terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O amor e outras drogas

o amor e outras drogas ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, Mal de Parkinson, sexualidade.
Não há grandes mergulhos nos assuntos propostos, mas é na leveza temos um desdobramento cativante e até provocador. A fita nos convida a pensar, seja sobre os mecanismos de defesa apresentado pelos personagens, ou sobre os bastidores das indústrias farmacêuticas .Misturando comédia e drama, o filme discute questões sérias. Jamie largou a faculdade de medicina para trabalhar em uma loja de eletrônicos, como que competindo com o pai para mostrar-se no controle de sua própria vida. Mas Jamie acaba sendo despedido da loja, e passa a vender produtos bem menos inofensivos quando entra para o time de representantes da gigante farmacêutica Pfizer. A falta de ética é usada para efeito cômico em diálogos e os personagens obedecem a um único objetivo: fazer com que médicos receitem o medicamento da Pfizer ao invés do concorrente. Entra em cena Maggie, personificando uma das fantasias masculinas como a garota que quer só sexo, dispensando as complicações de um relacionamento - fachada que proporciona escape fácil, evitando assim o risco da dor que todos corremos ao amar. A garota compartilha de sua filosofia anti-romântica, mas é vítima do mal de Parkinson, mesmo tendo apenas 26 anos. Ao se relacionar com Maggie, ele vai descobrindo seu lado “humano”, palavra essa usada pelos próprios personagens como forma de entender que o amor entre os dois estava por florescer. Maggie, por sua vez, é bem mais explícita em suas atitudes e também tem no sexo casual e selvagem o escape da tristeza de sua doença precoce. Nisso, acompanhamos a evolução do relacionamento dos dois, enquanto a doença de Maggie progride e, graças ao advento do Viagra, a carreira de Jamie ascende. Torna-se muito interessante para o público (e para o próprio Jamie) descobrir, aos poucos, as origens da aversão da moça ao conceito de romance, processo que também faz com que o vendedor passe a entender muito mais sobre si mesmo.
SINOPSE
2011- Jamie (Jake Gyllenhaal) é um vendedor que usa seu charme tanto no trabalho quanto com as mulheres para se dar bem. A história transcorre na segunda metade da década de 1990, período em que o Viagra era a sensação do momento. O carismático e mulherengo Jamie inicia um emprego como representante de uma poderosa indústria farmacêutica. Em uma visita ao consultório médico, esbarra com a charmosa e atraente Maggie (Anne Hathaway), que, com 26 anos, sofre de Mal de Parkinson. Ambos descobrem afinidades e, a partir do encontro inicial, estabelecem uma relação descompromissada, na qual o sexo, somente o sexo, é o "protagonista". Mas não demora até que o caso se transforme em uma história de amor. O relacionamento enfrenta barreiras na resistência de Maggie em assumir o namoro, por causa da prematura doença.
TRAILER

O búfalo da noite

o bufalo da noite ASSUNTO
Relações afetivas, psicodiagnóstico, traições, paixões, desrazão.
Nada fácil de assistir, o filme não é recomendado para qualquer público. Trata-se de um filme pesado, muito longe de ser apenas um entretenimento prazeroso.
Um triângulo amoroso, mas dos menos convencionais que se possa imaginar, uma vez que um dos vértices é formado por Gregório, rapaz esquizofrênico que entra e sai de hospitais psiquiátricos. Ele namora uma moça, Tânia, e tem em Manuel seu melhor amigo. Nas ausências de Gregório para tratamento, Tânia e Manuel se aproximam. Então… E então é isso, um universo em desequilíbrio. O filme é impulsivo, como os personagens. Isso se traduz em linguagem nervosa, áspera, instável, com movimentos de câmera bruscos, sem ponto de estabilidade a propor para o espectador. Búfalo da Noite não deixa de ser uma fonte de inquietação, e é bem a isso a que se propõe. Não se trata de registrar a história de Gregório como caso isolado em uma ilha de normalidade mas, pelo contrário, buscar nele o sintoma de um meio já patológico em si. Será assim colocado de maneira mais clara quando Tânia e Manuel recebem a estranha herança deixada por Gregório, uma caixa contendo fotos e cartas. E que dá início à trip na qual culpa e loucura não deixam de se misturar em coquetel explosivo. É perceptível, nesse tipo de filme, a expressão de traços contemporâneos. Já não se acreditam em projetos coletivos, a ação individual parece a única alternativa. E, nela, o processo amoroso ocupa posição central. O indivíduo o vive de maneira exacerbada, como se a salvação ou a danação dele dependesse. O fato de um dos três vértices do triângulo ser diagnosticado como insano não impede que a loucura (entendida de maneira prosaica como desvio da norma ou da razão) contamine os outros. Clique aqui para ler mais
Apesar do personagem esquizofrênico, o filme quase nada acrescenta aos estudos psiquiátricos, pois a história gira em torno do seu amigo e da namorada. Contudo, a história em si, apesar do filme ser pouco envolvente, serve para lançar alguns ganchos sobre questões atuais, sobre relacionamentos, fidelidade e moral. O relacionamento de Manuel e Tania parece ter como único vínculo a atração física, como costuma acontecer entre amantes. Manuel parece não saber bem com quem quer ficar: "pegou" a namorada do amigo, a irmã do amigo e mais uma garota compromissada. As mulheres do filme não ficaram atrás, portanto. Nenhuma era "santa": a irmã de Gregório fica com o amigo dele enquanto este já era comprometido com Tania; Tania trai o namorado com o amante e o amante com o namorado; e a outra garota compromissada, por fim, recebe um telefonema de Manuel enquanto está com o namorado, Manuel pede que ela o mande embora, ela então fica nua para Manuel e diz que será a última vez que se verão, porque ama Manuel e prefere não vê-lo mais para não sofrer...Bem-vindos à modernidade... Clique aqui para ler mais
o longo do filme transparece a intenção de discutir o plano ético das relações (as escolhas e suas conseqüências sempre marcadas pelo inesperado, as paixões em seus excessos e limites, o ponto elas deixam de conduzir à expansão dos corpos e subjetividades, a construção-desconstrução dos laços e os valores que os sustentam) e junto com isso surge a possibilidade de refletir sobre o trinômio sexo-loucura-paixão (com a inevitável presença da morte) de uma perspectiva mais aguçada. Não que encontremos algo radicalmente novo. Ao contrário, nas várias cenas em que o casal protagonista comparece o filme faz jus ao famigerado estilo drama-mexicano. Mas o tratamento dado ao entrelaçamento das estórias sugere um deslocamento quanto aos valores que são apregoados na atualidade. Clique aqui para ler mais
SINOPSE
Gregorio é um rapaz esquizofrênico de 22 anos, que tem dois grandes amores: a namorada Tania, que ele adora, e o melhor amigo Manuel, a pessoa em quem ele mais confia. Enquanto Gregorio entra e sai de hospitais psiquiátricos, Manuel e Tania começam a se encontrar secretamente e vivem um intenso romance pelas suas costas.Pouco a pouco, o relacionamento vai se tornando mais profundo, e Manuel e Tania acabam se apaixonando. Tania decide terminar com Gregorio e começa a namorar Manuel. A amizade entre Manuel e Gregorio é rompida.Tempos depois, os médicos dão alta a Gregorio. Numa tentativa de se reconciliar com Gregorio, Manuel vai visitá-lo. Eles se abraçam, demonstrando carinho. Parece haver uma reconciliação. Dois dias depois, porém, Gregorio se suicida com um tiro na cabeça. Tomados de culpa e angústia, Manuel e Tania descem aos abismos da loucura e da desesperança.Alguns dias após o suicídio, Manuel recebe uma caixa que Gregorio deixou para ele. Nela estão cartas, fotos e mensagens cifradas. Manuel vai desvendando os segredos e, com muito sofrimento, descobre uma verdade que o fere, oriunda do túmulo de Gregorio, que se faz presente na vida de Manuel e Tania, levando-os aos mesmos territórios obscuros em que ele viveu. Sentindo-se perdido, Manuel tenta encontrar um sentido para sua vida, e o encontra quando se dá conta da importância do amor.
TRAILER OFICIAL

Inconscientes

inconscientes ASSUNTO
Relações afetivas, familiares, psicanálise.
Filme polêmico que alcançou críticas opostas, como segue.
O que era pra ser uma inteligente comédia de erros torna-se um infame pega-pega. As teorias freudianas servem apenas de pretexto para o truncado jogo de gato-e-rato. O filme é pontuado por frases tiradas dos compêndios literários que indicam mudanças de passagem. Engraçadinho, até. Mas tudo muito nivelado por baixo, tornando-se difícil abstrair um conteúdo mais rico do que meras considerações edipianas baseadas em tratados folhetinescos sobre sexo. Sobram até tiradas constrangedoras, como uma abordagem nada subliminar ao tema do tamanho do órgão viril masculino.  Leia mais  clicando aqui
O argumento da obra foi muito bem conseguido pois com um sutil humor analisa o impacto das teorias psicanalíticas freudianas no seu tempo sem cair nem na exploração sexual brejeira nem em elucubrações intelectuais demasiado aprofundadas. Leonor Watling constrói na perfeição a personagem de Alma, uma mulher bonita, inteligente, séria, super-grávida, bastante esclarecida para o seu tempo e cheia de iniciativa. Esta força da natureza choca permanentemente com as inibições do seu cunhado, que controla como pode os seus mais recalcados instintos sexuais que o fazem adorar Alma. Para além destas interpretações, o guarda-roupa e toda a reconstituição dos ambientes do início do século para além de muito ricos são historicamente absolutamente perfeitos. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
Na capital espanhola, em 1913, vive Alma (Leonor Watling). Possivelmente, ela é uma das mulheres mais modernas de Barcelona. Seu marido, Dr. Leon Pardo (Alex Brendemühl), é um psiquiatra que, durante o verão, visita Viena e conhece o Dr. Sigmund Freud e suas teorias revolucionárias sobre sexualidade. Mas a crise no relacionamento dos dois começa quando Leon tem idéias de sumir. Sem maiores explicações, ele realmente desaparece, abandonando sua esposa que, não bastando, está grávida. O filme conta-nos a história do misterioso desaparecimento do psiquiatra. Certa de que este desaparecimento estava relacionado com a tese do marido, Alma pede ajuda ao seu cunhado Salvador (Luis Tosar), também ele psiquiatra. Ambos iniciam uma rocambolesca investigação que conduzem às mais profundas perversões sexuais e tabus bem ao gosto de Freud.
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

De pernas pro ar

de pernas pro ar ASSUNTO
Relações afetivas, sociais, familiares e sexualidade.
“Descobri que não sei o que é ter orgasmo!”. Esse foi o início do discurso de uma cliente, que mal entrou no consultório, disparava comentários sobre o filme. É claro, tive que ir ao cinema. Leve, divertida e engraçada, a comédia romântica não foi 100% aprovado pela crítica e até criou algumas polêmicas. O filme discute com leveza e humor os deliciosos conflitos femininos modernos, portanto é indicado principalmente para as mulheres. Mesmo porque, a libertação feminina tão propagada, não é unanimidade quando se fala de sexualidade. A linguagem do filme é bem light e não abusa de termos sexuais. Em cena, estão os conflitos da mulher contemporânea: dividir-se entre o trabalho, a casa e ainda achar tempo para ser feliz. Muitas mulheres hoje em dia fazem de tudo para conseguir conciliar suas atividades e serem boas mães, boas profissionais e boas donas de casa... mas acabam se esquecendo de seus maridos e de si mesmas. E quanto a sexualidade, independente da idade, há muita divergência sobre o auto conhecimento feminino nesse aspecto.
Para a produtora, De Pernas Pro Ar é muito mais que uma comédia romântica. É uma história universal sobre alguém que quer ser feliz e viver melhor. “É um filme que fala sobre as questões de todas nós, mulheres contemporâneas, que tentamos nos equilibrar para dar conta da vida profissional, amorosa, dos filhos, da família e, nas horas vagas, ainda achar tempo para cuidar de nós. O filme é ainda um retrato contemporâneo do quanto o comportamento feminino provoca grandes questões e inseguranças no homem”. Leia mais clicando aqui
SINOPSE
Espécie de fábula realista sobre a vida da mulher moderna, De Pernas Pro Ar conta a história de Alice, uma executiva que trabalha demais e não tem tempo para nada: filho, casamento, sexo... Tudo parece em ordem até que seu marido resolve pedir um tempo do casamento no mesmo dia em que ela é demitida. Depois de perder o emprego, ela se une à vizinha Marcela, a exuberante dona de uma sex shop falida. Tudo que Alice queria era ajudar a nova amiga a salvar seu negócio, mas ela acaba descobrindo um novo universo e aprende que é possível ser uma profissional de sucesso sem deixar os prazeres da vida de lado.
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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A questão humana

a questao humana ASSUNTO
Relações sociais, Psicólogo em RH
Denso, difícil, polêmico, o filme está longe de ser um mero entretenimento. Diversos olhares já foram publicados, conforme pode ser conferido nos sites abaixo.
A Questão Humana” não é um filme de fácil digestão. A sinopse – falando de investigações e nazismo – pode até sugerir uma aventura policial ou coisa parecida. Mas não é nada disso. Com vários níveis e subníveis possíveis de leitura, trata-se uma obra riquíssima, de texto difícil mas fascinante (baseado no livro de François Emmanuel), e que faz uma irresistível provocação. Para o filme, o Nazismo não morreu. Ele apenas mudou de forma e modernamente se apresenta sob a formatação de grandes empresas multinacionais. Os novos uniformes dos prisioneiros agora são alinhados ternos pretos. Abrir uma válvula de gás num campo de concentração é trabalho menos elaborado, se comparado com o dos psicólogos que levam os funcionários à loucura. Relatórios técnicos minuciosamente detalhados que explicavam como transportar o maior número possível de judeus em caminhões, nada ficam a dever à tecnicidade fria dos burocratas de hoje. E se antes se lutava e/ou morria por uma nação, agora quem exige dedicação total até a morte é a empresa onde se trabalha. Mais clicando aqui
Concebido simultaneamente como suspense e como crítica aos modos de produção social (leia-se exercícios de poder) que se baseiam na exclusão e até no extermínio das diferenças, “A questão humana” traz a questão da neutralidade do conhecimento (dito) científico como um dos seus pilares. Como podemos acompanhar nas falas de um de seus mais importantes personagens (Arie Neuman), o exercício de poder que exclui e mata (embora nem sempre de forma direta e explícita) se apropria de tudo aquilo que constitui o campo das relações humanas, desde a linguagem e os sentidos que ela impõe até o conjunto de regras e leis que permeiam os diversos encontros. A artimanha da neutralidade e do apoliticismo serve invariavelmente à violência e à brutalidade, como nos indicam as referências ao nazismo. Ao final, resta a exigência de desconstruir as certezas dos saberes, inclusive para não cairmos na armadilha da eficácia e da performance a todo custo. Simon perceberá que a eficácia de que tanto se orgulhava e que o situava num patamar de destaque na empresa possuía raízes muito pouco nobres.Leia mais clicando aqui
Crítica do Estadão, aqui                   Outra crítica
Revista, aqui                                         Aqui uma crítica negativa

SINOPSE
O psicólogo Simon é chamado a investigar seu superior Mathias Jüst e oferecer uma “avaliação psicológica” que deve servir de suporte para uma estratégia de desmontagem do poder e influência de Jüst. Simon não se furta a esta tarefa. Contudo, os procedimentos que desenvolve bem como a proximidade com Jüst levarão Simon a descobertas que o confrontarão com horrores, sejam os que dizem respeito à função do seu trabalho, sejam os que remetem a experiências dolorosas de outros agentes, tão recalcadas quanto os fatos (históricos) que só aos se tornam compreensíveis. O psicólogo Simon é chamado a investigar seu superior Mathias Jüst e oferecer uma “avaliação psicológica” que deve servir de suporte para uma estratégia de desmontagem do poder e influência de Jüst. Simon não se furta a esta tarefa. Contudo, os procedimentos que desenvolve bem como a proximidade com Jüst levarão Simon a descobertas que o confrontarão com horrores, sejam os que dizem respeito à função do seu trabalho, sejam os que remetem a experiências dolorosas de outros agentes, tão recalcadas quanto os fatos (históricos) que só aos se tornam compreensíveis.