Infância, relações familiares, sociais e afetivas, solidão, educação, controle, universo lúdico, criatividade e sensibilidade.
SINOPSE
Uma garota acaba de se mudar com a mãe, uma controladora obsessiva que deseja definir antecipadamente todos os passos da filha para que ela seja aprovada em uma escola conceituada. Entretanto, um acidente provocado por seu vizinho faz com que a hélice de um avião abra um enorme buraco em sua casa. Curiosa em saber como o objeto parou ali, ela decide investigar. Logo conhece e se torna amiga de seu novo vizinho, um senhor que lhe conta a história de um pequeno príncipe que vive em um asteróide com sua rosa e, um dia, encontrou um aviador perdido no deserto em plena Terra.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O assunto do setting terapêutico girava em torno do tema pontuado pela irmã, que sinalizou sua forma séria de educar. Nós conversávamos sobre o quanto a responsabilidade de educar provoca certa seriedade, principalmente em situações de pais separados, quando aquele que fica com a criança tem que fazer dois papéis, pai e mãe. O projeto de educar ocupa a mente da mãe ou pai de tal forma, que eles se esquecem de relaxar, brincar, acessar a criança em suas necessidades básicas. Lembrei-me, então, de um alerta de Ângelo Gaiarsa, um psiquiatra brasileiro, que afirmava que muitas mães estão tão preocupadas em serem “boas mães”, e, investem toda energia em alguma “receita” aprendida. Durante o processo há desperdício de energia, o que torna impossível ouvir o próprio filho com suas demandas particulares. Hoje fui ver O PEQUENO PRÍNCIPE, e, logo no início me lembrei desse episódio, quando em off, o personagem fala “Os adultos esquecem de brincar”. Imediatamente, percebi que o filme podia superar minhas expectativas. Sim, o filme é indicado não só para crianças, mas também para todo pai ou mãe, que ao se preocupar com o futuro do filho (a), planeja, investe e controla as suas atividades, visando a “melhor educação” para um futuro promissor. Durante esse processo, eles se esquecem de brincar, de ouvir e de participar efetivamente do universo da criança, muitas vezes sufocando seu potencial criativo. Além disso, na ânsia de garantir o futuro de um filho, eles abandonam a criança interior, deixam de se divertir com a família, ficam sempre alertas para o comportamento “certo” e “errado” do filho, assim, afastam as possibilidades de crescerem juntos, de forma prazerosa, criativa e divertida. Voltando ao filme, quem conhece o livro também poderá se surpreender, pois a trama vai um pouco além do que foi proposto no livro de Saint-Exupéry.