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quinta-feira, 22 de abril de 2021

O som do silêncio (Sound of Metal)

ASSUNTO

Deficiência auditiva, relações afetivas, familiares, sociais e de casal, autoconhecimento, aceitação, luto, resiliência.

SINOPSE

Em Sound of Metal, um jovem bateirista teme por seu futuro quando percebe que está gradualmente ficando surdo. Duas paixões estão em jogo: a música e sua namorada, que é integrante da mesma banda de heavy metal que o rapaz. Essa mudança drástica acarreta em muita tensão e angústia na vida do bateirista, atormentado lentamente pelo silêncio. Disponível no Prime vídeo. 

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Mais do que esperamos de um filme, O SOM DO SILÊNCIO é uma experiência sensorial fantástica. Para quem não é fã do gênero Heavy Metal, o início do filme pode ser desestimulante.  A intensidade do show, logo na abertura, pode oferecer uma previsibilidade equivocada. Após o primeiro show, acompanhamos uma parte do cotidiano harmônico de Ruben com a namorada. Logo, tudo começa a mudar. Como já citado na sinopse, a perda , não tão gradual, da audição de Ruben é o fio condutor da trama, que nos convida a sentir o mesmo desconforto e angústia do protagonista. Entre sons e silêncios acompanhamos o processo de autoconhecimento e aceitação do protagonista. A perda da audição, como muitas outras, provoca a intensidade de movimentos em direção à recuperação do que foi perdido. O caminho trilhado pode nos transformar, adaptando-nos às novas condições, ampliando nosso potencial. Entretanto, o desapego é um tanto difícil, tal qual o processo de luto. Qualquer perda, ou mudança drástica, pode gerar o mesmo desconforto e a dificuldade no processo de aceitação. O filme estimula os sentidos do público, entre silêncios e sons, alinhavados com diferentes perspectivas. Para além da representatividade de surdos, o filme provoca diferentes reflexões, principalmente, no que se refere ao processo reintegração do ser diante de perdas ou transformações, que são inerentes à vida. Um tema pertinente, diante das mudanças impostas pela pandemia, momento em que a humanidade se depara com mudanças e perdas, que exigem elaboração, criatividade e aceitação. É um filme necessário, imperdível, espetacular! O texto a seguir pode conter spoiler, sugerimos ler após assistir ao filme.

domingo, 18 de abril de 2021

Un padre no tan padre (Patriarca)

 


ASSUNTO

Terceira idade, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Quando Don Servando Villegas, patriarca mexicano de 85 anos, é expulso de sua casa de repouso, seu filho mais novo Francisco o leva para morar com ele. Don Servando está prestes a descobrir a verdade sobre o seu filho e sua maneira de viver. O caçula na verdade mora em uma espaçosa casa com mais nove pessoas de diferentes partes do mundo e de todos os tipos, tem um relacionamento estável com Alma (Jacqueline Bracamontes) e é pai do jovem pintor Rene (Sérgio Mayer Mori). O filme está disponível na NETFLIX.



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O OLHAR DA PSICOLOGIA

A comédia mexicana explora as relações familiares numa perspectiva bastante interessante. Temos Don Servando Villegas, um velho ranzinza, frio, controlador e hostil com todos. Apesar de lúcido, o senhor residia em uma clínica para idosos, onde só fez inimigos, até ser expulso. Uma perda financeira o obriga a buscar acolhimento na casa dos filhos. Aos poucos, descobrimos que sua personalidade o afastou de todos, inclusive dos filhos, que negam recebê-lo, restando para o filho caçula a difícil tarefa. A ilusão do bom velhinho, tão atrelada aos idosos, é desconstruída já no início. O comportamento do personagem, ainda na instituição, é tão insuportável, que dá vontade de desistir do filme. Já seu filho caçula vive de uma forma bem diferente da informada ao pai, bem distante dos princípios e regras ditados pelo patriarca...

sexta-feira, 5 de março de 2021

Loucura de amor/Louco por ella


ASSUNTO

Relações social, afetivas e de casal, saúde mental.

SINOPSE

Adri (Álvaro Cervantes) é o típico homem bem-sucedido na vida, garanhão, que não se prende a ninguém. Certa noite, ele faz uma aposta com os amigos de que consegue seduzir uma loira que está no bar, porém, quando estava a caminho da moça, Carla (Susana Abaiatua) esbarra nele. Encantado pela energia eufórica da moça à sua frente, Adri se sente hipnotizado e segue aquela enigmática moça em todos os seus mirabolantes planos – e, com ela, tem a melhor noite de sua vida. Porém, com o nascer do sol, a misteriosa moça sai correndo, deixando Adri sem nenhuma informação sobre ela e com um enorme vazio no peito.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Que grata surpresa! Há muito tempo que não assistíamos a um filme assim, leve, encantador e interessante. Sim, interessante, pois a comédia romântica escolheu pincelar assuntos sérios e necessários, de forma leve e provocante. Obviamente, loucura e amor são assuntos já debatidos em diferentes contextos, pois sempre foram considerados parentes. No filme, a loucura não se restringe ao estado da paixão enlouquecedora, mas vai além, ao percorrer o caminho delicado da saúde mental. Sim, estamos diante de Adri, personagem que se considera normal, e, após compartilhar a aventura de uma noite inesquecível, se percebe capturado pela garota misteriosa. Carla, personagem que lhe proporcionou a noite mais alucinante, prazerosa e inusitada de sua vida, avisou que seria uma única noite, mas não bastava, ele queria mais. Entorpecido, busca pistas para encontrar a mocinha. Até então, é inevitável pensar na cinderela e o sapatinho dos contos de fadas... 

sábado, 18 de julho de 2020

Maudie – Sua vida e sua arte





ASSUNTO

Superação, auto-suporte, relações sociais, afetivas e familiares


SINOPSE

Maud Lewis (Sally Hawkins) tem problemas de artrite reumatoide, que causa inflamações e deformações nas articulações do seu corpo. Apesar disso, possui incríveis habilidades artísticas. Passada para trás pelo irmão e incomodada com a vigilância exagerada da tia, ela busca independência trabalhando para um rabugento e pobre vendedor de peixes (Ethan Hawke).

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Somos convidados a partilhar de um olhar único, através da janela, de onde Maudie observa as transformações contínuas, que revelam “toda a vida já representada”. Em tempos de pandemia, quando para muitos de nós, a janela tem sido ‘a perspectiva’, o convite se faz único, encantador e necessário. O filme é baseado na história real de Maudie, uma mulher decepcionada com a família, que decide sair de sua zona de conforto e enfrentar o mundo, a partir de suas possibilidades. Para além da superação dos próprios limites, da importância da vida e obra da artista, escolhemos desenvolver a perspectiva relacional da personagem, que entre pequenos gestos, em cenas sensíveis e delicadas, alinhavam a relação do casal.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

O Homem perfeito



ASSUNTO

Relações afetivas e virtuais, gestalt-terapia, machismo e polaridades.

SINOPSE

Diana (Luana Piovani), aos 42 anos, é uma mulher bem-sucedida, com uma carreira estruturada, culta e que mantém um casamento feliz com seu marido (Marco Luque). A protagonista trabalha como uma escritora fantasma, escrevendo bibliografias de celebridades, na maior parte das vezes reinventando a vida daquelas pessoas que não tem muito para contar, nem qualquer aptidão para a escrita.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA

O filme foi pouco apreciado pela crítica, que apontou falhas no desenvolvimento da trama, nos personagens pouco verossímeis, além da forma rasa com a qual abordou os assuntos propostos. De fato, é uma comédia romântica rasa, sem qualquer conteúdo profundo que possa ser tema de debates ou grande reflexão. Entretanto, em tempos de isolamento, pode ser um entretenimento leve e até divertido. Uma mulher inteligente e independente, como a personagem principal, seria mesmo capaz de viver com um homem tão diferente por tanto tempo? Uns dizem que não, mas, convenhamos, quem sabe do que o coração é capaz? Quem não conhece alguém que investiu toda sua energia em uma carreira de sucesso, ou, na construção de seu patrimônio, esquecendo-se de suas necessidades emocionais básicas? Não sei se Diana seria um personagem tão distante da realidade como apontam alguns críticos.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Me chame pelo seu nome

ASSUNTO

Adolescência, despertar da sexualidade, Homossexualidade, diferenças, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE

Verão de 1983, norte da Itália. Elio Perlman, um jovem ítalo-americano de 17 anos, passa seus dias na vila de sua família, um antigo casarão do século XVII. Seus dias são repletos de composições ao piano e flertes com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver, um charmoso homem de 24 anos, que está fazendo doutorado, chega para ajudar o pai de Elio, um renomado professor, em sua pesquisa sobre cultura greco-romana. Sob o sol do verão italiano, Elio e Oliver descobrem a beleza do despertar de novos desejos que irão mudar as suas vidas para sempre. 

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Pode não agradar, não só pelo tema delicado, mas pelo ritmo lento, principalmente na primeira parte. No entanto, é exatamente pelo ritmo, que o longa proporciona o envolvimento do público no sensível processo de contato entre os protagonistas. “Me chame pelo seu nome” traz em seu título o anúncio do tema que será desdobrado na tela: A entrega no encontro com o outro, tão intensa e arrebatadora, que promoverá  autoconhecimento. Elio é maduro para sua idade e conhecedor de diversos assuntos, mas não deixa de ser adolescente. Como tal, seu corpo e mente sofrem transformações, ele está desabrochando. A chegada de Oliver afeta seu mundo de diferentes formas, o que o deixa confuso.  O despertar de sua sexualidade começa em momentos de tensão, que aos poucos se transformam. A experiência intensa e arrebatadora irá afetar a ambos para sempre. Não é sobre homossexualidade, é uma história de amor, do primeiro amor, simplesmente, amor.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Lady Bird, é hora de voar

ASSUNTO

Adolescência, ansiedade, sexualidade, puberdade, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE

Christine McPherson (Saoirse Ronan) está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe (Laurie Metcalf). Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Indicado para o Oscar, o longa acompanha Lady Bird da passagem da adolescência para a maturidade. A jornada de amadurecimento já foi retratada em outros tantos filmes, o Charme daqui está na forma como acontece. A ansiedade adolescente é evidenciada no processo, sem que seja necessário qualquer diagnóstico. Afinal, é bastante comum que a ansiedade acompanhe a adolescência, sem que precise ser considerada uma patologia. Christine quer voar, é aventureira, sonhadora, dramática, impetuosa e muito desafiadora. A família não está em uma situação financeira privilegiada, a mãe aponta isso a todo instante, diferente do pai, que dá “cobertura” para os sonhos da moça. Mãe e filha vivem às turras, diante dos desafios da vida. Não é muito diferente do que acontece com frequencia: o adolescente elege um dos pais para "parceiro" e o outro como inimigo. Se o inimigo é aquele que tem os pés na realidade, frustrando os devaneios adolescentes, ele vira alvo de enfrentamentos, birras, discussões infindáveis.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O Natal dos Coopers

ASSUNTO

Relações familiares,  afetivas, diferença, valores e crenças.

SINOPSE

O Natal se aproxima e, como acontece em todos os anos, a família Cooper se prepara para a grande ceia na casa dos patriarcas Sam (John Goodman) e Charlotte (Diane Keaton). Só que, em meio ao suposto clima festivo, o casal está prestes a se separar. Seus filhos Hank (Ed Helms) e Eleanor (Olivia Wilde) também enfrentam problemas, já que ele está desempregado e ela mantém um caso com um médico casado. Paralelamente, Emma (Marisa Tomei) tem dificuldade em lidar com a solidão e com a inveja que sente da irmã mais velha, Charlotte, enquanto que o pai delas, Bucky (Alan Arkin) sente-se cada vez mais próximo de Ruby (Amanda Seyfried), a garçonete do restaurante que ele sempre frequenta.

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OLHAR DA PSICOLOGIA

A “magia do Natal” é destaque em muitos filmes do gênero, que insistem em mostrar uma família “perfeita” enfrentando alguma situação ou pessoa do mal, que no final são “afetadas” pelo encanto da ocasião. Só que não, “O Natal dos Coopers” mostra uma família real, com problemas comuns, nos dias que antecedem o encontro natalino, onde serão omitidas as questões pessoais de cada membro. Encontros e desencontros antecedem a noite esperada, seja consigo ou com o outro, com verdades e mentiras que podem provocar risos e incômodos na mesma medida. Nem todos acreditam que o evento possa ser mágico, harmonioso e feliz. Os próprios anfitriões escondem a real situação, pois omitem o abalo na relação do casal, que está em vias de separação. Cada um dos familiares enfrenta problemas pessoais, o que pode fazer o reencontro um momento de pressão, ameaça ou trazer lembranças de situações infelizes, algumas inacabadas. Reunir parentes no natal é momento de infinitas possibilidades, nem sempre tão felizes, como as comumente apresentadas na telona! É momento de atualização, de "fofocas", de "disputas, de encontro de diferenças. O filme apresenta um pouco de cada possível extremo, da conturbada expectativa ao final feliz, do aparentar ao ser. Falar de família é transitar nos extremos, é explorar aspectos que parecem antagônicos, e, podem se revelar complementares. Algo inesperado, incômodo, frustrante ou constrangedor na noite de natal em família, quem não viveu?

sábado, 18 de novembro de 2017

MONSIEUR & MADAME ADELMAN

ASSUNTO

Relação afetiva, familiar e social, família disfuncional, segredo, traição, feminismo, suicídio e alcoolismo.

SINOPSE

Sarah (Doria Tillier) e Victor (Nicolas Bedos) estiveram juntos por 45 anos. No funeral dele, Sarah é abordada por um jornalista que deseja contar a história de seu marido, um renomado escritor, a partir do olhar da mulher que sempre o acompanhou. A partir de então, ela passa a contar as minúcias do relacionamento que tiveram, incluindo segredos bastante íntimos.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


A trama nos convida a desconstruir os ideais de felicidade nas relações afetivas de longa data. Não, o filme está longe de se tornar “receita” de boa relação amorosa. Ao contrário, a trama está repleta de alternativas pouco recomendadas em qualquer relação. É isso que faz do filme um relato possível, verdadeiro, recheado de erros e acertos de uma relação amorosa de 45 anos. Partindo do relato da viúva, acompanhamos a história do casal desde o primeiro encontro, revelando os sabores e dissabores da relação. A perspectiva, que desnuda a intimidade do casal, revela a força da personagem feminina, que desde o início busca o que deseja sem perder o foco . Tudo é contado sem menosprezar o contexto. A cada momento, a trama alinhava a vida social, religiosa e política, apontando possíveis influências do entorno de cada época, na relação que é construída pelo casal. Temos uma mulher à frente de seu tempo, determinada, empenhada e apaixonada, que se torna o pilar da família em construção.

domingo, 29 de outubro de 2017

Os Meyerowitz: Família não se escolhe


ASSUNTO

Relações familiares, afetivas e sociais, alcoolismo, conflitos familiares, legado.

SINOPSE

Nova York. Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) é o patriarca da família, casado com Maureen (Emma Thompson) e pai de Matthew (Ben Stiller), Danny (Adam Sandler) e Jean (Elizabeth Marvel). Escultor aposentado e extremamente vaidoso, ele fica satisfeito ao saber que está sendo organizada uma exposição para celebrar seu trabalho artístico. Só que, em meio aos preparativos, Harold adoece e faz com que todos os filhos precisem se unir para ajudá-lo a se recuperar, o que resulta em várias situações que colocam a limpo traumas do passado. Danny é um pianista que abandonou a carreira e se dedicou integralmente aos cuidados da filha Eliza (Grace Van Patten), que agora aos 18 anos se mostra completamente independente de seu pai.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA

As peculiaridades de cada membro da família disfuncional podem ser resumidas na frase em destaque da trama: “Somos apegados a ideia que temos de nós mesmos”. Afinal, como tal idéia é construída? Qual é a influência da família de origem nessa construção? Os Meyerowitz podem revelar muito sobre o assunto.  Somos apresentados a família por Danny, o filho estagnado, que abandonou a carreira e se dedicou exclusivamente a educar sua filha. Ao contrário do pai, egoísta e distante, Danny negligencia a si mesmo, priorizando o afeto na relação com a filha. Como muitos adultos do nosso século, após a separação e a ida da filha para a faculdade, ele busca refúgio na casa da família de origem. Seu corpo expressa aquilo que não consegue elaborar, a raiva contida.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Atypical


ASSUNTO

Relações familiares, afetivas, terapêutica e social, Autismo, Asperger. 

SINOPSE

Sam ( Keir Gilchrist) é um jovem autista de 18 anos que está em busca de sua própria independência. Nesta jornada, repleta de desafios, mas que rende algumas risadas, ele e sua família aprendem a lidar com  é tão óbvio assim.



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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Arypical (atípico) é a nova série da Netflix, que traz algumas singularidades do Espectro Autista para o centro do debate, muito mais para familiarizar o público, do que para rotular diferenças. Sam é atípico, não funciona como a maioria, foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na forma branda, o que antes era diagnosticado como Síndrome de Asperger. Difere do autismo clássico, não só pelos sintomas mais leves, mas principalmente por sua capacidade cognitiva, muitas vezes com a inteligência acima da média.  Sua forma de perceber o mundo é apresentada, favorecendo ao espectador compreender melhor o universo autista. Sim, Sam tem uma família comum, que aos poucos conhecemos em sua rotina imperfeita. Todos os personagens são humanos, repletos de conflitos e imperfeições, o que torna a série crível e simpática. A irmã de Sam é sua parceira, sua protetora e amiga. Ela também é atleta e leva muito a sério seu treino diário. Sam freqüenta a psicoterapia, vai à mesma escola da irmã e trabalha numa loja de eletro-eletrônicos. Seu pai trabalha fora e sua mãe abriu mão da carreira para dar suporte às necessidades do filho.  Somos convidados a conhecer o universo de Sam pela ótica autista, uma forma singular de perceber o mundo. Aos poucos, conhecemos a difícil realidade, não só dos familiares, mas da sociedade em geral, no trato com o TEA. A falta de compreensão ou informação sobre a condição autista e suas particularidades pode dificultar as relações, não só da sociedade com o portador, mas também do autista consigo mesmo e com o mundo. Ele se esforça para ser aceito pela sociedade, apesar de não perceber o entorno da mesma forma. Muitas vezes, o TEA desenvolve crises de depressão ou ansiedade, muito antes de compreender a si mesmo e as diferentes formas de perceber o mundo. O diagnóstico e a informação sobre suas particularidades podem favorecer uma vida mais saudável, integrando sua identidade. A série presta um serviço social ao apresentar sintomas e dificuldades reais vivenciadas por Sam e seus familiares. Quase didática, a série costura as relações afetivas e sociais de forma leve, agradável e até engraçada. A primeira temporada deixa o gosto de “quero mais” no espectador, pois além de promover esclarecimentos sobre o TEA, traz conflitos e conquistas de outros personagens bem reais, humanos e imperfeitos como todos nós. Vale conferir.

Os meninos que enganavam os nazistas


ASSUNTO

Relações familiares, sociais, afetivas, discriminação, intolerância, guerra, aprendizagem.


SINOPSE

Durante um período de ocupação nazista na França, os jovens irmãos judeus Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le Clech) embarcam em uma aventura para escapar dos nazistas. Em meio a invasão e a perseguição, eles se monstram espertos, corajosos e inteligentes em sua escapada, tudo com o objetivo de reunir a família mais uma vez.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Numa época na qual os valores se perdem, quando as crianças não são convidadas a enfrentar seus próprios desafios, sendo protegidas em demasia, o filme se torna necessário. Sim, necessário para reflexão de pais educadores e filhos contemporâneos, tão íntimos dos avanços tecnológicos e ao mesmo tempo, tão distantes das necessidades reais. A trama acompanha a saga de dois irmãos diante dos horrores do Holocausto e da segunda Guerra mundial.  Eles pertencem a uma família feliz, unida, amorosa e judia.  Maurice e Joseph descobrem da pior forma possível como a intolerância pode se tornar uma epidemia. Seus colegas de escola, “contaminados” pelo pensamento nazista anti-semita, passam a hostilizá-los da noite para o dia, apenas por ostentarem a identificação judaica. Eles deixam de ser reconhecidos como pessoas, passam a ostentar um rótulo, que os classifica como algo a ser eliminado. Na mesma velocidade da ocupação nazista, a trajetória de vida deles é radicalmente transformada, o mundo exige novas estratégias. A estrutura familiar fica evidenciada na emergência da situação, quando o pai impõe o limite necessário, mesmo que seja preciso separar, agredir, desconstruir ensinamentos, até mesmo sobre a própria identidade. Eles precisam aprender a mentir para sobreviver. Os meninos aprendem com a experiência, sem o suporte físico dos pais, mas apoiados na estrutura fornecida por aquela família amorosa. É um filme lindo, emocionante, delicado. A urgência, de cada dura experiência, prepara-os para o momento seguinte, tornando-os mais fortes. Não é nada fácil, o que fica evidente na fragilidade das crianças, que podem chorar, chamar pela mãe, quase desistir, entretanto, contam com a sorte em momentos de desesperança. A intolerância e violência retratadas na trama são contrastadas com a reação humanitária de Joseph, diante da reação vingativa dos franceses no fim da guerra. Ele mente, ele surpreende, ele aprendeu com a própria dor a não desejar o mesmo para o outro. Ele aprendeu que a diferença não é justificativa para a violência e que todos são iguais, independente da raça, cor ou crença. Ele nos alerta sobre a necessidade de respeitarmos as diferenças, aceitando múltiplas singularidades do ser. As crianças experimentam situações dolorosas, que os ensinam sobre si mesmos, descortinando o próprio potencial.  

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Preto e branco

ASSUNTO

Alcoolismo, dependência química, racismo, luto, disputa de guarda de menor, direito, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Ao mesmo tempo que se esforça para superar a recente perda da mulher, Elliot Anderson (Kevin Costner)  tenta dar o melhor de si a Eloise (Jillian Estell), a neta que vive aos seus cuidados desde a trágica morte da sua filha. Apesar das dificuldades inerentes à sua condição de viúvo e avô, a criança tornou-se a sua única razão de viver e o que o motiva a continuar. Quando We-we (Octavia Spencer), a avó da criança, o informa das intenções de obter a custódia partilhada, Elliot recusa-se terminantemente a aceitar. De um momento para o outro, a pequena Eloise é forçada a dividir-se entre as duas famílias que lutam pela sua atenção e pelo que consideram ser o melhor. Quando a rivalidade entre os dois sexagenários chega à barra do tribunal, eles vêem-se confrontados com algumas das suas crenças e preconceitos mais enraizados.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


O título original é “Back or White”, usando “or” (o – em português) no lugar do “e” do título em português. O que agrada de cara, tendo em vista que muito do trabalho terapêutico da Abordagem Gestáltica está focado na integração de polaridades. Ou seja, priorizamos a noção integrativa oferecida pelo aditivo “e”, em detrimento das dicotomias promovidas pelo “ou”. Afinal, por que não as duas coisas? A visão dicotômica de conceitos como, “preto ou branco”, “bom e mau”, “verdade ou mentira” são restritivas e estão sendo revisadas, muitas vezes sendo substituídas por noções mais integrativas. O filme desenvolve essa idéia, ainda que o processo tente argumentar uma divisão racista em nome da vitória nos tribunais. Mas, o drama é mais que isso. Fala de luto, de alcoolismo, de dependência química, de mágoas, de relações familiares, de super proteção, de construção de afetos e desafetos.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Querida vida (Dear Zindagi)

ASSUNTO

Relações familiares, afetivas, sociais e terapêutica. Processo terapêutico, conflitos existenciais e familiares, perfeccionismo, compras compulsivas, insônia, ansiedade.

SINOPSE

Filme indiano de 2016, Dear Zindagi está disponível legendado no NETFLIX. Kaira é uma cinegrafista em busca de uma vida perfeita. Após alguns entraves relacionais, ela não consegue mais dormir. Por acaso, escuta a palestra de um psicoterapeuta, algumas frases dele fazem sentido. Ela, então, procura Jug, um pensador não-convencional e psicólogo, quem irá ajude-la a ganhar uma nova perspectiva sobre a vida. Aos poucos, ela vai descobrindo que  felicidade é encontrar conforto nas imperfeições da vida.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


A título de curiosidade, a palavra “Zindagi” quer dizer “vida”, o que sugere a tradução “Querida vida”. Assim, fica mais fácil falar sobre a trama, que versa sobre a vida de Kaira, alguém que em busca da perfeição, está, de fato, de mal com a vida. Seus relacionamentos são conturbados, logo o público torce pelo esperado “final feliz” com o amor, seja qual for. Opa! Seja qual for? Não! A esperança é que seja algum herói para salvar a mocinha das dificuldades da vida, só que não! O filme acompanha encontros e desencontros, perdas e ganhos, oportunidades e dificuldade de uma pessoa normal: Kaira. Muitos poderão se perguntar para que serve um terapeuta se a pessoa é normal? Pois é, terapia é um espaço pessoal necessário em diferentes situações, principalmente quando não estamos conseguindo lidar com alguma questão, chegando ao ponto do organismo manifestar “sintomas”. Como já dito em outros posts, os “sintomas” são vistos - pela Abordagem Gestáltica (linha ou abordagem psicológica) – como a melhor forma que o organismo encontra para manter o equilíbrio. Ou seja, o organismo oferece a oportunidade de percebermos que algo interrompe o fluxo natural de nossa autorrealização. O sintoma nos mantém autorregulado, sinalizando que algo em nosso caminho não vai bem, algo está interrompendo o fluxo saudável. Benditos sintomas que servem como alerta! Pode ser o momento de se buscar ajuda para lidar com questões difíceis, muitas vezes insuportáveis. Então, voltando ao filme, após algumas perdas, obstáculos e desvios de caminho, Kaira se depara, inesperadamente, com a palestra do psicólogo Jug, alguém que tem uma forma diferente de se expressar, o que a agrada de pronto. A insônia, a compulsão por compras, a dificuldade de lidar com suas relações afetivas dão sinais de que ela precisa buscar ajuda, o psicoterapeuta pode ser uma boa opção.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Meu nome é Ray (About Ray)


ASSUNTO

Relações afetivas, sociais e familiares, transexualidade, homossexualidade, crise existencial e segredos.

SINOPSE

Três gerações de mulheres de uma família que vive sob um mesmo teto em Nova York precisam lidar com uma grande transformação de uma delas que vai afetar a todas. Ray (Elle Fanning) é uma adolescente que decidiu mudar de sexo. Sua mãe solteira, Maggie (Naomi Watts) precisa rastrear o pai biológico de Ray (Tate Donovan) para obter seu consentimento legal para a mudança. Dolly (Susan Sarandon), avó lésbica de Ray, está com dificuldade em aceitar que agora tem um neto. Cada um deles precisa confrontar sua própria identidade, aprender a aceitar a mudança e sua força como família para finalmente encontrar compreensão e harmonia.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Embora, apresente e discuta a transexualidade, o foco maior é na crise existencial da mãe de Ray. Sim, Mag está em crise. Não há porque desmerecer tal enfoque, afinal, Ray se reconhece como menino em corpo de menina, não há crise de identidade para ele. E, no final das contas, a família sempre terá dificuldade para lidar com a situação. Certamente, para Mag é mais do que isso, ela tem seu segredo em relação à paternidade de Ray e uma dificuldade tremenda em lidar com as próprias responsabilidades de mulher, adulta e mãe, sem falar na dificuldade imposta pelas necessidades de Ray. Aliás, o ponto de partida da trama está exatamente nessas necessidades. Aos 16 anos, Ray precisa da autorização do pai para realizar procedimentos médicos que favoreçam sua existência. As relações familiares são colocadas em foco a partir de então. Três gerações se encontram morando no mesmo espaço, a mãe homossexual e sua companheira, Mag e Ray. As críticas não pouparam alfinetadas, por uma simples razão, o tom pastelão da comédia tira a chance dos temas abordados serem apresentados com maior seriedade. Ainda assim, temos uma perspectiva interessante quando olhamos a interpretação de Elle Fanning, que em diferentes momentos dá espaço para os conflitos possíveis da sua condição, seja quando esconde seu peito ou quando trabalha incansavelmente para desenvolver sua versão feminina. Há clara indicação de sua necessidade primordial de encontrar uma vida mais autêntica. Sua avó homossexual não compreende as angústias da neta. Em seu universo, o desejo pelo mesmo sexo pode ser resolvido apenas assumindo a homossexualidade, sem que seja necessário trocar de sexo. Ela não percebe que para a neta (o), o maior problema não é a orientação do seu desejo, mas viver em um corpo que não reconhece como seu. Desde os 4 anos, ela percebe que aquele corpo não lhe pertence, que não é livre para ser ele mesmo, enquanto habita um corpo que lhe aprisiona.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Cercas/ Um limite entre nós


ASSUNTO

Racismo, relações familiares, afetivas e sociais, crise existencial e social.

SINOPSE

Baseado na aclamada e premiada peça teatral homônima, um jogador de beisebol frustrado (Denzel Washington), que sonhava em se tornar um grande jogador durante sua infância, agora trabalha como coletor de lixo para sobreviver. Troy terá de navegar pelas complicadas águas de seu relacionamento com a esposa (Viola Davis), o filho e os amigos.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA

A primeira palavra que me veio à mente foi ‘amargura’, e, no desdobrar da trama, ‘poesia’. Como é que duas palavras assim tão antagônicas podem preencher o enredo? Só assistindo para compreender. Troy é complexo, uma pessoa frustrada, ferida, amarga. Acompanhamos sua forma “engessada” de viver, e, sua dificuldade de lidar com o mundo e consigo mesmo. Ele é produto de uma história dura, transborda discursos intermináveis, sobrevive em uma armadura de valores rígidos, que muitas vezes o impede de entrar em contato com as emoções. O título do filme é uma metáfora. O limite das CERCAS é uma questão de honra, é obrigação, proteção e prisão. Os “deveres” contornam seu discurso, principalmente quando se refere à educação que impõe aos filhos. Não, ele não é de ferro, nem consegue sobreviver segundo seus próprios princípios. As relações familiares são ora poéticas ora extremamente rígidas. O amor está no ar, de uma forma difícil de capturar.  Dos vários irmãos dele, sobrou o contato com Gabriel, um sobrevivente com sequelas da guerra. Gabe pode ser problema, mas também solução. Com a amorosa esposa, Troy consegue ser agradável, ela que lhe dá suporte, ao mesmo tempo em que contém seus excessos. O amigo Bono é parceiro de jornada, bom ouvinte, respeitado e querido. Como muitos pais, não há lugar para o desejo dos filhos, sua receita de vida basta para impor suas crenças e valores. Ao relatar sua infância, Troy revela sua dor, a ausência de afeto, a imposição de obrigações com a família. Ele não aprendeu a amar, sua trajetória lhe deixou cicatrizes, que não quer deixar para o filho caçula. Entretanto, suas escolhas não foram as melhores. Preso a própria experiência, Troy não admite outras possibilidades. Impedimentos fazem parte da sua cerca, não lhe é permitido ouvir, ver, sentir novas perspectivas para os seus. “Cercas”  é um filme sobre relações familiares, sobre nossa relação com a família de origem, sua influência em nossa família e vida atual.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Lalaland – Cantando estações

ASSUNTO


Relações sociais e afetivas, realização profissional, relação eu-mundo, passado-presente, razão-emoção, conceitos Gestálticos: totalidade, contato, estética, "boa forma", processo criativo.

SINOPSE

Ao chegar em Los Angeles o pianista de jazz Sebastian (Ryan Gosling) conhece a atriz iniciante Mia (Emma Stone) e os dois se apaixonam perdidamente. Em busca de oportunidades para suas carreiras na competitiva cidade, os jovens tentam fazer o relacionamento amoroso dar certo enquanto perseguem fama e sucesso.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Aclamado pela crítica, o longa encanta pelo conjunto da obra. O musical traz o ‘colorido da vida’ ligado pela ponte da cena inicial, ligação que pode ser o lugar da busca pelo sonho, o lugar da vida, o lugar do encontro, o lugar da existência . Temos uma bela metáfora, ligando passado e futuro (presente, caminho, momento), realidade e sonhos, razão e emoção, dentro e fora, eu-mundo, etc. Será que existe mesmo uma ponte que une/separa ou tudo é uma coisa só, uma totalidade? Lalaland toca o coração do espectador, contando uma estória simples, que resume muito bem o roteiro da vida de qualquer um. Como buscar a realização profissional e o amor, como escolher, como seguir ou não as receitas de felicidade? Oscilamos o tempo todo entre nossas necessidades e as necessidades do mundo que nos cerca, somos parte e todo, e, é nesta relação, nesta dança, neste lugar de ir e vir que vivemos e nos desenvolvemos. A ponte, lugar de ligação e de paralisação do trânsito, é também lugar de dança, música e movimento. Um recorte excepcional para expressar o processo da existência. Este é apenas o ponto de partida, ou uma perspectiva inicial, para falarmos de Lalaland, que canta e encanta em sua evolução, tocando o público de forma sutil, evidenciando o lugar de encontro como tempo-espaço de ganhos e perdas, o  lugar de escolhas. Não se trata de um simples musical, e, sim, de uma forma poética de expressar resumidamente a vida. Acompanhamos encontros e desencontros dos protagonistas em busca de seu lugar no mundo. O processo de conhecer a si mesmo e ao outro, descobrir-se, descortinar-se a cada encontro, faz de Lalaland uma obra excepcional. Não falamos apenas de estética cinematográfica, que inclui cores e sons para englobar sua beleza, falamos da estética da vida, que supera os requisitos exigidos pela academia da sétima arte, pois prioriza o fluir como condição necessária para a busca da “boa forma”.  

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O amor no divã

ASSUNTO

Relações afetivas, relação terapêutica, traição, casal e família, crise conjugal

SINOPSE

Malka Stein (Zezé Polessa) é uma renomada psicóloga e terapeuta especializada em realizar terapias de casal e guiar casamentos para um lugar melhor. No entanto, após trinta anos do seu próprio casamento e com a chegada de um novo casal ao seu consultório, Malka começa a perceber que ela mesma pode estar precisando de uma terapia de casal.





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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Estréia prevista para 8 de dezembro. Uma comédia leve e encantadora sobre a busca de terapia durante a crise conjugal. Confesso que me surpreendi, positivamente. Para terapeutas e casais, não há como não se identificar com uma ou outra passagem. Podemos chamar de clichê ou óbvio, mas não há como fugir disso, quando tentamos falar de crise conjugal. Afinal de contas, todos temos facilidade de reconhecer o óbvio na atitude dos outros, já em nós mesmos não é tão fácil assim. O filme é divertido, leve e provocante. Temos a crise como tema que costura a trama, não só com o casal que busca terapia, mas também com a própria terapeuta e mais dois casais que são entrevistados durante sua evolução. A forma de cada um lidar com os conflitos da relação é particular, entretanto, não é incomum encontrar reações semelhantes, como se fossem construídas socialmente. As diferentes perspectivas, do terapeuta e dos clientes, se desenrolam na tela de forma graciosa e bem humorada, sem deixar de apontar diferentes realidades. Uma obra de ficção não tem compromisso de retratar fatos, seja do processo terapêutico, do tempo de sessão, da forma de contrato, ou, do tipo de intervenção indicada, sensata ou ética. Sendo assim, foi surpreendente como o filme conseguiu extrair risos frouxos do público, principalmente, pela sutileza e obviedade que com a qual conseguiram se aproximar da realidade dos fatos. Críticas sutis e temas necessários, como traição, sexualidade, conflitos de casal, conflitos existenciais, fronteira individual de casal, e, até do terapeuta, se entrelaçam na tela, proporcionando momentos de diversão, descontração e reflexão. Sim, difícil sair de lá sem ter o que debater, seja como profissional terapeuta ou como parte de uma relação conjugal. Com tempo curto de projeção e sem precisar se aprofundar em cada tema, a comédia pode ser um programa pra lá de agradável, podendo render ricos debates.  

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Sem filtro

ASSUNTO

Universo virtual, conflitos sociais, familiares e afetivos, ansiedade, pânico, qualidade de vida, mídias sociais, crise existencial.

SINOPSE

Pía ( Paz Bascuñán ) está à beira de um colapso nervoso: Seu chefe a humilha, seu marido a ignora, seu enteado não a respeita, e seu melhor amigo não a ouve. Pía tem uma forte dor no peito e depois de tentar de tudo para curar ela decide se submeter a um tratamento de acupuntura. O médico chinês descobre que a dor de Pía é causada por sentimentos reprimidos e com uma técnica antiga que ele tira o filtro. A partir de agora, Pía não vai filtrar e perceber que a única maneira de curar é para dizer tudo o que ela pensa ... que não vai trazer bons resultados.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

A psicologia trabalha com o óbvio. Sim, aquilo que está bem na frente do nosso nariz, e que, por conta do nosso envolvimento emocional, não conseguimos enxergar. A comédia brinca com nosso cotidiano: as questões contemporâneas que nos assombram. SEM FILTRO é uma comédia irreverente que nos confronta com o ônus e bônus trazidos pelos avanços tecnológicos. Exite algo mais terapêutico do que a oportunidade de decortinar nosso ser? Quando o filme favorce a identificação do público, pode ser questionador, portanto, terapêutico.  Não falamos apenas das questões trazidas pela virtualidade de cada dia, pois o filme chileno também nos coloca na tela, quando inclui questões cotidianas comuns, como: os problemas de trânsito, de comportamento das operadoras de telemarketing, do funcionário “padrão”, da geração de adolescentes "sem noção", da impessoalidade nas relações e das celebridades midiáticas. Tudo, sem esquecer da sedução de uma vida "perfeita", idealizada, consumida e fácil de ser aceita como objetivo. Acomodar-se ao que é confortável, nos parece sinônimo de felicidade. Para quem não se satisfaz com a realização do sonho existe medicação. Estamos no século XXI! Tudo que está “bombando” na internet se torna prioridade. O público se vê em cada conflito enfrentado por Pia, uma publicitária bem sucedida, que é responsável pelo marketing digital de uma agência. Seu trabalho sofre mudanças radicais, na tentativa de “acompanhar” os avanços da era digital. Como se não bastasse o ambiente profissional, que a elege a categoria de “ultrapassada”, Pia enfrenta diferentes problemas familiares e pessoais, que a levam a crises de ansiedade contínuas.

sábado, 17 de setembro de 2016

O nosso ultimo verão na Escócia / O que nós fizemos no nosso feriado (Netflix)

ASSUNTO

Relações familiares, afetivas e sociais, doença terminal. depressão, separação e morte.

SINOPSE

Doug e Abi decidem viajar até à Escócia com os três filhos pequenos, para comemorar o aniversário de Gordie, o pai de Doug, que celebra 75 anos. No entanto, os dois têm um segredo que gostariam de esconder do resto da família, mas não será nada fácil ocultar o divórcio com as crianças por perto… E o que prometia ser uma harmoniosa reunião familiar acaba por trazer à superfície ressentimentos passados, quando um dia na praia se transforma em tragédia e as crianças põem mãos-à-obra para resolver o assunto.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Os pais (Doug e Abbi) estão em processo de divórcio, não se ouvem mais, discutem o tempo todo e fazem uma viagem juntos para comemorar o aniversário do pai de Doug, na Escócia. As crianças, visivelmente afetadas pela separação e brigas constantes dos pais, prometem não contar ao restante da família, que os pais já moram em casas separadas. Elas sabem que o aniversariante está doente, entretanto não sabem que a doença é terminal. A família, como qualquer outra, tem lá seus segredos e problemas. Aos poucos, as questões emergem, revelando o avesso do mundo adulto. Mas é o olhar das crianças que nos permite vislumbrar a obviedade da vida. Temas como separação, depressão e morte são apresentados com suavidade, sem que o peso e a complicação do mundo adulto, que usa o raciocínio lógico para se afastar dos “sentidos”. É assim mesmo, as crianças mantém os sentidos aguçados, vivem em plenitude as percepções de mundo, sem que qualquer obstáculo racional impeça a experiência. E, são esses personagens graciosos os responsáveis pelo encantamento e delicadeza da trama. Temos, de fato, muito que aprender com as crianças! O avô, prestes a fazer 75 anos e enfrentando a doença terminal, tem uma relação emocionante com os netos. Os diálogos são impregnados de doçura e clareza, não há regra social capaz de obstruir a comunicação entre eles.