Lancellotti), começa a deixar de ver as pessoas. Ele tropeça no ar, esbarra no que não vê, até perceber que as pessoas ao seu redor estão ficando invisíveis. Com a ajuda da mãe (Irene Ravache) e do melhor amigo (Marcos Veras), ele tentará descobrir o que se passa em sua vida. Mesclando momentos engraçados, gerado pela situação, Bruno recorre a mãe. Mas a invisibilidade parece piorar e pessoas essenciais da vida de Bruno estão ameaçadas de se tornarem invisíveis também.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Inesperado, surpreendente, decepcionante. Falamos do mesmo filme, público diferentes surpresas e decepções inesperadas. Certamente, quem espera algo do estilo humorístico de “porta dos fundos” ou do que costumamos ver na atuação de Fábio Porchat, se decepcionará. Não é uma comédia leve, muito menos de fácil compreensão. Definitivamente, seu roteiro está muito longe daquela fórmula conhecida dos filmes comerciais, ele ousa, vai além, é surreal, é metafórico!. Ultrapassando o estilo fácil, o filme propõe reflexões, não oferece respostas nem explicações, apenas provoca diferentes interpretações, implicando o espectador no enredo. Lembrei-me daquela propaganda, que dizia mais ou menos isto: O MUNDO É FEITO DE PERGUNTAS. Pois é, que perguntas são provocadas pelo longa? O que estamos de fato vendo? É muito fácil criticar o personagem, que por sua condição, aos poucos deixa de ver pessoas significativas. Cada espectador pode se perguntar também, que pessoas consegue ver, de verdade. Em nosso cotidiano, quem e o que nos permitimos ver? O que escolhemos ver e ouvir? Como estamos usando nossos sentidos? Embora, o filme retrate o sentido da visão como aquele claramente prejudicado em momento de luto, a audição também falha para Bruno. O filme denuncia, através da alienação dos sentidos de Bruno, a distância cotidiana de nossa bússola principal: os nossos sentidos. Muitas vezes obstruídos por razões e emoções, promovendo o desequilíbrio na saúde. Impossível desconsiderar o drama de qualquer separação, pois independente de quem teve a iniciativa de por fim a uma relação, enfrentar uma separação é lidar o com fim de um sonho, um projeto. É difícil, é dramático e às vezes um luto insuportável. Sim, Bruno está de luto, a ficha da separação custa a cair. Seu ritmo é diferente da ex-esposa, para ele tudo aconteceu muito rápido. A proposta da “despedida de casado” não pareceu divertida para ele. Aos poucos, as pessoas desaparecem. Mãe, médico, psicólogo e amigo, todos tentam ajudar de seu jeito. A mãe, ora superprotetora, ora assustada, tenta traçar uma estratégia. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. As situações hilárias têm espaço, não tirando a seriedade do drama, que inclui o público em suas angústias.  Compartilhamos com ele de momentos difíceis, sem sentido, no melhor significado da palavra, afinal, seus sentidos o estão enganando. Seu amigo Davi, retratado como um homem de moral duvidosa, do estilo egoísta, infiel, irresponsável, é incapaz de ver o que o amigo está passando. Claro, sua forma de resolver as coisas não permite que ele enxergue outras opções, nem a própria dificuldade de enfrentar suas questões. Não, o melhor amigo de Bruno não pode servir de exemplo, nem suporte. Os diálogos, com o psicólogo que acha cedo para medicação, são esclarecedores para o público, não para Bruno. Ele não está preparado para ouvir. Ele faz sinalizações importantes, mas o cliente não pode ainda compreender.