quinta-feira, 22 de abril de 2021

O som do silêncio (Sound of Metal)

ASSUNTO

Deficiência auditiva, relações afetivas, familiares, sociais e de casal, autoconhecimento, aceitação, luto, resiliência.

SINOPSE

Em Sound of Metal, um jovem bateirista teme por seu futuro quando percebe que está gradualmente ficando surdo. Duas paixões estão em jogo: a música e sua namorada, que é integrante da mesma banda de heavy metal que o rapaz. Essa mudança drástica acarreta em muita tensão e angústia na vida do bateirista, atormentado lentamente pelo silêncio. Disponível no Prime vídeo. 

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Mais do que esperamos de um filme, O SOM DO SILÊNCIO é uma experiência sensorial fantástica. Para quem não é fã do gênero Heavy Metal, o início do filme pode ser desestimulante.  A intensidade do show, logo na abertura, pode oferecer uma previsibilidade equivocada. Após o primeiro show, acompanhamos uma parte do cotidiano harmônico de Ruben com a namorada. Logo, tudo começa a mudar. Como já citado na sinopse, a perda , não tão gradual, da audição de Ruben é o fio condutor da trama, que nos convida a sentir o mesmo desconforto e angústia do protagonista. Entre sons e silêncios acompanhamos o processo de autoconhecimento e aceitação do protagonista. A perda da audição, como muitas outras, provoca a intensidade de movimentos em direção à recuperação do que foi perdido. O caminho trilhado pode nos transformar, adaptando-nos às novas condições, ampliando nosso potencial. Entretanto, o desapego é um tanto difícil, tal qual o processo de luto. Qualquer perda, ou mudança drástica, pode gerar o mesmo desconforto e a dificuldade no processo de aceitação. O filme estimula os sentidos do público, entre silêncios e sons, alinhavados com diferentes perspectivas. Para além da representatividade de surdos, o filme provoca diferentes reflexões, principalmente, no que se refere ao processo reintegração do ser diante de perdas ou transformações, que são inerentes à vida. Um tema pertinente, diante das mudanças impostas pela pandemia, momento em que a humanidade se depara com mudanças e perdas, que exigem elaboração, criatividade e aceitação. É um filme necessário, imperdível, espetacular! O texto a seguir pode conter spoiler, sugerimos ler após assistir ao filme.

domingo, 18 de abril de 2021

Un padre no tan padre (Patriarca)

 


ASSUNTO

Terceira idade, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Quando Don Servando Villegas, patriarca mexicano de 85 anos, é expulso de sua casa de repouso, seu filho mais novo Francisco o leva para morar com ele. Don Servando está prestes a descobrir a verdade sobre o seu filho e sua maneira de viver. O caçula na verdade mora em uma espaçosa casa com mais nove pessoas de diferentes partes do mundo e de todos os tipos, tem um relacionamento estável com Alma (Jacqueline Bracamontes) e é pai do jovem pintor Rene (Sérgio Mayer Mori). O filme está disponível na NETFLIX.



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O OLHAR DA PSICOLOGIA

A comédia mexicana explora as relações familiares numa perspectiva bastante interessante. Temos Don Servando Villegas, um velho ranzinza, frio, controlador e hostil com todos. Apesar de lúcido, o senhor residia em uma clínica para idosos, onde só fez inimigos, até ser expulso. Uma perda financeira o obriga a buscar acolhimento na casa dos filhos. Aos poucos, descobrimos que sua personalidade o afastou de todos, inclusive dos filhos, que negam recebê-lo, restando para o filho caçula a difícil tarefa. A ilusão do bom velhinho, tão atrelada aos idosos, é desconstruída já no início. O comportamento do personagem, ainda na instituição, é tão insuportável, que dá vontade de desistir do filme. Já seu filho caçula vive de uma forma bem diferente da informada ao pai, bem distante dos princípios e regras ditados pelo patriarca...

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Euforia

 

                                                                    

ASSUNTO

Homossexualidade, drogas, doença terminal, relações sociais, familiares e afetivas.

SINOPSE

Matteo (Riccardo Scamarcio) e Ettore (Valerio Mastandrea) são irmãos com vidas distintas e que compartilham um laço afetivo pouco desenvolvido. Enquanto o primeiro é um jovem empreendedor carismático e "mente aberta", o segundo leva uma vida simples e reclusa na cidade em que nasceram, trabalhando como professor no ensino médio de uma escola local. Após um evento traumático, os dois começam a viver juntos em Roma, durante alguns meses. A situação faz com que eles trabalhem suas diferenças, possibilitando - em meio a um turbilhão de medo, fragilidade e euforia - o nascimento de uma ligação genuína entre os dois.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Disponível na NETFLIX até o final de abril. Euforia, um drama familiar italiano, foca na relação de dois irmãos, que após trilharem caminhos distintos, voltam a se aproximar. O contraste entre os dois mundos, logo fica evidenciado. Matteo é a própria euforia, vivendo num estado ilusório de sucesso e prazer permanentes. De fato, ele é um jovem empreendedor bem-sucedido, que transita bem em seu meio profissional e social. Entretanto, o distanciamento afetivo não parece somente acontecer com o irmão. Ettore, por sua vez, seguiu outro caminho, se manteve na cidade onde nasceu, é professor, leva uma vida simples e retornou para casa da mãe após a separação recente.

domingo, 7 de março de 2021

Sociedade literária e a torta de casca de batata

 

ASSUNTO

Ajustamento criativo, autossuporte, pertencimento, fronteira, contato, identificação, gestalt-terapia, perdas, luto, relações sociais, familiares e afetivas.


SINOPSE

Juliet Ashton (Lily James) é uma escritora na Londres de 1946 que decide visitar Guernsey, uma das Ilhas do Canal invadidas pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, depois que ela recebe uma carta de um fazendeiro contando sobre como um clube do livro local foi fundado durante a guerra. Lá ela constrói profundos relacionamentos com os moradores da ilha e decide escrever um livro sobre as experiências deles na guerra.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Para lá de curioso, o título nos remete ao processo de adaptação às circunstâncias adversas. No filme, um grupo de amigos é flagrado nas ruas após o toque de recolher imposto, durante a ocupação nazista da Ilha de Guernsey. Para evitar consequências perigosas, surge a ideia de informar que saíam de um clube literário, rapidamente nomeando como uma SOCIEDADE LITERÁRIA, título complementado com o que veio em mente, naquele momento ameaçador, e, de acordo com o que era permitido. A alternativa criativa, resposta urgente ao momento ameaçador, torna oficial os encontros periódicos daquele grupo, fortalecendo o vínculo dos envolvidos durante o período da ocupação e no pós-guerra. A literatura se torna ponte, conectando os personagens, seja consigo mesmo, com os outros, e, até mesmo com o público. Longe daquela ilha, acompanhamos a jovem escritora ser capturada pelas cartas de um dos membros do grupo. Logo, é possível perceber que seu momento de aparente sucesso profissional e pessoal, ela camufla o vazio deixado pela guerra. Em busca de inspiração para seu artigo, Juliet é atraída pelas cartas e se lança na aventura de conhecer de perto o clube de literatura. Daí em diante, o público acompanha diferentes perspectivas do pós-guerra, que sendo descortinadas, emocionam, encantam e surpreendem.  São abordados diferentes conflitos sociais e pessoais, com elegância, delicadeza e competência, fazendo com que o espectador não consiga desgrudar os olhos da tela. Ajustamento criativo, autossuporte, pertencimento, contato, identificação, dentre outros, são conceitos abordados no filme, que alterna passagens do passado e do presente, equilibrando momentos de mistério, romance, comédia e drama. Recomendamos continuar a leitura, somente após assistir ao filme.

sábado, 6 de março de 2021

Moxie: Quando as Garotas vão à Luta


ASSUNTO

Adolescência, preconceito, racismo, feminismo, relações sociais e afetivas.

SINOPSE

A trama acompanha Vivian (Hadley Robinson), uma jovem que começa a despertar o desejo de lutar contra as coisas erradas que acontecem em sua escola - desde um “ranking de garotas” feito pelos rapazes, até a vista grossa dos professores e diretoras diante de assédio e discriminação. Sua maior inspiração são os zines antigos de sua mãe, Lisa (Amy Poehler, também diretora do longa), que a fazem criar o Moxie, um jornal independente da escola que começa a expor tudo o que acontece por lá. Adaptação do livro best-seller da autora Jennifer Mathieu. Disponível na netflix,

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Quando você não quer pensar muito, escolhe um filme leve, uma comédia adolescente, como Moxie,  tudo que espera é um leve entretenimento. Aí, você se depara com uma comédia adolescente capaz de pincelar assuntos importantes, de uma forma leve, divertida e inspiradora. No mês em que é comemorado o dia internacional da mulher, nada mais agradável do que acompanhar jovens debatendo o feminismo com leveza. Focado na luta por igualdade de gênero, o filme aborda questões importantes, sem perder o tom de comédia. A transformação da protagonista é visível em sua expressão, que de alienada passa a revelar revolta e inconformismo, diante do que sempre esteve lá, já normatizado, oprimindo e sufocando as vozes femininas. Velhos movimentos de roupagem nova, os jovens utilizam novas ferramentas, não só para divulgação, mas para realização de protestos pacíficos e orquestrados. É o frescor da juventude encontrando novas soluções! A protagonista convida o espectador a despertar, ousar sair da mesmice, da tela do computador, ou telefone, e, partir para ação. Apesar de a trama retratar uma escola americana, as questões dos adolescentes em sua singularidade, o preconceito de gênero e o racismo são assuntos já globalizados, muito próximos do que pode ser experimentado em qualquer lugar do mundo. A proposta não foi aprofundar nenhum dos conflitos, as soluções se revelaram fáceis e rápidas, mas nada que pudesse prejudicar o todo, afinal, trata-se de uma comédia. Feita com e para adolescentes, o filme traz temas espinhosos com frescor e jovialidade, transbordando energia, empatia, aceitação e criatividade. Vale conferir!

sexta-feira, 5 de março de 2021

Loucura de amor/Louco por ella


ASSUNTO

Relações social, afetivas e de casal, saúde mental.

SINOPSE

Adri (Álvaro Cervantes) é o típico homem bem-sucedido na vida, garanhão, que não se prende a ninguém. Certa noite, ele faz uma aposta com os amigos de que consegue seduzir uma loira que está no bar, porém, quando estava a caminho da moça, Carla (Susana Abaiatua) esbarra nele. Encantado pela energia eufórica da moça à sua frente, Adri se sente hipnotizado e segue aquela enigmática moça em todos os seus mirabolantes planos – e, com ela, tem a melhor noite de sua vida. Porém, com o nascer do sol, a misteriosa moça sai correndo, deixando Adri sem nenhuma informação sobre ela e com um enorme vazio no peito.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Que grata surpresa! Há muito tempo que não assistíamos a um filme assim, leve, encantador e interessante. Sim, interessante, pois a comédia romântica escolheu pincelar assuntos sérios e necessários, de forma leve e provocante. Obviamente, loucura e amor são assuntos já debatidos em diferentes contextos, pois sempre foram considerados parentes. No filme, a loucura não se restringe ao estado da paixão enlouquecedora, mas vai além, ao percorrer o caminho delicado da saúde mental. Sim, estamos diante de Adri, personagem que se considera normal, e, após compartilhar a aventura de uma noite inesquecível, se percebe capturado pela garota misteriosa. Carla, personagem que lhe proporcionou a noite mais alucinante, prazerosa e inusitada de sua vida, avisou que seria uma única noite, mas não bastava, ele queria mais. Entorpecido, busca pistas para encontrar a mocinha. Até então, é inevitável pensar na cinderela e o sapatinho dos contos de fadas...