ASSUNTO
Relações
afetivas, sociais e familiares, casal adolescente,
SINOPSE
Um
jovem casal, Dan (Ben Rosenfield) e Mel (Taissa Farmiga), se conhecem desde a
infância e estão namorando há 6 anos. A princípio, eles parecem ter um amor
ideal, mas a notícia de uma oportunidade de emprego para Dan pode abalar o
romance e mudar o rumo das coisas dependendo da escolha que ele fizer. Talvez o
futuro que eles tinham imaginados juntos não se torne mais uma realidade.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O
filme retrata os altos e baixos de um relacionamento, particularmente no que se
refere ao primeiro amor, o primeiro sonho de construir uma vida compartilhada.
Mas, no fundo, cada amor é único, vivenciado como especial e capaz de ser para
sempre... Viver uma paixão é acreditar que será para sempre! Dan e Melanie se conhecem
dede a infância, eles partilharam momentos de amor e de dor, vivenciaram
diferentes experiências, cresceram juntos. A relação do casal não é possessiva,
eles vivem uma relação saudável, respeitam a individualidade, revelam-se como
exemplo de “casal perfeito”. Os seis anos se tornam um marco. Os amigos
estranham e comentam, alegando que a estabilidade daquela reação poderia roubar
outras experiências. O “casal fofo” não aparenta ser afetado, a princípio. Entretanto,
logo surge desconforto, carência, descompasso,
descuido. A intimidade construída ao longo do tempo revela outra face, a
fronteira individual é invadida de forma inesperada. De forma sutil, a trama
revela a violência, o que favorece o debate sobre o perigo das relações
amorosas abusivas. Qual é o limite entre uma discussão saudável e o
descontrole, o desrespeito, a violência física ou psicológica? O mundo gira,
revelando que a perfeição não existe. As mudanças são necessárias, as
frustrações fazem parte do desenvolvimento. A capacidade de lidar com as
mudanças e frustrações é testada, o que provoca constantemente o
encontro com a imperfeição humana. Acontecimentos internos e externos,
previsíveis ou não, fazem parte da vida. Nem sempre é possível lidar com as
crises, seja por traição ou por uma reação descontrolada capaz romper a
barreira do respeito. Existem traições que ajudam ao casal a lidar com a crise,
afinal pode ser o sintoma da relação, capaz
de revelar a necessidade do contrato amoroso ser revisado. Entretanto, a crise de qualquer relação, seja
de 6, 7 ou qualquer outro par de anos, pode servir para o fim de um ciclo, um
recomeço, ou, pode resultar no rompimento. Tudo vai depender da forma do casal
lidar com as mudanças. Aí está o charme do filme, que retrata possíveis
transformações rotineiras de qualquer relação amorosa. Assim como uma roupa ou
sapato podem deixar de ser confortáveis, a relação pode se transformar a ponto
de não ser mais confortável para os envolvidos, buscar ajustes, adaptações ou
descartar, romper? Eis a questão. Sair da zona de conforto é sempre difícil,
ainda que não seja mais tão confortável assim... O desenrolar da trama não
pretende apontar caminhos, nem definir soluções, apenas conta como é possível
para eles lidar com aquela crise. Aliás, o amadurecimento individual pode ser
um ponto a ser considerado, pois a ‘certeza’ sai nitidamente da pauta do casal,
abrindo novas possibilidades, talvez incompatíveis com o status quo.
Incrível como um filme despretensioso pode provocar
diferentes reações. Alguns acham um retrato da realidade pura e simples, sem mais.
Outros destacam o quanto é óbvio que não se pode fazer planos para o futuro das
relações afetivas adolescentes, ou, que a interferência do meio ambiente pode
destruir a relação. Fato é que cada espectador, em sua maioria adolescente,
projeta sua percepção do momento na tela. São as próprias experiências que irão
dar o tom na visão do filme, seja positiva ou negativamente. Ok, até então nenhuma
novidade, pois qualquer filme constrói essa “relação” entre o público e o enredo
da mesma forma, de acordo com o que cada pode perceber no momento, diante da
própria experiência. O que “6 anos” pode trazer de peculiar? Tem o óbvio, o
retrato de muitas histórias reais. A construção de uma relação afetiva
importante é vivida como um amor especial, único e “para sempre”! Como dito por
Vinícius de Moraes, “que seja infinito enquanto dure”. Não há como viver um
amor em sua plenitude se não acreditarmos que ele será para sempre, e, no fundo
é mesmo infinito, desde que seja respeitada a indicação de Vinícius. Não deixa
de ser “para sempre” quando ambos saem alterados da experiência, sendo “afetados”
no contato. Há casais que se conheceram ainda crianças, se casaram, construíram
uma vida juntos. Pode até parecer não satisfatório para aqueles que
experimentaram diferentes trocas afetivas, mas não há como julgar o que pode
ser mais ou menos indicado para a felicidade. De fato, os ciclos da vida
apresentam sucessivos começos e fins, até mesmo para aqueles que ficam juntos
por muito tempo. Há relatos de pessoas que atribuem o sucesso da relação
duradora aos diversos começos e fins vividos com a mesma pessoa. Ou seja, o
contrato afetivo é terminado e substituído por outro diversas vezes, favorecendo
a adaptação às mudanças pessoais e ambientais, renovando assim a relação, o
amor, o contato.
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