segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cisne negro

cisne negro ASSUNTO
Desenvolvimento, sexualidade, neurose, psicose, polaridades, relações afetivas, familiares, sociais.
Demorei muito a postar esse filme devido à quantidade e diversidade de conteúdos possíveis apresentados. Muitos já conhecem o enredo do famoso balé Cisne Negro e suas particularidades. Já é conhecida a representação do cisne Branco como inocência, pureza e douçura, em oposição ao negro que simboliza sexualidade, sedução e o mal. Pois bem, o filme sai do balé e traz uma protagonista angustiada, perfeccionista, filha de mãe possessiva, controladora, ex bailarina frustrada. A busca pela perfeição, ao se candidatar ao papel, nos convida a acompanhar a psique já pertubada da candidata ao papel principal. Sua dedicação e disciplina beiram a perfeição, mas não atendem a proposta. È preciso unir os opostos em uma só atuação, o diretor quer apenas uma bailarina, uma que seja capaz de unir essas polaridades e representar ambas. O público, então, acompanha a mente atormentada e doente de Nina durante essa viagem onde todas as fronteiras entre realidade e imaginação, sanidade e loucura são transpostas. Em determinado momento não é possível distinguir o que é real do que é mera alucinação.
Entre os conceitos Junguianos que podem ser encontrados estão as polaridades. Além do que pode ser encontrado nos sites abaixo, chamo a atenção para algumas peculiaridades desses conceitos, de acordo com cada perspectiva. No balé temos Odette, a ingênua e romântica, em oposição a sua irmã gêmea Odile, a maliciosa, sedutora e malvada. Inseridas na psique feminina, esses são aspectos potenciais das polaridades internas que todos possuímos durante o desenvolvimento. Particularmente no desenvolvimento feminino, há a menina sonhadora que desperta para o desejo e a competitividade, durante o processo de enfrentar novos e novos desafios. E assim segue o curso do desenvolvimento saudável, entre uma e outra concepção, buscando integrar os opostos. O controle exacerbado do corpo, que é tratado como instrumento, e de sua alimentação ilustra sua busca pela perfeição. Mas, perfeição não é apenas um lado, perfeição é inteireza, é ser o que se é completamente. Só podemos crescer para o lado que não fomos. É isso que podemos acompanhar no filme.
O filme mostra logo a relação mãe-filha de uma forma misturada, manipuladora, obsessiva, castradora, possessiva. A mãe bailarina-frustrada parece querer se realizar através da filha, e para tanto é exigente, disciplinadora, repressora.
Gosto do olhar sobre a metáfora da sexualidade. Rui Ferreira Nunes fala da sexualidade Feminina e o Cisne Negro, acentuando como metáfora perfeita o controle castrador do corpo. Falamos aqui de uma visão de sexualidade que ainda perdura: a mulher pura e casta que é punida pela mulher sexualizada, destruidora de amor. Nina, cativada na relação com uma mãe psicótica, constrói uma estrutura mental rígida. As exigências do diretor, representante do poder do homem, da sexualidade e do perfeccionismo da dança, provocam um conflito extremo, potenciador de sintomas psicóticos que acabarão por destruí-la. A mãe controladora procura cristalizar a relação com a filha e impedi-la de crescer, sexualizar-se e, talvez, se tornar rival. Nina, que não tinha reconhecimento de si, de tanta mistura que havia com a mãe, se angustia com sua imperfeição e persegue a busca de ser perfeita, para obter o reconhecimento de si mesma através dos outros. Mas, sente-se inadequada perante os outros, que estranham a falta de desejo e de competências sociais da bailarina. Para sentir o prazer ou ultrapassar seus medos, Nina precisa se descontrolar, transgredir a sua estrutura, transformando o real em suas fantasias e alucinações. Quando tenta explorar a sexualidade, ela o faz de forma desorganizada, quase infantil. A repressão de seu desenvolvimento sexual pode ser o gatilho para o surgimento de seu lado auto-destrutivo, principalmente quando é colocada a frente da colega, rival aparente, a que possui sexualidade integrada, um objeto de inveja e fascinação. O filme, assim, inverte a representação clássica da sexualidade da mulher destruidora do bem. O cisne Branco acaba por ser vítima da sua assexualidade, da sua desconexão com o real. Nina não está muito longe do que muitas mulheres sentem em relação à sexualidade: o terrível medo de perder o controle.
Percebe-se, em alguns momentos, que Nina quer se desvencilhar da mãe, mas como a relação é baseada na culpa, ela acaba cedendo ou se auto-punindo. A Nina é perfeita pra o papel, pois foi treinada e ensinada pela mãe a seguir regras rígidas. Mas, o Cisne Negro é seu oposto, pois representa rebeldia, sedução, força – todas as características que Nina tinha bloqueadas em seu interior. O surto psicótico surge quando ela sente-se ameaçada de perder o papel, disparando seus delírios, que já são confundidos com a realidade. A rival de Nina é o antônimo da protagonista, representando tudo que ela precisava/queria ser: confiante, feliz, livre. Assistimos a metamorfose de Nina, que passa de princesinha da mamãe à uma mulher de sentimentos a flor da pele, podendo se competitiva, impiedosa e até violenta. Então, seja pelo viés loucura-sanidade, bem-mal, patologia, saúde, ou qualquer outro tipo de polaridade, o filme representa as polaridades presentes em todos nós, saudável ou não. Bom e mau, saudável e doente, verdade e mentira, tantas outras polaridades que nos parecem extremos incompatíveis. Costumo falar de nossas necessidades neuróticas do ou isso ou aquilo. Meus clientes já conhecem bem esse discurso, pois sempre saliento a necessidade de usarmos mais “e” no lugar de “ou”. Pois, os dois lados fazem parte de uma só coisa, se ignorarmos nossas limitações, nossas imperfeições, nossos defeitos, não poderemos nos desenvolver. Pois bem, o filme propõe essa integração. Ainda que o resultado não seja aparentemente feliz, atente para a dança que transcende o humano, se torna sublime!
Por mais difícil e angustiante que seja a experiência de assistir Cisne Negro, é impossível sentir qualquer vestígio de arrependimento quando o filme chega ao fim.” Leia mais clicando aqui
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Olhar psicanalítico                                                      Cognitivo comportamental, clique aqui
SINOPSE
‘Cisne Negro’ é um thriller psicológico ambientado no mundo do balé da Cidade de Nova York. Natalie Portman interpreta uma bailarina de destaque que se encontra presa a uma teia de intrigas e competição com uma nova rival interpreta por Mila Kunis. Dirigido por Darren Aronofsky (O Lutador, Fonte da Vida), Cisne Negro faz uma viagem emocionante e às vezes aterrorizante à psique de uma jovem bailarina, cujo papel principal como a Rainha dos Cisnes acaba sendo uma peça fundamental para que ela se torne uma dançarina assustadoramente perfeita.
A trama começa com Nina competindo com outras bailarinas do corpo de balé de Nova York pelo papel principal da peça “O Lago dos Cisnes”. Metódica e disciplinada, ela tem tudo para ser o Cisne Branco, mas falta-lhe malícia e poder de sedução para encarnar seu duplo, o Cisne Negro, responsável por roubar o príncipe da irmã e levá-la ao suicídio. Pressionada por Thomas Leroy, o diretor da companhia, ela precisa mostrar que pode ser a grande estrela do show, ainda que esteja sendo seguida de perto por Lily, uma bailarina nova que se junta ao grupo. Enquanto Nina é descrita por seu tutor como fraca e covarde, Lily tem a personalidade sedutora necessária se tornar o Cisne Negro. O Lago dos Cisnes requer uma bailarina capaz de interpretar tanto o Cisne Branco com inocência e graça, quanto o Cisne Negro, que representa malícia e sensualidade.. As duas desenvolvem uma amizade conflituosa, repleta de rivalidade, e Nina começa a entrar em contato com seu lado mais sombrio, com uma inconseqüência que ameaça destruí-la.
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O discurso do rei

o discurso do rei ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e terapêuticas, gagueira.
O “terapeuta” em questão não é psicólogo, não tem título, não é certificado. No entanto, durante todo o processo, podemos identificar uma relação terapêutica, tal qual a psicoterapia. Aos poucos o cliente é levado a se dar conta de que sua gagueira é uma impossibilidade de se expressar, de se expor. “O tom da voz do pai o fazia tremer”, sua infância foi repleta de “sintomas” (crises estomacais crônicas) apresentados após as correções e formatações a que fora submetido (escrever com a mão direita, mesmo sendo canhoto, correção das pernas tortas,etc.). George buscava apenas o equilíbrio quando assombrado por seus medos infantis, diante de situações ameaçadoras, desenvolvida algum sintoma na busca de sobrevivência.
Especialistas afirmam que há dois tipos de gagueira, a adquirida e a de desenvolvimento. Quando identificada como genética, profissionais afirmam não ser psicológica, ainda que afirmem que não se podem desprezar os fatores ambientais. Pois, algumas situações podem disparar o gatilho da gagueira em pessoas que tem predisposição genética. Embora, no filme a gagueira seja abordada como resultado de um trauma de infância, diversos especialistas discordam.
Importante, é perceber que o filme mostra como a gagueira era entendida na época. O trabalho do terapeuta do rei, autodidata e heterodoxo foi pioneiro. Há que se destacar o quanto fenomenológico ele se apresenta, pois foi a partir da experiência vivida nos de vários casos anteriores é que desenvolveu seu método de trabalho. Além do trabalho da oratória do seu tempo, ele usava técnicas de relaxamento e suavização da fala que ainda hoje são usados. Lionel se coloca de igual para igual, servindo-se de instrumento, de ferramenta para auxiliar George a se dar conta de suas questões. É através desse vínculo terapêutico que o Rei vai qualificando suas potencialidades. Sua história está repleta de perdas, violência física e psíquica, manipulações, desqualificações, e, principalmente, falta de vínculo que qualificasse sua forma de ser. Como Gestalt-terapeuta, o que mais me chamou a atenção no filme foi esse vínculo Terapeuta-cliente, que para nós é tão caro. Nosso trabalho é na relação, pois somos constituídos a partir delas. É através desse vínculo terapêutico que percebemos a forma de funcionamento do cliente no mundo e suas interrupções. E é essa relação, esse vínculo, essa quase “matriz” que dará suporte para o desenvolvimento das próprias potencialidades, ampliando-as, revelando novas formas de funcionamento singulares. Isso tudo sem contar com a interpretação e produção estupenda que conquistou o Oscar. Amei o filme, recomendo!
SINOPSE
O Discurso do Rei  conta a história de George, personagem de Colin Firth, que é gago desde os quatro anos de idade.  Mas este problema comum ganha muita seriedade, pois George pertence a realeza britânica, e por isso precisa fazer discursos com grande freqüência.  Apesar de já ter passado por diversos médicos, ele nunca conseguiu encontrar resultados eficazes. A situação fica pior quando George se vê obrigado a ocupar o trono de rei da Inglaterra depois que seu irmão Edward, vivido por Guy Pearce, abdica do posto em 1936. A história de George começa a mudar quando sua esposa Elizabeth, personagem de Helena Bonham Carter, o leva até um terapeuta chamado Lionel Logue, interpretado por Geoffrey Rush. Lionel  usa métodos diferentes dos convencionais, por isso no começo George perde um pouco da esperança de que este novo tratamento possa realmente lhe ajudar. No entanto, o terapeuta se coloca em uma posição de igual para igual com George e passa a ocupar um lugar de “psicólogo”, até se tornar seu amigo.
A estratégia de Lionel é fazer com que fazem com que George adquira autoconfiança para cumprir os maiores desafios da sua vida. Através dos seus exercícios e métodos, ele consegue ajudar George a assumir a coroa e mudar a sua concepção de que é incapaz de governar a Inglaterra por conta de uma gagueira nervosa.
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Meu Pai, uma Lição de Vida

meu pai uma lição de vida ASSUNTO
Terceira idade, relações familiares, afetivas, casal.
O filme aborda temas importantes como a relação familiar, os cuidados com o idoso, o acolhimento residencial ao invés da inclusão em instituição asilar  e deixa grandes lições sobre a importância família, sobre a vida, o amor, o respeito, a renúncia, a amizade, o zelo e proximidade entre pessoas num período tão delicado como o estágio do envelhecimento.
“A doença da esposa faz o filme fluir como uma parodoxal lição de vida – porque o que seria apenas uma crepuscular, trágica e asfixiante história de velhos em doenças terminais, num universo terrível, adquire um sentido de esperança a medida que se descobre que é preciso estar atento aos sentimentos e as sensações.” …leia mais clicando aqui
Dentre as muitas cenas imperdíveis, podemos ver sua inquietação quando percebe conflito em família, momento em que os abraça e reforça a importância do amor em família, acima de tudo. Depois, ao tentar explicar seu novo entusiasmo pela vida no caminho da morte, ele diz a esposa: - “Morrer não é pecado. Pecado é não viver!". Então, acho que isso resume que o filme é uma lição para todos nós, não é? Vale a pena, procure na locadora, na Internet, onde quiser. Mas, não perca essa fita de 1989, mas extremamente atual!
SINOPSE
1989 -John (Ted Dansen) é um empresário apegado à rotina de seu trabalho e que se vê em uma situação delicada com o adoecimento de sua mãe Beth (Olympia Dukakis), uma mulher racional, controladora, autoritária que não permitia que o marido fizesse quase nada, todas as decisões parecia lhe pertencer. Ela e Jack (Lemmon) estão casados a muito tempo e tiveram dois filhos: John (Dansen) e Annie (Kathy Baker) que são independentes, cada um com sua vida e seu ritmo. A partir da hospitalização da mãe, o filme mostra uma realidade muito difícil: o marido Jack é totalmente dependente de sua mulher e agora seu filho precisa ajudá-lo na redescoberta de sua própria individualidade, seus gostos etc. Embora a vida profissional de John, o filho, seja uma estressante loucura, ele abre mão de tudo para ficar mais tempo ajudando seu pai nessa nova etapa da vida, sua nova rotina, onde tudo era um desafio, do vestir-se sozinho aos cuidados domésticos, ainda mais  que a mãe ainda permaneceria mais alguns dias hospitalizada. Infelizmente, após a saída da mãe a família descobre que o pai está com câncer e a forma como ele, o pai, foi informado do diagnóstico, levou-o a um choque perturbador e seu filho John, antes tão distante de tudo e de todos, agora reúne forças para cuidar de seu pai no afã de vê-lo recuperado. Em meio a tudo isso, John percebe o quanto distanciou-se não apenas de seus pais, mas também de seu filho Billy (Ethan Hawke)  que morava então no México e quase não tinha contato, tornando-se estranho um para o outro. Essa relação distante fica visível quando o seu filho visita os avós e então John tenta resgatar os laços perdidos dessa relação e inicia uma conversa com uma série de questionamentos no intuito de conhecer melhor a vida de seu filho que a princípio não entende o propósito e até estranha muito, mas permite essa tentativa de proximidade através do diálogo sincero.
Trailer em inglês Clique aqui

sexta-feira, 18 de março de 2011

No limite do silêncio

no limite do silencio ASSUNTO
Relação terapêutica, relações familiares, sociais, afetivas, abuso, violência doméstica, incesto.


SINOPSE
2001 - Michael Hunter (Andy Garcia) é um psiquiatra que fica arrasado quando seu filho adolescente, Kyle (Trevor Blumas), se suicida. Este fato provocou a separação do casal, pois Penny (Chelsea Field), sua ex-mulher, o culpou pelo acontecido e na verdade ele também se considerava responsável pelo fato. Três anos após o suicídio, Michael não dá mais consultas e só dá palestras e escreve livros. Até que Barbara Wagner (Teri Polo), uma ex-aluna, lhe pede para examinar o caso de Thomas Caffey (Vincent Kartheiser), um garoto que foi marcado por uma tragédia familiar. Com a mãe morta e o pai preso Tommy foi para um orfanato, mas agora, quando ele está prestes para completar dezoito anos, será liberado, sendo que Barbara sente que ele ainda não está pronto. Inicialmente Michael se recusa a tratar do caso, mas gradativamente se interessa e vai conversar com Tommy. Logo que Tommy e Michael se encontram as barreiras entre médico e paciente ficam confusas, pois entre eles há mais alguém e este alguém é Kyle.

TRAILER
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
No Limite do Silêncio conta duas histórias sobre pedofilia que levam suas vítimas a estados psicopatológicos, cujos desfechos são: tentativa de suicídio, o ato consumado em si e homicídios. Contrário a tratamento com psicotrópicos, Michael encaminha o adolescente deprimido a um amigo de confiança, para psicoterapia. Aproveitando uma saída da família, Kyle comete suicídio em casa - ato aparentemente explicado pela depressão. Na verdade, o adolescente foi vítima de abuso sexual, o que o pai vem saber três meses após o suicídio. Descoberto por Michael, o responsável pelo crime de pedofilia também se mata. O filme mostra difícil momento a que chegou o psicólogo Michael Hunter, que é abordado pela ex-aluna Barbara Wagner, para ajudá-la em um caso difícil. Assim como Kyle, Thomas também foi vítima de pedofilia, trauma que desencadeia no jovem um comportamento agressivo e violento, beirando a fobia social e a psicopatia. Tommy defende-se de qualquer aproximação íntima feminina, chegando a matar, ante o percebido como ameaça. Mas, há muita ambivalência aí. Ao aceitar o trabalho, o psicólogo voltará a ter contato com as mais doloridas e profundas lembranças que ele mesmo gostaria de ter esquecido. A relação entre psicólogo e paciente se torna um difícil jogo de manipulação de sentimentos. A história, que de início promete um enredo linear, dá várias reviravoltas, como se fosse a condução de uma fala (Tommy) em terapia, cujo psicólogo conduz, ao facilitar o “dar-se conta” do cliente – posterior percepção do que há por trás dos mecanismos de defesa do paciente. “No limite do silêncio”, portanto, apresenta os sintomas do cliente como formas de buscar seu equilíbrio, formas de evitar o contato com os acontecimentos dolorosos que não suporta lembrar. Interessante constatar que o psicólogo foca no não verbal, no que não é dito - respiração, olhar, expressões faciais, para auxiliar o cliente. A exemplo do trabalho em Gestalt-terapia, o filme apresenta a visão humanista do trabalho terapêutico, sem esquecer do humano que há no terapeuta. 
Lins sobre outros olhares na rede: Link 1 Link 2 Link 3

Simples como amar

simples como amar ASSUNTO
Relações familiares, afetivas, sociais, sexualidade, deficiência.
Carla Tate é a "outra irmã" ,do título original de Simples Como Amar . O filme trata de questões corriqueiras na vida e de pessoas especiais (em todos os sentidos da palavra), fala de preconceito, de relações entre pais e filhos, de super-proteção da família, de sexualidade, de diferenças... Somos sim todos diferentes. Mas também temos muita coisa em comum. A Carla quer as mesmas coisas que todos os jovens querem. Quer autonomia, quer independência, quer se descobrir, quer superar seus limites. E todos têm limitações, cada um tem a sua. Há uma ligação entre a super-proteção da mãe e o preconceito dela em relação às filhas. Ela não aprova nem concorda com as escolhas das filhas, é preconceito? Elas estão recebendo críticas exatamente de onde deveria vir suporte. Ela sufoca a filha porque acha que ela é incapaz, não acredita no potencial da filha. E o que dizer da filha homossexual...
A mãe Elizabeth se martiriza por ter afastado Carla por tanto tempo da família, mas insiste em adequá-la às convenções da alta sociedade. Torna-se uma presença insuportável (também para o espectador), tentando histericamente proteger a filha dos males do mundo, enquanto o pai Bradley (tenta conciliar as coisas. As outras irmãs são estereótipos bem marcados, a bem casada, acomodada e a lésbica, sempre prontas a defender a irmã contra a rigidez materna. Carla enfrenta a mão, não aceita seus moldes e se constitui como ser em sua singularidade. O filme nos toca como filhos e pais de uma forma leve, nos fazendo refletir sobre amor e seus limites na relação com o outro, independente do quão especial esse outro é. Afinal, a singularidade de cada um é que o torna especial!
SINOPSE
1999 - Após passar alguns anos em uma escola especial, Carla Tate (Juliette Lewis) foi "graduada" e poderá voltar para casa de seus pais em São Francisco. Carla voltou para casa, cheia de planos e sonhos. O problema é sua superprotetora mãe (Keaton), que é incapaz de aceitar a sua liberdade. E mesmo que Carla tenha crescido e superado as dificuldades, sua mãe entra em estado de choque quando a garota conhece Danny (Ribisi) e se apaixona pela primeira vez! Mas, apesar de ser intelectualmente limitada, Carla planeja morar sozinha, ter uma vida independente e também se libertar da presença da mãe, que a vigia de forma sufocante. Este desejo de ter seu próprio apartamento é aumentado quando conhece Danny McMann (Giovanni Ribisi), um jovem que como ela é mentalmente "lento", mas mora sozinho. Em pouco tempo Carla e Danny estão namorando e já pensam em se casar.
TRECHOS DO FILME
O inicio do namoro
O primeiro encontro

Perfeitos no amor

perfeitos no amor ASSUNTO
Esquizofrenia, relações afetivas, relações familiares.
Comédia leve não aprovada pela crítica, o filme é uma comédia romântica. Considerada superficial, no que tange aos aspectos enfrentados pela doença mental, o filme se torna fantasioso, considerado até utópico. Utopias a parte, quem não gosta de um conto de fadas? De que forma elaborar nossas questões do dia a dia, se não tivermos sonhos, desejos e fantasias? Entre a fantasia e a realidade, o filme é água com açúcar, mamão com mel, porque não, sonhos dos sonhos dentre o que é normal ou não? Eu gostei!
SINOPSE
Mark é um rapaz rico e rebelde que se envolve num grave acidente ao dirigir bêbado. Dori é uma aspirante a atriz e cantora que se vê aos poucos mergulhada num quadro de esquizofrenia, perdendo todo o contato com o mundo ao seu redor. Pressionados por suas famílias, Mark se alista na Marinha e Dori é admitida num hospital psiquiátrico. Embora os pais de ambos proíbam que os jovens se vejam, Mark e Dori continuam se encontrando, contra tudo e contra todos, experimentando um sentimento que poderá tanto lhes trazer dificuldades insuperáveis, quanto proporcionar uma alucinante fuga da realidade árida em que vivem.
TRECHO DO FILME

Minha vida sem mim

minha vida sem mim ASSUNTO
Relações familiares, afetivas, sociais, auto-descoberta, morte/vida
Sem perder tempo com futilidades, Ann dedica toda a energia que lhe resta para resolver as questões de sua vida. A reflexão é muito válida, porque, afinal de contas, “para morrer basta estar vivo”. Todos vão morrer um dia, é uma questão de tempo, sabemos. No entanto, mesmo assim, muitos de nós deixamos sonhos às margens da vida, enquanto acumulamos mágoas nos porões da memória. Através da descoberta da morte eminente, a personagem nos convida a refletir sobre a vida, nossas escolhas, nossa forma de estar no mundo. O filme brinda a vida através de um assunto tão pouco encarado por todos nós, a morte.
Lidar com a possibilidade da morte não é uma coisa fácil, seja na vida real ou no cinema a perda é sempre brutal e dolorosa. Sempre relacionada a algo assustador e soturno, em “Minha Vida Sem Mim”, a diretora Isabel Coixet reveste a morte com uma áurea mais suave e até mesmo romântica, sem esquecer a realidade.É um filme que acorda, que desestabiliza, que nos diz o quanto somos impotentes e um pouco paranóicos com relação a muitas coisas na vida. Desmistifica um pouco a morte e mostra que a vida não precisa ser tão cheia de seriedade ou tão cheia de comédia para ser vivida. O interessante é que todas as reflexões são passadas de forma comovente, às vezes triste, sem lições de moral, sem sermões infinitos, às vezes metaforicamente, outras não. E enquanto a protagonista vai morrendo, ela vai descobrindo a vida, assim como o espectador. Tudo nos leva a uma jornada de questionamentos, a uma revisão de nossas prioridades e a perceber, que mesmo com ou sem a nossa presença, a vida continua. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
Tendo apenas 23 anos, Ann (Sarah Polley) é mãe de duas garotinhas, Penny (Jessica Amlee) e Patsy (Kenya Jo Kennedy), e é casada com Don (Scott Speedman), que constrói piscinas. Ela trabalha todas as noites na limpeza de uma universidade, onde nunca terá condições de estudar, e mora com sua família em um trailer, que fica no quintal da casa da sua mãe (Deborah Harry), uma mãe com um coração partido que se transformou numa mulher amargurada. Ann mantém uma distância obrigatória do pai, pois ele há dez anos está na prisão. Após passar mal, Ann descobre que tem câncer nos ovários. A doença alcançou o estômago e logo estará chegando no fígado, assim ela terá no máximo três meses de vida. Sem contar a ninguém seu problema e dizendo que está com anemia, Ann faz uma lista de tudo que sempre quis realizar, mas nunca teve tempo ou oportunidade. Ela começa uma trajetória em busca de seus sonhos, desejos e fantasias, mas imaginando como será a vida sem ela e um pai que está há dez anos na cadeia.
TRAILER

Impulsividade

impulsividade ASSUNTO
Compulsão, relações familiares, sociais, afetivas, psicodiagnóstico
O título original é Thumbsucker, que significa chupador de dedo. O pai, identificado com aquele ato regressivo do filho, agia com brutalidade tentando coibi-lo, simplesmente, através de repreensões e pressões. São reações consideradas inadequadas que inibem aquilo que ele está tentando comunicar através do ato, suas ansiedades e conflitos. A escola, por sua vez, também se apressa em diagnosticar a dificuldade do menino em se concentrar, como TDAH, déficit de atenção e hiperatividade. É prescrito, então, Ritalina, um medicamento usado para esses casos. A pílula mágica encobre, então, a angústia que aquele menino revelava, e que não se reduzia de forma alguma a um problema de atenção e concentração, sinais que estavam presentes. Manter atenção a coisas do mundo externo é algo que fica prejudicado, quando alguém está às voltas com conflitos, temores ou depressões. Tratar isso como um simples problema de atenção, ou então como hiperatividade, pode ser um erro grave e injusto, o que tem ocorrido com grande freqüência na atualidade. O contato com o outro é experiência essencial para o ser humano, pois é através dela que constituímos a identidade. Em toda relação, desde a que acontece com a mãe, até todas as outras que se estabelecem durante a vida, há que se buscar um espaço suficiente para contato e separação. O filme nos convida a refletir sobre as relações humanas.O processo de construção de sua identidade se desenrola no filme. Algo se descortina quando se atravessa o espaço propiciado pela fase da adolescência. Um leque de possibilidades se abre e junto, um medo de vivê-los. Após instalado, despertado o conflito através da negação, da recusa em refazer os dentes de seu paciente, Perry Lyman (funcionando como terapeuta?!?!?), frustrou o adolescente e a si mesmo. E, a partir da frustração, outra solução há de ser buscada. Nosso leque de opções se revela, encontramos outras formas de estar no mundo, diferente daquele mecanismo automático de defesa, que nos paralisava até então. Algumas mudanças começam a acontecer, processo de tornar-se quem é.
Este é o mundo de Justin: a transição entre (os conceitos) normalidade e anormalidade. E o grande ganho da história é justamente ir subvertendo esses parâmetros. Seja com o dentista em busca de redenção, a mãe em busca de futilidade e sonhos, um irmão em busca de atenção, um pai lidando com a frustração diária e a garota "certinha e gostosa" do colégio, correndo riscos e experimentando sensações fora do "normal". O filme mostra como cada um é único em suas complexidades. Ao acreditar - por ter sido diagnosticado - ser doente, Justin começa a tomar um remédio (Speed), dito como uma droga que se diferencia da cocaína apenas por 3 tipos de moléculas. A base de estimulantes Justin se torna ativo, falante e desenvolve sua capacidade de raciocÍnio.. E é ai que mora o mérito do filme. Na transição desta passagem Justin começa a compreender e questionar sua família e os que o rodeiam. Entra em choque com o pai, dúvida da mãe, experimenta drogas, prática sexo, bebe álcool e dialoga com o irmão. Um pós-adolescente normal, com todos os problemas básicos pertinentes a essa faixa etária. " (...) Quando Justin começa a encarar sua vida "de frente" surge uma oportunidade que o fará mudar de vida. Nesse momento o filme toca fundo, porque ás vezes quando nos tocamos do que temos - ou tivemos - ao redor, já não há mais tempo para aproveitar. Perdemos o momento da descoberta do outro. Cada um segue seu caminho e embora resida nessa confirmação muita tristeza e solidão é justamente nela que se encontra a grande magia da vida: a visualização de sua própria estrada. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
Justin Cobb (Lou Taylor Pucci) seria um adolescente comum se não fosse o fato de que nunca conseguiu parar de chupar o dedo. Aos 17 anos, após ter tentado de tudo para se livrar do vício, ele finalmente resolve o problema através da hipnose feita pelo seu dentista, que tem ambições a psicólogo. O verdadeiro problema, porém, está apenas começando. Justin continua compensando suas frustrações pela boca, consumindo todo e qualquer tipo de droga, de maconha a remédios antidepressivos. Filho de pais que nunca saíram da adolescência, ele vai ter de aprender a crescer sozinho, nem que seja à força.
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Its kind of funny story SE ENLOUQUECER NÃO SE APAIXONE

its kind of funny sotory ASSUNTO
Adolescência, Saúde mental, depressão, realações sociais, familiares e afetivas
Na ala psiquiátrica do hospital encontramos de tudo um pouco: Esquizofrênicos, depressivos e sociopatas. Está no elenco o coadjuvante. Zach Galifianakis, conhecido por filmes como Se Beber, Não Case e Um Parto de Viagem. É possível observar a evolução do protagonista, que entende o quanto imatura é a sua atitude diante seus problemas, ao conviver com pessoas muito mais problemáticas do que ele. Galifianakis, por exemplo, já tentou suicídio seis vezes. O impulso do personagem em acabar com a própria vida é tão grande que ele nem se lembra da falta que faria à filha. Sua esposa não aguenta mais suas atitudes e parece odiá-lo, preferindo que ele morra de uma vez. Isso é algo bastante complexo, nos faz pensar. Muitos outros personagens estão presentes no filme. Temos um egípcio que vive na cama e só se sente atiçado a sair caso uma música de seu país seja tocada. Um judeu que tem sensibilidade auditiva e passa o filme inteiro pedindo às pessoas que estão no telefone do corredor para falarem mais baixo. Um idoso que não larga a raquete de ping pong, mas que quando o colocam para jogar fica imóvel. Aliás, ele fica imóvel em qualquer situação. É uma comédia, que apresenta os casos de forma superficial, mas de suma importância, seja para rir ou refletir sobre tudo isso. As crises da adolescência, depressão ou sobre os cuidados com psicóticos são parte de um “mundo” que o personagem não conhecia. E é a partir de todos os acontecimentos que estão fora de sua rotina que o personagem segue no processo de auto-conhecimento. O filme já pode ser encontrado na rede, vale a pena conferir!
SINOPSE
Sem título em português ainda, o filme retrata, com comédia, a realidade que é a transição da adolescência para a vida adulta. Conta a história de “Cool” Crag (Keir Gilchrist) um garoto de 16 anos que devido a pressão de entrar em boa faculdade para que no futuro possa conseguir um bom emprego e ser o presidente dos EUA, pensa em cometer suicídio. No caminho até a ponte aonde ia se matar, ele resolve passar primeiro em um hospital psiquiátrico e se internar por conta própria. Chegado lá, ele conta o porque de querer cometer suicídio, dramas adolescentes como, querer ter, e não poder, a namorada do seu melhor amigo, entrar para uma boa faculdade e conseguir um bom emprego (que pague bem).Ele consegue entrar. Vai para a ala de adultos, já que a de adolescentes esta em reforma. De cara ele conhece Bobby (Zack Galifianakis) que lhe apresenta o local. Nessa apresentação ele avista a bela Noelle (Emma Roberts) (de cara da pra ver q vão ter um romance) e depois vai conhecer seu quarto, onde se encontra o paciente Muqtada, não sai do quarto a muuito tempo. (guarde isso) Depois ela vai ao encontro de uma psiquiatra onde conversam sobre os problemas dele, como, a preocupação de não conseguir entrar na faculdade (algo bem americano), e fica sabendo que ficara internado durante 5 dias, sabendo disso fica preocupado com a escola (algo pequeno em relação ao problema). O filme apresenta situações nas quais é evidente a necessidade de um psicólogo ou psiquiatra, ou ter alguém para conversar tudo; conforme o personagem fala: Se não se abrir, nunca vai se curar. It’s Kind of a Funny Story é um filme baseado no livro de Ned Vizzini, de mesmo nome, que fala um pouco das pressões por quais passam os adolescentes.
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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O amor e outras drogas

o amor e outras drogas ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, Mal de Parkinson, sexualidade.
Não há grandes mergulhos nos assuntos propostos, mas é na leveza temos um desdobramento cativante e até provocador. A fita nos convida a pensar, seja sobre os mecanismos de defesa apresentado pelos personagens, ou sobre os bastidores das indústrias farmacêuticas .Misturando comédia e drama, o filme discute questões sérias. Jamie largou a faculdade de medicina para trabalhar em uma loja de eletrônicos, como que competindo com o pai para mostrar-se no controle de sua própria vida. Mas Jamie acaba sendo despedido da loja, e passa a vender produtos bem menos inofensivos quando entra para o time de representantes da gigante farmacêutica Pfizer. A falta de ética é usada para efeito cômico em diálogos e os personagens obedecem a um único objetivo: fazer com que médicos receitem o medicamento da Pfizer ao invés do concorrente. Entra em cena Maggie, personificando uma das fantasias masculinas como a garota que quer só sexo, dispensando as complicações de um relacionamento - fachada que proporciona escape fácil, evitando assim o risco da dor que todos corremos ao amar. A garota compartilha de sua filosofia anti-romântica, mas é vítima do mal de Parkinson, mesmo tendo apenas 26 anos. Ao se relacionar com Maggie, ele vai descobrindo seu lado “humano”, palavra essa usada pelos próprios personagens como forma de entender que o amor entre os dois estava por florescer. Maggie, por sua vez, é bem mais explícita em suas atitudes e também tem no sexo casual e selvagem o escape da tristeza de sua doença precoce. Nisso, acompanhamos a evolução do relacionamento dos dois, enquanto a doença de Maggie progride e, graças ao advento do Viagra, a carreira de Jamie ascende. Torna-se muito interessante para o público (e para o próprio Jamie) descobrir, aos poucos, as origens da aversão da moça ao conceito de romance, processo que também faz com que o vendedor passe a entender muito mais sobre si mesmo.
SINOPSE
2011- Jamie (Jake Gyllenhaal) é um vendedor que usa seu charme tanto no trabalho quanto com as mulheres para se dar bem. A história transcorre na segunda metade da década de 1990, período em que o Viagra era a sensação do momento. O carismático e mulherengo Jamie inicia um emprego como representante de uma poderosa indústria farmacêutica. Em uma visita ao consultório médico, esbarra com a charmosa e atraente Maggie (Anne Hathaway), que, com 26 anos, sofre de Mal de Parkinson. Ambos descobrem afinidades e, a partir do encontro inicial, estabelecem uma relação descompromissada, na qual o sexo, somente o sexo, é o "protagonista". Mas não demora até que o caso se transforme em uma história de amor. O relacionamento enfrenta barreiras na resistência de Maggie em assumir o namoro, por causa da prematura doença.
TRAILER

O búfalo da noite

o bufalo da noite ASSUNTO
Relações afetivas, psicodiagnóstico, traições, paixões, desrazão.
Nada fácil de assistir, o filme não é recomendado para qualquer público. Trata-se de um filme pesado, muito longe de ser apenas um entretenimento prazeroso.
Um triângulo amoroso, mas dos menos convencionais que se possa imaginar, uma vez que um dos vértices é formado por Gregório, rapaz esquizofrênico que entra e sai de hospitais psiquiátricos. Ele namora uma moça, Tânia, e tem em Manuel seu melhor amigo. Nas ausências de Gregório para tratamento, Tânia e Manuel se aproximam. Então… E então é isso, um universo em desequilíbrio. O filme é impulsivo, como os personagens. Isso se traduz em linguagem nervosa, áspera, instável, com movimentos de câmera bruscos, sem ponto de estabilidade a propor para o espectador. Búfalo da Noite não deixa de ser uma fonte de inquietação, e é bem a isso a que se propõe. Não se trata de registrar a história de Gregório como caso isolado em uma ilha de normalidade mas, pelo contrário, buscar nele o sintoma de um meio já patológico em si. Será assim colocado de maneira mais clara quando Tânia e Manuel recebem a estranha herança deixada por Gregório, uma caixa contendo fotos e cartas. E que dá início à trip na qual culpa e loucura não deixam de se misturar em coquetel explosivo. É perceptível, nesse tipo de filme, a expressão de traços contemporâneos. Já não se acreditam em projetos coletivos, a ação individual parece a única alternativa. E, nela, o processo amoroso ocupa posição central. O indivíduo o vive de maneira exacerbada, como se a salvação ou a danação dele dependesse. O fato de um dos três vértices do triângulo ser diagnosticado como insano não impede que a loucura (entendida de maneira prosaica como desvio da norma ou da razão) contamine os outros. Clique aqui para ler mais
Apesar do personagem esquizofrênico, o filme quase nada acrescenta aos estudos psiquiátricos, pois a história gira em torno do seu amigo e da namorada. Contudo, a história em si, apesar do filme ser pouco envolvente, serve para lançar alguns ganchos sobre questões atuais, sobre relacionamentos, fidelidade e moral. O relacionamento de Manuel e Tania parece ter como único vínculo a atração física, como costuma acontecer entre amantes. Manuel parece não saber bem com quem quer ficar: "pegou" a namorada do amigo, a irmã do amigo e mais uma garota compromissada. As mulheres do filme não ficaram atrás, portanto. Nenhuma era "santa": a irmã de Gregório fica com o amigo dele enquanto este já era comprometido com Tania; Tania trai o namorado com o amante e o amante com o namorado; e a outra garota compromissada, por fim, recebe um telefonema de Manuel enquanto está com o namorado, Manuel pede que ela o mande embora, ela então fica nua para Manuel e diz que será a última vez que se verão, porque ama Manuel e prefere não vê-lo mais para não sofrer...Bem-vindos à modernidade... Clique aqui para ler mais
o longo do filme transparece a intenção de discutir o plano ético das relações (as escolhas e suas conseqüências sempre marcadas pelo inesperado, as paixões em seus excessos e limites, o ponto elas deixam de conduzir à expansão dos corpos e subjetividades, a construção-desconstrução dos laços e os valores que os sustentam) e junto com isso surge a possibilidade de refletir sobre o trinômio sexo-loucura-paixão (com a inevitável presença da morte) de uma perspectiva mais aguçada. Não que encontremos algo radicalmente novo. Ao contrário, nas várias cenas em que o casal protagonista comparece o filme faz jus ao famigerado estilo drama-mexicano. Mas o tratamento dado ao entrelaçamento das estórias sugere um deslocamento quanto aos valores que são apregoados na atualidade. Clique aqui para ler mais
SINOPSE
Gregorio é um rapaz esquizofrênico de 22 anos, que tem dois grandes amores: a namorada Tania, que ele adora, e o melhor amigo Manuel, a pessoa em quem ele mais confia. Enquanto Gregorio entra e sai de hospitais psiquiátricos, Manuel e Tania começam a se encontrar secretamente e vivem um intenso romance pelas suas costas.Pouco a pouco, o relacionamento vai se tornando mais profundo, e Manuel e Tania acabam se apaixonando. Tania decide terminar com Gregorio e começa a namorar Manuel. A amizade entre Manuel e Gregorio é rompida.Tempos depois, os médicos dão alta a Gregorio. Numa tentativa de se reconciliar com Gregorio, Manuel vai visitá-lo. Eles se abraçam, demonstrando carinho. Parece haver uma reconciliação. Dois dias depois, porém, Gregorio se suicida com um tiro na cabeça. Tomados de culpa e angústia, Manuel e Tania descem aos abismos da loucura e da desesperança.Alguns dias após o suicídio, Manuel recebe uma caixa que Gregorio deixou para ele. Nela estão cartas, fotos e mensagens cifradas. Manuel vai desvendando os segredos e, com muito sofrimento, descobre uma verdade que o fere, oriunda do túmulo de Gregorio, que se faz presente na vida de Manuel e Tania, levando-os aos mesmos territórios obscuros em que ele viveu. Sentindo-se perdido, Manuel tenta encontrar um sentido para sua vida, e o encontra quando se dá conta da importância do amor.
TRAILER OFICIAL

Inconscientes

inconscientes ASSUNTO
Relações afetivas, familiares, psicanálise.
Filme polêmico que alcançou críticas opostas, como segue.
O que era pra ser uma inteligente comédia de erros torna-se um infame pega-pega. As teorias freudianas servem apenas de pretexto para o truncado jogo de gato-e-rato. O filme é pontuado por frases tiradas dos compêndios literários que indicam mudanças de passagem. Engraçadinho, até. Mas tudo muito nivelado por baixo, tornando-se difícil abstrair um conteúdo mais rico do que meras considerações edipianas baseadas em tratados folhetinescos sobre sexo. Sobram até tiradas constrangedoras, como uma abordagem nada subliminar ao tema do tamanho do órgão viril masculino.  Leia mais  clicando aqui
O argumento da obra foi muito bem conseguido pois com um sutil humor analisa o impacto das teorias psicanalíticas freudianas no seu tempo sem cair nem na exploração sexual brejeira nem em elucubrações intelectuais demasiado aprofundadas. Leonor Watling constrói na perfeição a personagem de Alma, uma mulher bonita, inteligente, séria, super-grávida, bastante esclarecida para o seu tempo e cheia de iniciativa. Esta força da natureza choca permanentemente com as inibições do seu cunhado, que controla como pode os seus mais recalcados instintos sexuais que o fazem adorar Alma. Para além destas interpretações, o guarda-roupa e toda a reconstituição dos ambientes do início do século para além de muito ricos são historicamente absolutamente perfeitos. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
Na capital espanhola, em 1913, vive Alma (Leonor Watling). Possivelmente, ela é uma das mulheres mais modernas de Barcelona. Seu marido, Dr. Leon Pardo (Alex Brendemühl), é um psiquiatra que, durante o verão, visita Viena e conhece o Dr. Sigmund Freud e suas teorias revolucionárias sobre sexualidade. Mas a crise no relacionamento dos dois começa quando Leon tem idéias de sumir. Sem maiores explicações, ele realmente desaparece, abandonando sua esposa que, não bastando, está grávida. O filme conta-nos a história do misterioso desaparecimento do psiquiatra. Certa de que este desaparecimento estava relacionado com a tese do marido, Alma pede ajuda ao seu cunhado Salvador (Luis Tosar), também ele psiquiatra. Ambos iniciam uma rocambolesca investigação que conduzem às mais profundas perversões sexuais e tabus bem ao gosto de Freud.
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

De pernas pro ar

de pernas pro ar ASSUNTO
Relações afetivas, sociais, familiares e sexualidade.
“Descobri que não sei o que é ter orgasmo!”. Esse foi o início do discurso de uma cliente, que mal entrou no consultório, disparava comentários sobre o filme. É claro, tive que ir ao cinema. Leve, divertida e engraçada, a comédia romântica não foi 100% aprovado pela crítica e até criou algumas polêmicas. O filme discute com leveza e humor os deliciosos conflitos femininos modernos, portanto é indicado principalmente para as mulheres. Mesmo porque, a libertação feminina tão propagada, não é unanimidade quando se fala de sexualidade. A linguagem do filme é bem light e não abusa de termos sexuais. Em cena, estão os conflitos da mulher contemporânea: dividir-se entre o trabalho, a casa e ainda achar tempo para ser feliz. Muitas mulheres hoje em dia fazem de tudo para conseguir conciliar suas atividades e serem boas mães, boas profissionais e boas donas de casa... mas acabam se esquecendo de seus maridos e de si mesmas. E quanto a sexualidade, independente da idade, há muita divergência sobre o auto conhecimento feminino nesse aspecto.
Para a produtora, De Pernas Pro Ar é muito mais que uma comédia romântica. É uma história universal sobre alguém que quer ser feliz e viver melhor. “É um filme que fala sobre as questões de todas nós, mulheres contemporâneas, que tentamos nos equilibrar para dar conta da vida profissional, amorosa, dos filhos, da família e, nas horas vagas, ainda achar tempo para cuidar de nós. O filme é ainda um retrato contemporâneo do quanto o comportamento feminino provoca grandes questões e inseguranças no homem”. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
Espécie de fábula realista sobre a vida da mulher moderna, De Pernas Pro Ar conta a história de Alice, uma executiva que trabalha demais e não tem tempo para nada: filho, casamento, sexo... Tudo parece em ordem até que seu marido resolve pedir um tempo do casamento no mesmo dia em que ela é demitida. Depois de perder o emprego, ela se une à vizinha Marcela, a exuberante dona de uma sex shop falida. Tudo que Alice queria era ajudar a nova amiga a salvar seu negócio, mas ela acaba descobrindo um novo universo e aprende que é possível ser uma profissional de sucesso sem deixar os prazeres da vida de lado.
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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A questão humana

a questao humana ASSUNTO
Relações sociais, Psicólogo em RH
Denso, difícil, polêmico, o filme está longe de ser um mero entretenimento. Diversos olhares já foram publicados, conforme pode ser conferido nos sites abaixo.
A Questão Humana” não é um filme de fácil digestão. A sinopse – falando de investigações e nazismo – pode até sugerir uma aventura policial ou coisa parecida. Mas não é nada disso. Com vários níveis e subníveis possíveis de leitura, trata-se uma obra riquíssima, de texto difícil mas fascinante (baseado no livro de François Emmanuel), e que faz uma irresistível provocação. Para o filme, o Nazismo não morreu. Ele apenas mudou de forma e modernamente se apresenta sob a formatação de grandes empresas multinacionais. Os novos uniformes dos prisioneiros agora são alinhados ternos pretos. Abrir uma válvula de gás num campo de concentração é trabalho menos elaborado, se comparado com o dos psicólogos que levam os funcionários à loucura. Relatórios técnicos minuciosamente detalhados que explicavam como transportar o maior número possível de judeus em caminhões, nada ficam a dever à tecnicidade fria dos burocratas de hoje. E se antes se lutava e/ou morria por uma nação, agora quem exige dedicação total até a morte é a empresa onde se trabalha. Mais clicando aqui
Concebido simultaneamente como suspense e como crítica aos modos de produção social (leia-se exercícios de poder) que se baseiam na exclusão e até no extermínio das diferenças, “A questão humana” traz a questão da neutralidade do conhecimento (dito) científico como um dos seus pilares. Como podemos acompanhar nas falas de um de seus mais importantes personagens (Arie Neuman), o exercício de poder que exclui e mata (embora nem sempre de forma direta e explícita) se apropria de tudo aquilo que constitui o campo das relações humanas, desde a linguagem e os sentidos que ela impõe até o conjunto de regras e leis que permeiam os diversos encontros. A artimanha da neutralidade e do apoliticismo serve invariavelmente à violência e à brutalidade, como nos indicam as referências ao nazismo. Ao final, resta a exigência de desconstruir as certezas dos saberes, inclusive para não cairmos na armadilha da eficácia e da performance a todo custo. Simon perceberá que a eficácia de que tanto se orgulhava e que o situava num patamar de destaque na empresa possuía raízes muito pouco nobres.Leia mais clicando aqui
Crítica do Estadão, aqui                   Outra crítica
Revista, aqui                                         Aqui uma crítica negativa

SINOPSE
O psicólogo Simon é chamado a investigar seu superior Mathias Jüst e oferecer uma “avaliação psicológica” que deve servir de suporte para uma estratégia de desmontagem do poder e influência de Jüst. Simon não se furta a esta tarefa. Contudo, os procedimentos que desenvolve bem como a proximidade com Jüst levarão Simon a descobertas que o confrontarão com horrores, sejam os que dizem respeito à função do seu trabalho, sejam os que remetem a experiências dolorosas de outros agentes, tão recalcadas quanto os fatos (históricos) que só aos se tornam compreensíveis. O psicólogo Simon é chamado a investigar seu superior Mathias Jüst e oferecer uma “avaliação psicológica” que deve servir de suporte para uma estratégia de desmontagem do poder e influência de Jüst. Simon não se furta a esta tarefa. Contudo, os procedimentos que desenvolve bem como a proximidade com Jüst levarão Simon a descobertas que o confrontarão com horrores, sejam os que dizem respeito à função do seu trabalho, sejam os que remetem a experiências dolorosas de outros agentes, tão recalcadas quanto os fatos (históricos) que só aos se tornam compreensíveis.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Os Delírios de Consumo de Becky Bloom

 os delirios de b bloom ASSUNTO
Auto-suporte, relações afetivas, Transtorno compulsivo.
Este longa exprime, mesmo que, em forma de comédia, um alerta sobre os cuidados que devemos ter dentro de uma sociedade tão consumista, principalmente a norte-americana.Becky Bloom é uma heroína às avessas. Cheia de falhas, fútil, mentirosa, insegura, consumista ao excesso, gasta mais do que ganha, dá foras enormes, não consegue entender muito bem os desejos e anseios dos outros, a menos que digam respeito a ela mesma. Apesar da ser previsível, o filme tem ótimos momentos para quem procura diversão leve e descompromissada. Como na cena em que o pai de Becky, vivido por John Goodman, tenta consolar a filha: "Se a economia americana pode ter bilhões em dívidas, você também pode, e vai sobreviver". Ou como quando a jornalista procura um grupo de auto-ajuda para consumidores compulsivos e deixa os membros ainda mais sedentos para usarem seus cartões de plástico. O filme fala justamente desse excesso. O foco não é moda, apesar da profusão de marcas desejadas, mas como o exagero em comprar atrapalha imensamente a vida de alguém. Afinal, a gente precisa de tanto? Ou deseja realmente tanta coisa?
SINOPSE
2009 - O filme “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” é uma adaptação de um romance de Sophie Kinsella, “Confessions of a Shopaholic”. O filme ficou bem diferente do livro, como a maioria dos adaptados.Conta a história de uma jovem jornalista (Isla Fisher) que possui um grande vício: comprar! O grande problema é que Rebecca Bloomwood  não tem freios e faz dívidas estrondosas! A garota possui doze cartões de créditos! Se uma mulher já é capaz de fazer loucuras com um cartão de crédito, imagine vários cartões! A protagonista perde seu trabalho e em meio ao desespero com suas dívidas começa a trabalhar como colunista em uma revista de finanças. Becky  sabe tudo de moda / marca e seu sonho é trabalhar em uma renomada revista de moda, a chamada Alette. Trabalhar em uma revista de finanças é apenas uma solução temporária para pagar as contas e, ao mesmo tempo, tornar-se um caminho para entrar na revista de moda Alette. No desenrolar da história, Becky se apaixona por Luke (Hug Dancy), seu editor.
UM OLHAR GESTÁLTICO
A compulsão por compras pode ser considerada como transtorno grave, quando apresentada de forma severa, então chamada ONIOMANIA, registrada no DSM-IV como doença mental. Entretanto,  oneomania é um distúrbio bastante controverso do ponto de vista psiquiátrico e psicológico, sendo discutida em diversas publicações na busca de nova categorização do tipo de transtorno.
Sem desconsiderar o olhar psiquiátrico para a doença, nós gestalt-terapeutas consideramos a compulsão como uma busca de satisfação de uma situação inacabada. Portanto, olhamos a pessoa e não a doença. Nos casos mais graves trabalhamos em parceria com a psiquiatria, sendo que o nosso olhar permanece voltado para dar suporte ao cliente, durante o processo de atualização de suas necessidades. Isso ocorre, independente da necessidade de encaminhamento ao psiquiatra, com ou sem medicalização.
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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tomates verdes fritos


tomates verdes fritos

ASSUNTO


Relações afetivas, casal e família, terceira idade, auto suporte, preconceito.

SINOPSE

1991 -Evelyn Couch (Kathy Bates) é uma dona de casa emocionalmente reprimida, que habitualmente afoga suas mágoas comendo doces. Ed (Gailard Sartain), o marido dela, quase não nota a existência de Evelyn. Toda semana eles vão visitar uma tia em um hospital, mas a parente nunca permite que Evelyn entre no quarto. Uma semana, enquanto ela espera que Ed termine sua visita, Evelyn conhece Ninny Threadgoode (Jessica Tandy), uma debilitada mas gentil senhora de 83 anos, que ama contar histórias. Através das semanas ela faz relatos que estão centrados em uma parente, Idgie (Mary Stuart Masterson), que desde criança, em 1920, sempre foi muito amiga do irmão, Buddy (Chris O'Donnell). Assim, quando ele morreu atropelado por um trem (o pé ficou preso no trilho), Idgie não conseguia conversar com ninguém, exceto com a garota de Buddy, Ruth Jamison (Mary-Louise Parker). Apesar disto Idgie era bem doce, apesar de nunca levar desaforo para casa. Independente, ela faz seu próprio caminho ao administrar uma lanchonete em Whistle Stop, no Alabama. Elas tinham uma amizade bem sólida, mas Ruth faz a maior besteira da sua vida ao se casar com Frank Bennett (Nick Searcy), um homem estúpido que espanca Ruth, além de ser secretamente membro da Ku Klux Klan. Inicialmente Ruth tentou segurar a situação, mas quando não era mais possível Idgie foi buscá-la, acompanhada por dois empregados. Idgie logo dá a Ruth um emprego em sua lanchonete. Por causa do seu jeito de se sustentar sozinha, enfrentar Frank e servir comida para negros no fundo da lanchonete, Idgie provocou a ira dos cidadãos menos tolerantes de Whistle Stop. Quando Frank desapareceu misteriosamente muitos moradores suspeitaram que Idgie, Ruth e seus amigos poderiam ser os responsáveis.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Questões como a discriminação racial, a violência doméstica, a liberdade, a terceira idade, e a recuperação da auto-estima, são tratadas sem exageros mas com determinação. O filme aborda o preconceito de gênero de maneira bastante velada, somente com insinuações enquanto que o racial é colocado de forma mais aberta. Porém nenhum destes temas é o foco do filme, que é sobre mulheres e suas transformações vividas. Evelyn é uma mulher de meia-idade, que atravessa uma crise em seu casamento e passa por um momento de transição em sua vida; em um momento do filme ela diz “Sou muito nova para ser velha e muito velha para ser jovem”. Isso explicita o estranhamento em relação a si mesma, muito comum nesta fase de vida, pois as mulheres podem apresentar dificuldades de lidar com as perdas inerentes a este momento de vida. A personalidade de Idgie, irreverente e corajosa, inspira Evelyn a olhar para as coisas de sua vida de uma nova maneira mais criativa. Socialmente, a função da velhice é de lembrar e dar expressão às suas lembranças, sendo o papel da memória valorizado entre os mais velhos, pois suas lembranças constituem patrimônio coletivo, expresso e revivido permanentemente no contato com novas gerações.  Durante o filme fica evidente a importância deste papel social, vemos mudanças significativas que ocorreram nas atitudes de Evelyn, em relação ao seu casamento, às pessoas e a si mesma.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O quarto do filho

o quarto do filho ASSUNTO
Relações familiares, afetivas, terapêuticas, luto, neuroses
A família não consegue expurgar a dor da perda do filho. Deixa-se consumir por um sentimento atroz, que os atinge, a cada um, de um modo particular. Giovanni não consegue impedir-se de regressar mentalmente ao passado, numa tentativa de alterar este presente tão cruel. O sentimento de culpabilidade impõe-se e o pai não consegue deixar de se interrogar como tudo teria sido se não tivesse ido ver aquele doente, naquele fatídico domingo de manhã. O pai, a mãe e a irmã do jovem reagem de forma diferenciada, tendo o denomidador comum na falta e ausência do filho e irmão. Chorando separadamente a mesma perda, o próprio equilíbrio familiar começa a ser posto em causa, perfilando-se no horizonte temíveis presságios do seu fim. A entrada em cena de uma antiga namorada do jovem acaba por mudar o curso dos acontecimentos. Um dia, chega uma carta de amor para Andrea, de uma jovem que desconhece a tragédia. É Ariana que vai conduzir a família nesse contorcido caminho da possível saída do desespero. A partir do contacto com a antiga namorada (até aí desconhecida da familia), pai, mãe e filha, como que encontram a nova estrada comum para as suas vidas. Uma estrada com menos alguém, mas mesmo assim, uma estrada em que se pode continuar a caminhar, baseada na compreensão e aceitação coletiva da trágica perda.
O dilema do psicoterapeuta: Giovanni que se depara com um dilema: como entender o outro e o mundo quando já não se entende a si mesmo? Então, como resignificar, como restaurar a paz interior após o ocorrido? Mostra o lado humano deste profissional, cuja suas premissas de uma vida saudável, uma família feliz morando em uma cidade pequena, calma, tudo cai por terra. Nesta busca de entendimento o pai tenta voltar no tempo, e reconstruir aquele domingo fatídico, imaginando o que teria ocorrido se ele tivesse ido correr com o filho. Talvez ele não tivesse morrido. Mas isso não ajuda a superar a dor.
O longa-metragem "O Quarto do Filho" ("La Stanza del Figlio") é uma obra-prima do cinema italiano: trata de um tema extremamente triste, mas não tira o espectador da sala com um sentimento de depressão; só o faz refletir. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
Giovanni é um psicanalista que trabalha em Ancona, na região italiana do Marche, e convive no seu trabalho com os vários dramas de seus pacientes: o do homem que quer suicidar-se, o da mulher obsessiva, o do sexólatra, enfim, dores e neuroses de todos os tipos e tamanhos. Ele é casado com Paola (Laura Morante) e tem dois filhos: a menina Irene (Jasmine Trinca) e o jovem Andrea (Giuseppe Sanfelice). Em casa, Giovanni é um homem feliz ao lado da mulher, uma editora de livros, e dois filhos adolescentes. Sua vida transcorre tranqüila, dividida entre a família e o consultório, até que uma tragédia a transtorna completamente. Para atender ao chamado urgente de um paciente, Giovanni deixa de acompanhar o filho à praia e nesse passeio o rapaz morre afogado. Giovanni se vê de frente com sua própria tragédia, bem diferente daqueles problemas menores do seu cotidiano e se torna incapaz de controlar a crise que se instala em sua casa e desestrutura suas relações familiares. O psicanalista que ajudava aos outros entra em crise com a profissão e não consegue mais trabalhar. A família, é claro, ressente-se profundamente com a morte e Giovanni sofre uma forte sensação de remorso, apesar do apoio da esposa.
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TRADUÇÃO

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Eclipse total

eclipse total ASSUNTO
Relações familiares e afetivas, segredo, abuso.
Na verdade, “Eclipse Total” é uma obra que provoca emoções fortes, onde o Medo está presente em muitos momentos do filme e onde existem fantasmas verdadeiros. Os fantasmas reais que atormentam os personagens e os sufocam no presente (vindos frequentemente de memórias do passado) são a violência doméstica e a doença. O argumento do filme vai nos revelando, passo a passo, todos os segredos da intriga, todas as fraquezas dos seus personagens, todos os enigmas mantidos como insolúveis. Os momentos do passado cruzam-se com a narrativa do presente. Dolores revive uma acusação pública perante a comunidade local. E as piores memórias vêm trazer-lhe à consciência a crueldade da sua vida passada. Ela é uma mulher amarga, azeda e relativamente indiferente.
SINOPSE
Selena St. George (Jennifer Jason Leigh -Jovem Procura Companheira), uma escritora de sucesso que vive em Manhattan fica surpresa com a notícia de que a sua mãe, de quem se encontra separada, foi acusada de homicídio. Com algum ressentimento, Selena regressa à sua pequena cidade natal no Maine para oferecer ajuda. Não que ela acredite que Dolores (Kathy Bates) é inocente. Na verdade, ela tem suspeitas acumuladas desde há vinte anos atrás As duas fecham um círculo bizarro, despedaçando juntas passado e presente, memória e fato, para revelar a surpreendente verdade que se esconde por trás de duas mortes.

Reflexos da amizade

reflexos de amizade ASSUNTO
Perda, segredo, ciclos, deficiência.
O filme apresenta a amizade entre Tommy, um garoto de 13 anos, e Pappas, um homem com deficiência mental. Ao redor desse contexto, dá-se enfoque ao comportamento da sociedade em função do preconceito. A proposta deste filme nos leva ao questionamento: quem é realmente o deficiente da história? Seria Pappas, com seu jeito simples de sorrir mesmo aos insultos, ou seria aquele que o excluía e usava o termo “retardado” ao se referir a ele? O personagem Tommy também passa por um período de deficiência, por causa da falta dos pais, que só é suprida quando este retorna ao seu local de origem, aceita seu passado e se dispõe a VIVER.
SINOPSE
Para se acertar com a esposa e o filho de 13 anos, o artista plástico Tom Warshaw, que leva uma vida boêmia em Paris, volta aos seus 13 anos no Greenwich Village, em Nova York. Ele rememora a depressão da mãe, a amizade com o deficiente Pappas, o primeiro amor e a tragédia que mudou sua vida. E lembra da misteriosa Lady Bernadette, presidiária da casa de detenção do bairro, que usava um espelho e muita sensibilidade para orientá-lo em suas decisões. Elogiada estréia na direção de David Duchovny, Reflexos da Amizade é uma tocante e divertida viagem de acerto de contas com o passado... e o futuro.
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Charlie um grande garoto

charlie um grande garoto ASSUNTO
Relações sociais, familiares e afetivas.
Na verdade, o filme é uma interessante alegoria sobre a adolescência nos dias atuais, sobretudo a epidemia de depressão, doença cada vez mais comum nessa idade, e a indústria que a mesma gera, banalizando o uso de medicação. O filme é bem interessante, apesar de suas falhas narrativas, demonstrada pela superficialidade com que o roteiro trata situações chaves da trama(o histórico do personagem de Downey Jr., o diretor da escola, e a relação do protagonista com seu pai ausente).
SINOPSE
Charlie Bartlett (Anton Yelchin) escuta mais uma conversa da mãe, Marilyn (Hope Davis) com o diretor de sua escola. E, mais uma vez, ele constata que foi expulso do local justamente na época em que ele começava a conseguir o que mais queria: popularidade. Marilyn, se sentindo um bocado perdida e culpada pelo desempenho do filho, resolve colocá-lo em uma escola pública – até porque não resta nenhuma particular para ele se matricular (ele foi expulso de todas). Desta maneira ele deixa a bolha de vidro em que vivia, estudando e convivendo com pessoas de alta classe como ele, para sentir um pouco da “realidade” de jovens que estudam em colégios públicos. Ali ele encontra um celeiro de histórias diferentes que lhe fazem virar o psicólogo da garotada – em mais uma busca por popularidade.

Meu ultimo desejo

meu ultimo desejo ASSUNTO
Casal e família, segredo, homossexualidade, relações afetivas e familiares
O ditado diz que algumas famílias só se reúnem em casamentos ou funerais. A família da Sra. Lu não se reuniria se ela fosse se casar de novo… Mãe dominadora, atormentou seus 4 filhos, espalhados pelo mundo, uma é estrela de filmes de kung fu, outro é dermatologista, outro é infiel, a outra não consegue parar de comer. Agora, para receber a herança, eles devem colocar as diferenças de lado e obedecer a sua última exigência: enterrá-la em um tradicional funeral chinês. Serão eles capazes de suportar sete dias de funeral? “Meu Último Desejo” tem uma história com potencial sobre uma família disfuncional com irmãos que não se falam, perda de tradições, amarguras e reconciliação com muitos personagens ricos. Infelizmente a diretora Anna Chi faz um trabalho pobre e a trama se torna uma melodramática e em alguns momentos chata novela chinês-americana, perdida entre a comédia e o dramalhão pesado. De qualquer modo, há valores e tradições interessantes da cultura chinesa e vale a pena assistir este filme pelo menos uma vez.
SINOPSE
A atriz lésbica Meimei, o médico Alexander, a corretora de imóveis Elizabeth e a jornalista Victoria  são contatadas por Viola, que informa que a mãe deles faleceu. Os irmãos Chinês-Americanos viajam para Seattle com suas famílias onde a assistente da mãe deles Viola diz que o último desejo dela seria um funeral chinês de sete dias. Neste meio tempo, o estranho pianista e praticante de Tai Chi Chun Chow Lin chega de Pequim para o funeral. Ao longo dos dias seguintes, Meimei e usa parceira Dede Chan tentam obter esperma do monge Bruce para uma inseminação artificial, e Viola entrega uma carta da mãe dela contando a verdade sobre seu pai. Alex tenta se reconciliar com sua esposa e ex-Miss Taiwan Cindy. Liz ainda está de luto pela perda de seu filho Sammy e não está pronta para retornar para seu marido Michael. No sexto dia do funeral, os irmãos têm uma grande surpresa.
TRAILER

O centro do mundo

o centro do mundo ASSUNTO
Realações afetivas, sexualidade (CENAS DE SEXO)
Este diferente drama dirigido pelo chinês Wang, tenta com estilo, mas sem grande profundidade, mostrar como a solidão é algo comum nos dias atuais e aflige pessoas de todos os níveis, além de deixar claro que o dinheiro pode comprar companhia, mas não amor e sentimento.
SINOPSE
Richard é um jovem engenheiro com uma carreira sólida e vida financeira estável, embora inseguro e introspectivo. Florence é uma stripper; uma mulher fria e insensível que não acredita no amor. Duas pessoas com muito pouco em comum que, após um encontro inusitado, decidem passar um fim de semana juntos em Las Vegas.1 Embora embarquem nesta viagem por razões puramente egoístas – ele desejando escapar da pornografia da internet; ela desejando um cachê extra - esta torna-se uma jornada para o auto-conhecimento. Durante estes dias, o sexo passa a ser o centro do mundo deles, mas na medida em que se entregam ao prazer, eles não conseguem deixar de lado suas personalidades, seus sonhos e inseguranças, tornando este momento muito mais do que um mero encontro sexual.