segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O Natal dos Coopers

ASSUNTO

Relações familiares,  afetivas, diferença, valores e crenças.

SINOPSE

O Natal se aproxima e, como acontece em todos os anos, a família Cooper se prepara para a grande ceia na casa dos patriarcas Sam (John Goodman) e Charlotte (Diane Keaton). Só que, em meio ao suposto clima festivo, o casal está prestes a se separar. Seus filhos Hank (Ed Helms) e Eleanor (Olivia Wilde) também enfrentam problemas, já que ele está desempregado e ela mantém um caso com um médico casado. Paralelamente, Emma (Marisa Tomei) tem dificuldade em lidar com a solidão e com a inveja que sente da irmã mais velha, Charlotte, enquanto que o pai delas, Bucky (Alan Arkin) sente-se cada vez mais próximo de Ruby (Amanda Seyfried), a garçonete do restaurante que ele sempre frequenta.

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OLHAR DA PSICOLOGIA

A “magia do Natal” é destaque em muitos filmes do gênero, que insistem em mostrar uma família “perfeita” enfrentando alguma situação ou pessoa do mal, que no final são “afetadas” pelo encanto da ocasião. Só que não, “O Natal dos Coopers” mostra uma família real, com problemas comuns, nos dias que antecedem o encontro natalino, onde serão omitidas as questões pessoais de cada membro. Encontros e desencontros antecedem a noite esperada, seja consigo ou com o outro, com verdades e mentiras que podem provocar risos e incômodos na mesma medida. Nem todos acreditam que o evento possa ser mágico, harmonioso e feliz. Os próprios anfitriões escondem a real situação, pois omitem o abalo na relação do casal, que está em vias de separação. Cada um dos familiares enfrenta problemas pessoais, o que pode fazer o reencontro um momento de pressão, ameaça ou trazer lembranças de situações infelizes, algumas inacabadas. Reunir parentes no natal é momento de infinitas possibilidades, nem sempre tão felizes, como as comumente apresentadas na telona! É momento de atualização, de "fofocas", de "disputas, de encontro de diferenças. O filme apresenta um pouco de cada possível extremo, da conturbada expectativa ao final feliz, do aparentar ao ser. Falar de família é transitar nos extremos, é explorar aspectos que parecem antagônicos, e, podem se revelar complementares. Algo inesperado, incômodo, frustrante ou constrangedor na noite de natal em família, quem não viveu?

sábado, 18 de novembro de 2017

MONSIEUR & MADAME ADELMAN

ASSUNTO

Relação afetiva, familiar e social, família disfuncional, segredo, traição, feminismo, suicídio e alcoolismo.

SINOPSE

Sarah (Doria Tillier) e Victor (Nicolas Bedos) estiveram juntos por 45 anos. No funeral dele, Sarah é abordada por um jornalista que deseja contar a história de seu marido, um renomado escritor, a partir do olhar da mulher que sempre o acompanhou. A partir de então, ela passa a contar as minúcias do relacionamento que tiveram, incluindo segredos bastante íntimos.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


A trama nos convida a desconstruir os ideais de felicidade nas relações afetivas de longa data. Não, o filme está longe de se tornar “receita” de boa relação amorosa. Ao contrário, a trama está repleta de alternativas pouco recomendadas em qualquer relação. É isso que faz do filme um relato possível, verdadeiro, recheado de erros e acertos de uma relação amorosa de 45 anos. Partindo do relato da viúva, acompanhamos a história do casal desde o primeiro encontro, revelando os sabores e dissabores da relação. A perspectiva, que desnuda a intimidade do casal, revela a força da personagem feminina, que desde o início busca o que deseja sem perder o foco . Tudo é contado sem menosprezar o contexto. A cada momento, a trama alinhava a vida social, religiosa e política, apontando possíveis influências do entorno de cada época, na relação que é construída pelo casal. Temos uma mulher à frente de seu tempo, determinada, empenhada e apaixonada, que se torna o pilar da família em construção.

domingo, 29 de outubro de 2017

Os Meyerowitz: Família não se escolhe


ASSUNTO

Relações familiares, afetivas e sociais, alcoolismo, conflitos familiares, legado.

SINOPSE

Nova York. Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) é o patriarca da família, casado com Maureen (Emma Thompson) e pai de Matthew (Ben Stiller), Danny (Adam Sandler) e Jean (Elizabeth Marvel). Escultor aposentado e extremamente vaidoso, ele fica satisfeito ao saber que está sendo organizada uma exposição para celebrar seu trabalho artístico. Só que, em meio aos preparativos, Harold adoece e faz com que todos os filhos precisem se unir para ajudá-lo a se recuperar, o que resulta em várias situações que colocam a limpo traumas do passado. Danny é um pianista que abandonou a carreira e se dedicou integralmente aos cuidados da filha Eliza (Grace Van Patten), que agora aos 18 anos se mostra completamente independente de seu pai.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA

As peculiaridades de cada membro da família disfuncional podem ser resumidas na frase em destaque da trama: “Somos apegados a ideia que temos de nós mesmos”. Afinal, como tal idéia é construída? Qual é a influência da família de origem nessa construção? Os Meyerowitz podem revelar muito sobre o assunto.  Somos apresentados a família por Danny, o filho estagnado, que abandonou a carreira e se dedicou exclusivamente a educar sua filha. Ao contrário do pai, egoísta e distante, Danny negligencia a si mesmo, priorizando o afeto na relação com a filha. Como muitos adultos do nosso século, após a separação e a ida da filha para a faculdade, ele busca refúgio na casa da família de origem. Seu corpo expressa aquilo que não consegue elaborar, a raiva contida.

Marathon (2005)

ASSUNTO

Autismo, relações familiares e sociais.

SINOPSE

O filme conta a história de um jovem com autismo, chamado Cho-won, que se encontra apenas na corrida. Quando criança, Cho Won regularmente tinha birras, e recusava-se a comunicar com os outros - encontrando consolo em zebras e apenas no lanche coreano, Chocopie. Sua mãe nunca desistiu dele e estava determinada a provar ao mundo que seu filho pode ser normal. Ao envelhecer, ele começa a descobrir a paixão pela corrida e sua mãe está lá para encorajar e apoiar ele. Apesar de ambos sofrerem com a família e de problemas financeiros, eles encontram um antigo campeão de maratona - agora um homem velho letárgico com problemas de alcoolismo, que ajuda Cho-won a se superar.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA:

Contar a história de um autista implica falar de relações familiares e sociais. Em MARATHON não é diferente, acompanharemos a construção e desconstrução dessas relações desde seu nascimento. As dificuldades enfrentadas pelos parentes, pais e irmãos, durante o processo de educação, são apresentadas. A mãe, que se dedica exaustivamente a aproximá-lo do mundo social, carrega também culpa por seus conflitos internos. Acompanhamos as dificuldades de uma família lidar com o autista, da complexidade em sua forma de perceber o mundo, diferente dos neurotípicos (como são considerados os ditos “normais”). A hipersensibilidade sensorial e as comuns crises de ansiedade são retratatadas na trama, que revela muito do universo autista. A mãe procura, incansavelmente, qualquer possibilidade de suporte ao filho, muitas vezes esquecendo-se de si e dos outros membros da família. Como acontece com muitas mães de autista, ela busca sua forma peculiar de ensinar, traduzir e proteger.  Na fase adulta do jovem, ela só deseja que o filho morra um dia antes dela, para que ainda possa ser cuidado por ela. O irmão, muitas vezes preterido, em função das necessidades do autista, revela mágoa em seu comportamento.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Atypical


ASSUNTO

Relações familiares, afetivas, terapêutica e social, Autismo, Asperger. 

SINOPSE

Sam ( Keir Gilchrist) é um jovem autista de 18 anos que está em busca de sua própria independência. Nesta jornada, repleta de desafios, mas que rende algumas risadas, ele e sua família aprendem a lidar com  é tão óbvio assim.



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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Arypical (atípico) é a nova série da Netflix, que traz algumas singularidades do Espectro Autista para o centro do debate, muito mais para familiarizar o público, do que para rotular diferenças. Sam é atípico, não funciona como a maioria, foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na forma branda, o que antes era diagnosticado como Síndrome de Asperger. Difere do autismo clássico, não só pelos sintomas mais leves, mas principalmente por sua capacidade cognitiva, muitas vezes com a inteligência acima da média.  Sua forma de perceber o mundo é apresentada, favorecendo ao espectador compreender melhor o universo autista. Sim, Sam tem uma família comum, que aos poucos conhecemos em sua rotina imperfeita. Todos os personagens são humanos, repletos de conflitos e imperfeições, o que torna a série crível e simpática. A irmã de Sam é sua parceira, sua protetora e amiga. Ela também é atleta e leva muito a sério seu treino diário. Sam freqüenta a psicoterapia, vai à mesma escola da irmã e trabalha numa loja de eletro-eletrônicos. Seu pai trabalha fora e sua mãe abriu mão da carreira para dar suporte às necessidades do filho.  Somos convidados a conhecer o universo de Sam pela ótica autista, uma forma singular de perceber o mundo. Aos poucos, conhecemos a difícil realidade, não só dos familiares, mas da sociedade em geral, no trato com o TEA. A falta de compreensão ou informação sobre a condição autista e suas particularidades pode dificultar as relações, não só da sociedade com o portador, mas também do autista consigo mesmo e com o mundo. Ele se esforça para ser aceito pela sociedade, apesar de não perceber o entorno da mesma forma. Muitas vezes, o TEA desenvolve crises de depressão ou ansiedade, muito antes de compreender a si mesmo e as diferentes formas de perceber o mundo. O diagnóstico e a informação sobre suas particularidades podem favorecer uma vida mais saudável, integrando sua identidade. A série presta um serviço social ao apresentar sintomas e dificuldades reais vivenciadas por Sam e seus familiares. Quase didática, a série costura as relações afetivas e sociais de forma leve, agradável e até engraçada. A primeira temporada deixa o gosto de “quero mais” no espectador, pois além de promover esclarecimentos sobre o TEA, traz conflitos e conquistas de outros personagens bem reais, humanos e imperfeitos como todos nós. Vale conferir.

Os meninos que enganavam os nazistas


ASSUNTO

Relações familiares, sociais, afetivas, discriminação, intolerância, guerra, aprendizagem.


SINOPSE

Durante um período de ocupação nazista na França, os jovens irmãos judeus Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le Clech) embarcam em uma aventura para escapar dos nazistas. Em meio a invasão e a perseguição, eles se monstram espertos, corajosos e inteligentes em sua escapada, tudo com o objetivo de reunir a família mais uma vez.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Numa época na qual os valores se perdem, quando as crianças não são convidadas a enfrentar seus próprios desafios, sendo protegidas em demasia, o filme se torna necessário. Sim, necessário para reflexão de pais educadores e filhos contemporâneos, tão íntimos dos avanços tecnológicos e ao mesmo tempo, tão distantes das necessidades reais. A trama acompanha a saga de dois irmãos diante dos horrores do Holocausto e da segunda Guerra mundial.  Eles pertencem a uma família feliz, unida, amorosa e judia.  Maurice e Joseph descobrem da pior forma possível como a intolerância pode se tornar uma epidemia. Seus colegas de escola, “contaminados” pelo pensamento nazista anti-semita, passam a hostilizá-los da noite para o dia, apenas por ostentarem a identificação judaica. Eles deixam de ser reconhecidos como pessoas, passam a ostentar um rótulo, que os classifica como algo a ser eliminado. Na mesma velocidade da ocupação nazista, a trajetória de vida deles é radicalmente transformada, o mundo exige novas estratégias. A estrutura familiar fica evidenciada na emergência da situação, quando o pai impõe o limite necessário, mesmo que seja preciso separar, agredir, desconstruir ensinamentos, até mesmo sobre a própria identidade. Eles precisam aprender a mentir para sobreviver. Os meninos aprendem com a experiência, sem o suporte físico dos pais, mas apoiados na estrutura fornecida por aquela família amorosa. É um filme lindo, emocionante, delicado. A urgência, de cada dura experiência, prepara-os para o momento seguinte, tornando-os mais fortes. Não é nada fácil, o que fica evidente na fragilidade das crianças, que podem chorar, chamar pela mãe, quase desistir, entretanto, contam com a sorte em momentos de desesperança. A intolerância e violência retratadas na trama são contrastadas com a reação humanitária de Joseph, diante da reação vingativa dos franceses no fim da guerra. Ele mente, ele surpreende, ele aprendeu com a própria dor a não desejar o mesmo para o outro. Ele aprendeu que a diferença não é justificativa para a violência e que todos são iguais, independente da raça, cor ou crença. Ele nos alerta sobre a necessidade de respeitarmos as diferenças, aceitando múltiplas singularidades do ser. As crianças experimentam situações dolorosas, que os ensinam sobre si mesmos, descortinando o próprio potencial.  

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Preto e branco

ASSUNTO

Alcoolismo, dependência química, racismo, luto, disputa de guarda de menor, direito, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Ao mesmo tempo que se esforça para superar a recente perda da mulher, Elliot Anderson (Kevin Costner)  tenta dar o melhor de si a Eloise (Jillian Estell), a neta que vive aos seus cuidados desde a trágica morte da sua filha. Apesar das dificuldades inerentes à sua condição de viúvo e avô, a criança tornou-se a sua única razão de viver e o que o motiva a continuar. Quando We-we (Octavia Spencer), a avó da criança, o informa das intenções de obter a custódia partilhada, Elliot recusa-se terminantemente a aceitar. De um momento para o outro, a pequena Eloise é forçada a dividir-se entre as duas famílias que lutam pela sua atenção e pelo que consideram ser o melhor. Quando a rivalidade entre os dois sexagenários chega à barra do tribunal, eles vêem-se confrontados com algumas das suas crenças e preconceitos mais enraizados.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


O título original é “Back or White”, usando “or” (o – em português) no lugar do “e” do título em português. O que agrada de cara, tendo em vista que muito do trabalho terapêutico da Abordagem Gestáltica está focado na integração de polaridades. Ou seja, priorizamos a noção integrativa oferecida pelo aditivo “e”, em detrimento das dicotomias promovidas pelo “ou”. Afinal, por que não as duas coisas? A visão dicotômica de conceitos como, “preto ou branco”, “bom e mau”, “verdade ou mentira” são restritivas e estão sendo revisadas, muitas vezes sendo substituídas por noções mais integrativas. O filme desenvolve essa idéia, ainda que o processo tente argumentar uma divisão racista em nome da vitória nos tribunais. Mas, o drama é mais que isso. Fala de luto, de alcoolismo, de dependência química, de mágoas, de relações familiares, de super proteção, de construção de afetos e desafetos.

O mínimo para viver

ASSUNTO

Anorexia, distúrbios alimentares, família disfuncional, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Uma jovem (Lily Collins) está lidando com um problema que afeta muitos jovens no mundo: a anorexia. Sem perspectivas de se livrar da doença e ter uma vida feliz e saudável, a moça passa os dias sem esperança. Porém, quando ela encontra um médico (Keanu Reeves) não convencional que a desafia a enfrentar sua condição e abraçar a vida, tudo pode mudar.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Anorexia, entre outros distúrbios alimentares, é tema central do filme. Ellen, 20 anos, tem anorexia, uma doença que afeta também aos familiares.   Antes de tudo, vamos falar sobre transtornos alimentares, um mal que atinge parcela significativa da população. Os transtornos alimentares envolvem fatores biológicos, psicológicos, familiares, socioculturais, genéticos e de personalidade. A anorexia é um dos principais transtornos alimentares contemporâneos, no qual a pessoa vive o peso ou a forma do corpo de uma forma distorcida, se recusando a manter o peso corporal dentro do mínimo considerado adequado para sua idade e altura. Ellen acredita ter a situação sob controle, quando seu corpo revela o contrário, uma aparência esquelética e assustadora. A família, embora seja apresentada como disfuncional, está abalada, tentando ajudar da melhor forma possível, para cada um. Filha de pais separados, Ellen morou mais tempo com a mãe e sua namorada, mas foi enviada para a casa do pai, no momento em que a mãe não suportou mais lidar com a questão da anorexia. Apesar do pai ausente, assistimos o bom convívio com sua meia irmã e o esforço de sua madrasta em buscar ajuda para a enteada. Embora a família seja apontada como conflituosa e disfuncional, em nenhum momento são citados como responsáveis, nem é o foco da trama. Que, aliás, explora mais as questões do ponto de vista daqueles acometidos pelo transtorno. “Aqueles” são os outros personagens em tratamento, que embora sejam pano de fundo, também retratam suas angústias. O encontro com eles apresenta outras perspectivas do transtorno, seja pelos sintomas ou pela singularidade de cada personagem ao  lidar com o problema.