quarta-feira, 12 de março de 2014

A menina que roubava livros

 
clip_image001ASSUNTO
Guerra, preconceito, racismo, violência, perdas, resiliência, luto, arte, solidariedade, vida e morte.
SINOPSE
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger (Sophie Nélisse) sobrevive fora de Munique através dos livros que ela rouba. Ajudada por seu pai adotivo (Geoffrey Rush), ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos, incluindo um homem judeu (Ben Schnetzer) que vive na clandestinidade em sua casa. Enquanto não está lendo ou estudando, ela realiza algumas tarefas para a mãe (Emily Watson) e brinca com a amigo Rudy (Nico Liersch).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para além do registro sobre as crueldades do Nazismo, o filme nos convida a testemunhar um belo exemplo de resiliência. Sim, Liesel é um modelo perfeito para a compreensão deste conceito que nos é tão caro em psicologia. O termo resiliência refere-se à capacidade dos indivíduos para superar os períodos de dor emocional e adversidades. Na abordagem Gestáltica, entendemos a resiliência como a capacidade do indivíduo realizar ajustamentos criativos funcionais diante de situações adversas. A arte de superar, que transforma adversidades em oportunidades, parece ser dominada pela menina. Sua trajetória está repleta de situações adversas que são superadas, na maior parte das vezes, usando os livros como suporte para realização de seus ajustes criativos. Curiosamente, somos apresentados a Liesel pela morte, que narra à árdua jornada da menina de forma surpreendentemente simpática. O primeiro livro cruza seu caminho em momento de extrema dor, durante o breve enterro de seu irmão caçula. Ainda sem compreensão sobre a leitura, ela percebe quando o coveiro deixa o livro cair na neve. Antes mesmo de compreender o significado daquelas letras, ela rouba e atribui um sentido ao objeto, que se revela como único vínculo com a sua família.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A vida secreta de Walter Mitty

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ASSUNTO
Relações sociais, afetivas e familiares, auto conhecimento, autoestima, fobia social, relações virtuais, espaço e tempo (aqui e agora).
SINOPSE
Walter Mitty (Ben Stiller) é o responsável pelo departamento de arquivo e revelação de fotografias da tradicional revista Life. Ele é um homem tímido, levando uma vida simples, perdido em seus sonhos. Ao receber um pacote com negativos do importante fotógrafo Sean O'Connell (Sean Penn), ele percebe que está faltando uma foto. O problema é que trata-se justamente da foto escolhida para ser a capa da última edição da revista. É quando, Walter, com o apoio de Cheryl (Kristen Wiig) é obrigado a embarcar em uma verdadeira aventura.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Uma cliente adolescente já tinha comentado sobre o desejo de assistir ao filme, consegui uma versão dublada e guardei. Recentemente, uma colega renomada o indicou também, tive que verificar. A princípio, o filme aparenta ser uma daquelas comédias “sem noção”, apenas mais um besteirol americano. Entretanto, os mais sensíveis poderão perceber a riqueza da trama. Diversos olhares se tornam possíveis diante da experiência. Para alguns, o filme pode ser sobre o Universo particular de alguém com dificuldade em se relacionar, que tem uma rotina metódica e que encontra na fantasia algum tipo de compensação. Para outros, o foco pode estar na necessidade de qualquer ser humano de dar asas à própria imaginação, de criar situações, de viver aventuras, de se permitir, ou seja, de agir no lugar de pensar. Pode também ser apontado como uma comédia dramática a respeito de crises existenciais dos novos tempos, que englobam o tempo ou a falta dele, o espaço real ou virtual, as relações familiares e sociais. Fato é que o filme parte de um momento de crise, sim, para acompanhar o processo de autoconhecimento de nosso anti-herói. A vida secreta dele é também a de cada um de nós, quando escolhemos nos refugiar em pensamentos, no lugar de sentir a vida no momento que ela acontece.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Última Viagem a Vegas

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Psicologia do desenvolvimento, terceira idade, amizade, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
Billy (Michael Douglas), Paddy (Robert De Niro), Archie (Morgan Freeman) e Sam (Kevin Kline) são amigos desde a infância e hoje são senhores de idade. Quando Billy, o solteirão do grupo, decide enfim pedir em casamento sua namorada de trinta e poucos anos, ele e os amigos resolvem viajar até Las Vegas para reviver a juventude e curtir uma tremenda despedida de solteiro. O que eles não imaginavam é que a Las Vegas atual seria bem diferente da cidade que eles conheceram décadas atrás.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Não é novidade a recente enxurrada de filmes com foco em personagens da “terceira idade” ou “Idade adulta”. Não é por menos, o aumento significativo da população de idosos vem compondo um público alvo cada vez maior. Em “Última Viagem a Vegas” o olhar é mais leve, e, vem trazendo uma versão simpática e divertida de um reencontro de velhos amigos. Uma das grandes sacadas do filme é a sede de viver que cada qual traz consigo. Tal viagem os oportuniza o resgate daquela juventude que habita no interior deles. Ainda que o corpo não acompanhe, logo fica claro que, no íntimo, todos permanecem jovens. O processo de envelhecimento não é encarado da mesma forma, o que fica evidente no filme.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Lola contra o mundo

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ASSUNTO
Relações afetivas, término da relação amorosa, autodescoberta.

SINOPSE
Lola tem 29 anos e está prestes a se casar com Luke. No entanto, três semanas antes de seu casamento, Luke termina tudo, o que deixa Lola devastada. Agora, ela deve se reerguer e partir em busca de sua felicidade, mas isso não será nada fácil.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Eu sei que a mudança é inevitável, mas se eu não quiser que as coisas mudem? E se eu gostar da minha vida do jeito que ela é?”. Assim Lola afirma ao completar 29 anos. Como tantas outras, há o desejo de manter o status quo. O medo do desconhecido ou apenas a vontade de eternizar um momento especial fazem com que vislumbremos a possibilidade de fazer o momento presente eterno, ainda que já tenha se tornado passado. Vida é sinônimo de transformação, se apegar ao passado não evita mudanças, elas de fato são inevitáveis. Logo de início percebemos que a protagonista não é uma personagem de conto de fadas, Lola é bem real, imperfeita, humana. Não é difícil se identificar com ela em diversos momentos, pois a “mocinha” sai de seu eixo e comete erros como qualquer ser humano. Seu mundo desaba quando o noivo rompe o compromisso às vésperas do matrimônio. O suporte dos amigos parece não ser suficiente, a dor é sua, de mais ninguém. Dormir, beber ou comer demais, ficar sem ar, se afastar do ex e ao mesmo tempo tentar saber tudo sobre ele, buscá-lo, investir energia em novos projetos ou “chutar o balde” são comportamentos ambíguos que tornam Lola humanamente real.

12 Anos de escravidão

 
imageASSUNTO
Preconceito racial, relações afetivas, familiares e sociais, violência, abuso físico e psicológico, período nebuloso da história americana, luta por direitos básicos.
SINOPSE
12 Anos de Escravidão é um filme baseado na inacreditável e verdadeira história de um homem que luta por sobrevivência e liberdade. Na época pré-Guerra Civil dos Estados Unidos, Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um homem negro livre do norte de Nova York, é sequestrado e vendido como escravo. Diante da crueldade (personificada por um dono de escravos desumano, interpretado por Michael Fassbender) e de gentilezas inesperadas, Solomon luta não só para se manter vivo, mas também para manter sua dignidade. No décimo segundo ano de sua odisseia inesquecível, Solomon encontra casualmente com um abolicionista canadense (Brad Pitt), que muda sua vida para sempre.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Mais do que apenas um absurdo da trajetória humana, a escravidão foi um período obscuro que revelou aquilo que há de mais desumano no homem: seu nível de crueldade. A ilusão de ser superior ao seu semelhante (ou seria a de sentir-se ameaçado pela diferença que não compreende?) fez e ainda faz o homem agir de forma violenta e ultrajante com a própria espécie. O filme conta a história de um e de muitos, pois retrata o que muitos negros vivenciaram durante a escravidão, fosse na América ou no Brasil. Infelizmente, a violência, a humilhação, a dor física e psicológica sofrida por eles não foram apenas parte obscura de  História deixada no passado. Este e utros tipos de preconceitos continuam a suscitar ações violentas que são estampadas regularmente em jornais. Na trama, acompanhamos a história de um homem livre, negro, que após ter constituído família e alcançado certa estabilidade social, é sequestrado e forçado a abrir mão da própria identidade. Solomon recebe uma proposta de trabalho como violinista e aceita viajar para Washington por alguns dias, para se apresentar junto a um grupo, o que promete um bom retorno financeiro. Logo, nos deparamos com a mudança drástica ocorrida em cena, acontece da noite para o dia. De noite, o clima era de comemoração pelo possível sucesso dos shows. De manhã, as correntes que prendem o violinista revelam outra atmosfera. Trata-se do tráfico humano, que é executado da forma mais ultrajante possível. Preso, espancado e humilhado, ele é transportado para o sul, para onde será contrabandeado (No sula escravidão ainda era uma realidade) e vendido para trabalhar em plantações. Atente para o fato que sua identidade precisa ser trocada, ele então é transformado de forma cruel em Pratt. A partir de então, acompanhamos cenas que chocam e partem o coração de qualquer pessoa.

Canção para Marion

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Relações afetivas e familiares, paciente terminal, luto e conflitos relacionais entre pai e filho.
SINOPSE
Arthur é mal humorado, rabugento e de poucos amigos. Sua esposa, Marion, apesar de ser doente terminal, é o oposto: está sempre bem humorada, de bem com a vida e cercada de amigos que a adoram. Ele e o filho têm problemas de comunicação, o que preocupa a esposa, que tenta aproximá-los antes de partir. Marion faz parte de um coro que é pouco convencional, o marido discorda de sua participação, pois o considera como ameaça a sua saúde.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Já existem alguns filmes que discutem as relações familiares no momento de perda de um de seus membros. Atendendo ao pedido de nossa colega Denise Chagas, assisti ao drama. Neste, falamos de Marion, uma mulher vibrante que apesar de estar em fase terminal de câncer, esbanja energia. Seu amor pela vida fica evidenciado em cada esforço que faz para compartilhar do coro com os amigos. Seu marido, ao contrário, faz questão de se isolar ou exibir seu mau humor a qualquer momento. No entanto, quando cuida de Marion, ele exibe sua capacidade cuidar, sendo amoroso e carinhoso com ela. Já com o filho e com os amigos de Marion a coisa é diferente, ele é seco e muitas vezes ríspido. Seu comportamento pode sugerir a presença de ciúmes, melhor dizendo, da necessidade que ele tem de possuir o máximo da esposa antes de sua partida. A relação deles já é tão antiga que ambos se misturam no mundo. O tempo de convivência o fez esquecer-se de boa parte de si. Ele não sabe como funcionar sem ela e seu processo de luto o torna ainda menos tolerante.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O mordomo da casa Branca

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Relações sociais, afetivas e familiares, preconceito racial.
SINOPSE
1926, Macon, Estados Unidos. O jovem Cecil Gaine (nome verdadeiro: Eugene) vê seu pai ser morto sem piedade por Thomas Westfall, após estuprar a mãe do garoto. Percebendo o desespero do jovem e a gravidade do ato do filho, Annabeth Westfall decide transformá-lo em um criado de casa, ensinando-lhe boas maneiras e como servir os convidados. Ele cresce e passa a trabalhar em um hotel ao deixar a fazenda onde cresceu. Sua vida dá uma grande guinada quando tem a oportunidade de trabalhar na Casa Branca, servindo o presidente do país, políticos e convidados que vão ao local. Entretanto, as exigências do trabalho causam problemas com Gloria, a esposa de Eugene, e também com seu filho Louis, que não aceita a passividade do pai diante dos maus tratos recebidos pelos negros nos Estados Unidos.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Nosso mundo é o mundo construído com nossas experiências, assim compreendemos a vida conforme a realidade que nos circunda desde o nascimento. Nos primeiros anos, pouco sabemos sobre o que há fora de nosso Universo particular. Ainda sem termos capacidade de questionar qualquer verdade, aprendemos a partir de nossas primeiras relações. Entendemos como verdade alguns destes aprendizados de nossa infância. Nem sempre sabemos o porquê, apenas o sabemos. Cecil nasce em uma época em que a exploração e humilhação dos negros é uma realidade cruel. Ele aprende muito cedo a diferença entre negros e brancos, e vai descobrindo aos poucos sua forma de ter uma vida digna dentro das possibilidades conhecidas. Bem cedo, ao assistir ao assassinato de seu pai, aprendeu que para sobreviver era preciso estar em outro lugar. O menino aprende a não ter voz, a existir de forma invisível no mundo dos brancos, pronto a servir sem ser notado. Desta forma, ele consegue construir uma família, tendo em sua casa outra identidade. Além de pai é marido, tem voz ativa e nunca, de modo algum, mistura os dois Universos.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Blue Jasmine

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ASSUNTO
Relações sociais, afetivas e familiares, autoestima, neurose, transtornos mentais, crise financeira, crise existencial.
SINOPSE
Uma mulher rica (Cate Blanchett) perde todo seu dinheiro e é obrigada a morar em São Francisco com sua irmã (Sally Hawkins), em uma casa muito mais modesta. Ela acaba encontrando um homem (Alec Baldwin) na Bay Area que pode resolver seus problemas financeiros, mas antes ela precisa descobrir quem ela é, e precisa aceitar que São Francisco será sua nova casa.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Além de azul, a palavra "blue" significa melancólico, deprimido no inglês. O nome do filme também acaba sendo uma referência à música "Blue Moon", tocada diversas vezes durante a obra, seja para marcar situações de ostentação, seja para mostrar o quão diferente está a vida de Jasmine. O drama, como tantos outros de Woody Allen, brinca com alguns dos conflitos puramente humanos. Claro, brincadeira é coisa séria, quando falamos do diretor. Assim, questões financeiras, problemas nas relações familiares, afetivas, sociais ou questões de autoestima estão presentes no longa. Do ponto de vista social, o filme expõe uma realidade recente, pois devido à crise financeira, muitos, especuladores ou não, perderam posição sua social na última década. Diante de obras como esta, fica difícil focar em apenas um aspecto do que é exposto na trama. O filme é provocador, não há dúvida. Loucura e neurose, verdades e mentiras, Ser e Ter... Quantas realidades cabem numa vida?

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Os Croods

clip_image002_thumbASSUNTO
Adolescência, relações familiares, medo, terapia familiar, metáfora de uma família disfuncional.
SINOPSE
A comédia pré-histórica “Os Croods” acompanha a família Crood, que tem sua caverna destruída. O clã se vê obrigado a partir em busca de uma nova casa. Liderados por Grug, só não imaginavam que sair das cavernas ia render a maior aventura de suas vidas. Cage emprestará sua voz a Crug, que cautelosamente guia sua família em busca de um lugar seguro, depois que um terremoto destrói sua casa. Ao tentar encontrar um caminho em ambiente perigoso e hostil, ele encontra o personagem de Reynolds, um nômade que encanta o clã de Crug com seus modos modernos – especialmente sua filha mais velha.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Um domingo, com filho e afilhada, me levou a assistir OS CROODS, uma comédia deliciosa que me fez rir muito e também refletir sobre muitas coisas. Pouco tenho postado sobre animações infantis. Mas, nesse caso, o filme é indicado para a família toda, e, também para aqueles que estudam ou trabalham com terapia familiar. Sim, o filme é um prato cheio para quem estuda o tema! Trata-se de uma família que vive isolada, enclausurada, devidamente acomodada em sua zona de conforto. O sistema familiar prioriza a sobrevivência, especialmente após terem assistido as outras famílias serem destruídas. A chama do MEDO é mantida acesa, não é possível enfrentar o NOVO, que deve ser evitado a qualquer custo. Muitas famílias se portam de modo semelhante, especialmente após alguma tragédia ou sofrimento demasiadamente ameaçador. O sistema familiar fechado é sinônimo de família disfuncional. O medo de enfrentar mudanças fica evidenciado. Na realidade, não só as famílias vivem assim, há também indivíduos que se fecham em si mesmos, evitando contato com o novo e alimentando o medo de tudo e de todos, tudo em nome da proteção.

domingo, 17 de novembro de 2013

O último amor de Mr. Morgan

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Terceira idade, solidão, luto, segredos, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
No dia em que a jovem Pauline lhe estendeu a mão para ajudá-lo a entrar em um ônibus, o viúvo inglês Matthew Morgan reencontrou a felicidade. Professor teimoso e de natureza ranzinza, ele repentinamente resgata sua curiosidade pela vida durante seus passeios em parques e viagens ao campo, sempre ao lado da bela Pauline. A nova relação renova em Matthew sua noção de família. Com isto, ele se reaproxima do filho Miles, que logo se sensibiliza com as mudanças visíveis no pai. Mas as consequências deste reencontro são imprevisíveis.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme reúne alguns temas familiares, ao retratar a história solitária de um viúvo ranzinza que segue em processo de luto. Conflitos familiares, processo de envelhecimento, solidão e segredo famíliar estão presentes no longa. Desde a morte da esposa, Mathew, como tantos outros viúvos, sobrevive à perda de forma solitária e depressiva. Ele se isola do mundo, seguindo sua rotina. Seus olhos carregam tristeza, resta pouco ou quase nada do brilho de vida de outrora. Pauline, por sua vez, traz luz em sua forma de ser. No encontro de ambos, logo fica claro o quanto é possível trocar na diferença. Já de cara, a moça diz que aquele senhor faz lembrar o pai dela. Ele enxerga nela a figura da esposa que se foi, mas não necessariamente uma substituta. Eles compartilham a dor de terem e não terem uma família. Muitos viúvos e viúvas sentem-se perdidos no mundo depois da perda de seu ente querido. Após anos de compartilhamento de vida, é difícil sobreviver sem aquele que fazia parte do próprio universo. É comum ouvirmos relatos de companheiros que partem pouco tempo depois. Mathew já não conseguia ver sentido na vida, principalmente pela imensidão do único amor que conheceu e a quem dedicou todo afeto que pensava ter: sua esposa. Ele mesmo afirma não entender o que a amada esposa teria visto nele.

sábado, 16 de novembro de 2013

The first time

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Adolescência, virgindade,sexualidade, relações afetivas e sociais.
SINOPSE
2012 - Dave Hodgman, estudante do último ano do ensino médio e romântico incurável, conhece e se apaixona por Aubrey após uma noite de festa. Infelizmente, há alguns obstáculos para essa história ter um final feliz: Dave esteve até então loucamente apaixonado por outra garota, Jane Harmon, enquanto Aubrey mantém um relacionamento com Ronny, um jovem de 20 e poucos anos. Por serem estranhos um para o outro, eles compartilham seus verdadeiros sentimentos a respeito de suas vidas e acabam tendo uma incrível conexão. Ambos inexperientes, eles veem o seu mundo girar de lugares totalmente opostos para si mesmos. Com um forte sentimento, eles terão que arriscar um caminho que nunca percorreram: Sexo.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Virgindade ainda é um assunto polêmico para muitos. Para alguns adolescentes, a primeira vez pode ser um sonho e/ou um pesadelo. Sonhar com o momento único que pode ser com partilhado com uma pessoa especial é comum. Para alguns, o sonho se torna pesadelo muito antes de acontecer, pois pode ocorrer muito cedo ou tarde demais. De fato, este é um dilema comum para adolescentes. Meninas e meninos, independente da perspectiva, passam pela experiência de criar expectativas sobre o momento sonhado. O filme trata do assunto de forma delicada, simples e muito real. Trata-se de uma comédia romântica sensível, que encontra o tom certo para discutir o assunto. Tanto Dave quanto Aubrey já faziam planos sobre a primeira vez antes de se conhecerem. Entretanto, se esbarram ao acaso, e, talvez por isso, constroem uma relação autêntica. Aos poucos vão percebendo o quanto estão atraídos um pelo outro, o que acaba resultando na mudança de planos para ambos. Os conflitos experienciados pelos adolescentes são retratados com honestidade. O mais interessante  é a forma como apresentam a primeira vez. Para não saber detalhes do desfecho da trama, recomendo que não continue .

Marie Kroyer

 
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Saúde mental, disfunção familiar, traição, esquizofrenia.
SINOPSE
2012 - Marie Kroyer vive um casamento infeliz com o famoso pintor dinamarquês P.S. Kroyer, no final do século XIX. Ele divide-se entre as funções de artista, mãe e esposa, e ainda é obrigada a conviver com uma doença mental do marido. Com o tempo, ela se sente cada vez mais sozinha e angustiada. Decide, então, fugir da rotina e sair de férias. No período, conhece o compositor sueco Hugo Alfvén, por quem se apaixona loucamente.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Baseado em fatos reais o filme conta a história de Marie, artista, esposa de um renomado artista, que é portador de transtorno mental. Logo percebemos o amor e cuidado que ela tem com o marido, que apesar de muito amá-la, ele não consegue retribuir seu carinho. A dedicação da esposa não é suficiente para conquistar a reciprocidade, principalmente porque a doença afeta o comportamento do marido, que além de apresentar delírios e alucinações, traz a franqueza cruel como marca. Acompanhamos algumas crises do marido e os esforços da Marie para manter seu casamento. A família é afetada pela doença, que torna cada dia mais difícil sua manutenção. Apesar da dedicação da esposa, os surtos psicóticos do pintor tornam a esposa extremamente infeliz. Após longo período de internação, o artista passa um tempo lúcido até que explode em novo surto, afetando diretamente a filha. É cruel a forma com que ele obriga a criança a se comportar como um cachorro, que segundo ele, seria bem mais bonito que ela. Mesmo  tendo superado ameaça à própria vida, a cena é a gota d’água para a esposa. Sendo assim, Marie aceita o convite de sua amiga e parte para a Suécia, levando a filha. Lá conhece o compositor que será pai de sua segunda filha. A trama se desenrola focando a luta de Marie, sua força diante dos obstáculos de sua época. O amor do artista por Marie é indiscutível, mas sua doença prejudica não só a relação com a esposa, mas também afeta a filha Vibeke, que demonstra evidente carência afetiva. Em seus poucos momentos de lucidez, Kroyer assume total responsabilidade pela consequente traição sofrida, mas em nenhum momento se dá conta da forma que assustava a própria filha. O filme não tem a proposta de aprofundar a doença mental, no entanto faz um recorte interessante sobre o tamanho do sofrimento dos familiares de um portador de doença mental, especialmente quando não haviam recursos terapêuticos eficientes para o tratamento de transtornos psicóticos.



domingo, 10 de novembro de 2013

O presente

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Relações afetivas, familiares e sociais, valores, perdas, luto, auto-conhecimento, amizade, segredos, amor, compreensão, empatia, mudanças.
SINOPSE
Jason acabou de perder o avô bilionário que sempre odiou e estava certo de que não herdaria nada. Mas se enganou: "Red" Stevens (James Garner) deixou 12 tarefas para Jason, ao fim das quais ele será avaliado e, se merecer, terá direito ao que Red chama de "o maior de todos os presentes". Cada uma dessas tarefas tem o objetivo de promover alguma mudança em Jason, mas nenhuma terá tanta força quanto o encontro casual com a pequena Emily (Abigail Breslin).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado por um seguidor, o filme é de fato um presente. A trama, ainda que não pretenda retratar fatos reais, pois dificilmente seria possível realizar tal plano de forma tão bem amarrada, termina por provocar boas reflexões. Trata-se de um drama de 2006 que exemplifica a importância da experiência vivida para nosso desenvolvimento. Conselhos podem ser bem vindos, mas pouco ou nada valem diante da experiência vivenciada. Na abordagem gestáltica, priorizamos a experiência, ou melhor, o experimento, exatamente por alcançar melhor resultado no que se refere à possibilidade de mudanças. Assim também pensa o avô de Jason, que através de sua proposta promove  diversas experiências que irão transformar sua vidade Jason para sempre. Até então, o neto era apenas um “payboy” sem noção de alguns valores que são essenciais para o ser humano. Sua vida era resumida em prazeres financeiramente dispendiosos, atividades fúteis e relações vazias. Apesar de ser bem instrído, o rapaz não tinha em seu universo qualquer aplicação para tudo que aprendeu em sua formação. Todo conhecimento adquirido era desperdiçado, pois desconhecia a palavra necessidade, fosse de produção ou de vontade de brigar por algo. O fato de tudo estar disponível, todo o tempo, fez com que Jason perdesse contato com seus sentidos.

Meu passado me condena

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Relações afetivas.
SINOPSE
Quando Fábio (Fábio Porchat) e Miá (Miá Mello) se encontram, é amor à primeira vista. Eles se casam um mês depois de se conhecerem e decidem viajar à Europa em um cruzeiro em lua de mel. Só que, durante a viagem, eles encontram seus antigos namorados, Beto (Alejandro Claveaux) e Laura (Juliana Didone), que hoje estão juntos e também passam sua lua de mel.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
De humor leve e descompromissado a comédia romântica até poderia render algumas discussões acerca dos conflitos pessoais dos personagens, mas o longa não se aprofunda. Fábio é hipocondríaco, fóbico e foi vítima de várias encarnações em sua trajetória escolar. Miá, aparentemente descolada, se rende aos impulsos da paixão e se casa após um mês de relação. O ex de Miá é pretencioso, arrogante e vazio. A esposa, por sua vez, se faz de burra para permanecer em sua posição social, o que não convence por se tratar de uma médica. Os outros personagens são também inverossímeis, servindo ao propósito de apenas oferecer algum tipo de ligação na comédia. As situações promovidas pelo casal de funciomários do navio, por exemplo, estão bem distantes do que de fato poderia ocorrer dentro de um navio comercial. Fábio Porchat encarna um imaturo, muitas vezes infantil, personagem, que apesar de contrastar com o pedante ex-namorado, está longe de convencer o público feminino como o “sonho de consumo” apontado pela pediatra. O amigo sem noção que invade a lua de mel do casal é outra fantasia. Apesar de alcançar um bom número de público, o filme se revela apenas como uma comédia rasa, sem grandes aprofundamentos ou críticas. Ainda que apresente algumas possibilidades que poderiam ser melhor exploradas, nada vai além. Relações de interesse, relações afetivas, relações infantis e surreais são apresentadas de forma bem superficial. Assim, o filme é indicado para os que gostam de comédias leves.




Serra Pelada

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Relações humanas, políticas, sociais, afetivas, familiares, crenças , valores, ganância, poder, violência, humanismo e amizade.
SINOPSE
1980. Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) são grandes amigos que ficam empolgados ao tomar conhecimento de Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, localizado no estado do Pará. A dupla resolve deixar São Paulo e partir para o local, sonhando com a riqueza. Só que, pouco após chegarem, tudo muda na vida deles: Juliano se torna um gângster, enquanto que Joaquim deixa para trás os valores que sempre prezou.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Além de retratar um momento histórico de nosso país, a superprodução assume uma perspectiva peculiar ao descortinar um pouco mais do comportamento humano. Frente à possibilidade de riqueza ou mesmo na mudança radical de situação financeira, como o homem reage? O filme mostra como aconteceu com muitos na ocasião em Serra pelada, quando muitos enriqueceram, outros tantos perderam muitos sonhos e até mesmo a própria vida. Até onde vai a ganância? Até onde conseguimos manter nossos princípios frente a novas realidades? O filme foca em dois amigos de infância que compartilham o sonho por razões diversas, mas ele não perde de vista outras personalidades que surgem no mesmo contexto, com destinos diversos. De uma forma muito particular, o filme toca num ponto crucial de nossa existência, o valor das coisas. O dinheiro nos governa ou nós o governamos? Qual o limite do poder? Confesso que é uma questão bastante preocupante em nossa trajetória. Já assisti diversas pessoas se transformarem muito quando o assunto é dinheiro, seja por excesso ou falta dele. Diversas vezes afirmei que não gostaria de ganhar, por exemplo, na sena ou loto alguns milhões de reais. Isso porque sempre tive medo da violência, inveja, falsidade e desconexão que podem vir na bagagem. Quantas notícias sobre violência, morte, suicídios ouvimos sobre pessoas que enriqueceram da noite para o dia? Isto, de fato, me causa espanto. O filme explora bem o assunto, ainda que em outro cenário. Acho até que tudo que vemos em Serra Pelada acontece em outras realidades, onde a ganância transforma pessoas em “soldados do poder”. Pessoas que pensam que estão em busca da realização dos próprios sonhos, passam a servir a um sistema sórdido, sem que percebam que seus princípios vão deixando de existir aos poucos. Não é preciso voltar a Serra Pelada para vermos muito do que lá aconteceu. Basta abrirmos bem os olhos e acompanhar pela internet a realidade a nossa volta, que encontraremos comportamentos alterados pela ganância de muitos, transformando muitos valores de vida. Neste aspecto, Serra Pelada é um alerta social, nossos valores são ameaçados diariamente por novos contextos. No foco da trama está a amizade, que no final dá sinal de sua sobrevivência, ainda que muito prejudicada.

Mato sem cachorro

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Relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE
Deco (Bruno Gagliasso) vive jogado no sofá de sua casa, apesar de ter bastante talento com a música. Um dia, ele encontra dois grandes amores de uma só vez: a radialista Zoé (Leandra Leal) e o cachorro Guto, que desmaia toda vez que fica muito animado. Não demora muito para que o trio viva como se fosse uma família. Só que, dois anos depois, Zoé termina o namoro, fica com a guarda de Guto e ainda por cima arranja um novo namorado (Enrique Diaz). Motivos mais do que suficientes para que Deco fique revoltado e prepare uma vingança: sequestrar Guto. Para tanto ele conta com a ajuda de seu primo Leléo (Danilo Gentili).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Já no início da trama temos uma desconstrução da ideia de família perfeita, que é propagada na grande mídia. Gostei de cara por concordar muito com isso. Desde “A família Watson” (os mais novos nem conheceram a série) que me pergunto a respeito. Em tempos de diversidade em estilos familiares, já não convém apontar a tal família perfeita. Não só por sua forma de existência, mas principalmente porque, como dizia Nelson Rodrigues, “de perto ninguém é normal”. Afinal, o que é ser normal? Formar uma família, definitivamente, não segue uma receita de bolo, ela é constituída dia após dia, num processo de prazeres e desprazeres ao longo de sua história. Pensar um ideal de família é perder a chance de vivenciar este processo com intensidade. Então, o filme assume a perspectiva de comédia romântica, entretanto tropeça em cenas de humor grosseiro e desnecessário, esbanjando palavrões, o que torna a trama imprópria para crianças.

domingo, 3 de novembro de 2013

Gravidade

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Luto, angústia, solidão, existencialismo, metáfora de renascimento ou processo terapêutico.
SINOPSE
2013 - Matt Kowalski (George Clooney) é um astronauta experiente que está em missão de conserto ao telescópio Hubble juntamente com a doutora Ryan Stone (Sandra Bullock). Ambos são surpreendidos por uma chuva de destroços decorrente da destruição de um satélite por um míssil russo, que faz com que sejam jogados no espaço sideral. Sem qualquer apoio da base terrestre da NASA, eles precisam encontrar um meio de sobreviver em meio a um ambiente completamente inóspito para a vida humana.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Li alguns comentários sobre a trama, uns destacam os efeitos espetaculares, outros salientam as cenas improváveis na realidade espacial, mas nenhum deles sinalizou sensivelmente como meu cliente. Segundo o Site MEGACURIOSO, ‘“Gravidade” é um filme de suspense e drama capaz de tirar o fôlego até mesmo dos cinéfilos mais exigentes.’ Eles apontam erros e acertos do filme (Para ler o artigo completo, clique aqui.). Já na revista Info, abril, lemos “Graças às atuações de Clooney e Bullock, o filme supera o simples horror científico e provoca reflexões sobre a condição humana, seus limites e o desapego ao plano material.” (Para ler o artigo completo, clique aqui.) Diego, meu parceiro terapêutico, indicou o filme e identificou a metáfora do renascimento. Ele teve o cuidado de não contar o final e elegeu algumas cenas importantes. Como a cena da posição fetal que Ryan assume, imersa em sua solidão e a outra cena que ilustra sua dificuldade de se “desprender”, “deixar ir” - não só do cordão que a prende (umbilical?) -, mas de sua perda. Concordo plenamente com ele, toda a trama aponta para um processo de luto, de fechamento de ciclo, de renascimento, de reencontro com a vida. A sensação de angústia, de desamparo, de dor e desespero está presente na trama. Aquele momento de impasse, quando beiramos a desistir de tudo, tamanho desespero, está lá. Linda mas também angustiante metáfora, que pode nos remeter a questões tanto pessoais como universais. O renascimento de um único ser ou de toda humanidade estão ali para quem quiser perceber. A sobrevivência é, sem dúvida, tema do filme, que entre outras coisas nos faz refletir sobre a sobrevivência não só do planeta terra, da humanidade, mas principalmente sobreviver às intempéries dessa jornada chamada vida.

sábado, 19 de outubro de 2013

Uma família em apuros

clip_image001ASSUNTO
Relações familiares, choque de gerações, relações sociais e afetivas.
SINOPSE
2012 – comédia - Quando a filha sai para trabalhar, Artie (Billy Crystal) e Diane Decker (Bette Midler) passam a cuidar dos netos. O problema é que os métodos modernos de educação, que excluem punições e deixam de lado qualquer tipo de diversão, entram em conflito com tudo aquilo que Artie e Diane aprenderam com a vida. Logo eles decidem abandonar as recomendações da filha e adotar seu próprio método, usando algumas táticas inesperadas para conquistar os netos e ensiná-los a serem crianças de verdade.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Comédia familiar que propõe boas risadas ao apresentar questões familiares bem contemporâneas. Obviamente, os extremos tornam as questões pouco verídicas, o que não retira de cena a oportunidade de repensarmos algumas questões. Aliás, talvez seja mesmo por tornar as situações bastante caricatas, aquilo que nos convida a ultrapassar o riso e refletir. Artie, o avô, está naquela idade difícil, quando o homem pode ser aposentado e sentir algum vazio por conta disto. No entanto, não é o que ocorre. Ele é um radialista à moda antiga e é demitido exatamente por este motivo. Atente para a cena, que além de hilária, pode nos fazer pensar sobre os dois lados da moeda. Por um lado, muitas pessoas resistem às mudanças inerentes aos avanços tecnológicos, o que pode as deslocar, não só do mercado de trabalho, mas também de algumas interações sociais que passam a ser incompreensíveis. Por outro lado, temos também a intransigência em relação aos que não se adéquam, desvalorizando assim toda a experiência de uma vida. Estamos falando do radicalismo que distancia gerações, dificultando as trocas que tanto podem enriquecer a vida. Muito bem, a filha de Artie construiu família fora dos moldes de sua origem e também bem distante. A rotina da família gira em torno de uma cultura moderna, obedecendo às últimas tendências, seguindo-as em todos os comportamentos, principalmente no que se refere à educação. Quando ela precisa dos pais para ficar com seus filhos por alguns dias,  percebemos o tamanho da distância existente entre eles.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Minha mãe é uma viagem

clip_image001ASSUNTO
Relações familiares, confluência, autoestima, mecanismo de defesa.
SINOPSE
2013 COMÉDIA - Andy Brewster está prestes a realizar a viagem de seus sonhos pelo país e quem melhor para acompanhá-lo do que sua autoritária mãe Joyce. Depois de decidir dar início à sua aventura com uma rápida visita à sua mãe, Andy se vê forçado a levá-la com ele na viagem. Por 3.000 milhas de cenários sempre diferentes, ele constantemente se irrita com as artimanhas da mãe, porém, com o tempo, ele percebe que suas vidas têm mais em comum do que ele imaginava. Os conselhos de sua mãe podem acabar sendo exatamente aquilo que ele precisa.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Mais que simpático, o agradável filme brinca com situações autênticas, que são facilmente encontradas na relação mãe e filho. Alguns filhos reconhecerão algo da própria mãe em Joyce, seja pela superproteção ou pela falta de limites, principalmente quando se trata de invadir o espaço da própria cria. Eles podem reconhecer ou não as próprias dificuldades em seu funcionamento no mundo. As mães, por sua vez, poderão se dar conta de seus excessos ou, ao contrário, podem se irritar com as atitudes invasivas desta mãe superprotetora, exatamente por não terem coragem de admitir ou reconhecer as próprias atitudes. Na realidade, as mães superprotetoras apenas amam demais, fazem de tudo para que os filhos não sofram. Na intenção de apenas evitar que o seu rebento sinta as dores do mundo, não percebem que a mensagem recebida por ele é outra. Na maior parte das vezes, o filho se percebe incapaz de enfrentar a vida, passa a não acreditar em si mesmo, se torna inseguro ao não ter parceria. No filme, Andy é o filho prodígio que desenvolveu-se no universo acadêmico, realizando pesquisas que resultaram em um produto competitivo. No entanto, o jovem tem certa dificuldade no que se refere à transmitir a mensagem. Embora ele tenha ciência da eficiência de seu invento, os termos que usa tornam sua comunicação enfadonha, desviando o foco do produto. A mãe, por outro lado, se preocupa com o fato dele não ter um relacionamento estável e tenta resolver o que considera “problema” do seu jeito.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Smashed De volta a realidade

clip_image001 ASSUNTO
Alcoolismo, dependência química, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
Kate (Mary Elizabeth Winstead) e Charlie (Aaron Paul) formam um jovem casal apaixonado. Eles compartilham uma paixão pela música, risos e álcool. Com o tempo, Kate desenvolve um comportamento antissocial que compromete seu trabalho como professora. Ela então decide entrar no AA e ficar sóbria, contando com a ajuda da amiga Jenny, do vice-diretor da escola e do seu marido. Mas nem tudo será fácil nesta jornada, pois essa transformação vai trazer à tona os outros problemas da sua vida.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
O alcoolismo, como outras formas de dependência química, é cada vez mais frequente entre as mulheres. Como outros vícios, este é fácil de apontar em “outras pessoas”, e, muito difícil de ser reconhecido em si. “Bêbado”, “Sem noção”, “embriagado”, “papudo” é sempre uma qualidade daquele outro, que se comporta de forma inadequada. Quem está envolvido no processo dificilmente se percebe como alcoolista, ele acredita que apenas bebe socialmente. É muito difícil ter consciência do próprio estado de embriaguês, dependência. No filme, a partir de algumas situações inusitadas, Kate se dá conta do quanto a bebida está lhe tirando o controle. A diversão compartilhada com o marido, regada a muito álcool, aos poucos vai tornando o dia seguinte  sem sentido. Acordar num banco de praça, não perceber como chegou até ali, ou pior, vomitar em sala de aula, são os alertas que despertam a professora. A rotina de quem bebe sem limite é assim, aparenta ser um “tempero” para a diversão, mas se apresenta como mecanismo de fuga da realidade. Os problemas reais não deixam de existir, a bebida serve como um anestésico, suspendendo por alguns momentos as preocupações da vida. Da diversão à autodestruição é rápido, basta um instante, sem que muitas vezes a pessoa possa se dar conta. Além de perder a capacidade de discernimento, a pessoa pode chegar a consequências bem piores. A ilusão é o objetivo primeiro, pois não há responsabilidade enquanto a droga tem efeito. Acordar para a realidade é, na maior parte das vezes, muito sofrido.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ginger e Rosa

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Adolescência, relações familiares, afetivas e sociais, crise existencial, guerra, família disfuncional.
SINOPSE
Londres, 1962. Ginger (Elle Fanning) e Rosa (Alice Englert) são amigas inseparáveis. Elas sonham com uma vida melhor que as de suas próprias mães, sempre presas à rotina doméstica, mas a crescente ameaça de uma guerra nuclear as amedronta. Não demora muito para que ambas entrem em conflito com as mães, ao mesmo tempo em que passam a idolatrar Roland (Alessandro Nivola), o pai pacifista de Ginger. Ele encoraja na filha a "lutar contra a bomba", mas aos poucos Rosa demonstra ter outros interesses envolvidos.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Filme para poucos, a trama mescla a crises existenciais, familiares, sociais e políticas. A trama é lenta e retrata a Inglaterra em uma época difícil, desde a Explosão de Hiroxima até a Guerra Fria, grande conflito entre 2 potências, e, a crise dos mísseis em Cuba. O mundo caótico, interno e externo, se mistura durante as crises existenciais, com direito a citações de Friedrich Engels e a escritora Simone de Beauvoir. Nascidas no momento da explosão de Hiroxima, as amigas partilharam diversos momentos de vida até a adolescência, quando fica claro o quanto suas formas de ver o mundo diferem.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pelos olhos de Maisie

imageASSUNTO
Relações afetivas e familiares, separação, alienação parental.
SINOPSE
Em meio ao conturbado divórcio dos pais, Maisie (Onata Aprile), uma garotinha de sete anos, tenta entender o que se passa. De um lado a mãe, Susanna (Julianne Moore), uma estrela do rock. Do outro o pai, Beale (Steve Coogan), um influente galerista. Unindo os dois, a menina, que logo descobre um novo significado para a palavra "família".
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Em muitos momentos o filme parece confuso, imprevisível. De fato, compartilhamos do olhar de Maise diante das mudanças que ocorrem em sua vida. Também, pudera, ela é transformada em joguete das relações afetivas conturbadas de seus pais, no momento da separação. Após a batalha judicial, Maise passa a ter 4 pais e duas casas, mas isso não torna sua vida mais estável. As atitudes inconsequentes de seus pais, com relações sociais pautadas no interesse, nas aparências e também no narcisismo afetam o cotidiano da menina. Notamos que o comportamento da menina aparenta certo distanciamento, uma provável defesa diante dos fatos. O processo de desmoralização e afastamento do ex-cônjuge, denominado alienação parental, é bastante explorado no longa.

sábado, 31 de agosto de 2013

Amor em tempos de guerra

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ASSUNTO

Homossexualidade, guerra, relações afetivas, familiares e sociais, preconceito, holocausto.

SINOPSE

O filme tem o seu início na primavera de 42, em Paris, Jean e Philippe arriscam as suas vidas para ajudar Sarah, uma amiga de infância de Jean que é judia e cuja família foi assassinada pela Gestapo. Jean é o grande amor de Sarah, mas ele é homossexual e apaixonado por Philippe, membro da resistência francesa. Mesmo assim, os três conseguem manter uma relação harmoniosa, até que entra em cena o irmão de Jean, colaborador dos nazistas. Quando Jean é falsamente acusado de manter um caso com um oficial alemão, começa a descida ao inferno sob o signo do triângulo rosa.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Transcendendo o tema da homossexualidade, o filme aborda as relações humanas em sua complexidade, abrangendo as relações afetivas, familiares e sociais em tempos de guerra, quando o que há de mais desumano na sociedade pode se revelar. Se ainda enfrentamos barbaridades por conta de preconceito contra a homossexualidade, não há como comparar com o que acontece em outro contexto. Os horrores da segunda guerra mundial, por diversas ocasiões, foram retratados em diferentes filmes. Temos presente algumas imagens das barbáries sofridas por judeus do mundo todo. A proposta deste filme francês é outra, o foco se desloca a intolerância com a homossexualidade. Jean ama Sarah de outra forma, como alguém muito querida, nunca como mulher. Seu corpo e coração pertencem a Philippe. Por mais estranho que pareça, os três encontram uma forma de convivência harmoniosa, até que seu irmão descobre a verdade. A revolta, o preconceito, ciúme e a inveja transformam a família. A primeira manifestação de preconceito surge na atitude irresponsável do irmão, que resulta na prisão de Jean. Os horrores começam a acontecer na tela, revelando como a homossexualidade também foi alvo de torturas e assassinatos cometidos pelos nazistas.

O SUBSTITUTO ( Indiferença)

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ASSUNTO
Abuso, Sistema educacional, relações sociais, afetivas, humanas, existencialismo, suicídio, mecanismos de defesa.
SINOPSE
Henry Barthes é um professor brilhante com um verdadeiro talento para se conectar com seus alunos. Em outro mundo, ele seria um herói para sua comunidade. Mas, assombrado por um passado conturbado, ele escolhe ser professor substituto - nunca na mesma escola por mais que algumas semanas, nunca permanecendo tempo suficiente para formar qualquer relação com os alunos ou colegas. Uma profissão perfeita para alguém que busca se esconder ao ar livre. Quando uma nova missão o coloca numa decante escola pública, o isolado mundo de Henry é exposto por três mulheres que mudam a sua visão sobre a vida: uma estudante, uma professora e uma adolescente fugitiva.
Durante somente três semanas o professor substituto (Henry Barthes) deverá enfrentar a doença (Alzheimer) e morte do avô, com quem viveu uma terrível história familiar; a vida de uma adolescente prostituta e maltratada, que acabará hospedando na sua casa; alunos violentos e sem perspectiva de futuro, outros com uma carga incrível de sofrimento e carentes do mais básico; professores/as que ainda tentam fazer o seu melhor com alunos/as que não estão para nada interessados em estudar, enquanto outros, carregando histórias pessoais trágicas, afundam na angústia e na depressão. Para ler mais, clique aqui.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Acabo de escrever sobre a necessidade que temos de pertencimento e de reconhecimento no post sobre o filme “Dá para fazer”. Agora, me deparo com o título deste filme, que no original seria indiferença. INDIFERENÇA é um NÃO LUGAR, uma invisibilidade, um não reconhecimento de si no ambiente. Parece que falamos da mesma questão, aqui discutida sobre outra perspectiva. Um primeiro olhar nos remete ao ambiente escolar, o que nos faz crer que o foco é o sistema educacional em decadência. Entretanto, a trama vai muito além, nos propõe reflexões profundas sobre existência. Neste sentido, o tema é bem existencialista, no sentido filosófico da palavra. É um drama existencial repleto de sentidos e não “sentidos”. O personagem principal é professor substituto, o que o configura como a impermanência, não aquela que nos permite o desapego, a renúncia, a aceitação das mudanças. O conceito aqui é usado para definir fuga, trata-se de uma defesa, o movimento de evitar a autenticidade, riscos que o vínculo pode provocar. No desenrolar da trama, somos aos poucos informados das possíveis “razões” que promoveram tal comportamento. Tendo como ponto de partida o texto de Edgar Allan Poe - “A queda da casa dos Usher”, o drama aborda a queda de um sistema. Cenas melancólicas retratam o isolamento, a falta de contato com outros sistemas como agente provocador do esvaziamento. Pais, professores, alunos, todos se trancam em seus universos particulares, incapazes de trocas nutritivas, transbordam frustrações. O sistema, por falta de alimentação, adoece, assim nos ensina a “teoria de sistemas”. De fato, é isso que assistimos na trama, a escolas e as pessoas não mais participam de trocas nutritivas. “Detachment”, o título original, pode significar deslocamento, ou melhor, dizendo, retrata a postura neurótica de estar destacado, isolado. Henrý tenta fazer a diferença em seu ofício, mas também se preserva. Os fantasmas de sua infância teimam em assombrá-lo. Aqui, também, os rótulos são responsáveis por algumas situações críticas, como no caso de Meredith, que por ser obesa é alvo de Bullying. Ela sofre humilhações diárias, é agredida verbalmente por seus colegas e pelos seus próprios familiares. O universo caótico é pessoal e educacional, retratando uma realidade dura, que incomoda o telespectador, chegando a sufocar.

Dá pra Fazer (Si Può Fare )

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Saúde mental, psicodiagnóstico, relações sociais, afetivas e familiares, esquizofrenia, reforma psiquiátrica.
SINOPSE
Nello, um sindicalista afastado do sindicato por suas ideias avançadas, se vê dirigindo uma cooperativa de doentes mentais, ex-pacientes dos manicômios fechados pela Lei Basaglia. Acreditando firmemente na dignidade do trabalho, ele convence os sócios (doentes mentais) a substituir as esmolas assistencialistas por um trabalho de verdade, inventando para cada um, uma atividade incrivelmente adaptada às respectivas capacidades, mas indo também de encontro às inevitáveis e humanas contradições.
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Um filme que consegue ser comédia, drama e retratar a história, é mesmo sensacional! Para quem é da área de saúde, o filme é uma aula sobre a reforma psiquiátrica italiana, conhecida como psiquiatria democrática. A negação da psiquiatria que aprisionava em manicômios, faz com que o movimento, iniciado por Baságlia, priorize a inclusão do diferente na sociedade. Baseada em fatos reais, a trama gira em torno do encontro de um sindicalista, que defende suas ideias cooperativistas, e, um grupo de doentes mentais, que foram beneficiados pela recente reforma do sistema de saúde mental italiano, promovida por Franco Baságlia. De fato, o sindicalista nada sabia sobre a reforma psiquiátrica, conforme pode ser visto na cena em que o psiquiatra pergunta a respeito. No entanto, suas ações junto aos ditos “loucos”, ainda que por outras razões, acaba por ser a prática do pensamento da reforma, visto que prioriza a inclusão. Para o sindicalista, é a oportunidade de colocar em prática suas ideias cooperativistas, e, consequentemente, ele dá lugar para a singularidade de cada paciente. Eles se tornam sócios da cooperativa, saem da invisibilidade, encontram um lugar. Através do voto, cada sócio participa, encontrando seu valor no ato. Por outro lado, o diretor motiva e valoriza a singularidade de cada um, fazendo com que eles possam participar com suas próprias possibilidades. A oportunidade de ser ouvido faz com que as questões particulares e gerais encontrem espaço. Sendo assim, logo a trama tem a chance de discutir questões, que podem abranger outros segmentos da sociedade.