domingo, 25 de fevereiro de 2018

Me chame pelo seu nome

ASSUNTO

Adolescência, despertar da sexualidade, Homossexualidade, diferenças, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE

Verão de 1983, norte da Itália. Elio Perlman, um jovem ítalo-americano de 17 anos, passa seus dias na vila de sua família, um antigo casarão do século XVII. Seus dias são repletos de composições ao piano e flertes com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver, um charmoso homem de 24 anos, que está fazendo doutorado, chega para ajudar o pai de Elio, um renomado professor, em sua pesquisa sobre cultura greco-romana. Sob o sol do verão italiano, Elio e Oliver descobrem a beleza do despertar de novos desejos que irão mudar as suas vidas para sempre. 

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Pode não agradar, não só pelo tema delicado, mas pelo ritmo lento, principalmente na primeira parte. No entanto, é exatamente pelo ritmo, que o longa proporciona o envolvimento do público no sensível processo de contato entre os protagonistas. “Me chame pelo seu nome” traz em seu título o anúncio do tema que será desdobrado na tela: A entrega no encontro com o outro, tão intensa e arrebatadora, que promoverá  autoconhecimento. Elio é maduro para sua idade e conhecedor de diversos assuntos, mas não deixa de ser adolescente. Como tal, seu corpo e mente sofrem transformações, ele está desabrochando. A chegada de Oliver afeta seu mundo de diferentes formas, o que o deixa confuso.  O despertar de sua sexualidade começa em momentos de tensão, que aos poucos se transformam. A experiência intensa e arrebatadora irá afetar a ambos para sempre. Não é sobre homossexualidade, é uma história de amor, do primeiro amor, simplesmente, amor.
O belo preenche a telona em todas as formas, começando pelo belo visitante, continuando pela paisagem, cenário, etc. O tempo deixa de ser aquele que escraviza o cotidiano, para tornar-se preguiçoso na maior parte das cenas. Torna-se urgente apenas quando Elio e Oliver transbordam o desejo contido e mergulham em um turbilhão de sentidos. Não é sobre sexo apenas, é sobre descobrir a si mesmo através do outro. É sobre estar despido de corpo e alma, vivenciando a experiência em sua plenitude. A excitação, que vai além do corpo, explora e supera os sentidos, agregando arte e cultura. Na casa de Élio, diferentes línguas são faladas com naturalidade. Aliás, as diferenças são parte do todo, vivenciadas com simplicidade.  As cenas de sexo priorizam a sensualidade, explorando com sensibilidade e naturalidade o desejo humano. Na reta final, temos um diálogo de peso entre pai e filho. Alguns podem considerar que a cena pode definir a trama com uma temática homossexual. Sim, é dito algo sobre não abrir mão da própria identidade, apesar das dificuldades na homossexualidade. Uma boa mensagem para aqueles que não se aceitam. Por outro lado, a urgência de uma definição concreta de ser, seja homo ou heterossexual, também pode se tornar um rótulo que aprisiona. O filme não define o rumo dos personagens, apenas deixa clara a importância da experiência para ambos. Toda experiência humana de afeto – contato pleno onde afetamos e somos afetados – será parte do que somos. O outro é experimentado como parte do que sou. Daí, a inesquecível definição do título, “Me chame pelo seu nome” deixa de ser apenas um ato de entrega, mas uma declaração de amor a si mesmo. O outro nos revela o melhor de nós, cada um leva um tanto do outro.  O primeiro ou mais intenso amor poderá nos habitar para sempre, ajudando a definir quem somos. Entretanto, não é preciso aprisionar a qualquer rótulo. O filme provoca, questiona padrões e encanta com sua delicadeza. Recomendo!


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