Atendendo em consultório particular em Copacabana e na Ilha do Governador, reflito sobre a influência dos filmes em minha trajetória, que foi atravessada pelo cinema em diversas fases. Ferramenta de auxílio para a compreensão de diversos conceitos, os filmes não só informam, mas são capazes de nos tocar, favorecendo assim, novas formas de lidar com nossas questões e conflitos.
Compartilho, então, alguns desses filmes.
Terceira idade, relações
familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Quando Don Servando Villegas, patriarca mexicano de 85 anos,
é expulso de sua casa de repouso, seu filho mais novo Francisco o leva para
morar com ele. Don Servando está prestes a descobrir a verdade sobre o seu
filho e sua maneira de viver. O caçula na verdade mora em uma espaçosa casa com mais nove pessoas de diferentes partes do mundo e de todos os tipos, tem um relacionamento estável com Alma (Jacqueline Bracamontes) e é pai do jovem pintor Rene (Sérgio Mayer Mori). O filme está disponível na NETFLIX.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
A comédia mexicana explora as
relações familiares numa perspectiva bastante interessante. Temos Don Servando
Villegas, um velho ranzinza, frio, controlador e hostil com todos. Apesar de
lúcido, o senhor residia em uma clínica para idosos, onde só fez inimigos, até
ser expulso. Uma perda financeira o obriga a buscar acolhimento na casa dos
filhos. Aos poucos, descobrimos que sua personalidade o afastou de todos,
inclusive dos filhos, que negam recebê-lo, restando para o filho caçula a
difícil tarefa. A ilusão do bom velhinho, tão atrelada aos idosos, é
desconstruída já no início. O comportamento do personagem, ainda na
instituição, é tão insuportável, que dá vontade de desistir do filme. Já seu
filho caçula vive de uma forma bem diferente da informada ao pai,
bem distante dos princípios e regras ditados pelo patriarca...
Adolescência, preconceito, racismo,
feminismo, relações sociais e afetivas.
SINOPSE
A trama acompanha Vivian (Hadley Robinson), uma jovem que começa a despertar o desejo de
lutar contra as coisas erradas que acontecem em sua escola - desde um “ranking
de garotas” feito pelos rapazes, até a vista grossa dos professores e diretoras
diante de assédio e discriminação. Sua maior inspiração são os zines antigos de
sua mãe, Lisa (Amy Poehler, também diretora do longa), que a fazem criar o Moxie, um
jornal independente da escola que começa a expor tudo o que acontece por lá.Adaptação do livro best-seller da autora Jennifer
Mathieu. Disponível na netflix,
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Quando você não quer pensar
muito, escolhe um filme leve, uma comédia adolescente, como Moxie, tudo que espera é um leve entretenimento. Aí,
você se depara com uma comédia adolescente capaz de pincelar assuntos
importantes, de uma forma leve, divertida e inspiradora. No mês em que é
comemorado o dia internacional da mulher, nada mais agradável do que acompanhar
jovens debatendo o feminismo com leveza. Focado na luta por igualdade de
gênero, o filme aborda questões importantes, sem perder o tom de comédia. A
transformação da protagonista é visível em sua expressão, que de alienada passa
a revelar revolta e inconformismo, diante do que sempre esteve lá, já normatizado,
oprimindo e sufocando as vozes femininas. Velhos movimentos de roupagem nova,
os jovens utilizam novas ferramentas, não só para divulgação, mas para
realização de protestos pacíficos e orquestrados. É o frescor da juventude
encontrando novas soluções! A protagonista convida o espectador a despertar,
ousar sair da mesmice, da tela do computador, ou telefone, e, partir para ação.
Apesar de a trama retratar uma escola americana, as questões dos adolescentes
em sua singularidade, o preconceito de gênero e o racismo são assuntos já
globalizados, muito próximos do que pode ser experimentado em qualquer lugar do
mundo. A proposta não foi aprofundar nenhum dos conflitos, as soluções se
revelaram fáceis e rápidas, mas nada que pudesse prejudicar o todo, afinal,
trata-se de uma comédia. Feita com e para adolescentes, o filme traz temas espinhosos
com frescor e jovialidade, transbordando energia, empatia, aceitação e criatividade.
Vale conferir!
Relações social, afetivas e de
casal, saúde mental.
SINOPSE
Adri (Álvaro
Cervantes) é o típico homem bem-sucedido na vida, garanhão, que não se prende a
ninguém. Certa noite, ele faz uma aposta com os amigos de que consegue seduzir
uma loira que está no bar, porém, quando estava a caminho da moça, Carla (Susana
Abaiatua) esbarra nele. Encantado pela energia eufórica da moça à sua
frente, Adri se sente hipnotizado e segue aquela enigmática moça em
todos os seus mirabolantes planos – e, com ela, tem a melhor noite de sua vida.
Porém, com o nascer do sol, a misteriosa moça sai correndo, deixando Adri sem
nenhuma informação sobre ela e com um enorme vazio no peito.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Que grata surpresa! Há muito
tempo que não assistíamos a um filme assim, leve, encantador e interessante.
Sim, interessante, pois a comédia romântica escolheu pincelar assuntos sérios e
necessários, de forma leve e provocante. Obviamente, loucura e amor são
assuntos já debatidos em diferentes contextos, pois sempre foram considerados parentes.
No filme, a loucura não se restringe ao estado da paixão enlouquecedora, mas
vai além, ao percorrer o caminho delicado da saúde mental. Sim, estamos diante
de Adri, personagem que se considera normal, e, após compartilhar a aventura de
uma noite inesquecível, se percebe capturado pela garota misteriosa. Carla,
personagem que lhe proporcionou a noite mais alucinante, prazerosa e inusitada
de sua vida, avisou que seria uma única noite, mas não bastava, ele queria
mais. Entorpecido, busca pistas para encontrar a mocinha. Até então, é
inevitável pensar na cinderela e o sapatinho dos contos de fadas...
Racismo, preconceito,
homofobia, relações sociais, familiares e afetivas.
SINOPSE
1962.
Tony Lip (Viggo Mortensen), um dos maiores fanfarrões de Nova York, precisa de
trabalho após sua discoteca, o Copacabana, fechar as portas. Ele conhece um um
pianista e quer que Lip faça uma turnê com ele. Enquanto os dois se chocam no
início, um vínculo finalmente cresce à medida que eles viajam.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA
O
racismo aqui é apresentado com uma dinâmica invertida, onde um negro contrata
um branco e racista para ser seu motorista e assistente. Apesar de branco, Lip
é também vítima de preconceito, tendo em vista sua classe social e ser ítalo-americano,
ou seja, pertencente a uma família de imigrantes italianos. Além da troca de
papéis, a comédia dramática apresenta personalidades antagônicas. Don Shirley,
além de ser um conceituado pianista, tem uma formação cultural refinada,
enquanto Tony Lip é bronco, grosseiro e de pouco estudo. É exatamente sua característica
grotesca, que o qualifica para a vaga de motorista, assistente e segurança. O músico
tem uma turnê marcada no sul dos Estados Unidos, o que nos anos 60 representava
um risco para ele, tendo em vista o racismo que marca a época e o lugar. Logo
no início, percebemos o comportamento racista do motorista, o que é prenúncio
de um difícil processo. Ao longo da trama, o público pode ser surpreendido. A
forma delicada que o contato dessas diferenças pode produzir grandes
transformações, contribuindo muito para o crescimento de ambos. Chamamos de
contato, em Gestalt-terapia, o encontro genuíno entre diferentes, que se afetam
mutuamente, gerando desenvolvimento do ser. Nesse aspecto, o filme nos brinda
com passagens espetaculares, promovendo uma clara demonstração de humanidade.
Sim, porque apesar das pré-definições que temos sobre o que nos parece
estranho, tais preconceitos só afastam as possibilidades de trocas necessárias
ao ser humano.
Racismo,
classismo, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Cidade do México, 1970. A rotina de uma família
de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher
(Yalitza Aparicio), que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante
um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os
moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Aclamado
pela crítica, o filme é um retrato da sociedade mexicana em uma época não muito
longínqua, está repleto de metáforas sociais e de fácil identificação com outras
culturas. Roma é o nome de um bairro mexicano de classe alta e não dá cidade
italiana. O luxuoso bairro contrasta com outros locais frequentados pelos menos
privilegiados. Assim como em outros países da América Latina, a empregada
doméstica e babá é a personagem central do meio familiar. Ao mesmo tempo em que
é invisível aos integrantes da família, ela é a peça central que dá suporte e
movimento ao enredo. O diretor escolheu retratar, com carinho, momentos de sua
vida. Não perdeu, nem mesmo a oportunidade de exibir os constantes aviões cruzando
o céu. Uma perspectiva que vai além de sua memória, pois serve também como uma
forma de transmitir a ideia de transitoriedade, o que nos remete às situações pelas
quais os personagens passam. Além da metalinguagem, que rende homenagens a
outros filmes, o longa aproveita a oportunidade para retratar acontecimentos trágicos
e marcantes dos anos 70. Cléo transita entre os seus dramas pessoais e os da
família, que se torna parte de sua trajetória de vida. Sendo assim, num momento ela está aconchegada
com os patrões vendo filme, em outro, cumprindo ordens específicas e urgentes. Carinho
e frieza, presença e ausência, consideração e desprezo, são algumas polaridades
marcadas na relação empregada/patrão. Se, por um lado inclui a babá como parte
da família, por outro, a mantém no “seu lugar”, ou seja, na classe social a
qual pertence, e, na qual deve permanecer.
Preconceito, relações
afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
Violet Jones (Sanaa Lathan) é uma publicitária
bem-sucedida que considera sua vida perfeita, tendo um ótimo namorado e uma
rotina organizada meticulosamente para conseguir estar sempre impecável. Após
uma enorme desilusão, ela resolve repaginar o visual e o caminho de aceitação
de seu cabelo está intrinsecamente ligado à sua reformulação como mulher,
superando traumas que vêm desde a infância e pela primeira vez se colocando
acima da opinião alheia.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA
“Felicidade
por um fio” é uma comédia leve sobre a construção do amor próprio. O
preconceito internalizado na infância é parte do que faz Violet buscar a
perfeição em sua forma de funcionar no mundo. Alguma receita pronta de “vida
perfeita” tornou-se o norteador de seu viver, oprimindo sua autenticidade e a
aceitação de si mesma. Ainda que seja uma comédia despretensiosa, a trama
apresenta um tema interessante, que pode encontrar identificação em diferentes
espectadores. O preconceito, de qualquer espécie, pode ser internalizado ainda
na infância, tornando a aceitação de si mesmo um processo longo e doloroso.
Aliás, doloroso é viver em um formato diferente da própria naturalidade de ser,
entretanto, isso é mais comum do que podemos imaginar. A preocupação em se
adequar ao que é apreendido como desejável, como forma de ser aceito e bem
visto pela sociedade, pode distanciar a pessoa de quem é de fato. A vida
neurótica, aparentemente perfeita, pode ser bastante sofrida. Escrava da
aparência, Violet representa outros tantos que não estão satisfeitos consigo,
devido a um modelo do que é considerado “normal”, socialmente aceito, ou,
imposto pela “ditadura da beleza”. Em um momento de decepção amorosa, de
sofrimento e dor, a protagonista encontra
o caminho de volta para si, resgatando sua espontaneidade e o orgulho por ser
quem é: mulher, negra, com opinião
própria. Desfazer-se de seu cabelo é como despir-se, sentir-se nua em público. Trata-se de um processo semelhante ao
terapêutico, que nos coloca frente a frente com o que somos, nos revelando aos
poucos, descortinando as aparências para revelação do ser. A desconstrução de um modelo automático,
pré-fabricado, dá lugar a novas descobertas sobre desejos e objetivos,
inaugurando um novo caminho, resgatando os sentidos em sua totalidade do ser. Fritz
Perls, considerado o pai da Abordagem psicológica conhecida como
Gestalt-terapia, nos alertava sobre o perigo dessa busca pela perfeição, ao
afirmar;
“Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo é uma
maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. Você é
perfeito, se se permitir, ser. Amigo, não tenha medo de erros. Erros não são
pecados. Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez
criativamente nova. Amigo, não fique aborrecido por seus erros. Alegre-se por eles. Você teve
coragem de dar algo de si.”
O filme conta a história de
um jovem com autismo, chamado Cho-won, que se encontra apenas na corrida.
Quando criança, Cho Won regularmente tinha birras, e recusava-se a comunicar
com os outros - encontrando consolo em zebras e apenas no lanche coreano, Chocopie.
Sua mãe nunca desistiu dele e estava determinada a provar ao mundo que seu
filho pode ser normal. Ao envelhecer, ele começa a descobrir a paixão pela
corrida e sua mãe está lá para encorajar e apoiar ele. Apesar de ambos sofrerem
com a família e de problemas financeiros, eles encontram um antigo campeão de
maratona - agora um homem velho letárgico com problemas de alcoolismo, que ajuda
Cho-won a se superar.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA:
Contar
a história de um autista implica falar de relações familiares e sociais. Em
MARATHON não é diferente, acompanharemos a construção e desconstrução dessas
relações desde seu nascimento. As dificuldades enfrentadas pelos parentes, pais
e irmãos, durante o processo de educação, são apresentadas. A mãe, que se
dedica exaustivamente a aproximá-lo do mundo social, carrega também culpa por
seus conflitos internos. Acompanhamos as dificuldades de uma família lidar com o autista, da complexidade em sua forma de perceber o mundo, diferente dos neurotípicos (como são considerados os ditos “normais”). A hipersensibilidade sensorial e as comuns crises de ansiedade são retratatadas na trama, que revela muito do universo autista. A mãe procura,
incansavelmente, qualquer possibilidade de suporte ao filho, muitas vezes esquecendo-se
de si e dos outros membros da família. Como acontece com muitas mães de
autista, ela busca sua forma peculiar de ensinar, traduzir e proteger. Na fase adulta do jovem, ela só deseja que o
filho morra um dia antes dela, para que ainda possa ser cuidado por ela. O
irmão, muitas vezes preterido, em função das necessidades do autista, revela mágoa em seu comportamento.
Durante um período de ocupação nazista na
França, os jovens irmãos judeus Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le
Clech) embarcam em uma aventura para escapar dos nazistas. Em meio a invasão e
a perseguição, eles se monstram espertos, corajosos e inteligentes em sua
escapada, tudo com o objetivo de reunir a família mais uma vez.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Numa
época na qual os valores se perdem, quando as crianças não são convidadas a
enfrentar seus próprios desafios, sendo protegidas em demasia, o filme se torna
necessário. Sim, necessário para reflexão de pais educadores e filhos
contemporâneos, tão íntimos dos avanços tecnológicos e ao mesmo tempo, tão
distantes das necessidades reais. A trama acompanha a saga de dois irmãos
diante dos horrores do Holocausto e da segunda Guerra mundial. Eles pertencem a uma família feliz, unida,
amorosa e judia. Maurice e Joseph
descobrem da pior forma possível como a intolerância pode se tornar uma
epidemia. Seus colegas de escola, “contaminados” pelo pensamento nazista
anti-semita, passam a hostilizá-los da noite para o dia, apenas por ostentarem
a identificação judaica. Eles deixam de ser reconhecidos como pessoas, passam a
ostentar um rótulo, que os classifica como algo a ser eliminado. Na mesma
velocidade da ocupação nazista, a trajetória de vida deles é radicalmente
transformada, o mundo exige novas estratégias. A estrutura familiar fica
evidenciada na emergência da situação, quando o pai impõe o limite necessário,
mesmo que seja preciso separar, agredir, desconstruir ensinamentos, até mesmo sobre
a própria identidade. Eles precisam aprender a mentir para sobreviver. Os
meninos aprendem com a experiência, sem o suporte físico dos pais, mas apoiados
na estrutura fornecida por aquela família amorosa. É um filme lindo,
emocionante, delicado. A urgência, de cada dura experiência, prepara-os para o
momento seguinte, tornando-os mais fortes. Não é nada fácil, o que fica
evidente na fragilidade das crianças, que podem chorar, chamar pela mãe, quase
desistir, entretanto, contam com a sorte em momentos de desesperança. A
intolerância e violência retratadas na trama são contrastadas com a reação humanitária
de Joseph, diante da reação vingativa dos franceses no fim da guerra. Ele
mente, ele surpreende, ele aprendeu com a própria dor a não desejar o mesmo
para o outro. Ele aprendeu que a diferença não é justificativa para a violência
e que todos são iguais, independente da raça, cor ou crença. Ele nos alerta
sobre a necessidade de respeitarmos as diferenças, aceitando múltiplas
singularidades do ser. As crianças experimentam situações dolorosas, que os
ensinam sobre si mesmos, descortinando o próprio potencial.
Alcoolismo,
dependência química, racismo, luto, disputa de guarda de menor, direito, relações
familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Ao mesmo tempo que se
esforça para superar a recente perda da mulher, Elliot Anderson (Kevin Costner) tenta dar o melhor de si a Eloise (Jillian Estell), a neta que vive aos seus
cuidados desde a trágica morte da sua filha. Apesar das dificuldades inerentes
à sua condição de viúvo e avô, a criança tornou-se a sua única razão de viver e
o que o motiva a continuar. Quando We-we (Octavia
Spencer), a avó da criança, o informa das intenções de obter a custódia
partilhada, Elliot recusa-se terminantemente a aceitar. De um momento para o
outro, a pequena Eloise é forçada a dividir-se entre as duas famílias que lutam
pela sua atenção e pelo que consideram ser o melhor. Quando a rivalidade entre
os dois sexagenários chega à barra do tribunal, eles vêem-se confrontados com
algumas das suas crenças e preconceitos mais enraizados.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
O
título original é “Back or White”, usando “or” (o – em português) no lugar do “e”
do título em português. O que agrada de cara, tendo em vista que muito do
trabalho terapêutico da Abordagem Gestáltica está focado na integração de
polaridades. Ou seja, priorizamos a noção integrativa oferecida pelo aditivo “e”,
em detrimento das dicotomias promovidas pelo “ou”. Afinal, por que não as duas
coisas? A visão dicotômica de conceitos como, “preto ou branco”, “bom e mau”, “verdade
ou mentira” são restritivas e estão sendo revisadas, muitas vezes sendo substituídas
por noções mais integrativas. O filme desenvolve essa idéia, ainda que o
processo tente argumentar uma divisão racista em nome da vitória nos tribunais.
Mas, o drama é mais que isso. Fala de luto, de alcoolismo, de dependência
química, de mágoas, de relações familiares, de super proteção, de construção de
afetos e desafetos.
França, década de 1950.
Gabrielle nasceu e cresceu numa pequena aldeia, numa época em que ser mulher
significava deixar a casa dos pais e ser entregue a um marido. Ser apenas
esposa e mãe era um destino quase inevitável. Conscientes da sua rebeldia, os
pais resolvem casá-la com o José, um trabalhador esforçado de origem espanhola,
com a missão de fazer dela uma mulher respeitável. Apesar de toda a dedicação
de José, ela nunca se entrega de corpo e alma ao marido, por quem sente algum
desprezo. Alguns anos depois, sofrendo de dores crônicas nos rins, Gabrielle é
enviada para uma estância termal nos Alpes. Lá, conhece André Sauvage, um
ex-soldado ferido na guerra da Indochina, por quem se apaixona ao primeiro
olhar. Durante as seis semanas seguintes, vai viver umamor que nunca julgou possível…
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Por
um instante, somos convidados a refletir sobre diferentes momentos do papel
feminino ao longo história. Antes de somente estranhar o comportamento de
Gabrielle, é preciso ter um olhar aguçado para a sexualidade feminina,
contextualizando, não só o ambiente familiar, mas também sua época. A burguesia
agrícola é palco para que o mito da histeria tenha lugar. Gabbrielle desafia regras e convenções, expressa
desejos reprimidos descontroladamente. Tida
como louca, ela oscila entre momentos de melancolia e o desejo de romper
barreiras, a apatia e o ataque de fúria. A paixão, tão comum nas transformações
hormonais femininas se torna ato, assédio. A frustração, com a constatação de
sua paixão platônica, se torna surto, desordem, realidade cruel. Dentro de uma
sociedade convencional, sua feminilidade indomável é direcionada para soluções
burguesas, a escolha de um casamento arranjado como opção, aprisionando o
desejo. Sua sexualidade está entrelaçada com a paixão, desejo e amor não podem
ser separados. Para não ser internada, ela aceita se casar, mas sufoca seu desejo,
sua sexualidade latente. Ela impõe regras, mantém distância afetiva do marido.
É no momento de cuidar de sua doença renal, uma metáfora de seu desejo
encarcerado, que Gabrielle volta a fantasiar, amando o amor, sonhando ser
amada, vivendo sua fantasia de amor perfeito, apaixonado, indomável.
Racismo,
relações familiares, afetivas e sociais, crise existencial e social.
SINOPSE
Baseado na aclamada e premiada peça teatral
homônima, um jogador de beisebol frustrado (Denzel Washington), que sonhava em
se tornar um grande jogador durante sua infância, agora trabalha como coletor
de lixo para sobreviver. Troy terá de navegar pelas complicadas águas de seu
relacionamento com a esposa (Viola Davis), o filho e os amigos.
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O OLHAR DA
PSICOLOGIA
A
primeira palavra que me veio à mente foi ‘amargura’, e, no desdobrar da trama, ‘poesia’.
Como é que duas palavras assim tão antagônicas podem preencher o enredo? Só
assistindo para compreender. Troy é complexo, uma pessoa frustrada, ferida,
amarga. Acompanhamos sua forma “engessada” de viver, e, sua dificuldade de
lidar com o mundo e consigo mesmo. Ele é produto de uma história dura,
transborda discursos intermináveis, sobrevive em uma armadura de valores
rígidos, que muitas vezes o impede de entrar em contato com as emoções. O
título do filme é uma metáfora. O limite das CERCAS é uma questão de honra, é
obrigação, proteção e prisão. Os “deveres” contornam seu discurso,
principalmente quando se refere à educação que impõe aos filhos. Não, ele não é
de ferro, nem consegue sobreviver segundo seus próprios princípios. As relações
familiares são ora poéticas ora extremamente rígidas. O amor está no ar, de uma
forma difícil de capturar. Dos vários
irmãos dele, sobrou o contato com Gabriel, um sobrevivente com sequelas da
guerra. Gabe pode ser problema, mas também solução. Com a amorosa esposa, Troy
consegue ser agradável, ela que lhe dá suporte, ao mesmo tempo em que contém
seus excessos. O amigo Bono é parceiro de jornada, bom ouvinte, respeitado e
querido. Como muitos pais, não há lugar para o desejo dos filhos, sua
receita de vida basta para impor suas crenças e valores. Ao relatar sua
infância, Troy revela sua dor, a ausência de afeto, a imposição de obrigações
com a família. Ele não aprendeu a amar, sua trajetória lhe deixou cicatrizes,
que não quer deixar para o filho caçula. Entretanto, suas escolhas não foram as
melhores. Preso a própria experiência, Troy não admite outras possibilidades. Impedimentos fazem parte da sua cerca, não lhe é permitido ouvir, ver,
sentir novas perspectivas para os seus. “Cercas” é um filme sobre relações familiares, sobre
nossa relação com a família de origem, sua influência em nossa família e vida
atual.
Terceira idade, processo de envelhescimento, relações sociais, potencialidades, relações familiares
SINOPSE
Dirigido por Gabriel Martinez e com argumento de Ruggero Fiandanese, o longa metragem Envelhescência relata a história de seis pessoas que vivem a vida de maneira plena e nos mostram, através de suas próprias experiências, que os costumes e a rotina após os 60 anos podem ser repletos de atividades e bom humor. Intercalado com comentários de especialistas (Alexandre Kalache, Mirian Goldenberg e Mário Sergio Cortella) o filme sugere uma nova perspectiva sobre o significado do envelhecimento em nossas vidas. Seis pessoas, todas com mais de 60 anos e idade, vivem de maneira plena a sua velhice. Ainda que com limitações físicas e adaptações à sua rotina, os idosos comprovam que os prazeres da vida não se esgotam, mas sim, se renovam.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
A quem pode incomodar ver uma senhora idosa que escolhe tatuagens por todo corpo? Talvez, às pessoas que estão presas a uma imagem congelada sobre o envelhecimento. Ainda há os que espera encontrar as vovós sentadas na cadeira de balanço fazendo croché, esperando a casa encher com os netos, etc. Entretanto, as idosas e os idosos do século XXI estão diferentes, em maior número e realizando diferentes atividades. Envelhecer não mais é sinônimo de esperar a vida acabar, muito pelo contrário, é tempo de se permitir viver, escolher novas formas sem se preocupar em agradar aos outros. A liberdade da terceira idade é exaltada no documentário, que apresenta um olhar atual sobre a vida. Apesar ou por razão dos limites já imposto pelo desgaste físico, a maturidade é também o momento de liberdade, de inaugurar outras formas de vivenciar o agora em sua plenitude, é hora de realizar, o tempo é já! Como dito por Miriam Goldenberg, há beleza na velhice e precisamos prestar atenção!! Os seis personagens entrevistados no documentário dão uma lição de vida, não só para os envelhescentes, para para qualquer ser humano que pretenda escolher viver, e, quem sabe ter o provilégio de chegar lá. Envelhecer com honestidade é olhar para o possível e não usar a velhice como desculpa para desistir da vida. Cada qual com suas experiências e escolhas, os entrevistados mostram diferentes formas de usufluir a plenitude da vida. Portanto, uma aula de vida para aqueles que não se permitem viver o próprio potencial, falamos também de jovens e adultos que ainda não chegaram lá, mas se acomodaram. É lindo assistir personagens reais que estão mudando esteriótipos encontrando novas perspectivas. Eles mostram que as limitações impostas historicamente são irreais, pois tudo é possível, nunca é tarde para mudar, para escolher, para realizar, para viver! Quebrando paradigmas, o documentário retrata novas possibilidades, enfatizando a aceitação da idade, não como um castigo, mas como um momento de liberdade, quando a experiência oferece suporte para novas e belas realizações. Vale muito conferir, recomendado para todas as idades!
Para quem tiver net, está disponível no now para aluguel, divirta-se!
Relações
afetivas, deficiência física, singularidade, livre-arbítrio, e, dos conceitos gestálticos, destacamos: Contato e fronteira de contato.
SINOPSE
Às vezes você encontra o amor onde menos imagina. E às vezes
ele te leva onde nunca esperou ir. Louisa "Lou" Clark vive em uma
pitoresca cidade de campo inglesa. Sem direção certa em sua vida, a criativa e
peculiar garota de 26 anos vai de um emprego a outro para tentar ajudar sua
família com as despesas. Seu jeito alegre no entanto é colocado
à prova quando enfrenta o novo desafio de sua carreira. Ao aceitar um trabalho
no "castelo" da cidade, ela se torna cuidadora e acompanhante de Will
Traynor, um banqueiro jovem e rico que se tornou cadeirante após um acidente
ocorrido dois anos antes, mudando seu o mundo dramaticamente em um piscar de
olhos. Não mais uma alma aventureira, mas o agora cínico Will, está prestes a
desistir. Isso até Lou ficar determinada a mostrar a ele que a vida vale ser
vivida. Embarcando juntos em uma série de aventuras, Lou e Will irão obter mais
do que esperavam e encontrarão suas vidas - e corações - mudando de um jeito
que não poderiam ter imaginado.
Rico e bem sucedido, Will (Sam Claflin) leva uma vida repleta
de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por uma moto, ao
atravessar a rua em um dia chuvoso. O acidente o torna tetraplégico,
obrigando-o a permanecer em uma cadeira de rodas. A situação o torna depressivo
e extremamente cínico, para a preocupação de seus pais (Janet McTeer e Charles
Dance). É neste contexto que Louisa Clark (Emilia Clarke) é contratada para
cuidar de Will. De origem modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes
aspirações na vida, ela faz o possível para melhorar o estado de espírito de
Will e, aos poucos, acaba se envolvendo com ele.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
Um
filme que difere de outros romances, não só por seu desdobramento, mas também
por pequenos detalhes que fazem diferença. Por exemplo, o início mostra o “mocinho”
antes e durante o acidente, que o tornará tetraplégico. No momento do
atropelamento, Will estava distraído no celular. A cena pode passar
despercebida, mas não deixa de retratar uma realidade da nossa era, portanto,
trata-se de um alerta ou de uma crítica sutil. Por outro lado, temos personagens
fortes, capazes de nos provocar reflexões. Louise é dedicada, atrapalhada,
quase caricata, mas não há dúvida que tratamos de uma pessoa capaz de realizar
verdadeiros contatos. Se por um lado, a mesma se vira para atender às
necessidades do próximo, sua identidade fica bem definida em seu comportamento
autêntico. Na abordagem Gestáltica a
fronteira é ao mesmo tempo o lugar de contato e de imite, é o lugar da tensão e
do acontecimento, da diferença e do crescimento. Poucos personagens apresentam
a fronteira tão flexível quanto à da “mocinha”, que nos encanta com sua forma
de funcionar no mundo. Ela não abre mão de suas roupas estranhamente
simpáticas, que marcam sua presença. No entanto, abre mão de si mesma para dar
lugar ao outro querido, seja um familiar ou qualquer pessoa que evidencie
alguma necessidade pessoal. É uma personagem ímpar! Will é alguém que não
suporta ver o mundo de outra perspectiva. O acidente o obriga a visitar outros olhares,
ele se recusa. Após sua nova condição, Will apresenta sintomas depressivos, um mau
humor constante, um desprezo pela vida. A luz de Lou pode tornar o mundo menos
cinza e apresentar encantamento ao rapaz, mas não é suficiente para que ele
desista de seu plano. Ainda assim, somos convidados a assistir uma relação de
contato entre ambos, que sendo afetados por aquele contato autêntico, se
transformam. O afeto é oque afeta e se arrisca a ser afetado, o que, de fato, transforma. Ampliados
em sua forma singular de existir, ambos crescem através daquele contato.
Saúde mental, Movimento antimanicomial, Arteterapia, Terapia ocupacional, relação terapêutica, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico
no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a doutora Nise da Silveira
(Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da
esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho
discordam do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o
abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de
lidar com os pacientes, através do amor e da arte.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
É
indiscutível a importância de Nise da Silveira, psiquiatra de reconhecimento
internacional ao defender terapias alternativas no tratamento de transtornos
mentais. O filme nos
presenteia com interpretações excelentes, retratando com fidedignidade uma
realidade cruel de sujeitos portadores dos mais diferentes tipos de transtornos
mentais e os procedimentos desumanos adotados na ocasião. A personalidade inquieta, inconformada e
desafiadora da psiquiatra é apresentada na trama, focando prioritariamente o
aspecto humano da profissional. Na tentativa de compreender
melhor as demandas daqueles pacientes, Nise ofereceu um lugar para expressão de
suas angústias, inaugurando um novo canal para trocas. Ela se preocupou com o
aspecto afetivo das doenças mentais, oferecendo espaço para que os sujeitos
pudessem “juntar os cacos” de si mesmo, numa tentativa de integração. Diferentes
aspectos sobre a importância de Nise da Silveira já tem sido exaustivamente discutido
nas críticas e nos diversos artigos sobre o filme. Aqui, escolhemos restringir as
considerações no aspecto humano da trama, desconsiderando o olhar na doença
mental e priorizando a saúde.
Relações sociais e familiares, relação terapêutica, psicodiagnóstico, transtorno dissociativo de identidade.
SINOPSE
Frankie (Halle Berry) é uma dançarina noturna que
sofre com o transtorno de múltiplas personalidades, e luta diariamente contra
seus alter egos bem específicos: uma criança de sete anos chamada Genius e uma
mulher branca racista chamada Alice. A fim de eliminar estas vozes interiores,
ela passa a frequentar sessões com um psicoterapeuta, Dr. Oz (Stellan
Skarsgard), para decifrar e superar seus fantasmas pessoais.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Existe
um clássico sobre o tema chamado SYBIL, também baseado numa história real, que retrata
o tratamento do Transtorno Dissociativo de Identidade, originalmente denominadotranstorno de múltiplas personalidades, conhecido popularmente comodupla
personalidade. Naquele filme foi
apresentado o caso de 17 personalidades e a intervenção proposta era distinta
do caso descrito em Frankie e Alice. Dr. Oz é convocado para o atendimento de
Frankie, que após alguns problemas com a justiça, se propõe ao tratamento,
desde que seja ele o médico responsável. O transtorno Dissociativo de
Identidade é uma condição mental em que um único indivíduo demonstra
características de duas ou mais personalidades ou identidades distintas, cada
uma com sua maneira de perceber e interagir com o meio. O pressuposto é que ao
menos duas personalidades podem rotineiramente tomar o controle do
comportamento do indivíduo. O critério de diagnósticotambém leva em consideração perdas de
memória associadas, geralmente descritas comotempo perdidoou uma amnésiadissociativa aguda. Frankie sobrevivia com o dinheiro que ganhava num bar de
strip-tease e tinha um histórico de momentos de amnésia, acordando depois num
local desconhecido. Após observar pequenos detalhes no comportamento de
Frankie, o Dr, Oz levanta a hipótese de um caso clínico raro. A primeira observação
é a de que uma personalidade é fumante, a outra não. Daí em diante, ele
descobre diferenças no sotaque, na postura, até mesmo na cor! Ainda que Frankie
seja negra, uma das personalidades se apresenta como branca e racista.
Autismo, homossexualidade, homofobia,
perdas, luto, relações familiares, sociais e afetivas.
SINOPSE
O
filme apresenta a história de uma família obcecada com a ideia de parecer
perfeita. O único problema aparente dos Young é o filho mais novo, Nick, que
nasceu com Síndrome de Asperger, que faz com que a pessoa tenha dificuldades
para se socializar. Quando Chaz, o filho mais velho, morre em um acidente, a
família cai em pedaços e Nick então precisa juntar as peças para seguir em
frente.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Logo somos tocados pela
linda relação construída pelos irmãos Chaz e Nick. A paciência, o carinho, a
dedicação do irmão mais velho tornam o mundo de Nick mais rico, sua autoestima
mais elevada, e, claro, seu desejo de desenvolver habilidades para compreender
melhor o mundo são também ampliadas. Não há qualquer proximidade entre o
autista e seu pai, que não compreende sua forma de estar no mundo. Sua mãe,
apesar de interessada, não consegue acessar o mundo do caçula. Infelizmente,
Chaz sofre um acidente fatal e deixa os familiares perdidos em seu luto. Nick,
que tinha no irmão seu único elo com o mundo, se vê desamparado, perdido. Acompanhamos
o luto familiar e a dificuldade daquela família lidar não só com a perda, mas
também de encarar a condição autista do filho. Sem Chaz como intermediário,
tudo fica mais difícil, tanto para Nick, como para os familiares. Na busca de
elaborar o próprio luto e restaurar a si mesmo, Nick caminha através das dicas
deixadas pelo irmão. Se aproximar de seus amigos é um bom começo, o que nos
brinda com cenas emocionantes, ora delicadas, ora bem humoradas. Desconstruir a
imagem de perfeição do irmão mais velho se torna um aprendizado ímpar, não só
para Nick, mas também para toda a família. Fica evidente a dificuldade de perceber
a imperfeição de cada um, trazendo até o homossexualismo para pauta, o que
evidencia a homofobia no seio familiar.
Pedofilia, pré-julgamento, relação terapêutica, familiar e social, psicoterapia, investigação psicológicas, calúnia, sexualidade
SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos 2012 - Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche. Simpático e amigo
de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio complicado, no qual
perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia, a pequena Klara
(Annika Wedderkopp), de apenas cinco anos, diz à diretora da creche que Lucas
lhe mostrou suas partes íntimas. Klara na verdade não tem noção do que está
dizendo, apenas quer se vingar por se sentir rejeitada em uma paixão infantil
que nutre por Lucas. A acusação logo faz com que ele seja afastado do trabalho
e, mesmo sem que haja algum tipo de comprovação, seja perseguido pelos
habitantes da cidade em que vive.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
Difícil,
angustiante, porque não dizer, dilacerante. O tema central do filme é um
assunto delicado, difícil e desconfortável, a possibilidade de pedofilia. Assunto que causa
revolta, inconformismo, prejuízos incalculáveis para os envolvidos. Entretanto,
nem sempre a acusação de pedofilia é verídica. Difícil ser imparcial num
processo semelhante, que pode promover reações imprevisíveis. A trama foca numa
acusação inocente, sem bases consistentes, mas é o suficiente para marcar a
vida do acusado e despertar reações psicológicas, físicas e emocionais
incontroláveis em seu entorno. Sim, é doloroso se colocar no lugar do professor
acusado injustamente. É impressionante assistir o processo que transforma a sua
vida, sem que isso afete a sua forma doce de lidar com as crianças, mesmo em
relação àquela que foi fonte de seu sofrimento. Se, por um lado temos uma
pessoa acusada injustamente, por outro, temos pessoas reagindo à possibilidade de
um fato grotesco, a pedofilia. Inimaginável se colocar no lugar dos pais em
situação semelhante. Tudo começa com uma reação infantil a uma frustração. A
pequena Klara, inconformada com a sensação de rejeição, busca em sua imaginação
uma forma de se vingar. Sua experiência recente com o irmão mais velho oferece
material suficiente para sua vingança. Ela não tinha ideia do que viu, ouviu e usou
em como fonte, muito menos das possíveis consequências de sua ação.
Acompanhamos o cuidado inicial da diretora da creche, que pretendia investigar
o caso com cuidado. No entanto, ela também é contaminada pelas atitudes
inconsequentes do profissional recomendado para averiguar o caso, o psicólogo
da escola. Teremos, então, um exemplo equivocado de investigação. No lugar de
aguardar o fenômeno se revelar, acompanhamos um processo indutivo por parte do
profissional. Sim, infelizmente, o profissional induz a criança durante a
entrevista. Na conversa, fica claro que ele parte do pressuposto de ter
ocorrido o abuso, de que o professor é culpado, o equívoco profissional começa
aí. A equivocada entrevista do profissional é o ponto de partida para o desdobramento da trama, nos colocando no lugar do acusado, que acaba por ser estigmatizado sem que haja provas suficientes. Se por um lado, o filme apresenta um exemplo equivocado de entrevista psicológica, por outro, nos abre a oportunidade de auxílio ao acusado, permitindo outra perspectiva.
Relações
sociais, afetivas e terapêuticas, saúde mental, reforma psiquiátrica, normal e
patológico.
SINOPSE
Não recomendado
para menores de 14 anos - baseado em um conto do mestre Edgar Allan Poe. Um
jovem recém-graduado na faculdade de medicina assume um cargo numa instituição
mental e logo se vê apaixonado por uma de seus colegas - e tal distração não
permite que ele perceba uma terrível mudança no corpo de funcionários.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
Indicado por uma cliente, o filme
apresenta um quadro não tão distante de nossa realidade. Ainda que se desenrole
de uma forma um tanto quanto absurda, o filme oferece a oportunidade de refletirmos
sobre as diferentes e ultrajantes formas de tratamento daqueles que não são
considerados “normais”. Aliás, ótima oportunidade para questionarmos o que é
necessário para consideramos alguém normal. A saúde mental é o foco do enredo,
que em diferentes momentos retrata a realidade dos manicômios do século
passado. Ainda que muitas intervenções façam parte da história, é preciso rever
as mudanças e questionar as verdadeiras transformações realizadas. Em pleno
século XXI, ainda temos tratamentos desumanos, pois a reforma psiquiátrica
ainda não alcançou seus plenos objetivos. Ainda é possível encontrar tratamentos
desumanos, falta de esclarecimento na sociedade, falta de humanidade com
qualquer pessoa que não apresente comportamento comum ou esperado. Enfim, o filme é também denúncia, quando dá voz aos “pacientes”.
Qual o limite entre a sanidade e a loucura? Sem a pretensão de responder a
questão, o filme abre discussão sobre o tema, que volta para o foco de diferentes segmentos sociais contemporâneos. Como dizia um professor da faculdade, quem pode garantir que
sabe onde está a chave de seu próprio manicômio? Difícil responder, nenhum de
nós pode ter certeza, pois a certeza é parte consistente do quadro da loucura,
tanto quanto a dúvida é pressuposto necessário para a saúde. Não podemos falar
muito sobre o enredo, sem revelar partes importantes da trama, portanto,
recomendo que assistam, e, assim, visitem os próprios sentidos que darão a
trama.
Relações sociais, familiares e afetivas, crenças e valores, cultura, religião.
SINOPSE
No início do verão
em um vilarejo turco, Lale e suas 4 irmãs brincam de forma debochada com os
meninos, o que acarreta em um escândalo de consequências muito fortes: a casa
delas se torna praticamente uma prisão, elas aprendem a limpar ao invés de ir
para a escola e seus casamentos começam a ser arranjados. As cinco não deixam
de desejar a liberdade, e tentam resistir aos limites que lhes são impostos.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
Viajar
o mundo e conhecer outras culturas é uma forma de ampliar nosso olhar. Se de um
lado, algumas culturas são capazes de flexibilizar nossos conceitos, outros nos
oportunizam a gratidão pelos conceitos e pré-conceitos de nosso universo
cultural. Ainda assim, como qualquer experiência, prazerosa ou não, saímos
enriquecidos da experiência. “Cinco graças” provoca diferentes reflexões,
revelando conceitos particulares daquela cultura, que escolhe oprimir as
adolescentes, para que possam cumprir as regras morais. Ainda que não haja o
desejo sincero de exercer atos punitivos, seguindo os preceitos da religião
muçulmana conservadora, todos estão condicionados a regras tão poderosas, que
já se reproduzem sozinhas (sem que seja necessária uma intervenção explícita
dos representantes da igreja). As regras morais fazem parte do que foi
apreendido como “receita do bom viver”. Isso nos fez pensar naquilo que Ângelo
Gaiarsa alertava na relação mãe e filho. De fato, independente das regras
morais e sociais, cada mãe apreende uma “receita pronta” sobre ser “boa mãe”.
Muitas se esforçam tanto para exercer tal receita apreendida durante o próprio
desenvolvimento, que acabam por esquecer-se de ver e ouvir o próprio
filho, que traz outros olhares, novas linguagens e necessidades.
Autismo, Transtorno do Espectro Autista, Asperger, estudos e formas de tratamentos – Relações sociais, familiares, terapêuticas e afetivas.
SINOPSE
Filme Francês que fala do autismo. O filme mostra uma ficção, a história do Hugo, baseada em fatos reais, e ao mesmo tempo mostra declarações de pessoas auitistas e também mostra a história dos tartamentos psicológicos evidenciando os principais psicólogos que trabalharam com autismo.
TRAILER – Documentário completo no Youtube
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Para saber um pouco mais sobre o Universo autista, este documentário explora os estudos realizados no mundo sobre o assunto, a evolução do tratamento ao longo da história, e, inclui alguns depoimentos de autistas, aspies (Asperger) e familiares. Uma lição sobre o assunto, que nos coloca em alerta sobre o quanto ainda precisamos aprender sobre diferenças, sem que seja necessário rejeitar o que não pode ser compreendido. Recomendado para qualquer público, o documentário francês nos brinda com uma aula de cidadania. Não perca!!