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segunda-feira, 12 de abril de 2021

Euforia

 

                                                                    

ASSUNTO

Homossexualidade, drogas, doença terminal, relações sociais, familiares e afetivas.

SINOPSE

Matteo (Riccardo Scamarcio) e Ettore (Valerio Mastandrea) são irmãos com vidas distintas e que compartilham um laço afetivo pouco desenvolvido. Enquanto o primeiro é um jovem empreendedor carismático e "mente aberta", o segundo leva uma vida simples e reclusa na cidade em que nasceram, trabalhando como professor no ensino médio de uma escola local. Após um evento traumático, os dois começam a viver juntos em Roma, durante alguns meses. A situação faz com que eles trabalhem suas diferenças, possibilitando - em meio a um turbilhão de medo, fragilidade e euforia - o nascimento de uma ligação genuína entre os dois.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Disponível na NETFLIX até o final de abril. Euforia, um drama familiar italiano, foca na relação de dois irmãos, que após trilharem caminhos distintos, voltam a se aproximar. O contraste entre os dois mundos, logo fica evidenciado. Matteo é a própria euforia, vivendo num estado ilusório de sucesso e prazer permanentes. De fato, ele é um jovem empreendedor bem-sucedido, que transita bem em seu meio profissional e social. Entretanto, o distanciamento afetivo não parece somente acontecer com o irmão. Ettore, por sua vez, seguiu outro caminho, se manteve na cidade onde nasceu, é professor, leva uma vida simples e retornou para casa da mãe após a separação recente.

sábado, 6 de março de 2021

Moxie: Quando as Garotas vão à Luta


ASSUNTO

Adolescência, preconceito, racismo, feminismo, relações sociais e afetivas.

SINOPSE

A trama acompanha Vivian (Hadley Robinson), uma jovem que começa a despertar o desejo de lutar contra as coisas erradas que acontecem em sua escola - desde um “ranking de garotas” feito pelos rapazes, até a vista grossa dos professores e diretoras diante de assédio e discriminação. Sua maior inspiração são os zines antigos de sua mãe, Lisa (Amy Poehler, também diretora do longa), que a fazem criar o Moxie, um jornal independente da escola que começa a expor tudo o que acontece por lá. Adaptação do livro best-seller da autora Jennifer Mathieu. Disponível na netflix,

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Quando você não quer pensar muito, escolhe um filme leve, uma comédia adolescente, como Moxie,  tudo que espera é um leve entretenimento. Aí, você se depara com uma comédia adolescente capaz de pincelar assuntos importantes, de uma forma leve, divertida e inspiradora. No mês em que é comemorado o dia internacional da mulher, nada mais agradável do que acompanhar jovens debatendo o feminismo com leveza. Focado na luta por igualdade de gênero, o filme aborda questões importantes, sem perder o tom de comédia. A transformação da protagonista é visível em sua expressão, que de alienada passa a revelar revolta e inconformismo, diante do que sempre esteve lá, já normatizado, oprimindo e sufocando as vozes femininas. Velhos movimentos de roupagem nova, os jovens utilizam novas ferramentas, não só para divulgação, mas para realização de protestos pacíficos e orquestrados. É o frescor da juventude encontrando novas soluções! A protagonista convida o espectador a despertar, ousar sair da mesmice, da tela do computador, ou telefone, e, partir para ação. Apesar de a trama retratar uma escola americana, as questões dos adolescentes em sua singularidade, o preconceito de gênero e o racismo são assuntos já globalizados, muito próximos do que pode ser experimentado em qualquer lugar do mundo. A proposta não foi aprofundar nenhum dos conflitos, as soluções se revelaram fáceis e rápidas, mas nada que pudesse prejudicar o todo, afinal, trata-se de uma comédia. Feita com e para adolescentes, o filme traz temas espinhosos com frescor e jovialidade, transbordando energia, empatia, aceitação e criatividade. Vale conferir!

domingo, 26 de julho de 2020

Sexy por acidente



ASSUNTO

Autossuporte, aceitação, relações afetivas e sociais.

SINOPSE


Renee (Amy Schumer) convive diariamente com insegurança e baixa autoestima por conta de suas formas físicas. Depois de cair e bater a cabeça numa aula de spinning, ela volta a si acreditando ter o corpo que sempre sonhou e assim começa uma nova vida cheia de confiança e sem medo de seguir seus desejos.




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 O OLHAR DA PSICOLOGIA

I Feel Pretty, a tradução literal seria "eu me sinto bonita", o título em português: “Sexy por acidente”. Gosto mais do titulo original, que prioriza o “sentir”, processo mais importante apresentado no filme. Sim, Renne, como muitos, é vítima de uma pressão cruel, midiática e social, que teima em apresentar corpos e pessoas perfeitas como modelo. Daí, um pulo fácil para a baixa autoestima e insegurança gerada pela sensação de inadequação. Numa luta diária com a busca da perfeição, ela vai se distanciando de si mesma, em busca de lugar num mundo restrito de “aparências perfeitas”, onde tudo é felicidade. Será? Bom, apesar de clichê, a comédia nos mostra um desejo compartilhado por mulheres e homens do mundo todo, que ainda estão “contaminados” pelo universo mágico da aparência perfeita. Renne tem dificuldade de emagrecer, mas sonha com um corpo perfeito. Após diferentes tentativas, ela tem a ilusão de que conseguiu realizar seu sonho. Ao acreditar ter o corpo sonhado, a protagonista inaugura uma nova etapa de vida, onde o amor próprio e a autoconfiança ditam seu novo comportamento. Daí, a trama se desenvolve como tantos outros filmes clichês, que apresentam soluções fáceis e finais felizes, sem deixar de passar uma mensagem interessante. 

domingo, 10 de março de 2019

Marguerite



ASSUNTO

Sexualidade, terceira idade, relação afetiva, social e profissional.


SINOPSE

Curta-metragem indicado ao Oscar de 23019. Uma mulher idosa e sua enfermeira desenvolvem uma amizade que a inspira a descobrir desejos não reconhecidos e, assim, ajudá-la a fazer as pazes com seu passado.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

O curta-metragem encanta, ao apresentar a relação entre profissional e paciente, de uma forma delicada e poética. Diferentes profissionais convivem com pacientes terminais, em um processo delicado de fechamento de um ciclo. Não é um trabalho fácil, considerando ao vínculo construído na relação, que sabemos, está se aproximando do fim. Marguerite é uma senhora que escolhe não mais se submeter aos tratamentos que exigem internação, ela quer seguir de seu modo, em sua casa, enquanto seu corpo aguentar. Assim sendo, sua acompanhante faz o possível para mantê-la confortável.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Margarita de canudinho


ASSUNTO

Paralisia cerebral, deficiência visual, descoberta da sexualidade, bissexualidade, relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE

Laila (Kalki Koechelin) é uma adolescente indiana que tem paralisia cerebral. Ela estuda na Universidade de Delhi, escreve poesias e cria sons eletrônicos para uma banda indie da universidade. Laila se apaixona pelo vocalista e fica de coração partido quando é rejeitada. Ao lado de sua mãe (Revathy), ela deixa seu país para estudar na Universidade de Nova York, onde aproveita a oportunidade para exercitar sua independência. Lá, ela conhece uma jovem ativista (Sayani Gupta) em Manhattan e embarca em uma jornada de descobertas.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Que filme delicado, verdadeiro, esclarecedor, simples e inclusivo. A trama não pretende focar nas dificuldades da protagonista ou de outros personagens. Apesar dos obstáculos impostos por sua paralisia cerebral, ou pela deficiência visual da outra personagem, o foco está nas possibilidades de vida, apesar das adversidades. Como qualquer adolescente, Laila enfrenta questões muito comuns aos seus pares. Ela se apaixona, tem desejos, dúvidas, paixões e decepções. As experiências dela são verdadeiras, simplesmente acontecem e ela faz novas descobertas. A sutileza das cenas é incrível, transformando suas descobertas sexuais, desde a masturbação ao ato, em acontecimentos naturais. Não há classificação, exploração ou crítica, eles simplesmente fazem parte da vida. Simples assim. O espectador acompanha gestos sutis, ouve sons, descortina seu desabrochar, sem que sua privacidade seja desrespeitada. Um olhar delicados sobre as questões dela, sejam afetivas ou sexuais, é uma constante no longa, que encanta em sua simplicidade. Outros mundos se revelam para Laila, a cada novo encontro, novos vínculos, novas experiências. Preconceitos e tabus são desnudados na telona, com uma leveza sedutora, delicada e única. Seu encontro com Khanum, uma deficiente visual, ampliam seu mundo.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Me chame pelo seu nome

ASSUNTO

Adolescência, despertar da sexualidade, Homossexualidade, diferenças, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE

Verão de 1983, norte da Itália. Elio Perlman, um jovem ítalo-americano de 17 anos, passa seus dias na vila de sua família, um antigo casarão do século XVII. Seus dias são repletos de composições ao piano e flertes com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver, um charmoso homem de 24 anos, que está fazendo doutorado, chega para ajudar o pai de Elio, um renomado professor, em sua pesquisa sobre cultura greco-romana. Sob o sol do verão italiano, Elio e Oliver descobrem a beleza do despertar de novos desejos que irão mudar as suas vidas para sempre. 

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Pode não agradar, não só pelo tema delicado, mas pelo ritmo lento, principalmente na primeira parte. No entanto, é exatamente pelo ritmo, que o longa proporciona o envolvimento do público no sensível processo de contato entre os protagonistas. “Me chame pelo seu nome” traz em seu título o anúncio do tema que será desdobrado na tela: A entrega no encontro com o outro, tão intensa e arrebatadora, que promoverá  autoconhecimento. Elio é maduro para sua idade e conhecedor de diversos assuntos, mas não deixa de ser adolescente. Como tal, seu corpo e mente sofrem transformações, ele está desabrochando. A chegada de Oliver afeta seu mundo de diferentes formas, o que o deixa confuso.  O despertar de sua sexualidade começa em momentos de tensão, que aos poucos se transformam. A experiência intensa e arrebatadora irá afetar a ambos para sempre. Não é sobre homossexualidade, é uma história de amor, do primeiro amor, simplesmente, amor.

domingo, 28 de janeiro de 2018

A forma da água

ASSUNTO

Xenofobia, racismo, sexismo, homofobia, preconceito, solidão, sexualidade, relações afetivas e sociais.

SINOPSE

Década de 60. Em meio aos grandes conflitos políticos e bélicos e as grandes transformações sociais ocorridas nos Estados Unidos, Elisa (Sally Hawkins), zeladora em um laboratório experimental secreto do governo, conhece e se afeiçoa a uma criatura fantástica mantida presa no local. Para elaborar um arriscado plano de fuga ela recorre a um vizinho (Richard Jenkins) e à colega de trabalho Zelda (Octavia Spencer).


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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Existem filmes que são capazes de nos deixar atônitas em seu desfecho. “A forma da água” não é apenas um deles, pois o suspiro emocionado ainda transbordava, após a conclusão do longa, reverberando por algum tempo. Talvez, tenha sido por sua linguagem poética, delicada, encantadora, que costura fantasia e realidade para falar de sentimentos tão existenciais e necessários ao ser humano. O filme fala, de forma singela, sobre o encontro de diferenças, desnuda a empatia, denuncia diferentes faces da desemboca no amor, simples assim. Da masturbação ao sexo entre seres distintos, o enredo possibilita desconstruções. Para os que se percebem deslocados no mundo, é um poema. Com delicadeza, em contraste com a estupidez humana, a trama desdobra o amor, sem pudor. A água, fonte da vida, não podia estar em melhor lugar para falar e espelhar diferentes emoções do humano, que podem ser refletidas na “criatura”, diante das diferentes conexões, conforme declarado por Guillermo Del Toro:
“A água toma a forma do que quer que a esteja contendo, e embora possa ser tão suave, é também a força mais poderosa e maleável do universo. Isso também é amor, não é?! Não importa em que fôrma colocamos o amor, ele se molda a ela, seja homem, mulher ou criatura”.
 O filme é uma fábula encantadora sobre amor, que dispensa palavras, priorizando os sentidos através das diferentes formas de amar, amor ao próximo, à ciência, à amizade, ao estranho, ao diferente, singular e puro amor. Para os que são incapazes de lidar com as diferenças, que abusam da violência, do sadismo, da moralidade falsa, fica a questão: quem é o monstro? Quem é a criatura que nos ameaça, o desconhecido ou a repressão cotidiana e sádica capaz de sufocar? Cada personagem tem seu próprio espaço, contados através de linguagem verbais e não verbais. O contexto, a guerra fria, a tensão em um mundo dividido, nos lembra outras tantas divisões promovidas em diferentes momentos históricos, em qualquer lugar. O abuso de poder, o machismo, a homofobia, o racismo, o moralismo hipócrita são os “nós” da trama. Elisa (sexismo), Zelda (racismo), Giles (preconceito) e a criatura (xenofobia) representam vítimas do sistema capazes de alinhavar laços afetivos.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Lady Bird, é hora de voar

ASSUNTO

Adolescência, ansiedade, sexualidade, puberdade, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE

Christine McPherson (Saoirse Ronan) está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe (Laurie Metcalf). Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Indicado para o Oscar, o longa acompanha Lady Bird da passagem da adolescência para a maturidade. A jornada de amadurecimento já foi retratada em outros tantos filmes, o Charme daqui está na forma como acontece. A ansiedade adolescente é evidenciada no processo, sem que seja necessário qualquer diagnóstico. Afinal, é bastante comum que a ansiedade acompanhe a adolescência, sem que precise ser considerada uma patologia. Christine quer voar, é aventureira, sonhadora, dramática, impetuosa e muito desafiadora. A família não está em uma situação financeira privilegiada, a mãe aponta isso a todo instante, diferente do pai, que dá “cobertura” para os sonhos da moça. Mãe e filha vivem às turras, diante dos desafios da vida. Não é muito diferente do que acontece com frequencia: o adolescente elege um dos pais para "parceiro" e o outro como inimigo. Se o inimigo é aquele que tem os pés na realidade, frustrando os devaneios adolescentes, ele vira alvo de enfrentamentos, birras, discussões infindáveis.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Um instante de amor

ASSUNTO

Sexualidade feminina, desejo reprimido, histeria, psicossomática.

SINOPSE

França, década de 1950. Gabrielle nasceu e cresceu numa pequena aldeia, numa época em que ser mulher significava deixar a casa dos pais e ser entregue a um marido. Ser apenas esposa e mãe era um destino quase inevitável. Conscientes da sua rebeldia, os pais resolvem casá-la com o José, um trabalhador esforçado de origem espanhola, com a missão de fazer dela uma mulher respeitável. Apesar de toda a dedicação de José, ela nunca se entrega de corpo e alma ao marido, por quem sente algum desprezo. Alguns anos depois, sofrendo de dores crônicas nos rins, Gabrielle é enviada para uma estância termal nos Alpes. Lá, conhece André Sauvage, um ex-soldado ferido na guerra da Indochina, por quem se apaixona ao primeiro olhar. Durante as seis semanas seguintes, vai viver um amor que nunca julgou possível…

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Por um instante, somos convidados a refletir sobre diferentes momentos do papel feminino ao longo história. Antes de somente estranhar o comportamento de Gabrielle, é preciso ter um olhar aguçado para a sexualidade feminina, contextualizando, não só o ambiente familiar, mas também sua época. A burguesia agrícola é palco para que o mito da histeria tenha lugar.  Gabbrielle desafia regras e convenções, expressa desejos reprimidos descontroladamente.  Tida como louca, ela oscila entre momentos de melancolia e o desejo de romper barreiras, a apatia e o ataque de fúria. A paixão, tão comum nas transformações hormonais femininas se torna ato, assédio. A frustração, com a constatação de sua paixão platônica, se torna surto, desordem, realidade cruel. Dentro de uma sociedade convencional, sua feminilidade indomável é direcionada para soluções burguesas, a escolha de um casamento arranjado como opção, aprisionando o desejo. Sua sexualidade está entrelaçada com a paixão, desejo e amor não podem ser separados. Para não ser internada, ela aceita se casar, mas sufoca seu desejo, sua sexualidade latente. Ela impõe regras, mantém distância afetiva do marido. É no momento de cuidar de sua doença renal, uma metáfora de seu desejo encarcerado, que Gabrielle volta a fantasiar, amando o amor, sonhando ser amada, vivendo sua fantasia de amor perfeito, apaixonado, indomável.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Os 13 Porquês – 13 Reasons Why

ASSUNTO

Depressão, bullying, estupro, assédio, violência, omissão, homofobia, sexualidade, suicídio, relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE

Uma caixa de sapatos é enviada para Clay (Dylan Minnette) por Hannah (Katheriine Langford), sua amiga e paixão platônica secreta de escola. O jovem se surpreende ao ver o remetente, pois Hannah acabara de se suicidar. Dentro da caixa, há várias fitas cassete, onde a jovem lista os 13 motivos que a levaram a interromper sua vida - além de instruções para elas serem passadas entre os demais envolvidos.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Febre do momento, “OS 13 Porquês” foi baseado no livro homônimo de Jay Asher. Provocando diferentes críticas, algumas favoráveis e muitas contrárias, a série está levantando o assunto em diferentes segmentos da sociedade. Há quem diga que pode se tornar um gatilho para aqueles que se encontram vulneráveis, outros tantos afirmam que os assuntos abordados na trama podem e devem ser discutidos. Indico abaixo links com diferentes opiniões. Por agora, prefiro destacar a importância de falarmos sobre o tema, ou, sobre os temas levantados. Aliás, acho que o aspecto mais positivo da proposta é, de fato, colocar os assuntos abordados em discussão, é o que está acontecendo. As polêmicas estimuladas por sua forma explícita ou pela fraqueza dos argumentos, cenas, etc., aqui não serão discutidos ou julgados. Queremos dividir algumas reflexões motivadas pelo contato com a série. A primeira coisa que chama a atenção foi o tom vingativo apresentado pelo projeto de Hanah, que dilui a responsabilidade entre os colegas (colegas??). Tudo bem, os relatos nos fazem pensar nas possíveis relações tóxicas que enfrentamos, não só na adolescência. Por esse prisma, pode servir como um alerta, um ponto de reflexão para aqueles que funcionam de determinada forma agressiva ou abusiva, sem se dar conta do quanto podem estar machucando o outro. Por outro lado, muitos suicídios cometidos por algum adolescente são por si só motivadores de culpa nos colegas, que se perguntam o que poderiam ter feito, ou deixado de fazer para evitar o desfecho trágico. Há também muito sofrimento para os que ficam, sem que seja necessária uma acusação gravada em fitas cassetes. Ok, a licença poética nos permite considerar a proposta como uma perspectiva possível, para dar voz a quem partiu e promover uma possível reflexão. Entretanto, é preciso refletir como o suicídio de um adolescente pode afetar seu entorno, causando sofrimento e dor aos familiares, amigos e colegas. Concordo com algo que li sobre o assunto, que afirma que o suicídio não é opção, muito menos para vingança.

terça-feira, 28 de março de 2017

Moonlight: sob a luz do luar

ASSUNTO

O Auto-suporte, abuso, dependência química, drogas, preconceito, homossexualidade, relações afetivas, sociais e familiares, violência.

SINOPSE

Três momentos da vida de Chiron, um jovem negro morador de uma comunidade pobre de Miami. Do bullying na infância, passando pela crise de identidade da adolescência e a tentação do universo do crime e das drogas, este é um poético estudo de personagem. O protagonista trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Encontrando amor em locais surpreendentes, ele sonha com um futuro maravilhoso.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


O filme poderia ter como título CHIRON EM BUSCA DE SI MESMO, pois retrata a trajetória de Chiron na busca da própria identidade, diante de um contexto adverso, agressivo e desestruturado. A jornada é universal e também particular, tendo em vista suas peculiaridades. Ele é negro, pobre e ainda vive em uma família monogâmica e disfuncional. Sim, a mãe não tem possibilidade de lhe oferecer suporte, sendo dependente química, suas alterações abusivas contribuem para a infância solitária do menino. Diante de um contexto tão insensível e adverso, Little (apelido de infância) sobrevive como pode. Vítima de bullying, preconceito racial e homofóbico, seus conflitos existenciais encontrarão algum suporte no afeto de Juan, o traficante, e sua namorada, pessoas que abrem espaço para sua autenticidade. A namorada contribui para que o menino encontre uma brecha de suporte afetivo em meio ao conturbado universo em que vive, enquanto Juan ocupa o vazio da figura paterna. Seu desenvolvimento encontra novos obstáculos, seja na transição para a adolescência, ou para a vida adulta.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Meu nome é Ray (About Ray)


ASSUNTO

Relações afetivas, sociais e familiares, transexualidade, homossexualidade, crise existencial e segredos.

SINOPSE

Três gerações de mulheres de uma família que vive sob um mesmo teto em Nova York precisam lidar com uma grande transformação de uma delas que vai afetar a todas. Ray (Elle Fanning) é uma adolescente que decidiu mudar de sexo. Sua mãe solteira, Maggie (Naomi Watts) precisa rastrear o pai biológico de Ray (Tate Donovan) para obter seu consentimento legal para a mudança. Dolly (Susan Sarandon), avó lésbica de Ray, está com dificuldade em aceitar que agora tem um neto. Cada um deles precisa confrontar sua própria identidade, aprender a aceitar a mudança e sua força como família para finalmente encontrar compreensão e harmonia.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Embora, apresente e discuta a transexualidade, o foco maior é na crise existencial da mãe de Ray. Sim, Mag está em crise. Não há porque desmerecer tal enfoque, afinal, Ray se reconhece como menino em corpo de menina, não há crise de identidade para ele. E, no final das contas, a família sempre terá dificuldade para lidar com a situação. Certamente, para Mag é mais do que isso, ela tem seu segredo em relação à paternidade de Ray e uma dificuldade tremenda em lidar com as próprias responsabilidades de mulher, adulta e mãe, sem falar na dificuldade imposta pelas necessidades de Ray. Aliás, o ponto de partida da trama está exatamente nessas necessidades. Aos 16 anos, Ray precisa da autorização do pai para realizar procedimentos médicos que favoreçam sua existência. As relações familiares são colocadas em foco a partir de então. Três gerações se encontram morando no mesmo espaço, a mãe homossexual e sua companheira, Mag e Ray. As críticas não pouparam alfinetadas, por uma simples razão, o tom pastelão da comédia tira a chance dos temas abordados serem apresentados com maior seriedade. Ainda assim, temos uma perspectiva interessante quando olhamos a interpretação de Elle Fanning, que em diferentes momentos dá espaço para os conflitos possíveis da sua condição, seja quando esconde seu peito ou quando trabalha incansavelmente para desenvolver sua versão feminina. Há clara indicação de sua necessidade primordial de encontrar uma vida mais autêntica. Sua avó homossexual não compreende as angústias da neta. Em seu universo, o desejo pelo mesmo sexo pode ser resolvido apenas assumindo a homossexualidade, sem que seja necessário trocar de sexo. Ela não percebe que para a neta (o), o maior problema não é a orientação do seu desejo, mas viver em um corpo que não reconhece como seu. Desde os 4 anos, ela percebe que aquele corpo não lhe pertence, que não é livre para ser ele mesmo, enquanto habita um corpo que lhe aprisiona.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O amor no divã

ASSUNTO

Relações afetivas, relação terapêutica, traição, casal e família, crise conjugal

SINOPSE

Malka Stein (Zezé Polessa) é uma renomada psicóloga e terapeuta especializada em realizar terapias de casal e guiar casamentos para um lugar melhor. No entanto, após trinta anos do seu próprio casamento e com a chegada de um novo casal ao seu consultório, Malka começa a perceber que ela mesma pode estar precisando de uma terapia de casal.





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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Estréia prevista para 8 de dezembro. Uma comédia leve e encantadora sobre a busca de terapia durante a crise conjugal. Confesso que me surpreendi, positivamente. Para terapeutas e casais, não há como não se identificar com uma ou outra passagem. Podemos chamar de clichê ou óbvio, mas não há como fugir disso, quando tentamos falar de crise conjugal. Afinal de contas, todos temos facilidade de reconhecer o óbvio na atitude dos outros, já em nós mesmos não é tão fácil assim. O filme é divertido, leve e provocante. Temos a crise como tema que costura a trama, não só com o casal que busca terapia, mas também com a própria terapeuta e mais dois casais que são entrevistados durante sua evolução. A forma de cada um lidar com os conflitos da relação é particular, entretanto, não é incomum encontrar reações semelhantes, como se fossem construídas socialmente. As diferentes perspectivas, do terapeuta e dos clientes, se desenrolam na tela de forma graciosa e bem humorada, sem deixar de apontar diferentes realidades. Uma obra de ficção não tem compromisso de retratar fatos, seja do processo terapêutico, do tempo de sessão, da forma de contrato, ou, do tipo de intervenção indicada, sensata ou ética. Sendo assim, foi surpreendente como o filme conseguiu extrair risos frouxos do público, principalmente, pela sutileza e obviedade que com a qual conseguiram se aproximar da realidade dos fatos. Críticas sutis e temas necessários, como traição, sexualidade, conflitos de casal, conflitos existenciais, fronteira individual de casal, e, até do terapeuta, se entrelaçam na tela, proporcionando momentos de diversão, descontração e reflexão. Sim, difícil sair de lá sem ter o que debater, seja como profissional terapeuta ou como parte de uma relação conjugal. Com tempo curto de projeção e sem precisar se aprofundar em cada tema, a comédia pode ser um programa pra lá de agradável, podendo render ricos debates.  

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

6 anos

ASSUNTO

Relações afetivas, sociais e familiares, casal adolescente,


SINOPSE

Um jovem casal, Dan (Ben Rosenfield) e Mel (Taissa Farmiga), se conhecem desde a infância e estão namorando há 6 anos. A princípio, eles parecem ter um amor ideal, mas a notícia de uma oportunidade de emprego para Dan pode abalar o romance e mudar o rumo das coisas dependendo da escolha que ele fizer. Talvez o futuro que eles tinham imaginados juntos não se torne mais uma realidade.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


O filme retrata os altos e baixos de um relacionamento, particularmente no que se refere ao primeiro amor, o primeiro sonho de construir uma vida compartilhada. Mas, no fundo, cada amor é único, vivenciado como especial e capaz de ser para sempre... Viver uma paixão é acreditar que será para sempre! Dan e Melanie se conhecem dede a infância, eles partilharam momentos de amor e de dor, vivenciaram diferentes experiências, cresceram juntos. A relação do casal não é possessiva, eles vivem uma relação saudável, respeitam a individualidade, revelam-se como exemplo de “casal perfeito”. Os seis anos se tornam um marco. Os amigos estranham e comentam, alegando que a estabilidade daquela reação poderia roubar outras experiências. O “casal fofo” não aparenta ser afetado, a princípio. Entretanto, logo surge desconforto, carência, descompasso,  descuido. A intimidade construída ao longo do tempo revela outra face, a fronteira individual é invadida de forma inesperada. De forma sutil, a trama revela a violência, o que favorece o debate sobre o perigo das relações amorosas abusivas. Qual é o limite entre uma discussão saudável e o descontrole, o desrespeito, a violência física ou psicológica? O mundo gira, revelando que a perfeição não existe. As mudanças são necessárias, as frustrações fazem parte do desenvolvimento. A capacidade de lidar com as mudanças e frustrações é testada, o que provoca constantemente o encontro com a imperfeição humana. Acontecimentos internos e externos, previsíveis ou não, fazem parte da vida. Nem sempre é possível lidar com as crises, seja por traição ou por uma reação descontrolada capaz romper a barreira do respeito. Existem traições que ajudam ao casal a lidar com a crise, afinal pode ser o sintoma da relação,  capaz de revelar a necessidade do contrato amoroso ser revisado.  Entretanto, a crise de qualquer relação, seja de 6, 7 ou qualquer outro par de anos, pode servir para o fim de um ciclo, um recomeço, ou, pode resultar no rompimento. Tudo vai depender da forma do casal lidar com as mudanças. Aí está o charme do filme, que retrata possíveis transformações rotineiras de qualquer relação amorosa. Assim como uma roupa ou sapato podem deixar de ser confortáveis, a relação pode se transformar a ponto de não ser mais confortável para os envolvidos, buscar ajustes, adaptações ou descartar, romper? Eis a questão. Sair da zona de conforto é sempre difícil, ainda que não seja mais tão confortável assim... O desenrolar da trama não pretende apontar caminhos, nem definir soluções, apenas conta como é possível para eles lidar com aquela crise. Aliás, o amadurecimento individual pode ser um ponto a ser considerado, pois a ‘certeza’ sai nitidamente da pauta do casal, abrindo novas possibilidades, talvez incompatíveis com o status quo. 

sexta-feira, 8 de abril de 2016

White Frog

ASSUNTO
Autismo, homossexualidade, homofobia, perdas, luto, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE
O filme apresenta a história de uma família obcecada com a ideia de parecer perfeita. O único problema aparente dos Young é o filho mais novo, Nick, que nasceu com Síndrome de Asperger, que faz com que a pessoa tenha dificuldades para se socializar. Quando Chaz, o filho mais velho, morre em um acidente, a família cai em pedaços e Nick então precisa juntar as peças para seguir em frente.







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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Logo somos tocados pela linda relação construída pelos irmãos Chaz e Nick. A paciência, o carinho, a dedicação do irmão mais velho tornam o mundo de Nick mais rico, sua autoestima mais elevada, e, claro, seu desejo de desenvolver habilidades para compreender melhor o mundo são também ampliadas. Não há qualquer proximidade entre o autista e seu pai, que não compreende sua forma de estar no mundo. Sua mãe, apesar de interessada, não consegue acessar o mundo do caçula. Infelizmente, Chaz sofre um acidente fatal e deixa os familiares perdidos em seu luto. Nick, que tinha no irmão seu único elo com o mundo, se vê desamparado, perdido. Acompanhamos o luto familiar e a dificuldade daquela família lidar não só com a perda, mas também de encarar a condição autista do filho. Sem Chaz como intermediário, tudo fica mais difícil, tanto para Nick, como para os familiares. Na busca de elaborar o próprio luto e restaurar a si mesmo, Nick caminha através das dicas deixadas pelo irmão. Se aproximar de seus amigos é um bom começo, o que nos brinda com cenas emocionantes, ora delicadas, ora bem humoradas. Desconstruir a imagem de perfeição do irmão mais velho se torna um aprendizado ímpar, não só para Nick, mas também para toda a família. Fica evidente a dificuldade de perceber a imperfeição de cada um, trazendo até o homossexualismo para pauta, o que evidencia a homofobia no seio familiar.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

A caça

ASSUNTO
Pedofilia, pré-julgamento, relação terapêutica, familiar e social, psicoterapia, investigação psicológicas, calúnia, sexualidade

SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos 
2012 - Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche. Simpático e amigo de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio complicado, no qual perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia, a pequena Klara (Annika Wedderkopp), de apenas cinco anos, diz à diretora da creche que Lucas lhe mostrou suas partes íntimas. Klara na verdade não tem noção do que está dizendo, apenas quer se vingar por se sentir rejeitada em uma paixão infantil que nutre por Lucas. A acusação logo faz com que ele seja afastado do trabalho e, mesmo sem que haja algum tipo de comprovação, seja perseguido pelos habitantes da cidade em que vive.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Difícil, angustiante, porque não dizer, dilacerante. O tema central do filme é um assunto delicado, difícil e desconfortável, a possibilidade de pedofilia. Assunto que causa revolta, inconformismo, prejuízos incalculáveis para os envolvidos. Entretanto, nem sempre a acusação de pedofilia é verídica. Difícil ser imparcial num processo semelhante, que pode promover reações imprevisíveis. A trama foca numa acusação inocente, sem bases consistentes, mas é o suficiente para marcar a vida do acusado e despertar reações psicológicas, físicas e emocionais incontroláveis em seu entorno. Sim, é doloroso se colocar no lugar do professor acusado injustamente. É impressionante assistir o processo que transforma a sua vida, sem que isso afete a sua forma doce de lidar com as crianças, mesmo em relação àquela que foi fonte de seu sofrimento. Se, por um lado temos uma pessoa acusada injustamente, por outro, temos pessoas reagindo à possibilidade de um fato grotesco, a pedofilia. Inimaginável se colocar no lugar dos pais em situação semelhante. Tudo começa com uma reação infantil a uma frustração. A pequena Klara, inconformada com a sensação de rejeição, busca em sua imaginação uma forma de se vingar. Sua experiência recente com o irmão mais velho oferece material suficiente para sua vingança. Ela não tinha ideia do que viu, ouviu e usou em como fonte, muito menos das possíveis consequências de sua ação. Acompanhamos o cuidado inicial da diretora da creche, que pretendia investigar o caso com cuidado. No entanto, ela também é contaminada pelas atitudes inconsequentes do profissional recomendado para averiguar o caso, o psicólogo da escola. Teremos, então, um exemplo equivocado de investigação. No lugar de aguardar o fenômeno se revelar, acompanhamos um processo indutivo por parte do profissional. Sim, infelizmente, o profissional induz a criança durante a entrevista. Na conversa, fica claro que ele parte do pressuposto de ter ocorrido o abuso, de que o professor é culpado, o equívoco profissional começa aí. A equivocada entrevista do profissional é o ponto de partida para o desdobramento da trama, nos colocando no lugar do acusado, que acaba por ser estigmatizado sem que haja provas suficientes. Se por um lado, o filme apresenta um exemplo equivocado de entrevista psicológica, por outro, nos abre a oportunidade de auxílio ao acusado, permitindo outra perspectiva.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Garota Dinamarquesa


ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, sexualidade, transsexualidade, transtorno de identidade de gênero.

SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos 

Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar Mogens Wegener e foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. Em foco o relacionamento amoroso do pintor dinamarquês com Gerda (Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

O filme é a cinebiografia de Lili Elbe, nascido Einar Mogens Wegener, um artista plástico dinamarquês que teria sido a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. A década de 20 era um momento em que a medicina ainda não estava preparada para lidar com as possíveis complicações daquela intervenção. É preciso considerar que o filme foi baseado em um livro, que por sua vez foi baseado em uma história real, um marco na história da medicina e uma porta que se abria para os transexuais. Na adaptação para o cinema, importantes detalhes foram omitidos ou modificados. Por exemplo, Lili foi submetida a 4 cirurgias, pois encontrou o amor e pretendia constituir família, ter filhos. Segundo diversos relatos, na ocasião de sua morte, Gerda já não convivia com Lili, que estava acompanhada de seu novo amor, um curador de artes. Gerda, por sua vez, bissexual assumida, após se divorciar do segundo marido, não obteve sucesso profissional e se tornou alcoólatra, encerrando sua passagem pela vida no anonimato. Embora não haja qualquer menção à bissexualidade de Gerdra na trama, é possível considerar algumas pistas, seja no roteiro ou na interpretação da atriz. A trama foca o relacionamento do artista com sua esposa Gerda,  sua descoberta como mulher e a reação de ambos durante o processo. Não há exposição sobre as reações da sociedade. As críticas não foram favoráveis nem ao desfecho do filme, nem a forma, sendo considerada por muitos como rasa na abordagem do assunto. Fato é que o enredo abre uma brecha para discussão e melhor compreensão do que é ser transexual. Esclarecendo: Diferente da homossexualidade, que é caracterizada apenas pela atração sexual e afetiva entre indivíduos do mesmo sexo, sem que haja incômodo com o próprio corpo, a transexualidade traz uma pessoa que não se identifica com o seu corpo, seu gênero psicológico não corresponde ao físico.  Independente da ficção, a trama denuncia algumas questões reais. Por exemplo, na procura de solução para seu incômodo, Lili encontra até o diagnóstico de esquizofrenia. Dentre outras intervenções que tentavam "resolver" a questão, o choque também foi utilizado,

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Vicky Cristina Barcelona

clip_image001ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, poliamor, limites morais e sociais.
SINOPSE
Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são amigas e passam férias em Barcelona. Vicky está noiva e é sensata nas questões do amor. Cristina é pura emoção e movida a paixão. Durante uma exposição de arte, as duas se encantam pelo pintor Juan Antonio (Javier Bardem), que as convida mais tarde, durante um jantar, para uma viagem. O que elas não sabiam é que o galante sedutor mantém um relacionamento problemático com sua ex esposa Maria Elena (Penélope Cruz). E as coisas ainda ficam piores porque as duas, cada uma de sua forma, se interessam por ele, dando início a um complicado "quadrado" amoroso.

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Após falar sobre poliamor através do filme Dieta Mediterrânea, que apresenta o relacionamento de dois homens com uma mulher, aqui encontramos o contrário, um homem e duas, talvez três mulheres. A perspectiva muda também em outros aspectos. Por exemplo, no primeiro instante, ao conhecer as moças, Juan Antonio é direto as convidando para uma viagem, onde poderão se aventurar, até na cama. As amigas, de personalidades quase opostas, reagem de forma distinta a tal proposta. Enquanto Cristina deseja ardentemente aceitar o convite, Vicky nega veementemente, alegando, entre outras coisas, estar noiva. No entanto, algo não revelado a convence e as duas embarcam no avião. O choque inicial, diante da proposta ousada de Juan, logo se dissipa, pois novos acontecimentos impedem que os planos dele se realizem. Não  falta desejo. Cristina, a mais liberal, não precisa de mais intimidade ou conhecimento, ela segue seus impulsos, se entrega aos desejos da alma e do corpo. Ainda assim, o inesperado acontece, eles não podem seguir adiante, ela passa mal. É por acaso, então, que Vicky e Juan se aproximam, aos poucos revelando as qualidades do sedutor. Ela, até então previsível, perde o controle, também se encanta por ele. Daí em diante, assistimos encontros e desencontros, construções e desconstruções de relacionamentos diversos.

Dieta Mediterrânea

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Relações afetivas, familiares, poliamor, culinária, conujagalidades.
SINOPSE
Sofia (Olivia Molina) nasceu prematuramente, em uma barbearia rodeada de homens. Nos 15 anos seguintes ela vive em meio às mesas e fogões do restaurante de seus pais. Já adulta, se casa com Toni (Paco León) e com ele tem três filhos. Só que, ao mesmo tempo em que ama seu marido, se apaixona por Frank (Alfonso Bassave), o agente que todo artista gostaria de ter. Com Frank ela aprende os segredos da gastronomia. Logo o trio firma um acordo profissional, que altera a forma de cozinhar de Sofia.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Leve, saboroso e ligeiramente picante”, foi assim que Line Macedo (Clique para ler o artigo completo) fez referência ao filme. Concordo. O filme é leve, toca em assuntos delicados de forma light, permitindo que o espectador compartilhe da evolução de Sofia, sem que os julgamentos tenham espaço suficiente para o estranhamento. É saboroso pela possibilidade da película trazer para as imagens diferentes sabores, através de cores no encontro entre aromas e paladares. Ligeiramente picante porque o filme ousa transcender o convencional, sem que para tanto se torne agressivo ou chocante. O filme escolhe outros caminhos. Aqui falamos de poliamor, um modelo de relação que inclui relações múltiplas, simultâneas e consentidas. Não se trata de uma modalidade de relação apenas sexual, inclui afetividade, um conceito novo para uma prática há muito existente. A trama retrata a construção dessa relação de uma forma quase natural. A disponibilidade de Sofia para explorar sabores, aromas e cores está em sua afinidade com a cozinha desde a infância, o que acaba por ser estendido para suas relações afetivas. Sim, Sofia explora os limites dos sentidos em suas relações, seja com as combinações dos alimentos ou de relacionamento.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Clube de compras em Dallas

Clube de Compras Dallas
ASSUNTO
Indústria farmacêutica, AIDS, homofobia, preconceito, relações familiares, afetivas e sociais, perseverança.

SINOPSE
Baseado em uma história real, o filme se passa na década de 1980 e retrata o dia a dia do eletricista texano Ron Woodroof após ser diagnosticado com o vírus da AIDS. Em uma batalha contra a indústria farmacêutica e os próprios médicos, Ron procura tratamentos alternativos e passa a contrabandear drogas ilegais do México.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
A “doença maldita” era sinônimo de fim, degradação, preconceito e muito mais, estamos falando da epidemia da AIDS, que em seu início representava o mal do século.  O filme retrata a realidade cruel de mulheres e homens debilitados e segregados, que lutaram sozinhos contra o sistema. Embora pensassem que AIDS era a doença dos homossexuais, logo foi possível perceber que não era bem assim. Ron era homofóbico, como muitos dos amigos dele, mas também era viciado e promíscuo, sendo também vítima da doença. Sexo, apostas e drogas faziam parte de seu cotidiano, tudo ocorria sem limite ou seleção. O caipira eletricista não esperava que algo semelhante lhe pudesse acontecer. Descobrir-se contaminado foi difícil de aceitar, tornando sua trajetória mais verdadeira. Logo, ele descobre o preconceito, não só em relação ao HIV, mas também duplamente enfrentado por aqueles que são transexuais ou homossexuais. Enfrentar a doença, que segundo os médicos lhe dá 30 dias de vida, se torna um desafio diário. Então, só depois de ultrapassar o período de negação, que ele vê no fim da estrada,  um poço que parece sem fundo, mas não é. Suas crenças e valores são desafiados e afetados durante o processo de confronto com seu destino anunciado.