Relações familiares, afetivas e sociais, sexualidade, homossexualidade, autodescoberta, identidade, gênero, construção de personagem do ator.
SINOPSE
Concebido, dirigido e protagonizado pelo comediante francês Guillaume Gallienne, o filme autobiográfico tem início num palco de teatro, onde a ideia ganhou espaço pela primeira vez numa peça de sucesso na França. Guillaume tem uma história de vida curiosa: quando era criança, sua mãe autoritária sempre pensou que ele fosse diferente dos irmãos, e decidiu criá-lo como uma garota. Anos depois, já adulto, ele relata a relação complicada que tinha com o pai, os maus-tratos dos colegas de escola e seus primeiros amores. Depois de várias confusões e histórias engraçadas, Guillaume decide fazer uma peça de teatro para contar como consegui finalmente fazer as pazes com a sua sexualidade.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Ah, como “EU, MAMÃE E OS MENINOS” é divertido, sem deixar de provocar diversas reflexões sobre diferentes perspectivas do desenvolvimento humano e a importância das relações familiares em nossa constituição. Trata-se de uma comédia dramática, que escolhe uma abordagem, que não se esgota no tema “homossexualidade” ou “sexualidade”. O filme fala sobre autoconhecimento, intolerância homofóbica, gênero, definição da identidade, julgamento, e, obviamente, relações familiares. Há diferentes formas de olhar os temas desenvolvidos na trama, de tão rica que é. Por exemplo, os que são atores encontrarão um verdadeiro laboratório de expressão artística, o que é uma deliciosa homenagem ao processo de formação de ator. Já dentro das abordagens psicológicas, é possível encontrar também diferentes olhares, o que pode confirmar o merecimento de seus prêmios. Para a abordagem gestáltica, a visão de homem é a que considera a totalidade organísmica, ou seja, o homem em relação com o meio ambiente (pessoas/mundo). Não há como olhar o ser, sem que seu contexto seja incluído. Sendo assim, o desenvolvimento do ser humano acontece durante os contatos que realiza desde o nascimento. Obviamente, os pais, sendo os primeiros contatos relacionais do ser, fazem parte da construção primária da identidade. O titulo do filme é justificado na frase que a mãe usa ao chamar os filhos: “Os meninos e Guillaume, à mesa”. O que retrata clara diferenciação do olhar da mãe, que o exclui da categoria “meninos”. A mãe se revela dominadora, sem com isso deixar de ser admirada, idolatrada e bastante imitada pelo filho, que aceita de bom grado o lugar destinado a ele pela mãe. A trama sugere que a mãe projeta nele o desejo ser mãe de uma menina.