ASSUNTO
Relações afetivas e familiares, perdas, luto, morte, memória afetiva, Constelação Familiar, autoconhecimento, totalidade, campo, contato (conceitos gestalticos).
SINOPSE
Miguel é um menino de 12 anos que quer muito
ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu
sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos
ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado
mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Animação
encantadora que ousa falar de morte, real ou simbólica, através de música, cores,
poesia e afeto familiar. É impossível permanecer indiferente diante de questões
que podem ser tanto singulares, quanto comuns. Ainda, que o enredo tenha como
pano de fundo a cultura mexicana, ou, que explore questões particulares da
família de Miguel, estamos diante de temas comuns a qualquer família. Sendo
assim, há na trama o encontro, ou embate, entre a tradição familiar e os
desafios da nova geração. Toda família tem suas próprias regras. Suas crenças e
valores são, muitas vezes, desafiados pela nova geração. Miguel não foge a
regra, deseja transgredir os limites impostos pela família, pois a música é a
arte que já faz parte de quem ele é. É no “dia de muertos”, feriado celebrado
pelos mexicanos de um jeito especial, que ele decide ir atrás de seu sonho. No
processo de individuação, ou, na busca por sua identidade, Miguel se depara com
uma parte que falta na foto da família. Essa parte faltante o leva para o mundo
dos mortos. A morte, ou, os mortos,
ganham outra perspectiva, sendo suavizados através da expressão repleta de sons, cores e o clima festivo. Aqui, a chave mestre é o afeto, aquele capaz de manter na memória a
lembrança do familiar que partiu. A dor não é o único caminho. Para os mexicanos,
é dia de festa, com direito a oferendas diante das fotos dos entes e a família
reunida, é um encontro de gerações. Na celebração, o caminho é decorado com
pétalas de flores, para que os entes queridos possam visitar suas famílias (o
que só é permitido no referido feriado).
Além de homenagear a cultura mexicana, a animação convida o expectador a
entrar em contato com seu campo familiar, o que pode promover boas reflexões.
Para quem conhece ou vivenciou uma Constelação Familiar, o filme pode ser uma
oportunidade de rever alguns princípios propostos por Hellinger, como lealdade
familiar, exclusão, sensação de pertencimento e ancestralidade. Na abordagem da
Literatura e mitologia, o herói tem que descer aos infernos, a fim de libertar
alguém ou cumprir uma etapa necessária na busca do seu autoconhecimento. Sua
luta, travada com monstros assustadores, pode representar a luta consigo mesmo,
na busca de integração de seu mundo. Miguel está nessa jornada. Na abordagem
gestáltica, as partes alienadas, ou situações inacabadas, são sinalizadas
através de sintomas ou conflitos. A necessidade de elaboração, enfrentamento ou
aceitação é busca pela totalidade do ser, o caminho da autorrealização. Miguel
enfrenta sua própria jornada, aprendendo mais sobre si mesmo, afetando e sendo
afetado no mundo, seja dos mortos ou dos vivos. Campo,
parte-todo, ciclo de contato e teoria organísmica são alguns dos conceitos que
podem ser observados na trama. Entretanto, na perspectiva da Gestalt-terapia, a
riqueza da animação está no fato possibilitar ao espectador o contato com seu
mundo próprio, ou, seus tantos mundos possíveis. As sensações despertadas pela
trama permitem uma experiência única. A mesma magia que possibilita ao Miguel
uma nova perspectiva, também encanta o espectador, que pode ser “tocado” de
forma surpreendente. Cativante, a animação emociona o público, de qualquer
idade, tirando gargalhadas e lágrimas naturalmente, sem apelações. Resumindo em uma única palavra, é espetacular,
não perca!
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