sexta-feira, 27 de maio de 2011

A rede social

a rede social ASSUNTO
Relações sociais, afetivas, ética, amizade, isolamento social, bullying virtual.
O filme começa com diálogos incessantes e pouco importa do que se depreende deles. O objetivo é entender que os jovens se interessam por informação - em grande quantidade, pouco importa sua qualidade ou profundidade. O mesmo se aplica aos relacionamentos, sejam amorosos ou simples amizades. Zuckerberg é uma figura paradoxal, é um jovem que utiliza o lado lógico em todas as suas ações, e logo no início do filme vemos ele e sua namorada terminando um relacionamento e ele não percebe a crueldade de suas palavras, sempre frias guiadas por suas razões, que mesmo refletindo a verdade magoam as pessoas. O Zuckerberg de “A Rede Social” é uma pessoa pouco, ou nada, sociável, o que torna irônico sair dela o nascimento de um site de relacionamento, um mecanismo que agrega as pessoas entre si, o que talvez venha de uma carência emocional, mas que para Fincher ainda é apenas o resultado de um gênio, ainda ferido pelo rompimento, mas com uma fome de criar. De dar um próximo passo. Seus dedos deslizam pelo teclado enquanto o resto da universidade curte suas festas privadas regadas a drogas, álcool e sexualidade à flor da pele, Zuckerberg parece não ter tempo para isso, e assim resolve criar sua própria festa, onde ele é o “cara” e não um atleta qualquer cheio de músculos. Antes chegar à rede social virtual triunfante, passa-se pelo fiasco que é a vida offline de Mark Zuckerberg. A desconstrução do mito do herói exerce aqui um exemplar genial no século XXI. Pode-se dizer que a sua sociabilidade deformada é proporcional à sua criatividade, talento empreendedor e facilidade em criar tecnologias (ainda criança, cedeu para a Microsoft um software para realizar downloads de mp3). Mark é um gênio e disso ninguém duvida, mas o próprio roteiro de Aaron Sorkin tenta se manter imparcial neste sentido, não o julgando como vilão, mas o apresentando como um jovem que se tornou bilionário a partir da criação de um site que vem crescendo ano após ano e expandindo as suas atividades para outros países. A história acaba sendo também sobre as relações cada vez mais vazias que começaram a ser criadas a partir da internet e das suas redes sociais. Em um determinado momento do filme, Sorkin apresenta a expressão “me adicione no facebook” como um bordão que havia se tornado sucesso entre os estudantes de Harvard e de outras universidades. A própria namorada de Eduardo Saverin se comporta de uma maneira completamente distorcida quando ele muda o “status do seu relacionamento” para solteiro no Facebook. As pessoas passaram a dar mais importância a conhecer outras pessoas e a se conectarem a elas, não mais pelo convívio pessoal, mas sim em estarem ligadas na internet. Dentro do Facebook, ou do Orkut, você pode ter 300, 400, 500 amigos. Mas quantos deles são realmente próximos a você? Quantos deles você realmente pode chamar de amigo? Por esta razão é emocionante a cena em que Eduardo Saverin, já movendo uma ação contra Mark Zuckerberg quando o brasileiro vê as suas ações sendo diluídas de 33% para 0.03%, pergunta a Mark por que ele havia feito aquilo com o único amigo que ele tinha. Eles eram amigos, por mais que Eduardo não conseguisse chamar a sua atenção e que Mark estivesse concentrado nos planos de expansão de Sean Parker. E a mesma emoção sentida nesta cena pode também ser sentida em outro momento, quando uma das advogadas de defesa diz a Mark que ele não é um babaca como as pessoas comentam ou falam, mas que ele vive se esforçando para se tornar um e deixar esta impressão nos outros. A Rede Social é um filme sobre ética e relacionamentos. A vida de Mark acaba sendo uma trágica ironia. Ele é um nerd socialmente excluído no selvagem sistema social dos universitários de Harvard, que sonha com popularidade. No entanto, a obstinação de Mark pela "popularidade" é tanta que acaba sacrificando essas poucas relações valiosas. Nossa cultura ocidental adora exaltar a fama e o status, mas muitas vezes o preço disso é bem alto. Como diz o slogan do filme "Você não conquista 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos". Mesmo que esses inimigos sejam seus amigos. Será que vale mesmo a pena? A grande ironia é que o criador do Facebook (teoricamente uma rede de "amizades" - ou status, dependendo do usuário), rico, famoso, "conectado" a milhões de pessoas, acaba como um grande solitário. Uma ferramenta que teoricamente serve para aproximar pessoas acaba afastando-o de todas as pessoas que realmente importavam. Tempos de redes sociais, tempos de relações líquidas, tempos de paradoxos. “A rede social” é um filme atual por abordar questões pertinentes como o bullying virtual ou a falsa sensação de poder que a internet pode criar. Isso sem falar na questão dos direitos autorais em tempos de web colaborativa e até mesmo na crise da indústria fonográfica.
SINOPSE
Em 2003, o jovem gênio em programação de computadores Mark Zuckerberg, graduando da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, leva um fora da namorada e ataca a reputação dela por meio de seu blog. Em seguida, cria um aplicativo para avaliar a beleza e sensualidade das universitárias do campus, o Facemash, com ajuda do programador e amigo Eduardo Saverin - brasileiro.A invenção torna Zuckerberg popular e três outros estudantes o convidam para ajudar a colocar no ar um projeto pessoal deles: uma rede social universitária, na qual os cadastrados poderão se relacionar sabendo exatamente quem é a pessoa por trás da tela do computador. Nesse momento, Mark se tranca em seu quarto e aprimora as ideias dos colegas, criando o “The Facebook”, embrião da rede social Facebook.O filme, baseado no livro “Bilionários Por Acaso - A Criação do Facebook”, mostra cenas do passado e do presente, com Mark programando o site e se defendendo no tribunal de seus ex-colegas, que lutam pelo crédito e ganhos financeiros a que julgam ter direito.
TRAILER

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante!