sábado, 12 de setembro de 2015

O pequeno príncipe

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Infância, relações familiares, sociais e afetivas, solidão, educação, controle, universo lúdico, criatividade e sensibilidade.
SINOPSE
Uma garota acaba de se mudar com a mãe, uma controladora obsessiva que deseja definir antecipadamente todos os passos da filha para que ela seja aprovada em uma escola conceituada. Entretanto, um acidente provocado por seu vizinho faz com que a hélice de um avião abra um enorme buraco em sua casa. Curiosa em saber como o objeto parou ali, ela decide investigar. Logo conhece e se torna amiga de seu novo vizinho, um senhor que lhe conta a história de um pequeno príncipe que vive em um asteróide com sua rosa e, um dia, encontrou um aviador perdido no deserto em plena Terra.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
O assunto do setting terapêutico girava em torno do tema pontuado pela irmã, que sinalizou sua forma séria de educar. Nós conversávamos sobre o quanto a responsabilidade de educar provoca certa seriedade, principalmente em situações de pais separados, quando aquele que fica com a criança tem que fazer dois papéis, pai e mãe. O projeto de educar ocupa a mente da mãe ou pai de tal forma, que eles se esquecem de relaxar, brincar, acessar a criança em suas necessidades básicas. Lembrei-me, então, de um alerta de Ângelo Gaiarsa, um psiquiatra brasileiro, que afirmava que muitas mães estão tão preocupadas em serem “boas mães”, e, investem toda energia em alguma “receita” aprendida. Durante o processo há desperdício de energia, o que torna impossível ouvir o próprio filho com suas demandas particulares. Hoje fui ver O PEQUENO PRÍNCIPE, e, logo no início me lembrei desse episódio, quando em off, o personagem fala “Os adultos esquecem de brincar”. Imediatamente, percebi que o filme podia superar minhas expectativas. Sim, o filme é indicado não só para crianças, mas também para todo pai ou mãe, que ao se preocupar com o futuro do filho (a), planeja, investe e controla as suas atividades, visando a “melhor educação” para um futuro promissor. Durante esse processo, eles se esquecem de brincar, de ouvir e de participar efetivamente do universo da criança, muitas vezes sufocando seu potencial criativo. Além disso, na ânsia de garantir o futuro de um filho,  eles abandonam a criança interior, deixam de se divertir com a família, ficam sempre alertas para o comportamento “certo” e  “errado” do filho, assim,  afastam as possibilidades de crescerem juntos, de forma prazerosa, criativa e divertida. Voltando ao filme, quem conhece o livro também poderá se surpreender, pois a trama vai um pouco além do que foi proposto no livro de Saint-Exupéry.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Coração mudo

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Esclerose múltipla (esclerose lateral amiotrófica), eutanásia, relações familiares, afetivas e sociais, segredo.
SINOPSE
Três gerações de uma família se encontram na casa da matriarca para um fim de semana. Doente terminal, ela está decidida a acabar com sua vida naquele domingo e, por isso, deseja dar o adeus final a seus entes mais queridos. Sanne e Heidi, suas filhas, já concordaram em acatar a decisão da mãe de partir antes da doença se agravar, mas a proximidade com o fim faz da decisão algo cada vez mais difícil de lidar. Enquanto o fim de semana progride, antigos conflitos voltam a atormentá-los.
IMAGEM
O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Coração Mudo” (2014) do dinamarquês Bille August (Marie Krøyer – 2012, Trem Noturno para Lisboa – 2013). O filme explora um tema polêmico, estamos falando de eutanásia. Diferentes aspectos são apontados na trama, envolvendo a decisão de um suicídio com o consentimento de toda a família, a aceitação e sofrimento dos envolvidos, segredos familiares, conflitos antigos e a experiência de viver um luto antecipado. As três gerações da família enfrentam a difícil questão, cada qual com sua perspectiva singular. Aos poucos vamos conhecendo a dinâmica das relações da família, as questões pessoais de cada elemento, sua forma de enfrentar a possível despedida. Somos convidados a refletir nossos lutos, nossas questões pessoais e familiares, nosso sistema de relações. Esther sofre de esclerose lateral amiotrófica, uma doença que irá acabar com ela em questão de pouco tempo: ela não terá mais os movimentos do corpo, perderá a consciência e no fim precisará de ajuda até para respirar. Com o consentimento de todos da família, eles farão uma despedida num fim de semana. Quando o momento chegar, tudo acontecerá sem que não fique claro tratar-se de escolha. Não será um final de semana fácil, definitivamente, não!

sábado, 22 de agosto de 2015

A dama dourada

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História, Artes, holocausto, relações sociais, familiares e afetivas, atualização.
SINOPSE
A Dama Dourada narra a excepcional jornada, baseada em fatos reais, de uma mulher para reinvidicar sua herança e procurar justiça para o que aconteceu com sua família. Sessenta anos depois de fugir de avião de Viena, durante a Segunda Guerra Mundial, uma senhora judia, Maria Altmann (Helen Mirren), começa a sua jornada para recuperar os bens de sua família apreendidos pelos nazistas, entre eles a obra-prima do pintor Gustav Klimt `Retrato de Adele Bloch-Bauer´. Na companhia de seu inexperiente, mas valente jovem advogado Randy Schoenberg (Ryan Reynolds), Maria embarca numa grande batalha que os leva diretamente ao coração do governo austríaco e também à Suprema Corte Americana, o que obriga a destemida e determinada velha dama a confrontar difíceis revelações e inesperadas verdades ao longo do percurso.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado por Selma Ciornai, o filme encanta em sua forma delicada de contar fatos históricos. Ao contrário de alguns críticos, que consideraram o filme superficial, principalmente diante da perspectiva de narrar episódios do holocausto, considerei o drama sensível, sem se tornar melodramático. Impossível acompanhar as lembranças de Maria e não ser tocado na alma. Fiquei me perguntando, em diferentes momentos, como pode ter sido tão retente o pesadelo vivenciado por muitos. Maria se viu obrigada a enfrentar o passado que quis esquecer. A dor evitada precisou ser encarada, revisitada, assim oferecendo a possibilidade ser atualizada. A história de Maria é também de todos nós, seja por seu aspecto individual ou não. Cada um de nós já foi desafiado pela vida para enfrentar um fantasma do passado, algo que foi evitado a todo custo. No entanto, o passado que está nos assombrando no presente, nem que seja apenas por um movimento repetido de negação, não é mais passado, torna-se obstáculo para vivenciarmos o agora. Diante disso, visitar nossa história é também colocar o passado em seu lugar, nos permitindo a vivência do momento presente em sua plenitude. Por outro lado, somos produto também da história da humanidade, que ao longo de séculos apresentou dolorosos e vergonhosos episódios, como o holocausto, um passado mais recente do que queremos admitir. Ler sobre ou assistir a um filme que conta sobre os horrores do holocausto nos coloca no lugar de expectadores, afastados e em certo ponto alienados daquela realidade narrada. A DAMA DOURADA costura passado e presente, através da memória de Maria, durante o embate jurídico, para a recuperação das obras de arte da família. Entretanto, os não ditos e a superficialidade apontada pelos críticos foram os aspectos que favoreceram a minha aproximação daquela realidade. O seu tom raso, sem tender para excessos, - seja no maior aprofundamento dos dados jurídicos, artísticos ou históricos,- oferece maior intimidade do expectador. Talvez, o responsável por esse envolvimento seja o humor, que desarma as defesas, aguçando os sentidos e promovendo ricas reflexões.

Um momento pode mudar tudo

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Esclerose lateral amiotrófica (ELA), relações familiares, afetivas e sociais, polaridades.
SINOPSE
Kate (Hilary Swank) é uma pianista clássica sofisticada, casada, extremamente bem-sucedida e recém-diagnosticada com ELA (esclerose lateral amiotrófica, também conhecida como doença de Lou Gehrig). Bec (Emmy Rossum) é uma estudante impertinente e aspirante a cantora de rock que mal consegue dar conta caos que é a sua vida, tanto no aspecto romântico quanto em outras áreas. Conforme a doença de kate avança, seu casamento com Evan (Josh Duhamel) se deteriora. Quando Bec consegue o emprego para dar assistência a Kate, ambas passam a se apoiar em algo que se torna um laço não convencional. Como está sem objetivo, Bec está determinada a se tornar uma sombra íntima de Kate, passando por situações confusas e embaraçosamente cômicas. À medida que a cautelosa e voluntariosa Kate começa a se contagiar com o turbilhão e o espírito livre que é Bec – e vice versa – ambas acabam encarando arrependimentos, explorando novos territórios e expandindo suas ideias sobre quem realmente querem ser.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O título em inglês You're Not You (Você não é você), o que nos remete a ideia de não haver uma definição precisa sobre quem ou o que pensamos ser, sobre a transitoriedade da vida,que acontece num “vir a ser” constante. A doença de Kate se torna um marco para reflexão sobre sua existência, que não corresponde mais a um simples rótulo. Já em português, o título parece enfatizar a ruptura ocorrida na vida de Kate após ser diagnosticada com Esclerose Lateral Amiotrófica - (ELA) - uma doença degenerativa do sistema nervoso, que acarreta paralisia motora progressiva, irreversível, de maneira limitante. Quando os primeiros sintomas surgem, Kate vivencia o sonho de consumo de muitos, ela é bem casada e bem sucedida, tanto profissional como afetivamente. A vida estava sob controle até então. Ela perde sua autonomia, dependendo de outro para os pequenos movimentos, o que compromete também sua capacidade de escolha. Após serem apresentados os primeiros sintomas, o filme retrata um tempo depois, momento no qual ela se vê dependente do marido para quase tudo. Logo, é possível constatar sua dificuldade em aceitar a doença.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Vicky Cristina Barcelona

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Relações afetivas e sociais, poliamor, limites morais e sociais.
SINOPSE
Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são amigas e passam férias em Barcelona. Vicky está noiva e é sensata nas questões do amor. Cristina é pura emoção e movida a paixão. Durante uma exposição de arte, as duas se encantam pelo pintor Juan Antonio (Javier Bardem), que as convida mais tarde, durante um jantar, para uma viagem. O que elas não sabiam é que o galante sedutor mantém um relacionamento problemático com sua ex esposa Maria Elena (Penélope Cruz). E as coisas ainda ficam piores porque as duas, cada uma de sua forma, se interessam por ele, dando início a um complicado "quadrado" amoroso.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Após falar sobre poliamor através do filme Dieta Mediterrânea, que apresenta o relacionamento de dois homens com uma mulher, aqui encontramos o contrário, um homem e duas, talvez três mulheres. A perspectiva muda também em outros aspectos. Por exemplo, no primeiro instante, ao conhecer as moças, Juan Antonio é direto as convidando para uma viagem, onde poderão se aventurar, até na cama. As amigas, de personalidades quase opostas, reagem de forma distinta a tal proposta. Enquanto Cristina deseja ardentemente aceitar o convite, Vicky nega veementemente, alegando, entre outras coisas, estar noiva. No entanto, algo não revelado a convence e as duas embarcam no avião. O choque inicial, diante da proposta ousada de Juan, logo se dissipa, pois novos acontecimentos impedem que os planos dele se realizem. Não  falta desejo. Cristina, a mais liberal, não precisa de mais intimidade ou conhecimento, ela segue seus impulsos, se entrega aos desejos da alma e do corpo. Ainda assim, o inesperado acontece, eles não podem seguir adiante, ela passa mal. É por acaso, então, que Vicky e Juan se aproximam, aos poucos revelando as qualidades do sedutor. Ela, até então previsível, perde o controle, também se encanta por ele. Daí em diante, assistimos encontros e desencontros, construções e desconstruções de relacionamentos diversos.

Dieta Mediterrânea

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Relações afetivas, familiares, poliamor, culinária, conujagalidades.
SINOPSE
Sofia (Olivia Molina) nasceu prematuramente, em uma barbearia rodeada de homens. Nos 15 anos seguintes ela vive em meio às mesas e fogões do restaurante de seus pais. Já adulta, se casa com Toni (Paco León) e com ele tem três filhos. Só que, ao mesmo tempo em que ama seu marido, se apaixona por Frank (Alfonso Bassave), o agente que todo artista gostaria de ter. Com Frank ela aprende os segredos da gastronomia. Logo o trio firma um acordo profissional, que altera a forma de cozinhar de Sofia.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Leve, saboroso e ligeiramente picante”, foi assim que Line Macedo (Clique para ler o artigo completo) fez referência ao filme. Concordo. O filme é leve, toca em assuntos delicados de forma light, permitindo que o espectador compartilhe da evolução de Sofia, sem que os julgamentos tenham espaço suficiente para o estranhamento. É saboroso pela possibilidade da película trazer para as imagens diferentes sabores, através de cores no encontro entre aromas e paladares. Ligeiramente picante porque o filme ousa transcender o convencional, sem que para tanto se torne agressivo ou chocante. O filme escolhe outros caminhos. Aqui falamos de poliamor, um modelo de relação que inclui relações múltiplas, simultâneas e consentidas. Não se trata de uma modalidade de relação apenas sexual, inclui afetividade, um conceito novo para uma prática há muito existente. A trama retrata a construção dessa relação de uma forma quase natural. A disponibilidade de Sofia para explorar sabores, aromas e cores está em sua afinidade com a cozinha desde a infância, o que acaba por ser estendido para suas relações afetivas. Sim, Sofia explora os limites dos sentidos em suas relações, seja com as combinações dos alimentos ou de relacionamento.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Samba

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ASSUNTO
Síndrome de Burnout, situação do imigrante, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Samba (Omar Sy) é um imigrante do Senegal que vive há 10 anos na França e, desde então, tem se mantido no novo país às custas de empregos pequenos. Alice (Charlotte Gainsbourg), por sua vez, é uma executiva experiente que tem sofrido com estafa devido ao seu trabalho estressante. Enquanto ele faz o possível para conseguir os documentos necessários para arrumar um emprego digno, ela tenta recolocar a saúde e a vida pessoal no trilho, cabendo ao destino determinar se eles estarão juntos nessa busca em comum.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Comédia social, comédia romântica ou comédia dramática? Difícil definir. O filme toca em assuntos delicados. Fala um pouco da situação dos imigrantes na França, o que pode ser estendido para marginalizados de toda espécie ou mesmo para imigrantes em outros países. A trama toca suavemente em uma questão do nosso século, sobre as vítimas de nossa era, que adoecem por trabalhar excessivamente. A síndrome de Burnout é citada por Alice, que se encontra no trabalho atual por indicação terapêutica. A dedicação exagerada à atividade profissional é característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, a necessidade de se afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em obstinação e compulsão; o paciente nesta busca sofre, além de problemas de ordem psicológica, forte desgaste físico, gerando fadiga e exaustão. É uma patologia que atinge pessoas das mais diversas profissões. O filme não se propõe a aprofundar o assunto, apenas o cita. O tio de Samba sugere que Alice é uma deprimida, apontando-a de forma crítica, como tantos sintomas psicológicos são vistos por muitos. O encontro entre Alice e Samba permite que esses temas sejam abordados de forma sutil. Outros personagens surgem para dar um ar leve para a trama, tornando-a um entretenimento de bom gosto, sem que seja necessário aprofundar qualquer dos temas. De fato, o encontro de diferentes questões traz certo equilíbrio para ambos, que encontram um novo caminho para as próprias questões. Para o sonho distante de Samba é preciso abrir mão de uma perspectiva engessada, criando, talvez, uma nova forma de se perceber, se identificar. Para Alice, a possibilidade de sair da alienação afetiva, se permitindo sentir uma coisa de cada vez. O Brasil é sutilmente homenageado, seja na música, nas frases em português, ou, até mesmo, na personificação que o Argelino faz, para conquistar mais. Um entretenimento suave que ainda pode provocar o desejo do espectador pesquisar mais sobre os temas, ou não. Confira!






domingo, 12 de julho de 2015

O Cérebro de Hugo

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ASSUNTO
Autismo, Transtorno do Espectro Autista, Asperger, estudos e formas de tratamentos – Relações sociais, familiares, terapêuticas e afetivas.
SINOPSE
Filme Francês que fala do autismo. O filme mostra uma ficção, a história do Hugo, baseada em fatos reais, e ao mesmo tempo mostra declarações de pessoas auitistas e também mostra a história dos tartamentos psicológicos evidenciando os principais psicólogos que trabalharam com autismo.
TRAILER – Documentário completo no Youtube


O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para saber um pouco mais sobre o Universo autista, este documentário explora os estudos realizados no mundo sobre o assunto, a evolução do tratamento ao longo da história, e, inclui alguns depoimentos de autistas, aspies (Asperger) e familiares. Uma lição sobre o assunto, que nos coloca em alerta sobre o quanto ainda precisamos aprender sobre diferenças, sem que seja necessário rejeitar o que não pode ser compreendido. Recomendado para qualquer público, o documentário francês nos brinda com uma aula de cidadania. Não perca!!

sábado, 11 de julho de 2015

Gatos não têm vertigens

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ASSUNTO
Terceira idade, solidão, família disfuncional, adolescência, luto, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Rosa (Maria do Céu Guerra), uma professora reformada de 73 anos, recusa admitir que o seu marido (Nicolau Breyner) morreu e continua a vê-lo e a conversar com ele. Jó, que acabou de fazer 18 anos, foi expulso de casa. Os dois vão encontrar-se e iniciar uma improvável e terna história de amor. Um filme que fala sobre a solidão, do luto, da velhice e do encontro de duas pessoas de mundos tão diferentes. Jó vive com uma turminha que faz pequenos furtos, tem um pai alcoólatra e violento e sua mãe o abandonou. Ele está fazendo 18 anos e ninguém liga para ele. Rosa perdeu seu marido, seu grande companheiro e agora tem que enfrentar o genro que está de olho em seu apartamento para vendê-lo e sua filha que pensa que ela não pode mais viver sozinha, que precisa ir para um lar de idosos. É quando o destino vai unir estes dois e tudo pode ser diferente. Um belo filme.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Jó é um delinquente, proveniente de uma família disfuncional, abandonado pela mãe e sem suporte adequado do pai, que é alcoólatra. Rosa está em processo de luto, acaba de perder o marido e continua a dialogar com a imagem dele, que para ela permanece nos cômodos de sua casa. O jovem, ao fazer 18 anos, espera que alguém se lembre, lhe preparando algum tipo de surpresa ou dando-lhe algum presente. Rosa, na terceira idade, enfrenta o luto e a solidão. Como muitos em situações semelhantes, ela também precisa reafirmar sua autonomia, pois sua filha e genro programam vender seu apartamento e mandá-la para um lar de idosos. Se Jó se frustra com a pouca sensibilidade de seus pais no dia do seu aniversário, Rosa se decepciona ao perceber as intenções do genro em anular sua capacidade de decisão. O improvável encontro deles acaba por inaugurar um campo de suporte para o momento conturbado vivenciado por ambos. As diferenças permitem que ambos tenham a oportunidade de se deslocar daquele lugar, no qual estão neuroticamente aprisionados. Repleto de clichês, o filme não chega a ser uma obra prima, que aprofunde qualquer dos assuntos propostos. Entretanto, nos oferece, sim, boas oportunidades de reflexão.

sábado, 4 de julho de 2015

Divertida Mente

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Totalidade, Gestalt-terapia, emoções, memória, depressão, apatia.
SINOPSE
Crescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith). As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Sucesso de público e de crítica, DIVERTIDA MENTE ainda pode render muito assunto. Logo, me chamou a atenção o fato da menina Riley enfrentar aos 11 anos sua primeira crise. Muitas famílias protegem os filhos por bastante tempo, tornando difícil o enfrentamento das crises previsíveis da vida. Na realidade, o amor superprotetor não tem intenção de tornar o filho inseguro, ao contrário, a intenção é que o filho não sofra, não sinta dor, não encare os fatos difíceis da vida ainda cedo. A informação recebida pelas crianças, nessas situações, é de que elas não são capazes de enfrentar problemas. Fica a dica, embora não seja o assunto do filme. Então, voltando para DIVERTIDA MENTE, trata-se uma animação repleta de símbolos que podem nos levar a diversas reflexões. Nosso olhar será gestáltico, à medida que escolhe as emoções como partes da totalidade do ser. A Gestalt-terapia tem uma visão de homem como organismo em relação, uma totalidade, onde as partes de relacionam, um movimento constante de tornar-se integrado. A alegria é a emoção privilegiada na trama, tentando estar no comando o tempo todo, com a finalidade de tornar a vida feliz. Seu oposto, a tristeza, é sempre colocada para segundo plano, evitada a qualquer preço, afinal, todos buscam a felicidade. É aí que o filme nos encanta, elaborando de forma lúdica movimentos tão semelhantes com as ideias e ideais perseguidos pelo ser humano. Medo, nojinho e raiva são as outras emoções personificadas no filme. Ainda criança, a menina tem com o medo os alertas necessários para evitar problemas. Nojinho é também mostrada como uma emoção, no caso, capaz de ajudar Riley a rejeitar alimentos e situações que podem não ser agradáveis. A raiva, embora não seja explorada em sua devida importância, é apresentada como parte necessária para nossa sobrevivência. Fomos educados para não respeitarmos a raiva como emoção válida, muitas vezes aprendendo que é feio sentir raiva, o que muito atrapalha nossa evolução, tendo em vista que a raiva é também parte do que sentimos. Fingir que tal emoção não existe, com a finalidade de parecermos “bonzinhos” só ajuda a nos desintegrar, não aceitando parte de nossa existência. Como o propósito do ser humano é a integração, vemos na animação um movimento bastante semelhante ao do ser humano.

sábado, 9 de maio de 2015

Entre abelhas

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ASSUNTO
Casal e família, separação. Relações afetivas, familiares e sociais, depressão.
SINOPSE
Bruno (Fábio Porchat), um editor de imagens recém-separado da mulher (Giovanna Lancellotti), começa a deixar de ver as pessoas. Ele tropeça no ar, esbarra no que não vê, até perceber que as pessoas ao seu redor estão ficando invisíveis. Com a ajuda da mãe (Irene Ravache) e do melhor amigo (Marcos Veras), ele tentará descobrir o que se passa em sua vida. Mesclando momentos engraçados, gerado pela situação, Bruno recorre a mãe. Mas a invisibilidade parece piorar e pessoas essenciais da vida de Bruno estão ameaçadas de se tornarem invisíveis também.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Inesperado, surpreendente, decepcionante. Falamos do mesmo filme, público diferentes surpresas e decepções inesperadas. Certamente, quem espera algo do estilo humorístico de “porta dos fundos” ou do que costumamos ver na atuação de Fábio Porchat, se decepcionará. Não é uma comédia leve, muito menos de fácil compreensão. Definitivamente, seu roteiro está muito longe daquela fórmula conhecida dos filmes comerciais, ele ousa, vai além, é surreal, é metafórico!. Ultrapassando o estilo fácil, o filme propõe reflexões, não oferece respostas nem explicações, apenas provoca diferentes interpretações, implicando o espectador no enredo. Lembrei-me daquela propaganda, que dizia mais ou menos isto: O MUNDO É FEITO DE PERGUNTAS. Pois é, que perguntas são provocadas pelo longa? O que estamos de fato vendo? É muito fácil criticar o personagem, que por sua condição, aos poucos deixa de ver pessoas significativas. Cada espectador pode se perguntar também, que pessoas consegue ver, de verdade. Em nosso cotidiano, quem e o que nos permitimos ver? O que escolhemos ver e ouvir? Como estamos usando nossos sentidos? Embora, o filme retrate o sentido da visão como aquele claramente prejudicado em momento de luto, a audição também falha para Bruno. O filme denuncia, através da alienação dos sentidos de Bruno, a distância cotidiana de nossa bússola principal: os nossos sentidos. Muitas vezes obstruídos por razões e emoções, promovendo o desequilíbrio na saúde. Impossível desconsiderar o drama de qualquer separação, pois independente de quem teve a iniciativa de por fim a uma relação, enfrentar uma separação é lidar o com fim de um sonho, um projeto. É difícil, é dramático e às vezes um luto insuportável. Sim, Bruno está de luto, a ficha da separação custa a cair. Seu ritmo é diferente da ex-esposa, para ele tudo aconteceu muito rápido. A proposta da “despedida de casado” não pareceu divertida para ele. Aos poucos, as pessoas desaparecem. Mãe, médico, psicólogo e amigo, todos tentam ajudar de seu jeito. A mãe, ora superprotetora, ora assustada, tenta traçar uma estratégia. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. Depois de levá-lo ao médico, que indica o psicólogo, acha que precisa fazer mais. As situações hilárias têm espaço, não tirando a seriedade do drama, que inclui o público em suas angústias.  Compartilhamos com ele de momentos difíceis, sem sentido, no melhor significado da palavra, afinal, seus sentidos o estão enganando. Seu amigo Davi, retratado como um homem de moral duvidosa, do estilo egoísta, infiel, irresponsável, é incapaz de ver o que o amigo está passando. Claro, sua forma de resolver as coisas não permite que ele enxergue outras opções, nem a própria dificuldade de enfrentar suas questões. Não, o melhor amigo de Bruno não pode servir de exemplo, nem suporte. Os diálogos, com o psicólogo que acha cedo para medicação, são esclarecedores para o público, não para Bruno. Ele não está preparado para ouvir. Ele faz sinalizações importantes, mas o cliente não pode ainda compreender.

A história de Luke

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ASSUNTO
Diferença, saúde mental, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Abandonado como uma criança por sua mãe por ser autista, Luke foi criado por seus avós que lhe ofereceram uma educação amorosa mas protegida. Quando sua avó morre de repente, Luke, hoje com 25 anos, e seu avô senil Jonas são forçados a morar com os parentes tio Paul, tia Cindy e primos Brad e Megan. A adaptação é difícil para todos e vovô Jonas logo se mudou para uma casa de repouso, não antes de deixar Lucas com suas palavras coerentes finais: "Consega um emprego. Encontre uma garota. Viva sua própria vida. Seja um homem!" Apesar de seus familiares disfuncionais, Luke tem agora uma missão. Mais fácil dizer do que fazer, uma vez que Luke não sabe nada sobre o mundo fora da casa de sua avó. Com a ajuda Megan, e auxiliado por suas boas habilidades de cozinha, Lucas sai em uma busca que o leva todos ao redor da cidade visitando agências de trabalho temporário e centros de serviços com necessidades especiais. Finalmente Luke tem uma oportunidade de treinamento em uma grande empresa. Mas sua missão está apenas prestes a começar, como ele agora se encontra à mercê de Zack, o filho anti-social do proprietário falastrão, mas que também o entende de uma maneira que ninguém mais o faz.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Apesar dos personagens estereotipados, não retratando com clareza nenhum dos psicodiagnósticos sugeridos, o filme tem lá seu charme. Não serve para aprendizagem sobre os casos descritos, Asperger e Anti-social, entretanto, alguns pontos podem ser de grande valia quando pensamos nas dificuldades enfrentadas pelos “diferentes”, ao conviverem em sociedade. Espanta o fato de um Asperger ter facilidade em se relacionar, pois este é um dos sintomas claros no quando, que tem sérias dificuldades de contato. Em alguns momentos, seu colega, descrito como anti-social, apresenta alguns sintomas semelhantes ao de um Asperger, pois além de sua inteligência acima da média, ele mostra clara dificuldade de contato. Asperger é uma condição psicológica do espectro autista, caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. O enredo poderia ter sido mais trabalhado, explorando as questões de um autista, servindo assim para esclarecer algumas de suas reais dificuldades. Não é o caso, pois tanto Luke quanto Zac apresentam comportamento difuso, insuficiente para retratar a proposta.

sábado, 28 de março de 2015

Copenhagen 2015

ASSISTIR COPENHAGEN 2015 LEGENDADO FILME ONLINE
ASSUNTO
Relações sociais, afetivas, terapêuticas e familiares, segredo, história familiar.
SINOPSE
Depois de semanas viajando pela Europa, o William imaturo é descoberto em uma encruzilhada em Copenhagen, que para ele não é qualquer cidade europeia é o local de nascimento de seu pai. Quando o jovem amigo dinamarquês de William Effy torna-se tanto embarcar na aventura de encontrar o avô de William. A mistura de frescor e sabedoria de Effy suposto William um desafio como nenhuma outra esposa alegou. Enquanto a atração está em ascensão e William começa a realmente se conectar com alguém pela primeira vez em sua vida, ele deve assimilar as descobertas chocantes sobre o passado sórdido de sua família.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O homem se descobre a partir do contorno que o outro dá, desenvolvendo a própria identidade, que às vezes está encoberta por tantas defesas construídas ao longo da vida. O filme, ainda que seja considerado drama romântico, se revela superior a isso, pois mais do que um romance, a estória nos brinda com uma trajetória do ser em busca de si mesmo. Por muitos momentos, o filme me lembrou uma ferramenta muito utilizada no processo terapêutico denominada GENOGRAMA. Seu uso está entrelaçado com o processo de reconhecimento da própria história e a capacidade de escolha do indivíduo. A construção do genograma, que funciona como uma árvore genealógica, serve para que o cliente participe e se conscientize sobre elementos que contribuíram para torná-lo quem é. A partir dos dados, que são aos poucos elaborados junto ao cliente, é possível descobrir as heranças familiares, os segredos, mitos, legados, crenças e valores, que podem ser repetidos ou negados, sem que a pessoa tenha consciência. A capacidade de escolha emerge daí, fazendo com que tudo fique mais claro e o indivíduo possa pegar as rédeas da própria vida. A pessoa desenvolve a capacidade de perceber o que é e o que não é seu, favorecendo a escolha do próprio caminho. Assim também acontece com Willian ao conhecer Effy, que representa um papel quase terapêutico na vida dele, ao dar suporte no enfrentamento da própria história.

A demora

La DemoraASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, terceira idade, senilidade.
SINOPSE
No Uruguai vive uma família pobre que é composta por um velho homem, que esquece as coisas e dá trabalho, por três crianças e uma mulher, a mãe, que cuida do pai e dos filhos, e é a única que trabalha. Cansada da jornada de trabalho e percebendo que não dá conta da situação, ela tenta ajuda com a irmã ou em um abrigo de idosos para o seu pai. Quando não encontra resposta para sua angústia, toma uma decisão drástica. Em um dia gelado, ela passeia com o velho em uma praça,  diz que vai comprar água e volta logo, mas o abandona. Depois, ela liga para abrigos do governo para ver se alguém recolhe o seu pai, conseguindo assim, que eles sejam obrigados a acolhêlo. Só que  não, seua planos são frustrados.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme uruguaio dá um sôco no estômago, definitivamente, não é para qualquer público. Longe de ser comercial, a fita retrata a realidade nua e crua que pode ser vivida por diferentes famílias ao redor do mundo. Não falamos de uma questão estritamente uruguaia, falamos de uma realidade de qualquer país que não é capazr oferece suporte para a terceira idade. Talvez, o que mais choque, é saber que quanto mais o tempo passa, maior o número de pessoas idosas, e, menor o número de subsídios dirigidos para acolher os problemas enfrentados na velhice. O filme conta a estória de uma família monoparental (quando apenas um dos pais de uma criança arca com as responsabilidades de criar o filho e ou os filhos), que é sustentada por Maria, mãe solteira com três filhos. Trabalhadora, a dona de casa também acolhe em sua casa o pai idoso, que está senil e com a memória afetada. Por mais que deseje mudar de atividade profissional, Maria percebe que trabalhar em casa é sua única alternativa, para dar conta das necessidades do pai, que esquece até do próprio endereço.  Ao deparar com as discrepâncias do sistema de suporte governamental, que não a considera pobre o suficiente para ter direito ao azilo público para o pai, ela procura a irmã, com a intenção de alternar a responsabilidade com o genitor. Diante também da recusa da irmã, ela se vê obrigada a deixá-lo em praça pública, com esperança de que assim ele seja recolhido para o abrigo. O restante da trama gira em torno das situações enfrentadas pelo pai, enquanto espera a filha retornar e dos momentos de Maria enfrentando as possíveis consequências de seu ato. Não é preciso 24 horas da permanência do idoso naquele local, para que emoções e situações diversas aconteçam.

Relatos Selvagens

Relatos Selvagens
ASSUNTO
Relações afetivas, familiares e sociais, bullying, corrupção, crise existencial, situações-limite, descontrole emocional, violência.
SINOPSE
Diante de uma realidade crua e imprevisível, os personagens deste filme caminham sobre a linha tênue que separa a civilização da barbárie. Uma traição amorosa, o retorno do passado, uma tragédia ou mesmo a violência de um pequeno detalhe cotidiano são capazes de empurrar estes personagens para um lugar fora de controle.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Fiquei pensando no discurso repetido do que é politicamente correto, etc. e tal. A exigência de ser aprovado pela sociedade nos coloca em posição rígida, no que se redere ao fato de  atender aos parâmetros desejados pelo sistema. Muitas vezes, acumulamos tantas tarefas, que esquecemos da pausa, da digestão (fisiológica e psicológica), da elaboração de nossas sensações e sentimentos. Não é politicamente correto, nem isso nem aquilo, vamos deixando pra lá, nos abandonando aos poucos, deixando acumular tudo que poderia ser mal recebido, desaprovado ou politicamente incorreto. Nossos sentidos são esquecidos em meio aos modismos intectualóides de uma época, seguimos no automático, esquecendo cada dia mais de nossa búlsula interna, nossa humaninade, nossa centralidade. Assim, acumulamos reações naturais, que vão sendo escondidas do mundo e de nós mesmos, represadas em algum lugar. Mas, será que basta evitar sua existência, esquecê-las, fingir que os sentidos estão nos significados das coisas, como nos ensinaram? Até quando é possível reter tanto? RELATOS SELVAGENS fala um pouco sobbre aquilo que transborda em situações limite. Não é necessário que a situação em si seja caótica, basta ser a gota d’água para a represa estourar. Assim, o que existe de animal no humano é revelado em reações impulsivas, irracionais, bestiais, selvagens! As seis estórias do filme revelam o descontrole humano em diferentes situações, na busca de soluções através comportamentos extremos. De fato, não é difícil se identificar com algumas das situações relatadas, quando temos vontade de reagir da mesma forma. A trama dá espaço para inúmeras identificãções.

quarta-feira, 25 de março de 2015

O SINO DE ANYA

ASSUNTO
Dislexia, deficiência visual, preconceito, amizade, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
A verdadeira amizade é aquela em que os amigos se impulsionam mutuamente a serem cada vez melhores. O sino de Anya é estrelado por Della Reese no papel de Anya Herpick. Em 1949, Anya é uma mulher cega que sempre foi cuidada pela sua mãe e não saia de casa, uma situação que se agrava quando sua mãe morre. Anya lida com sua solidão colecionando sinos. Agora, mais velha e sozinha, Anya faz amizade com um menino entregador de 12 anos, Scott Rhymes, e encontra nele a amizade e a ajuda que precisava para enfrentar a vida.Para Scott, Anya torna-se a avó que ele é privado de ter. Ele é considerado um garoto "lento", praticamente sem amigos, e descobre-se depois que ele é disléxico (uma doença normalmente não compreendida na época). Mora só com a mãe, que não mantém mais contato com seus pais, avós de Scott.O menino motiva Anya a aprender a andar de bengala nas ruas, e Anya ensina braille a ele. Nessa emocionante história, eles encontrarão uma forma de ajudar-se mutuamente diante de suas dificuldades, tornando-se verdadeiros companheiros. Ganhador de dois prêmios “Young Artist Award”, como melhor filme família feito para televisão e melhor ator para o jovem Mason Gamble.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Não, não é um filme sobre dislexia tão didático como SOMOS TODOS DIFERENTES, mas não deixa nada a desejar, quando debatemos sobre as diferentes formas de existir. As dificuldades enfrentadas por qualquer pessoa que não se adeque ao padrão em voga é suficiente para tornar-se um bom tema a ser explorado. No tempo em que a dislexia era pouco conhecida, Scott enfrenta sérios problemas. O menino, portador do transtorno de aprendizagem, passa por diversas situações constrangedora, sendo rotulado como “burro” ou incapaz. A professora, que usa uma abordagem pouco educativa, humilha-o perante aos colegas, abrindo espaço para que os mesmos também assim o desconsiderem. A mãe, que é mãe solteira em uma época na qual a sociedade reprovava tal condição, tinha sido expulsa de casa, e, lutava para sobreviver e dar educação para o filho. O menino, por sua vez, tentava esconder suas dificuldades, para não decepcionar a mãe. Aos poucos, ele se convence de ser incapaz de aprender, de fazer amigos, de ser “normal”. A mãe, sem recurso e possibilidade de compreensão do seu problema real, sente-se desencorajada, assustada e perdida diante da forma como a professora considera o problema. É nesse momento doloroso que Scott conhece Anya, uma senhora cega, que restrita ao espaço de seu lar, encontra-se em luto e em luta para não ser colocada em um azilo. Desde a morte de sua mãe, Anya se tornou preocupação para o advogado da família, que não vê outra alternativa a não ser cumprir o desejo de sua mãe, de interná-la em um azilo. Quando ambos se conhecem, tornam-se incentivadores um do outro, aprendendo, através da troca de afeto, a ampliar o próprio potencial. A relação deles é baseada na confiança, se desenvolvendo no cuidado, carinho e atenção. A relação se torna terapêutica, a medida que ambos estão atentos para as necessidades reais, um do outro, e, de si mesmos.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Clube de compras em Dallas

Clube de Compras Dallas
ASSUNTO
Indústria farmacêutica, AIDS, homofobia, preconceito, relações familiares, afetivas e sociais, perseverança.

SINOPSE
Baseado em uma história real, o filme se passa na década de 1980 e retrata o dia a dia do eletricista texano Ron Woodroof após ser diagnosticado com o vírus da AIDS. Em uma batalha contra a indústria farmacêutica e os próprios médicos, Ron procura tratamentos alternativos e passa a contrabandear drogas ilegais do México.

TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
A “doença maldita” era sinônimo de fim, degradação, preconceito e muito mais, estamos falando da epidemia da AIDS, que em seu início representava o mal do século.  O filme retrata a realidade cruel de mulheres e homens debilitados e segregados, que lutaram sozinhos contra o sistema. Embora pensassem que AIDS era a doença dos homossexuais, logo foi possível perceber que não era bem assim. Ron era homofóbico, como muitos dos amigos dele, mas também era viciado e promíscuo, sendo também vítima da doença. Sexo, apostas e drogas faziam parte de seu cotidiano, tudo ocorria sem limite ou seleção. O caipira eletricista não esperava que algo semelhante lhe pudesse acontecer. Descobrir-se contaminado foi difícil de aceitar, tornando sua trajetória mais verdadeira. Logo, ele descobre o preconceito, não só em relação ao HIV, mas também duplamente enfrentado por aqueles que são transexuais ou homossexuais. Enfrentar a doença, que segundo os médicos lhe dá 30 dias de vida, se torna um desafio diário. Então, só depois de ultrapassar o período de negação, que ele vê no fim da estrada,  um poço que parece sem fundo, mas não é. Suas crenças e valores são desafiados e afetados durante o processo de confronto com seu destino anunciado.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Psicólogo, o doutor está fora

o psicologo
ASSUNTO
Relação terapêutica, suicídio, luto, relações afetivas, sociais, drogas
SINOPSE
“O psicólogo”, protagonizado pelo sempre brilhante Kevin Spacey, parte do princípio de que algumas vezes o mundo é mesmo pequeno, e logo no início são apresentados os personagens que pouco a pouco estarão mudando o rumo das vidas uns dos outros. O Dr. Henry Carter é um conhecido psicólogo de celebridades em Hollywood, lugar onde cresceu e se estabeleceu. Ele é o autor de alguns best-sellers, incluindo um livro sobre a felicidade, que agora está gravando como um audiobook. Neste livro de sucesso, Carter oferece, por assim dizer, a sua receita de felicidade. Entretanto, ele nos é apresentado de uma forma bastante incômoda, pois tem vivido sob o signo do suicídio da esposa. Embora tenha uma rica e confortável residência, cheio de conflitos em sua vida particular, ele não dorme em sua antiga e bonita cama de casal; uma cena comum é a dele esticado em algum sofá, cadeira, divã, etc. Apesar de ter muitas pessoas que se preocupam sinceramente com ele (como é o caso do seu pai), o companheiro mais presente na vida do psicólogo é um cão. O viúvo solitário, sem filhos, amargurado, fumante inveterado, companheiro de uma garrafa de bebida, ainda é apresentado optando  por variedades de maconha adequadas ao seu estado de espírito do momento… Aliás, um aspecto saliente no filme é a droga, que rola solta, aos borbotões! Drogas em geral, incluindo o álcool.O protagonista da história é Henry Carter, um psicólogo famoso por tratar celebridades. Carter vive em profunda tristeza e quase absoluta letargia– a quase todo momento o vemos fumar um baseado -, uma maneira de ficar alheio à dor e a tudo o que acontece ao seu redor. Só quando seu pai, também psicólogo, lhe “repassa” uma paciente, a jovem Jemma, cuja mãe também cometeu suicídio, é que Carter começa a se dar conta de que está perdido. Mas nem isso o faz repensar suas atitudes. Isso vem acontecer quando, depois de utilizar uma droga mais forte – ao que parece, uma erva adulterada -, Carter vai parar no hospital.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Título original; Shrink – Psiquiatra, shrink, em inglês, significa “encolher”. A partir dos anos 60 Shrink passa a designar psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas na gíria, significando “encolhedores de cabeça”. Ou seja, nós carregamos coisas demais, o que geram neurose, a mente desorganizada precisa de ajuda para encolher, reorganizar, precisa do profissional Shrink. O “Psicólogo das Estrelas”, que faz uso de automedicação e fuma “baseados", atende em seu consultório pessoas influentes em Hollywood – lugar afetivamente pouco saudável. Tendo o terapeuta como centro unificador, o filme vai nos apresentando os clientes de Carter em suas rotinas. Pouco a pouco, tanto no consultório quanto fora dele, vamos nos envolvendo com os pacientes em suas neuroses, seus dilemas e infortúnios, seus tédios e angústias, seus dramas existenciais e seus vícios. Na lista de clientes do Dr. Henry Carter estão: uma famosa atriz, Kate Amberson e seu marido narcisista; Jeremy, um jovem escritor descontrolado e inseguro; Patrick, um produtor obsessivo compulsivo, entre outros. Cada um com a sua paranóia, seus problemas e seus medos… Desiludido com sua carreira e vida pessoal, a ponto de, surtando, declarar-se numa entrevista televisiva que era uma fraude, um momento significativo na vida de Carter se dá quando seu pai encaminha para ele o primeiro caso fora das celebridades. Trata-se de Jemma, uma garota problemática, que também está vivendo sob o signo da morte da mãe. Contatar sofrimento semelhante ao seu não será fácil. O filme retrata uma sociedade enferma e a situação em que a vida perdeu o sentido. Na cena em que o pai dá retorno sobre o sonho relatado por ele, o pai cita kierkegaard, “O doente deve se ajudar”. E o processo terapêutico segue com a disponibilidade de ambos. Nesse caso, profissional também é cliente.

A passagem

                A Passagem                       

ASSUNTO

Relação terapêutica, relações afetivas, alucinações, culpa, medo, dor, suicídio.

SINOPSE

Sam Foster (Ewan McGregor) é um psicólogo que trabalha numa prestigiosa universidade americana. Certo dia um de seus jovens pacientes o procura para dizer que planeja cometer suicídio em breve. À medida que Sam estuda o caso, o rapaz começa a fazer estranhas e terríveis profecias que se realizam. Aterrorizado, Sam tenta ajudar seu paciente e impedir o suicídio de todas as maneiras, mas acaba se envolvendo numa misteriosa jornada da alma.

TRAILER (inglês)

O OLHAR DA PSICOLOGIA

De difícil compreensão, o filme só se explica no final. Até então, consideramos real tudo que se passa na tela. Os conflitos do Terapeuta e do cliente são apresentados como se assim ocorressem de fato. O que é verdade o que é alucinação? A relação terapêutica é apresentada de forma quase “misturada”, quando o terapeuta vive seus conflitos pessoais e os de seu cliente tal quais cartas embaralhadas. O que é real o que é imaginário? O que é do cliente, o que é de si? Assim questionamos durante a fita. Os resgates de cada um são o enredo vivido por Henry em seus últimos suspiros, A passagem fala exatamente desse momento: passagem: e todos os rostos que desfilam ao seu redor passam a fazer parte dele. Vítima de um acidente de carro fatal, para si, para a namorada e para os pais, Henry parece só um corpo, no chão, em meio a metal retorcido, fogo e barulho. As pessoas correm e o cercam, observam, oferecem ajuda. Ele ainda está vivo, mas, por apenas um instante. É nesse instante que ele fita vários olhares, ouve várias frases, sente o contato das pessoas. É o seu instante final, ele sabe disso. Mas, não se desespera. São estes olhares, frases e contatos que o farão reviver seus conflitos, os sentimentos que o dominam. Naquele instante, com aquelas pessoas, ele monta o enredo final de sua vida, tentando, de alguma forma, uma resolução para seus dilemas e sofrimentos. Nesse instante, só lhe vem a culpa. E é essa culpa que, num espaço de três dias (em seu tempo mental) ele vai viver intensamente, com todas as suas dores (depressão, abandono, medo, dor, suicídio). É nesse espaço de tempo mental que o filme se desenrola. Ele sabe que tudo agora é só um instante.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Jogo da Imitação

imageASSUNTO
Relações sociais, familiares e afetivas, homossexualidade, genialidade, coportamento anti-social.
SINOPSE
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico monta uma equipe que tem por objetivo quebrar o Enigma, o famoso código que os alemães usam para enviar mensagens aos submarinos. Um de seus integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de 27 anos estritamente lógico e focado no trabalho, que tem problemas de relacionamento com praticamente todos à sua volta. Não demora muito para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe. Seu grande projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas. Entretanto, para que o projeto dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe e tem Joan Clarke (Keira Knightley) sua grande incentivadora.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme é baseado na vida do cientista Alan Turing, matemático considerado o pai da computação. Retratado com dificuldade de contato social, o gênio é um homem obcecado por seu trabalho, atividade que o encanta desde a infância. Por meio de flashbacks, somos apresentados aos momentos difíceis de seu desenvolvimento. Vítima de Bullying, incompreendido e com sérias dificuldades para entender as regras sociais de comunicação, porque não dizer as mentiras sociais, seu crescimento foi marcado por conflitos. Algumas cenas trazem situações surreais, pouco críveis, mas que podem ser perdoadas por conta do que é chamado de ‘licença poética’. Obviamente, as oscilações de incompreensão/compreensão de situações metafóricas, piadas e outras formas de comunicação não estão comprometidas com o quadro sugerido, pois a aprendizagem seria possível, mas trata-se de uma repetição aprendida e não uma reação natural. Fora isso, temos uma questão desumana no que se refere a homossexualidade. Sim, o rapaz é homossexual numa época em que, na Inglaterra, tal condição era considerada crime. Ele é arrogante, narcisista, grosseiro, incapaz de compreender mentiras, rodeios e metáforas, mas é um gênio. Desde criança, aprende a mentir para se manter em seu mundo lógico, distante da crueldade social e esconde sua homossexualidade.

Tangerinas

clip_image001ASSUNTO
Guerra, violência, relações afetivas, sociais, humanismo – valores humanos, humanidade, amizade, perdas.
SINOPSE
Aldeias estonianas foram formadas na Abecásia, na segunda metade do século 19. A guerra entre Georgia e Abecásia começou em 1992 e alterou a vida pacífica dos habitantes estonianos. A comunidade da Abecásia quer se tornar independente da Geórgia. Quase todos os habitantes já deixaram a aldeia. As aldeias ficaram vazias, apenas alguns permaneceram. A história de Ivo (Lembit Ulfsak), que com a ajuda do produtor de tangerinas Margus (Elmo Nüganen) e o médico Juhan (Raivo Trass), salva a vida do checheno Ahmed (Giorgi Nakashidze) e do georgiano Niko (Misha Meskhi), em um povoado estoniano da Abecásia no meio da guerra de 1992.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Filme para poucos, a trama tem como pano de fundo o período após a dissolução da União Soviética, quando muitos conflitos foram iniciados. Embora retrate o embate entre russos e georgianos, o tema central é a humanidade que há por trás do conflito. Não se trata de um filme de guerra, como tantos outros, que colocam o "foco" na ação. Não, os conflitos retratados são muito mais aqueles internos, os que não produzem grandes efeitos visuais. Restrito a poucos personagens e a apenas parte da aldeia, o filme é lento,  embora tenha seu tempo de projeção considerado curto. Abecásia se torna uma região de fronteiras disputada. Desde o século dezenove muitos estonianos lá se instalaram, colaborando para que as tangerinas fossem consideradas produção típica da região. Desde o início da guerra, muitos retornaram para terra natal. Dentre os poucos que restam no vilarejo, estão Margus e Ivo, ambos estonianos. O primeiro não quer desperdiçar sua colheita, considerando a possibilidade de partir após comercializar suas tangerinas. Já o marceneiro Ivo, além de ficar para ajudar o amigo, logo deixa claro o seu amor pelo lugar onde constituiu família. Todo o filme é passado no vilarejo, seja na casa de Ivo ou no pomar de Margus. O isolamento da aldeia não é suficiente para manter a guerra afastada. Os russos contratam os chechenos como mercenários que, ao encontrarem Georgianos nas proximidades, travam combate armado. Ivo, junto ao amigo, recolhe os sobreviventes e os acolhe em sua casa. Ahmed e Niko se odeiam por princípio, estão em lados opostos, o primeiro é Checheno e muçulmano, o segundo Georgiano é cristão ortodoxo. Outra perspectiva da guerra é colocada em foco, através desse conflito sabiamente controlado pelo por Ivo, que tal qual um avô sábio, se torna maestro naquele dissonante conjunto de dois "netos".

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Birdman

imageASSUNTO
Indústria cultural, indústria do consumo,  vivência de papéis, crise de meia-idade, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
No passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone cultural. Entretanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira começou a decair. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Entretanto, em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e ainda uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
imageDemorei muito a escrever sobre o filme, tamanho assombro que me provocou. Agora, como vencedor do oscar, não posso continuar protelando. Vamos lá: O filme é complexo, provocador, existencial, crítico, profundo. Podemos nos reter na história contada, de um ator em crise, diante da possibilidade de arriscar o sucesso, sendo quem ele é, sem máscaras. Não se trata de um filme sobre super-herói, embora ele seja mencionado. O papel de herói foi um dia pesado demais para o ator, que agora, em crise de meia idade, assistindo sua família desintegrar, decide arriscar ao estrelato vivendo um papel menos clichê e mais existencial. Se por um lado, a necessidade é se mostrar sem máscara, por outro há uma voz interna ameaçando a impossibilidade de ser aceito por seu talento real, de cara quase limpa. Seria a voz de seu ego ou o ser se desintegrava em surto psicótico? Os bastidores revelam as dificuldades reais de um projeto tão ousado, ambicionando retratar o “ser” em detrimento do “ter”, como reagiria a público? Trata-se apenas de uma crítica óbvia a indústria cultural cinematográfica de nossos tempos ou podemos nos aprofundar mais? No que é possível se identificar diante das angústias do protagonista?

domingo, 18 de janeiro de 2015

Teoria de tudo

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Relações familiares, sociais, acadêmicas, afetivas e terapêuticas – auto-suporte. Conceitos gestálticos: Priorizar os sentidos, momento presente, teoria paradoxal da mudança (aceitar o que está sendo para que a mudança ocorra, favorecendo se tornar quem de fato é).
SINOPSE
Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa, quando ele tinha apenas 21 anos.
TRAILER



O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme retrata um período importante da vida do famoso astrofísico, que foi acometido ainda jovem pela doença degenerativa denominada ‘síndrome de Charcot’. O médico informa, ao esclarecer o caso, que embora a doença não vá afetar o seu cérebro,  a ligação entre este e os músculos será interrompida gradativamente, o que impossibilitará sua comunicação com seu entorno. Ao assistir a cena em que o médico fez tal declaração, fiquei me perguntando como o jovem astrofísico poderia sobreviver ao rompimento de sua relação com o mundo. A abordagem gestáltica prioriza o ‘entre’, a “fronteira” é considerada como o lugar de desenvolvimento da existência. O “contato” é a realidade mais simples e primeira, sem o qual não há construção de indivíduo - individuação. Este contato com o que está “fora” vai dando contorno à noção de quem somos. Como seria para o astrofísico sobreviver sem a possibilidade de contato? Seu momento trouxe um contato especial, capaz de expandir as próprias fronteiras: o amor. Razão e emoção se encontram e perfazem novas configurações. Ele está determinado a encontrar uma “eloquente explicação” para o Universo, seu mundo é matemático, racional. Ele busca a lógica, tem o objetivo de explicar fenômenos do universo, como o tempo. Jane, por outro lado, é emocional, poética e personifica a fé, busca a compreensão do universo através dos sentidos. Esse encontro torna possível expandir suas fronteiras, permitindo que as probabilidades científicas sejam desafiadas. O “tempo”, seu objeto de estudo, é vivido em sua plenitude pelo casal, que encontra novas alternativas para cada novo desafio imposto pela enfermidade.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Para sempre Alice

clip_image002ASSUNTO
Alzheimer, relações familiares, afetivas e sociais, luto, momento presente - Abordagem gestáltica.
SINOPSE
A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguistica. Aos poucos, ela começa a esquecer certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ela é diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a força de sua família. Enquanto a relação de Alice com o marido, John (Alec Baldwinse), fragiliza, ela e a filha Lydia  (Kristen Stewart) se aproximam.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Filme sobre Alzheimer não é novidade, o tema já foi debatido em outras películas. O que há de novo nessa versão? Além de retratar a doença precoce, em sua versão rara, hereditária, que atinge pessoas em fases mais precoces da vida, o filme nos faz refletir sobre outros aspectos: processo de perda, adoecimento inesperado e relações familiares. Acompanhar a jornada de Alice não é nada fácil. Tocante, emocionante, dramático, o filme nos faz refletir sobre muitos aspectos, seja sobre o Alzheimer, sobre valores ou qualquer outra doença, que pode ser inesperada e atingir toda a família. Existe também um aspecto informativo no filme. Por exemplo, minha mãe tinha o hábito de fazer palavras cruzadas. Ela dizia que isso ajudava a exercitar a memória e evitar algumas demências. Se existe um aspecto positivo nisso, não tem qualquer relação com a capacidade cognitiva, como pode fazer crer. Talvez, ajude no exercício da repetição, como uma gravação que firma sua marca, tornando mais difícil perdê-la. No filme, quando o marido pergunta a respeito da preocupação com deterioração acelerada da memória, o médico diz: “Cada caso é diferente, casos familiares podem evoluir bem rápido. E, nas pessoas com alto grau de instrução, as coisas podem ser ainda mais aceleradas. Elas sustentam processos mentais por mais tempo, e isso atrasa o diagnóstico”. Ele afirma, assim, que as pessoas mais inteligentes, ao contrário do que possa ser esperado, podem ser as que mais se comprometem com o processo. Dentre os interessantes informativos, há também a visão do doente. Na cena em que a filha caçula pergunta como é estar assim, Alice esclarece: “Não é sempre a mesma coisa, tem dias bons e dias ruins. E nos dias bons, quase sou uma pessoa normal. E nos ruins, não consigo me encontrar. Eu sempre fui muito guiada por meu intelecto, pelo meu modo de falar, articulação. E agora, vejo as palavras na minha frente e não consigo me expressar. Não sei quem sou, não sei o que mais vou esquecer.”

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Elsa e Fred

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ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, terceira idade, luto
SINOPSE
Elsa (Shirley MacLaine) é uma mulher de idade que vive sozinha. Um dia, ela comete uma barbeiragem ao sair com o carro e quebra os faróis do carro de Lydia (Marcia Gay Harden), a filha de seu novo vizinho, Fred (Christopher Plummer). Revoltada com o ocorrido, Lydia exige que Elsa pague o conserto. O filho de Elsa (Scott Bakula) aceita cobrir os danos mas, ao entregar o cheque a Fred, Elsa lhe conta uma história triste que acaba convencendo-o a recusar o valor. Com o tempo, Elsa e Fred se aproximam cada vez mais, apesar do temperamento bastante diferente. Enquanto ela é cheia de vida, ele é rabugento e mal quer sair de casa.
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Elsa & Fred (2005)
imageSINOPSE
Fred (Manuel Alexandre) é um pacato senhor com quase 80 anos que se muda para um novo prédio, logo após ficar viúvo, e conhece Elsa (China Zorrilha) sua vizinha também com quase 80 anos. Ela, que sofre de grave doença, é muito atirada, otimista e comunicativa, e tenta viver intensamente cada dia, enquanto Fred é um hipocondríaco e quieto. Mesmo com essas diferenças, e pela insistência de Elsa, essas diferenças são superadas e juntos redescobrem o prazer de viver, a cumplicidade e a amizade.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Entre os temas presentes no filme está a dificuldade em superar o luto na viuvez. A perda de um ente querido, com quem foi compartilhada boa parte da vida, o que trás complicações para aquele que fica. Independente de a relação ter sido feliz, a interrupção de uma rotina partilhada pode levar a quadros depressivos. Muitas vezes quando há a morte de um dos cônjuges a família destitui o lugar daquele que está vivo, e dá pouco espaço para que o indivíduo possa elaborar seu luto. Para quem não sabe “Elsa & Fred” é uma refilmagem de um filme hispano-argentino de 2005. Infelizmente, apesar de ter um elenco extraordinário, confesso que gostei mais da interpretação e do roteiro do filme hispano-argentino. Além disso, a nova versão também modifica consideravelmente a personalidade dos protagonistas. Na versão argentina, Fred é um senhor viúvo, romântico, reflexivo, melancólico e muito, muito doce. Diferente da nova versão, que traz um Fred muito ranzinza e carrancudo, apesar do bom coração. A versão contemporânea tende mais para a comédia e o pragmatismo americano, tirando o encanto, a poesia, a reflexão delicada que a primeira oferece. Em todo caso, ambas discutem as dificuldades da terceira idade, o luto, a possibilidade de vivenciar o amor e as diferentes formas de enfrentar a vida e a morte.