ASSUNTO
Relações
afetivas, deficiência física, singularidade, livre-arbítrio, e, dos conceitos gestálticos, destacamos: Contato e fronteira de contato.
SINOPSE
Às vezes você encontra o amor onde menos imagina. E às vezes
ele te leva onde nunca esperou ir. Louisa "Lou" Clark vive em uma
pitoresca cidade de campo inglesa. Sem direção certa em sua vida, a criativa e
peculiar garota de 26 anos vai de um emprego a outro para tentar ajudar sua
família com as despesas. Seu jeito alegre no entanto é colocado
à prova quando enfrenta o novo desafio de sua carreira. Ao aceitar um trabalho
no "castelo" da cidade, ela se torna cuidadora e acompanhante de Will
Traynor, um banqueiro jovem e rico que se tornou cadeirante após um acidente
ocorrido dois anos antes, mudando seu o mundo dramaticamente em um piscar de
olhos. Não mais uma alma aventureira, mas o agora cínico Will, está prestes a
desistir. Isso até Lou ficar determinada a mostrar a ele que a vida vale ser
vivida. Embarcando juntos em uma série de aventuras, Lou e Will irão obter mais
do que esperavam e encontrarão suas vidas - e corações - mudando de um jeito
que não poderiam ter imaginado.
Rico e bem sucedido, Will (Sam Claflin) leva uma vida repleta
de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por uma moto, ao
atravessar a rua em um dia chuvoso. O acidente o torna tetraplégico,
obrigando-o a permanecer em uma cadeira de rodas. A situação o torna depressivo
e extremamente cínico, para a preocupação de seus pais (Janet McTeer e Charles
Dance). É neste contexto que Louisa Clark (Emilia Clarke) é contratada para
cuidar de Will. De origem modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes
aspirações na vida, ela faz o possível para melhorar o estado de espírito de
Will e, aos poucos, acaba se envolvendo com ele.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
Um
filme que difere de outros romances, não só por seu desdobramento, mas também
por pequenos detalhes que fazem diferença. Por exemplo, o início mostra o “mocinho”
antes e durante o acidente, que o tornará tetraplégico. No momento do
atropelamento, Will estava distraído no celular. A cena pode passar
despercebida, mas não deixa de retratar uma realidade da nossa era, portanto,
trata-se de um alerta ou de uma crítica sutil. Por outro lado, temos personagens
fortes, capazes de nos provocar reflexões. Louise é dedicada, atrapalhada,
quase caricata, mas não há dúvida que tratamos de uma pessoa capaz de realizar
verdadeiros contatos. Se por um lado, a mesma se vira para atender às
necessidades do próximo, sua identidade fica bem definida em seu comportamento
autêntico. Na abordagem Gestáltica a
fronteira é ao mesmo tempo o lugar de contato e de imite, é o lugar da tensão e
do acontecimento, da diferença e do crescimento. Poucos personagens apresentam
a fronteira tão flexível quanto à da “mocinha”, que nos encanta com sua forma
de funcionar no mundo. Ela não abre mão de suas roupas estranhamente
simpáticas, que marcam sua presença. No entanto, abre mão de si mesma para dar
lugar ao outro querido, seja um familiar ou qualquer pessoa que evidencie
alguma necessidade pessoal. É uma personagem ímpar! Will é alguém que não
suporta ver o mundo de outra perspectiva. O acidente o obriga a visitar outros olhares,
ele se recusa. Após sua nova condição, Will apresenta sintomas depressivos, um mau
humor constante, um desprezo pela vida. A luz de Lou pode tornar o mundo menos
cinza e apresentar encantamento ao rapaz, mas não é suficiente para que ele
desista de seu plano. Ainda assim, somos convidados a assistir uma relação de
contato entre ambos, que sendo afetados por aquele contato autêntico, se
transformam. O afeto é oque afeta e se arrisca a ser afetado, o que, de fato, transforma. Ampliados
em sua forma singular de existir, ambos crescem através daquele contato.
Ambos
expandem seus mundos individuais. O final, como na vida real, não é o esperado,
é polêmico, aberto a diferentes críticas, mas uma questão singular, que talvez
não pertença a nenhum crítico externo. Há um livre arbítrio, “cada um sabe onde
o seu calo aperta”, já dizia minha mãe. Não há categoria que possa definir a
particularidade de cada ser. Todos temos algo em comum, mas há sempre uma
singularidade que deve ser respeitada, não é possível ter uma única medida das
coisas, cada um tem a sua própria definição do próprio funcionamento. No mais, temos as relações familiares, que tendem a influenciar, sofrer e participar da escolha individual. Uma perspectiva difícil na maior parte dos casos que envolvem e afetam a família. O sofrimento dos que amam e tentam compreender o ponto de vista individual pode ser foco de uma questão familiar. Seja por questões tão sérias, como as apresentadas no drama, ou, por outras tantas tão comuns no cotidiano familiar. Por exemplo, a saída de um filho, sua escolha pessoal, seja para uma viagem, para o casamento ou uma e qualquer outra escolha inesperada. No filme, somos convidados a refletir sobre o conceito de fronteira, tão caro para a Abordagem Gestáltica, e, tão difícil de ser compreendido em nossa cultura. Em pleno século XXI os sujeitos amorosos ainda são citados como "metade da laranja" ou "tampa de panela". Os "inteiro" ainda luta para simplesmente existir! Pela polêmica que finaliza o drama, penso que
é possível refletir sobre o limite entre o que é comum e o que é do indivíduo
singular e único. se o espectador for capaz de suspender o julgamento, é possível refletir, partindo do romance pouco convencional. Preparem o lenço, e, embarque neste romance super recomendado!
Acompanho sempre suas publicações, .... parabéns pelos comentários e muito obrigado!
ResponderExcluirAlberes, Obrigada por tudo! se tiver interesse, ente nos links do face, um deles é uma página que avisa quando tiver post novo, o outro é do grupo que, além de oferecer links dos filmes, apresenta um espaço rico para trocas sobre o tema e sobre a Abordagem Gestáltica!
ExcluirVolte Sempre!!
Boa noite, estou fazendo um trabalho sobre as leis da Gestalt e sobre esse filme não consegui identificar em qual lei entraria, poderia me ajudar?
ResponderExcluirDesde já agradeço, gosto muito do seu trabalho.
Letícia
Letícia,
ExcluirÉ importante saber de que Gestalt falamos, da psicologia da Gestalt ou da Abordagem gestáltica (Gestalt-terapia). Em todo caso, a ótica irá depender do momento a que se refere, pois para ambas, o aqui e agora é crucial. Ambas se referem a organização do campo, ou seja, de como as partes interagem para formar o todo. Tentei buscar em minha memória algum aspecto que se destacasse, sintetizando uma única lei que se revele como figura, mas não me lembro o suficiente. Além disso, é preciso considerar a perspectiva de quem ou como foi feita a solicitação. Não podemos esquecer que a experiência do observador irá contribuir com o "fechamento" da Gestalt! Se tiver mais detalhes, posso tentar ajudar. Caso contrário, seria necessário assistir novamente ao filme, considerando a perspectiva pretendida. Quando tiver um tempo, tentarei rever o filme para tentar ajudar mais. Abs,
Patrícia Simone