ASSUNTO
Adversidade, redenção, educação, inclusão,
exclusão, respeito às diferenças, respeito aos idosos, obstinação, perseverança,
amizade, preconceito, relações sociais e
afetivas.
SINOPSE
“The First Grader”, 2010, foi
lançado no Brasil em 2014 com o título “Uma lição de vida”, encontrado no
netflix como O ALUNO. Conta a história de Kimani Maruge, pessoa reconhecida
pelo Guiness book, o livro dos recordes, como o homem mais velho a ingressar
numa escola primária em todo o mundo. O filme inicia num vilarejo do Quênia, quando Maruge
(Oliver Litondo) ouve no rádio o anúncio da educação gratuita para todos. Não
tendo tido oportunidade de estudar no passado, o senhor de 84 anos – um
veterano da tribo Mau Mau que lutou para libertar o Quênia dos ingleses –
bate à porta da escola primária e espera uma chance de poder aprender a
ler. Rejeitado de início, ele não desiste: já de uniforme escolar e uma pequena
bolsa a tiracolo, volta a pedir por uma vaga e insiste até ser aceito pela
professora Jane (Naomie Harris). Em meio a lembranças do doloroso passado, o
ancião tem de enfrentar a revolta e as ameaças das autoridades, dos moradores
da região e dos pais dos alunos, inconformados por um idoso ter sido aceito em
uma classe de crianças de seis anos de idade.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme é inspirador, particularmente para os
que desanimam diante dos obstáculos, é emocionante, sem precisar apelar para o
sentimentalismo, é histórico, pois conta parte da história que pertence a toda
humanidade, e, é também provocador, pois nos faz refletir sobre diferentes
temas. A experiência de vida de Maruge o motivou a buscar educação. Ele percebeu
a importância das letras ao receber documento enviado pelo governo e se ver
incapaz de compreender. Diante de si havia uma mensagem importante, como tantas
outras, ele precisava aprender, para decodificar não apenas aquela carta, mas
tudo o que o mundo lhe oferecia na forma de letras e números. Quando jovem, ele
lutara junto a um grupo extremista pela independência do país. Por conta disso,
fora preso e torturado antes de cair na miséria e no esquecimento. Ouvir que o
Governo oferecia educação “para todos” não seria suficiente. Maruge teve de
enfrentar a falta de vontade de autoridades locais, a desconfiança dos vizinhos
e a rixa tribal que ainda afligia o país. Foi preciso muita perseverança para
atingir seu objetivo, o que contaminou a professora Jane. Ambos são personagens
fortes, reais, que colocam a perseverança como base para se operar mudanças e
apontam a educação como a ferramenta principal para isso.
É quase impossível
não se emocionar com o herói de carne e osso, que luta por seus direitos e
necessidades, mas também comete erros em suas ações. Sendo produto da própria
história e considerando o contexto no qual está inserido, é possível
compreender suas atitudes “politicamente incorretas” no trato com os colegas indisciplinados.
Temos como exemplo, a cena em que vai separar uma briga de garotos, quando começa
a espancar o menino que cometia "bulling" com o outro, mostrando que
naquelas circunstâncias, seria a atitude “correta”. Dentro de suas possibilidades,
o ancião luta por aquilo que acredita, enfrentando as adversidades em seu entorno.
As crianças são receptivas ao colega idoso, não fazem diferenciação, não alimentam
pré-conceitos. Aos poucos, o relacionamento entre eles vai sendo construído. Consequências
nefastas da "colonização" deixam cicatrizes, não só nas costas de
Maruge, mas também naquela comunidade singular e em tantas outras, também marcadas
pela miséria, pela humilhação, ignorância e preconceito. Diversas cenas do
filme podem retratar outras realidades, como algumas escolas para crianças ou adultos
em diferentes cantos do Brasil. Para além da possível identificação do púbico
com situações sociais semelhantes, o enredo provoca reflexões sobre diferentes
aspectos individuais. Como exemplo, podemos citar os valores herdados e os
valores apreendidos durante a experiência de vida. O valor que as crianças
daquele lugar dão ao processo educacional está muito distante daquelas que
priorizam os adereços do material de estudo em detrimento do universo infinito
que a educação pode proporcionar. O consumo e disputa de quem tem o material
mais caro ou bonito perde o sentido diante das cenas do filme. A educação, o
respeito, o reconhecimento do conhecimento em detrimento do material escolar podem
favorecer boas reflexões. Outros valores, como respeito, não só aos mais velhos
e professores, o que muito falta em nossa cultura, mas o respeito pela
história, pelos antepassados, pela sabedoria da experiência vivida e
transmitida como alicerce. Impossível não ser provocado pelos contrastes apresentados, por exemplo, entre a
escola das crianças e aquela dos adultos, tão semelhante a outras, que perderam
o poder de seduzir e motivar o aluno. A história mostra que “Quem não aprende
com seu passado não será capaz de projetar seu futuro”. Impossível não se
emocionar com o olhar e os ensinamentos do ancião. Ele afirma: “A Liberdade é Aprender”, ” O Poder está na
Caneta, nunca é tarde para sonhar”, "A
educação é a chave, nós somos o cadeado", “mas não somos nada se não
podemos ler” e “ler e entender é muito importante, é uma maneira de
acabar com a pobreza entre nós”. Também podemos refletir sobre inclusão,
exclusão, poder e dominação, submissão, respeito às diferenças, amor a
profissão, etc. Não podemos perder de vista o comportamento da professora Jane,
que enfrenta o sistema em diferentes situações, afetando e inspirando, direta e
indiretamente, a todos. A educação
liberta quando oferece ferramentas para o pensamento livre, teremos sempre o
que aprender, nunca é tarde. Como ela repete o ensinamento que recebeu do pai, "
Só deixarei de aprender quando meu ouvido estiver cheio de terra". O que
foi seguido por Maruge até o fim de seus dias. Para saber mais sobre fatos
reais e históricos que envolvem Maruge, clique aqui.
Irei assistir com certeza, ja estou anciosa, e sem dúvida será de grande valia!
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