sexta-feira, 17 de julho de 2015

Vicky Cristina Barcelona

clip_image001ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, poliamor, limites morais e sociais.
SINOPSE
Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são amigas e passam férias em Barcelona. Vicky está noiva e é sensata nas questões do amor. Cristina é pura emoção e movida a paixão. Durante uma exposição de arte, as duas se encantam pelo pintor Juan Antonio (Javier Bardem), que as convida mais tarde, durante um jantar, para uma viagem. O que elas não sabiam é que o galante sedutor mantém um relacionamento problemático com sua ex esposa Maria Elena (Penélope Cruz). E as coisas ainda ficam piores porque as duas, cada uma de sua forma, se interessam por ele, dando início a um complicado "quadrado" amoroso.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Após falar sobre poliamor através do filme Dieta Mediterrânea, que apresenta o relacionamento de dois homens com uma mulher, aqui encontramos o contrário, um homem e duas, talvez três mulheres. A perspectiva muda também em outros aspectos. Por exemplo, no primeiro instante, ao conhecer as moças, Juan Antonio é direto as convidando para uma viagem, onde poderão se aventurar, até na cama. As amigas, de personalidades quase opostas, reagem de forma distinta a tal proposta. Enquanto Cristina deseja ardentemente aceitar o convite, Vicky nega veementemente, alegando, entre outras coisas, estar noiva. No entanto, algo não revelado a convence e as duas embarcam no avião. O choque inicial, diante da proposta ousada de Juan, logo se dissipa, pois novos acontecimentos impedem que os planos dele se realizem. Não  falta desejo. Cristina, a mais liberal, não precisa de mais intimidade ou conhecimento, ela segue seus impulsos, se entrega aos desejos da alma e do corpo. Ainda assim, o inesperado acontece, eles não podem seguir adiante, ela passa mal. É por acaso, então, que Vicky e Juan se aproximam, aos poucos revelando as qualidades do sedutor. Ela, até então previsível, perde o controle, também se encanta por ele. Daí em diante, assistimos encontros e desencontros, construções e desconstruções de relacionamentos diversos.

Dieta Mediterrânea

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Relações afetivas, familiares, poliamor, culinária, conujagalidades.
SINOPSE
Sofia (Olivia Molina) nasceu prematuramente, em uma barbearia rodeada de homens. Nos 15 anos seguintes ela vive em meio às mesas e fogões do restaurante de seus pais. Já adulta, se casa com Toni (Paco León) e com ele tem três filhos. Só que, ao mesmo tempo em que ama seu marido, se apaixona por Frank (Alfonso Bassave), o agente que todo artista gostaria de ter. Com Frank ela aprende os segredos da gastronomia. Logo o trio firma um acordo profissional, que altera a forma de cozinhar de Sofia.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Leve, saboroso e ligeiramente picante”, foi assim que Line Macedo (Clique para ler o artigo completo) fez referência ao filme. Concordo. O filme é leve, toca em assuntos delicados de forma light, permitindo que o espectador compartilhe da evolução de Sofia, sem que os julgamentos tenham espaço suficiente para o estranhamento. É saboroso pela possibilidade da película trazer para as imagens diferentes sabores, através de cores no encontro entre aromas e paladares. Ligeiramente picante porque o filme ousa transcender o convencional, sem que para tanto se torne agressivo ou chocante. O filme escolhe outros caminhos. Aqui falamos de poliamor, um modelo de relação que inclui relações múltiplas, simultâneas e consentidas. Não se trata de uma modalidade de relação apenas sexual, inclui afetividade, um conceito novo para uma prática há muito existente. A trama retrata a construção dessa relação de uma forma quase natural. A disponibilidade de Sofia para explorar sabores, aromas e cores está em sua afinidade com a cozinha desde a infância, o que acaba por ser estendido para suas relações afetivas. Sim, Sofia explora os limites dos sentidos em suas relações, seja com as combinações dos alimentos ou de relacionamento.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Samba

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ASSUNTO
Síndrome de Burnout, situação do imigrante, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Samba (Omar Sy) é um imigrante do Senegal que vive há 10 anos na França e, desde então, tem se mantido no novo país às custas de empregos pequenos. Alice (Charlotte Gainsbourg), por sua vez, é uma executiva experiente que tem sofrido com estafa devido ao seu trabalho estressante. Enquanto ele faz o possível para conseguir os documentos necessários para arrumar um emprego digno, ela tenta recolocar a saúde e a vida pessoal no trilho, cabendo ao destino determinar se eles estarão juntos nessa busca em comum.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Comédia social, comédia romântica ou comédia dramática? Difícil definir. O filme toca em assuntos delicados. Fala um pouco da situação dos imigrantes na França, o que pode ser estendido para marginalizados de toda espécie ou mesmo para imigrantes em outros países. A trama toca suavemente em uma questão do nosso século, sobre as vítimas de nossa era, que adoecem por trabalhar excessivamente. A síndrome de Burnout é citada por Alice, que se encontra no trabalho atual por indicação terapêutica. A dedicação exagerada à atividade profissional é característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, a necessidade de se afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em obstinação e compulsão; o paciente nesta busca sofre, além de problemas de ordem psicológica, forte desgaste físico, gerando fadiga e exaustão. É uma patologia que atinge pessoas das mais diversas profissões. O filme não se propõe a aprofundar o assunto, apenas o cita. O tio de Samba sugere que Alice é uma deprimida, apontando-a de forma crítica, como tantos sintomas psicológicos são vistos por muitos. O encontro entre Alice e Samba permite que esses temas sejam abordados de forma sutil. Outros personagens surgem para dar um ar leve para a trama, tornando-a um entretenimento de bom gosto, sem que seja necessário aprofundar qualquer dos temas. De fato, o encontro de diferentes questões traz certo equilíbrio para ambos, que encontram um novo caminho para as próprias questões. Para o sonho distante de Samba é preciso abrir mão de uma perspectiva engessada, criando, talvez, uma nova forma de se perceber, se identificar. Para Alice, a possibilidade de sair da alienação afetiva, se permitindo sentir uma coisa de cada vez. O Brasil é sutilmente homenageado, seja na música, nas frases em português, ou, até mesmo, na personificação que o Argelino faz, para conquistar mais. Um entretenimento suave que ainda pode provocar o desejo do espectador pesquisar mais sobre os temas, ou não. Confira!






domingo, 12 de julho de 2015

O Cérebro de Hugo

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ASSUNTO
Autismo, Transtorno do Espectro Autista, Asperger, estudos e formas de tratamentos – Relações sociais, familiares, terapêuticas e afetivas.
SINOPSE
Filme Francês que fala do autismo. O filme mostra uma ficção, a história do Hugo, baseada em fatos reais, e ao mesmo tempo mostra declarações de pessoas auitistas e também mostra a história dos tartamentos psicológicos evidenciando os principais psicólogos que trabalharam com autismo.
TRAILER – Documentário completo no Youtube


O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para saber um pouco mais sobre o Universo autista, este documentário explora os estudos realizados no mundo sobre o assunto, a evolução do tratamento ao longo da história, e, inclui alguns depoimentos de autistas, aspies (Asperger) e familiares. Uma lição sobre o assunto, que nos coloca em alerta sobre o quanto ainda precisamos aprender sobre diferenças, sem que seja necessário rejeitar o que não pode ser compreendido. Recomendado para qualquer público, o documentário francês nos brinda com uma aula de cidadania. Não perca!!

sábado, 11 de julho de 2015

Gatos não têm vertigens

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ASSUNTO
Terceira idade, solidão, família disfuncional, adolescência, luto, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Rosa (Maria do Céu Guerra), uma professora reformada de 73 anos, recusa admitir que o seu marido (Nicolau Breyner) morreu e continua a vê-lo e a conversar com ele. Jó, que acabou de fazer 18 anos, foi expulso de casa. Os dois vão encontrar-se e iniciar uma improvável e terna história de amor. Um filme que fala sobre a solidão, do luto, da velhice e do encontro de duas pessoas de mundos tão diferentes. Jó vive com uma turminha que faz pequenos furtos, tem um pai alcoólatra e violento e sua mãe o abandonou. Ele está fazendo 18 anos e ninguém liga para ele. Rosa perdeu seu marido, seu grande companheiro e agora tem que enfrentar o genro que está de olho em seu apartamento para vendê-lo e sua filha que pensa que ela não pode mais viver sozinha, que precisa ir para um lar de idosos. É quando o destino vai unir estes dois e tudo pode ser diferente. Um belo filme.
TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Jó é um delinquente, proveniente de uma família disfuncional, abandonado pela mãe e sem suporte adequado do pai, que é alcoólatra. Rosa está em processo de luto, acaba de perder o marido e continua a dialogar com a imagem dele, que para ela permanece nos cômodos de sua casa. O jovem, ao fazer 18 anos, espera que alguém se lembre, lhe preparando algum tipo de surpresa ou dando-lhe algum presente. Rosa, na terceira idade, enfrenta o luto e a solidão. Como muitos em situações semelhantes, ela também precisa reafirmar sua autonomia, pois sua filha e genro programam vender seu apartamento e mandá-la para um lar de idosos. Se Jó se frustra com a pouca sensibilidade de seus pais no dia do seu aniversário, Rosa se decepciona ao perceber as intenções do genro em anular sua capacidade de decisão. O improvável encontro deles acaba por inaugurar um campo de suporte para o momento conturbado vivenciado por ambos. As diferenças permitem que ambos tenham a oportunidade de se deslocar daquele lugar, no qual estão neuroticamente aprisionados. Repleto de clichês, o filme não chega a ser uma obra prima, que aprofunde qualquer dos assuntos propostos. Entretanto, nos oferece, sim, boas oportunidades de reflexão.

sábado, 4 de julho de 2015

Divertida Mente

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Totalidade, Gestalt-terapia, emoções, memória, depressão, apatia.
SINOPSE
Crescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith). As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.
TRAILER

 
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Sucesso de público e de crítica, DIVERTIDA MENTE ainda pode render muito assunto. Logo, me chamou a atenção o fato da menina Riley enfrentar aos 11 anos sua primeira crise. Muitas famílias protegem os filhos por bastante tempo, tornando difícil o enfrentamento das crises previsíveis da vida. Na realidade, o amor superprotetor não tem intenção de tornar o filho inseguro, ao contrário, a intenção é que o filho não sofra, não sinta dor, não encare os fatos difíceis da vida ainda cedo. A informação recebida pelas crianças, nessas situações, é de que elas não são capazes de enfrentar problemas. Fica a dica, embora não seja o assunto do filme. Então, voltando para DIVERTIDA MENTE, trata-se uma animação repleta de símbolos que podem nos levar a diversas reflexões. Nosso olhar será gestáltico, à medida que escolhe as emoções como partes da totalidade do ser. A Gestalt-terapia tem uma visão de homem como organismo em relação, uma totalidade, onde as partes de relacionam, um movimento constante de tornar-se integrado. A alegria é a emoção privilegiada na trama, tentando estar no comando o tempo todo, com a finalidade de tornar a vida feliz. Seu oposto, a tristeza, é sempre colocada para segundo plano, evitada a qualquer preço, afinal, todos buscam a felicidade. É aí que o filme nos encanta, elaborando de forma lúdica movimentos tão semelhantes com as ideias e ideais perseguidos pelo ser humano. Medo, nojinho e raiva são as outras emoções personificadas no filme. Ainda criança, a menina tem com o medo os alertas necessários para evitar problemas. Nojinho é também mostrada como uma emoção, no caso, capaz de ajudar Riley a rejeitar alimentos e situações que podem não ser agradáveis. A raiva, embora não seja explorada em sua devida importância, é apresentada como parte necessária para nossa sobrevivência. Fomos educados para não respeitarmos a raiva como emoção válida, muitas vezes aprendendo que é feio sentir raiva, o que muito atrapalha nossa evolução, tendo em vista que a raiva é também parte do que sentimos. Fingir que tal emoção não existe, com a finalidade de parecermos “bonzinhos” só ajuda a nos desintegrar, não aceitando parte de nossa existência. Como o propósito do ser humano é a integração, vemos na animação um movimento bastante semelhante ao do ser humano.