ASSUNTO
Adolescência, despertar da sexualidade, Homossexualidade, diferenças, relações familiares, sociais e afetivas.
SINOPSE
Verão de 1983, norte da Itália. Elio Perlman,
um jovem ítalo-americano de 17 anos, passa seus dias na vila de sua família, um
antigo casarão do século XVII. Seus dias são repletos de composições ao piano e
flertes com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver, um charmoso homem de 24 anos, que
está fazendo doutorado, chega para ajudar o pai de Elio, um renomado professor,
em sua pesquisa sobre cultura greco-romana. Sob o sol do verão italiano, Elio e
Oliver descobrem a beleza do despertar de novos desejos que irão mudar as suas
vidas para sempre.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Pode
não agradar, não só pelo tema delicado, mas pelo ritmo lento, principalmente na
primeira parte. No entanto, é exatamente pelo ritmo, que o longa proporciona o
envolvimento do público no sensível processo de contato entre os protagonistas.
“Me chame pelo seu nome” traz em seu título o anúncio do tema que será
desdobrado na tela: A entrega no encontro com o outro, tão intensa e
arrebatadora, que promoverá autoconhecimento. Elio é maduro para sua idade
e conhecedor de diversos assuntos, mas não deixa de ser adolescente. Como tal,
seu corpo e mente sofrem transformações, ele está desabrochando. A chegada de
Oliver afeta seu mundo de diferentes formas, o que o deixa confuso. O despertar de sua sexualidade começa em
momentos de tensão, que aos poucos se transformam. A experiência intensa e
arrebatadora irá afetar a ambos para sempre. Não é sobre homossexualidade, é
uma história de amor, do primeiro amor, simplesmente, amor.
O belo preenche a
telona em todas as formas, começando pelo belo visitante, continuando pela
paisagem, cenário, etc. O tempo deixa de ser aquele que escraviza o cotidiano,
para tornar-se preguiçoso na maior parte das cenas. Torna-se urgente apenas
quando Elio e Oliver transbordam o desejo contido e mergulham em um turbilhão
de sentidos. Não é sobre sexo apenas, é sobre descobrir a si mesmo através do
outro. É sobre estar despido de corpo e alma, vivenciando a experiência em sua
plenitude. A excitação, que vai além do corpo, explora e supera os sentidos,
agregando arte e cultura. Na casa de Élio, diferentes línguas são faladas com
naturalidade. Aliás, as diferenças são parte do todo, vivenciadas com
simplicidade. As cenas de sexo priorizam
a sensualidade, explorando com sensibilidade e naturalidade o desejo humano. Na
reta final, temos um diálogo de peso entre pai e filho. Alguns podem considerar
que a cena pode definir a trama com uma temática homossexual. Sim, é dito algo
sobre não abrir mão da própria identidade, apesar das dificuldades na
homossexualidade. Uma boa mensagem para aqueles que não se aceitam. Por outro
lado, a urgência de uma definição concreta de ser, seja homo ou heterossexual,
também pode se tornar um rótulo que aprisiona. O filme não define o rumo dos
personagens, apenas deixa clara a importância da experiência para ambos. Toda
experiência humana de afeto – contato pleno onde afetamos e somos afetados – será
parte do que somos. O outro é experimentado como parte do que sou. Daí, a
inesquecível definição do título, “Me chame pelo seu nome” deixa de ser apenas
um ato de entrega, mas uma declaração de amor a si mesmo. O outro nos revela o
melhor de nós, cada um leva um tanto do outro.
O primeiro ou mais intenso amor poderá nos habitar para sempre, ajudando
a definir quem somos. Entretanto, não é preciso aprisionar a qualquer rótulo. O
filme provoca, questiona padrões e encanta com sua delicadeza. Recomendo!
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