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sexta-feira, 5 de março de 2021

Loucura de amor/Louco por ella


ASSUNTO

Relações social, afetivas e de casal, saúde mental.

SINOPSE

Adri (Álvaro Cervantes) é o típico homem bem-sucedido na vida, garanhão, que não se prende a ninguém. Certa noite, ele faz uma aposta com os amigos de que consegue seduzir uma loira que está no bar, porém, quando estava a caminho da moça, Carla (Susana Abaiatua) esbarra nele. Encantado pela energia eufórica da moça à sua frente, Adri se sente hipnotizado e segue aquela enigmática moça em todos os seus mirabolantes planos – e, com ela, tem a melhor noite de sua vida. Porém, com o nascer do sol, a misteriosa moça sai correndo, deixando Adri sem nenhuma informação sobre ela e com um enorme vazio no peito.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Que grata surpresa! Há muito tempo que não assistíamos a um filme assim, leve, encantador e interessante. Sim, interessante, pois a comédia romântica escolheu pincelar assuntos sérios e necessários, de forma leve e provocante. Obviamente, loucura e amor são assuntos já debatidos em diferentes contextos, pois sempre foram considerados parentes. No filme, a loucura não se restringe ao estado da paixão enlouquecedora, mas vai além, ao percorrer o caminho delicado da saúde mental. Sim, estamos diante de Adri, personagem que se considera normal, e, após compartilhar a aventura de uma noite inesquecível, se percebe capturado pela garota misteriosa. Carla, personagem que lhe proporcionou a noite mais alucinante, prazerosa e inusitada de sua vida, avisou que seria uma única noite, mas não bastava, ele queria mais. Entorpecido, busca pistas para encontrar a mocinha. Até então, é inevitável pensar na cinderela e o sapatinho dos contos de fadas... 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

A favorita


ASSUNTO

Jogos de poder da realeza, relações sociais e afetivas.

SINOPSE.

Na Inglaterra do século XVIII, Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough (Rachel Weisz) exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da Rainha Ana (Olivia Colman). Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail (Emma Stone), nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes à oportunidade única.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Fofocas e intrigas da corte habitam a trama, que baseada em fatos reais, passeia pelo mundo dos detentores do poder, em uma época em que a realeza decidia o rumo da história, mesmo sem a menor condição de fazê-lo. Um jogo cruel e manipulador de interesses políticos e pessoais são explorados no filme, evidenciando a força da influência feminina. Falamos da disputa entre duas mulheres que servem a rainha, através da amizade e de favores sexuais, ambas manipulam suas decisões, seja por interesse pessoal ou político. Em forma de sátira, o Longa faz uma crítica aos jogos sórdidos do poder, explorando as possibilidades e impossibilidades dessas relações. A rainha, louca e com tendências homossexuais, é,  por sua vez,  retratada como mimada. É possível perceber que ela é falha, humanamente imperfeita, como todos podem ser. Apesar de ocupar um cargo de liderança, tudo que ela quer é o lado bom da vida. Usufruir de todas as possibilidades prazerosas, sem que seja necessário tomar decisões e ser julgada por isso, que é desejável. Abrir mão da responsabilidade por suas escolhas é um desejo comum nos mais diversos quadros patológicos.  Por isso, ela se tornava alvo para a disputa daquelas mulheres, a estrategista e a alpinista social, que rápido aprende a usar as mesmas armas.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Felicidade por um fio



ASSUNTO

Preconceito, relações afetivas, familiares e sociais.

SINOPSE

Violet Jones (Sanaa Lathan) é uma publicitária bem-sucedida que considera sua vida perfeita, tendo um ótimo namorado e uma rotina organizada meticulosamente para conseguir estar sempre impecável. Após uma enorme desilusão, ela resolve repaginar o visual e o caminho de aceitação de seu cabelo está intrinsecamente ligado à sua reformulação como mulher, superando traumas que vêm desde a infância e pela primeira vez se colocando acima da opinião alheia.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

“Felicidade por um fio” é uma comédia leve sobre a construção do amor próprio. O preconceito internalizado na infância é parte do que faz Violet buscar a perfeição em sua forma de funcionar no mundo. Alguma receita pronta de “vida perfeita” tornou-se o norteador de seu viver, oprimindo sua autenticidade e a aceitação de si mesma. Ainda que seja uma comédia despretensiosa, a trama apresenta um tema interessante, que pode encontrar identificação em diferentes espectadores. O preconceito, de qualquer espécie, pode ser internalizado ainda na infância, tornando a aceitação de si mesmo um processo longo e doloroso. Aliás, doloroso é viver em um formato diferente da própria naturalidade de ser, entretanto, isso é mais comum do que podemos imaginar. A preocupação em se adequar ao que é apreendido como desejável, como forma de ser aceito e bem visto pela sociedade, pode distanciar a pessoa de quem é de fato. A vida neurótica, aparentemente perfeita, pode ser bastante sofrida. Escrava da aparência, Violet representa outros tantos que não estão satisfeitos consigo, devido a um modelo do que é considerado “normal”, socialmente aceito, ou, imposto pela “ditadura da beleza”. Em um momento de decepção amorosa, de sofrimento e dor,  a protagonista encontra o caminho de volta para si, resgatando sua espontaneidade e o orgulho por ser quem é:  mulher, negra, com opinião própria. Desfazer-se de seu cabelo é como despir-se, sentir-se nua em público.  Trata-se de um processo semelhante ao terapêutico, que nos coloca frente a frente com o que somos, nos revelando aos poucos, descortinando as aparências para revelação do ser.  A desconstrução de um modelo automático, pré-fabricado, dá lugar a novas descobertas sobre desejos e objetivos, inaugurando um novo caminho, resgatando os sentidos em sua totalidade do ser. Fritz Perls, considerado o pai da Abordagem psicológica conhecida como Gestalt-terapia, nos alertava sobre o perigo dessa busca pela perfeição, ao afirmar;

“Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo é uma maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. Você é perfeito, se se permitir, ser. Amigo, não tenha medo de erros. Erros não são pecados. Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova. Amigo, não fique aborrecido por seus erros. Alegre-se por eles. Você teve coragem de dar algo de si.” 

domingo, 18 de março de 2018



ASSUNTO

Relações familiares, sociais e afetivas, suicídio, psicodiagnóstico, saúde mental e arte.

SINOPSE

1891. Um ano após o suicídio de Vincent Van Gogh, Armand Roulin (Douglas Booth) encontra uma carta por ele enviada ao irmão Theo, que jamais chegou ao seu destino. Após conversar com o pai, carteiro que era amigo pessoal de Van Gogh, Armand é incentivado a entregar ele mesmo a correspondência. Desta forma, ele parte para a cidade francesa de Arles na esperança de encontrar algum contato com a família do pintor falecido. Lá, inicia uma investigação junto às pessoas que conheceram Van Gogh, no intuito de decifrar se ele realmente se matou.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

A animação é uma obra prima, trazendo para a telona a arte de Van Gogh em movimentos, tão tocantes quanto suas obras. Como qualquer obra prima, inspira diferentes percepções no espectador. A animação quase documental, não se furta de evidenciar conflitos existenciais de sua história, traduzidos em suas obras. Tal qual Armand, personagem que investiga a vida do artista, somos conquistados aos poucos, pela riqueza de situações emocionantes e curiosas em torno do mestre. Alguns elementos históricos foram incluídos na trama, de forma tão sensível, que o filme se torna magnífico. Um dos aspectos que mais me tocou, tem a ver com repetidas angústias que chegam diariamente ao consultório de psicologia. Falamos da dificuldade daqueles que não se “encaixam” no que a família ou a sociedade espera dele. Encontrar a própria vocação, em meio às pressões familiares e sociais, pode ser dilacerante. Família e sociedade funcionam com seus padrões de exigência, muitas vezes desestimulando, reprovando, sufocando a singularidade do ser. A adolescência, momento de ENEM, de pressão versus sensações intensas, podem desencadear frustrações insuportáveis. A ausência de suporte pode agravar a situação. A crítica, a reprovação, afeta o processo de identidade da pessoa, sua auto estima pode ser prejudicada. A depressão, mal do século, pode ser considerada como a melhor alternativa, que o sujeito encontra para lidar com a situação. Longe de apontar uma relação causal para a depressão, estamos partilhando uma reflexão provocada pela trama.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Três anúncios para um crime

ASSUNTO

Relações familiares, sociais e afetivas; abuso de poder, violência, racismo e família disfuncional.

SINOPSE

Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes (Frances McDormand) decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela investigação.
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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Não existe nada óbvio no longa, ainda que tenha como tema central algo que assim possa parecer. Entre o absurdo e a crueldade da vida, o filme transita entre os acontecimentos e personagens peculiares. Com humor negro surpreendente, recheado de personagens complexos, a trama perpassa entre o bem e o mal, sem escolher lado. Não há herói, nem vilão. A mãe, inconformada com a lentidão das investigações, age de acordo com suas convicções. A cidade é pequena, a lei tem suas particularidades e seus agentes a aplicam de acordo com as próprias convicções. Por outro lado, a culpa é um peso a ser carregado, pois ninguém está livre de cometer erros em ações promovidas pela própria noção de justiça. É bom ressaltar que o crime brutal, tema central da trama, não é a única injustiça retratada. Temos um retrato particular e universal, quando observamos as diferentes reações, ou a falta dela, diante do fato que pode afetar a vida dos personagens. A raiva está nos pequenos e grandes movimentos dos personagens, em diversos momentos da trama. As relações sociais e familiares não estão ausentes, ao contrário, são exploradas.  A pacata cidade do interior se transforma num cenário doente, onde todos têm seus anjos e demônios expostos. Não é sobre a solução de um crime, nem sobre lição de moral. Com humor ácido, o filme denuncia mais do que um crime, provoca o próprio julgamento, confronta tudo que é politicamente correto, incomoda. Um episódio abominável altera a rotina de várias pessoas, desencadeando reações inesperadas. Racismo, abuso de poder, culpa, manipulações afetivas, doenças físicas e/ou mentais, relações familiares disfuncionais são temas que podem provocar diferentes reações no espectador, pela forma que são apresentados. A crueldade, as motivações, os encontros e desencontros, as diferentes provocações e reações suscitadas, nos personagens ou no espectador, podem provocar diferentes reflexões. alvez, muito necessárias, diante das atrocidades e inversão de valores que cada vez mais fazem parte do nosso cotidiano. Confira!

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Atypical


ASSUNTO

Relações familiares, afetivas, terapêutica e social, Autismo, Asperger. 

SINOPSE

Sam ( Keir Gilchrist) é um jovem autista de 18 anos que está em busca de sua própria independência. Nesta jornada, repleta de desafios, mas que rende algumas risadas, ele e sua família aprendem a lidar com  é tão óbvio assim.



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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Arypical (atípico) é a nova série da Netflix, que traz algumas singularidades do Espectro Autista para o centro do debate, muito mais para familiarizar o público, do que para rotular diferenças. Sam é atípico, não funciona como a maioria, foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na forma branda, o que antes era diagnosticado como Síndrome de Asperger. Difere do autismo clássico, não só pelos sintomas mais leves, mas principalmente por sua capacidade cognitiva, muitas vezes com a inteligência acima da média.  Sua forma de perceber o mundo é apresentada, favorecendo ao espectador compreender melhor o universo autista. Sim, Sam tem uma família comum, que aos poucos conhecemos em sua rotina imperfeita. Todos os personagens são humanos, repletos de conflitos e imperfeições, o que torna a série crível e simpática. A irmã de Sam é sua parceira, sua protetora e amiga. Ela também é atleta e leva muito a sério seu treino diário. Sam freqüenta a psicoterapia, vai à mesma escola da irmã e trabalha numa loja de eletro-eletrônicos. Seu pai trabalha fora e sua mãe abriu mão da carreira para dar suporte às necessidades do filho.  Somos convidados a conhecer o universo de Sam pela ótica autista, uma forma singular de perceber o mundo. Aos poucos, conhecemos a difícil realidade, não só dos familiares, mas da sociedade em geral, no trato com o TEA. A falta de compreensão ou informação sobre a condição autista e suas particularidades pode dificultar as relações, não só da sociedade com o portador, mas também do autista consigo mesmo e com o mundo. Ele se esforça para ser aceito pela sociedade, apesar de não perceber o entorno da mesma forma. Muitas vezes, o TEA desenvolve crises de depressão ou ansiedade, muito antes de compreender a si mesmo e as diferentes formas de perceber o mundo. O diagnóstico e a informação sobre suas particularidades podem favorecer uma vida mais saudável, integrando sua identidade. A série presta um serviço social ao apresentar sintomas e dificuldades reais vivenciadas por Sam e seus familiares. Quase didática, a série costura as relações afetivas e sociais de forma leve, agradável e até engraçada. A primeira temporada deixa o gosto de “quero mais” no espectador, pois além de promover esclarecimentos sobre o TEA, traz conflitos e conquistas de outros personagens bem reais, humanos e imperfeitos como todos nós. Vale conferir.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

O mínimo para viver

ASSUNTO

Anorexia, distúrbios alimentares, família disfuncional, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Uma jovem (Lily Collins) está lidando com um problema que afeta muitos jovens no mundo: a anorexia. Sem perspectivas de se livrar da doença e ter uma vida feliz e saudável, a moça passa os dias sem esperança. Porém, quando ela encontra um médico (Keanu Reeves) não convencional que a desafia a enfrentar sua condição e abraçar a vida, tudo pode mudar.


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O OLHAR DA PSICOLOGIA


Anorexia, entre outros distúrbios alimentares, é tema central do filme. Ellen, 20 anos, tem anorexia, uma doença que afeta também aos familiares.   Antes de tudo, vamos falar sobre transtornos alimentares, um mal que atinge parcela significativa da população. Os transtornos alimentares envolvem fatores biológicos, psicológicos, familiares, socioculturais, genéticos e de personalidade. A anorexia é um dos principais transtornos alimentares contemporâneos, no qual a pessoa vive o peso ou a forma do corpo de uma forma distorcida, se recusando a manter o peso corporal dentro do mínimo considerado adequado para sua idade e altura. Ellen acredita ter a situação sob controle, quando seu corpo revela o contrário, uma aparência esquelética e assustadora. A família, embora seja apresentada como disfuncional, está abalada, tentando ajudar da melhor forma possível, para cada um. Filha de pais separados, Ellen morou mais tempo com a mãe e sua namorada, mas foi enviada para a casa do pai, no momento em que a mãe não suportou mais lidar com a questão da anorexia. Apesar do pai ausente, assistimos o bom convívio com sua meia irmã e o esforço de sua madrasta em buscar ajuda para a enteada. Embora a família seja apontada como conflituosa e disfuncional, em nenhum momento são citados como responsáveis, nem é o foco da trama. Que, aliás, explora mais as questões do ponto de vista daqueles acometidos pelo transtorno. “Aqueles” são os outros personagens em tratamento, que embora sejam pano de fundo, também retratam suas angústias. O encontro com eles apresenta outras perspectivas do transtorno, seja pelos sintomas ou pela singularidade de cada personagem ao  lidar com o problema.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Os 13 Porquês – 13 Reasons Why

ASSUNTO

Depressão, bullying, estupro, assédio, violência, omissão, homofobia, sexualidade, suicídio, relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE

Uma caixa de sapatos é enviada para Clay (Dylan Minnette) por Hannah (Katheriine Langford), sua amiga e paixão platônica secreta de escola. O jovem se surpreende ao ver o remetente, pois Hannah acabara de se suicidar. Dentro da caixa, há várias fitas cassete, onde a jovem lista os 13 motivos que a levaram a interromper sua vida - além de instruções para elas serem passadas entre os demais envolvidos.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Febre do momento, “OS 13 Porquês” foi baseado no livro homônimo de Jay Asher. Provocando diferentes críticas, algumas favoráveis e muitas contrárias, a série está levantando o assunto em diferentes segmentos da sociedade. Há quem diga que pode se tornar um gatilho para aqueles que se encontram vulneráveis, outros tantos afirmam que os assuntos abordados na trama podem e devem ser discutidos. Indico abaixo links com diferentes opiniões. Por agora, prefiro destacar a importância de falarmos sobre o tema, ou, sobre os temas levantados. Aliás, acho que o aspecto mais positivo da proposta é, de fato, colocar os assuntos abordados em discussão, é o que está acontecendo. As polêmicas estimuladas por sua forma explícita ou pela fraqueza dos argumentos, cenas, etc., aqui não serão discutidos ou julgados. Queremos dividir algumas reflexões motivadas pelo contato com a série. A primeira coisa que chama a atenção foi o tom vingativo apresentado pelo projeto de Hanah, que dilui a responsabilidade entre os colegas (colegas??). Tudo bem, os relatos nos fazem pensar nas possíveis relações tóxicas que enfrentamos, não só na adolescência. Por esse prisma, pode servir como um alerta, um ponto de reflexão para aqueles que funcionam de determinada forma agressiva ou abusiva, sem se dar conta do quanto podem estar machucando o outro. Por outro lado, muitos suicídios cometidos por algum adolescente são por si só motivadores de culpa nos colegas, que se perguntam o que poderiam ter feito, ou deixado de fazer para evitar o desfecho trágico. Há também muito sofrimento para os que ficam, sem que seja necessária uma acusação gravada em fitas cassetes. Ok, a licença poética nos permite considerar a proposta como uma perspectiva possível, para dar voz a quem partiu e promover uma possível reflexão. Entretanto, é preciso refletir como o suicídio de um adolescente pode afetar seu entorno, causando sofrimento e dor aos familiares, amigos e colegas. Concordo com algo que li sobre o assunto, que afirma que o suicídio não é opção, muito menos para vingança.

sábado, 8 de abril de 2017

Léo e Bia

ASSUNTO

Relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE

Brasilia, 1973.  No auge da ditadura militar, sete amigos, jovens como a cidade em que moram, sonham viver de teatro. Liderado pelo diretor Léo (Emílio Dantas), o grupo  leva adiante os ensaios de uma peça que tece comparações entre Jesus Cristo e o cangaceiro Lampião. Enquanto a repressão política rola solta na capital federal e a liberdade sexual ainda é tabu, Bia (Fernanda Nobre) se mostra cada vez mais prisioneira da obsessão de sua mãe (Françoise Forton), fazendo com que todos questionem, cada vez mais, os conceitos e valores da sociedade. (RC)

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Pegando carona com a minissérie DE SONHOS E SEGREDOS, resolvi procurar outras obras de Osvaldo Montenegro. Gostei do que encontrei. A relação entre o teatro e o cinema é o ponto de partida do autor, que abusa da arte em sua totalidade para contar uma estória (ou história?). Não se trata de um teatro filmado, há linguagem cinematográfica costurando as cenas teatrais. Depois de assistir, fiquei com a impressão de que a mensagem mais forte do filme se resume no pensamento “Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”. Mas não é seu único recado. Temos um grupo que troca afetos, que se une em prol de um projeto, há presença física, contatos reais, eles compartilham experiências. A força do grupo está na intimidade revelada na tela. Foi resultado de muito ensaio e cumplicidade, parceria, durante um tempo de convivência. Por ser um cenário único, a interpretação é o ponto chave, capaz de tocar o espectador. Entretanto, não podemos deixar de lado o texto, que dá voz a uma geração, através de frases e citações impactantes.

terça-feira, 28 de março de 2017

FRAGMENTADO


ASSUNTO

Saúde mental, transtorno dissociativo de identidade, abuso, relação terapêutica, relações sociais.

SINOPSE

Kevin (James McAvoy) possui 23 personalidades distintas e consegue alterná-las quimicamente em seu organismo apenas com a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três adolescentes que encontra em um estacionamento. Vivendo em cativeiro, elas passam a conhecer as diferentes facetas de Kevin e precisam encontrar algum meio de escapar.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Transtorno dissociativo de identidade (anteriormente conhecido como distúrbio de personalidade múltipla ou transtorno de múltiplas personalidades) é uma condição psicológica complexa que é provavelmente causada por muitos fatores, incluindo trauma grave durante a primeira infância (abuso físico, sexual ou emocional geralmente extremo, repetitivo). Diferente de SYBIL, um filme de 1976 que relata um caso verídico de 17 personalidades, FRAGMENTADO mistura realidade e ficção, trazendo um paciente mais complexo. Kevin é acompanhado por terapeuta, que identificou 23 personalidades, até então. Na trama, ele entra numa nova crise, dando pistas de uma 24ª personalidade, ainda desconhecida. Sugerindo estar no comando, aos poucos ela irá controlar todas as outras personalidades, provocando o sequestro das três adolescentes e outros acontecimentos inesperados.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Jane procura um namorado


ASSUNTO

Síndrome do espectro autista, relações afetivas, sociais e familiares.

SINOPSE

Jane é uma jovem mulher cheia de sonhos, mas alguns deles limitados pela complexa Síndrome de Asperger, uma condição rara que afeta a capacidade do indivíduo de se socializar e de se comunicar de maneira afetiva. Ela encontra apoio sobretudo em sua irmã, Bianca, que decidiu ajudá-la com uma missão ousada: achar o par ideial para começar a namorar.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Ok, é um filme clichê, uma comédia romântica, blá blá blá. Entretanto, falamos de uma protagonista feminina com síndrome de Asperger. Só por isso já vale assistir. Jane tem paixão pelos filmes antigos, exercita seu desejo de vivenciar romances, usa os filmes para treinar, afinal de contas, os portadores da síndrome têm dificuldade de reconhecer expressões e expressar emoções. O treinamento é necessário, quando o plano é entrar para o universo dos namoros. O filme não aprofunda a questão diagnóstica, mas pincela algumas dificuldades comuns aos portadores da síndrome. Ela quer ser reconhecida em sua fase adulta, como pessoa capaz, quer namorar. O filme não revela aptidões específicas de Jane, como costuma ocorrer nesses casos. Sabemos apenas de seu talento como estilista, sem termos noção de algum direcionamento específico de sua inteligência. Asperger é uma condição neurológica do espectro autista caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. Difere de outros transtornos do espectro autista pelo desenvolvimento típico da linguagem e cognição. Embora não seja fundamental para o diagnóstico, ser fisicamente desajeitado e ter uma linguagem atípica ou excêntrica  são características frequentemente citadas pelas pessoas com a síndrome. Em geral, os Aspergers têm inteligência notável, o que não podemos constatar em Jane. Embora, algumas passagens mostrem seu interesse por leitura de temas, como astrologia, por exemplo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Sem filtro

ASSUNTO

Universo virtual, conflitos sociais, familiares e afetivos, ansiedade, pânico, qualidade de vida, mídias sociais, crise existencial.

SINOPSE

Pía ( Paz Bascuñán ) está à beira de um colapso nervoso: Seu chefe a humilha, seu marido a ignora, seu enteado não a respeita, e seu melhor amigo não a ouve. Pía tem uma forte dor no peito e depois de tentar de tudo para curar ela decide se submeter a um tratamento de acupuntura. O médico chinês descobre que a dor de Pía é causada por sentimentos reprimidos e com uma técnica antiga que ele tira o filtro. A partir de agora, Pía não vai filtrar e perceber que a única maneira de curar é para dizer tudo o que ela pensa ... que não vai trazer bons resultados.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

A psicologia trabalha com o óbvio. Sim, aquilo que está bem na frente do nosso nariz, e que, por conta do nosso envolvimento emocional, não conseguimos enxergar. A comédia brinca com nosso cotidiano: as questões contemporâneas que nos assombram. SEM FILTRO é uma comédia irreverente que nos confronta com o ônus e bônus trazidos pelos avanços tecnológicos. Exite algo mais terapêutico do que a oportunidade de decortinar nosso ser? Quando o filme favorce a identificação do público, pode ser questionador, portanto, terapêutico.  Não falamos apenas das questões trazidas pela virtualidade de cada dia, pois o filme chileno também nos coloca na tela, quando inclui questões cotidianas comuns, como: os problemas de trânsito, de comportamento das operadoras de telemarketing, do funcionário “padrão”, da geração de adolescentes "sem noção", da impessoalidade nas relações e das celebridades midiáticas. Tudo, sem esquecer da sedução de uma vida "perfeita", idealizada, consumida e fácil de ser aceita como objetivo. Acomodar-se ao que é confortável, nos parece sinônimo de felicidade. Para quem não se satisfaz com a realização do sonho existe medicação. Estamos no século XXI! Tudo que está “bombando” na internet se torna prioridade. O público se vê em cada conflito enfrentado por Pia, uma publicitária bem sucedida, que é responsável pelo marketing digital de uma agência. Seu trabalho sofre mudanças radicais, na tentativa de “acompanhar” os avanços da era digital. Como se não bastasse o ambiente profissional, que a elege a categoria de “ultrapassada”, Pia enfrenta diferentes problemas familiares e pessoais, que a levam a crises de ansiedade contínuas.

domingo, 17 de julho de 2016

Anomalisa


ASSUNTO
“Síndrome de Fregoli”, Depressão, solidão, relações sociais e afetivas,  deturpação dos sentidos

SINOPSE.
Michael Stone (voz de David Thewis) é um palestrante motivacional, marido, pai e respeitado autor de “Como Posso Ajudá-lo a Ajudá-los?” Michael, que acaba de chegar à cidade de Connecticut é um homem incomodado com a rotina da sua vida. Ele segue do aeroporto direto para o hotel, onde está programado para dar uma palestra em uma convenção, onde entra em contato com um antigo caso para que possam se reencontrar. A iniciativa não dá certo, mas Michael se surpreende ao descobrir uma possível escapada de seu desespero: Lisa, uma despretensiosa representante de vendas, que pode ou não ser o amor de sua vida. 

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O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Anomalisa” é uma animação para adultos, aliás, para poucos, embora imperdível. Há que se ter abertura para mergulhar no conflito existencial de Stone, e, perceber o mundo a partir dele. Sim, existe distorção na percepção dele em relação ao meio. Não existe problema na percepção singular de cada ser, entretanto, logo fica claro que há algo errado na percepção dele, que não consegue diferenciar a singularidade do outro.  Lhe falta empatia? Talvez, mas não é a única questão explorada. Acompanhamos a rotina monótona de alguém que, apesar do sucesso com seu livro motivacional, se encontra sem qualquer motivação em sua rotina. Há um pé dele no passado mal resolvido, algo não compreendido, situação inacabada - conceito caro para Abordagem gestáltica. Desde o início, é possível perceber uma voz comum a todos os outros personagens, o que sugere sua indiferença em relação ao seu entorno. Vozes e rostos sugerem uma semelhança incompreensível, talvez uma máscara única em todos, além da voz única para diferentes personagens, independente do gênero.

sábado, 18 de junho de 2016

Nise: O coração da loucura

ASSUNTO
Saúde mental, Movimento antimanicomial, Arteterapia, Terapia ocupacional, relação terapêutica, relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE
Ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a doutora Nise da Silveira (Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho discordam do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, através do amor e da arte.

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O OLHAR DA PSICOLOGIA

É indiscutível a importância de Nise da Silveira, psiquiatra de reconhecimento internacional ao defender terapias alternativas no tratamento de transtornos mentais. O filme nos presenteia com interpretações excelentes, retratando com fidedignidade uma realidade cruel de sujeitos portadores dos mais diferentes tipos de transtornos mentais e os procedimentos desumanos adotados na ocasião.  A personalidade inquieta, inconformada e desafiadora da psiquiatra é apresentada na trama, focando prioritariamente o aspecto  humano  da profissional. Na tentativa de compreender melhor as demandas daqueles pacientes, Nise ofereceu um lugar para expressão de suas angústias, inaugurando um novo canal para trocas. Ela se preocupou com o aspecto afetivo das doenças mentais, oferecendo espaço para que os sujeitos pudessem “juntar os cacos” de si mesmo, numa tentativa de integração. Diferentes aspectos sobre a importância de Nise da Silveira já tem sido exaustivamente discutido nas críticas e nos diversos artigos sobre o filme. Aqui, escolhemos restringir as considerações no aspecto humano da trama, desconsiderando o olhar na doença mental e priorizando a saúde.

Alice através do espelho


ASSUNTO
Desenvolvimento, perdas, tempo, aventura, crescimento, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE
Alice (Mia Wasikowska) retorna após uma longa viagem pelo mundo, e reencontra a mãe. No casarão de uma grande festa, ela percebe a presença de um espelho mágico. A jovem atravessa o objeto e retorna ao País das Maravilhas, onde descobre que o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) corre risco de morte após fazer uma descoberta sobre seu passado. Para salvar o amigo, Alice deve conversar com o Tempo (Sacha Baron Cohen) para voltar às vésperas de um evento traumático e mudar o destino do Chapeleiro. Nesta aventura, também descobre um trauma que separou as irmãs Rainha Branca (Anne Hathaway) e Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter).
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O OLHAR DA PSICOLOGIA

Alice volta a personificar questões humanas do seu, porque não dizer do “nosso”, ”vir a ser” constante. Em “Alice através do Espelho” acompanhamos sua jornada já na idade adulta, diante dos desafios da vida, enfrentando tempestades e se arriscando acreditar no impossível.  Como ela diz: “A única maneira de acreditar no impossível, é acreditar que é possível”, temos assim o ponto de partida para mais uma aventura, repleta de metáforas, que caminham em direção ao crescimento. A crítica não perdoou a inconsistência do longa, apontando a falta de aprofundamento em qualquer dos temas, dos excessos de efeitos e da fragilidade no desenvolvimento da trama que muito se distancia do livro, segundo eles. Um olhar mais inocente irá se maravilhar com os efeitos especiais e a realização do impossível na tela. Trata-se de uma aventura, que mescla o universo infantil com o adulto, de forma leve, nos permitindo um belo entretenimento.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

White Frog

ASSUNTO
Autismo, homossexualidade, homofobia, perdas, luto, relações familiares, sociais e afetivas.

SINOPSE
O filme apresenta a história de uma família obcecada com a ideia de parecer perfeita. O único problema aparente dos Young é o filho mais novo, Nick, que nasceu com Síndrome de Asperger, que faz com que a pessoa tenha dificuldades para se socializar. Quando Chaz, o filho mais velho, morre em um acidente, a família cai em pedaços e Nick então precisa juntar as peças para seguir em frente.







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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Logo somos tocados pela linda relação construída pelos irmãos Chaz e Nick. A paciência, o carinho, a dedicação do irmão mais velho tornam o mundo de Nick mais rico, sua autoestima mais elevada, e, claro, seu desejo de desenvolver habilidades para compreender melhor o mundo são também ampliadas. Não há qualquer proximidade entre o autista e seu pai, que não compreende sua forma de estar no mundo. Sua mãe, apesar de interessada, não consegue acessar o mundo do caçula. Infelizmente, Chaz sofre um acidente fatal e deixa os familiares perdidos em seu luto. Nick, que tinha no irmão seu único elo com o mundo, se vê desamparado, perdido. Acompanhamos o luto familiar e a dificuldade daquela família lidar não só com a perda, mas também de encarar a condição autista do filho. Sem Chaz como intermediário, tudo fica mais difícil, tanto para Nick, como para os familiares. Na busca de elaborar o próprio luto e restaurar a si mesmo, Nick caminha através das dicas deixadas pelo irmão. Se aproximar de seus amigos é um bom começo, o que nos brinda com cenas emocionantes, ora delicadas, ora bem humoradas. Desconstruir a imagem de perfeição do irmão mais velho se torna um aprendizado ímpar, não só para Nick, mas também para toda a família. Fica evidente a dificuldade de perceber a imperfeição de cada um, trazendo até o homossexualismo para pauta, o que evidencia a homofobia no seio familiar.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Garota Dinamarquesa


ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, sexualidade, transsexualidade, transtorno de identidade de gênero.

SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos 

Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar Mogens Wegener e foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. Em foco o relacionamento amoroso do pintor dinamarquês com Gerda (Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher.

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O filme é a cinebiografia de Lili Elbe, nascido Einar Mogens Wegener, um artista plástico dinamarquês que teria sido a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. A década de 20 era um momento em que a medicina ainda não estava preparada para lidar com as possíveis complicações daquela intervenção. É preciso considerar que o filme foi baseado em um livro, que por sua vez foi baseado em uma história real, um marco na história da medicina e uma porta que se abria para os transexuais. Na adaptação para o cinema, importantes detalhes foram omitidos ou modificados. Por exemplo, Lili foi submetida a 4 cirurgias, pois encontrou o amor e pretendia constituir família, ter filhos. Segundo diversos relatos, na ocasião de sua morte, Gerda já não convivia com Lili, que estava acompanhada de seu novo amor, um curador de artes. Gerda, por sua vez, bissexual assumida, após se divorciar do segundo marido, não obteve sucesso profissional e se tornou alcoólatra, encerrando sua passagem pela vida no anonimato. Embora não haja qualquer menção à bissexualidade de Gerdra na trama, é possível considerar algumas pistas, seja no roteiro ou na interpretação da atriz. A trama foca o relacionamento do artista com sua esposa Gerda,  sua descoberta como mulher e a reação de ambos durante o processo. Não há exposição sobre as reações da sociedade. As críticas não foram favoráveis nem ao desfecho do filme, nem a forma, sendo considerada por muitos como rasa na abordagem do assunto. Fato é que o enredo abre uma brecha para discussão e melhor compreensão do que é ser transexual. Esclarecendo: Diferente da homossexualidade, que é caracterizada apenas pela atração sexual e afetiva entre indivíduos do mesmo sexo, sem que haja incômodo com o próprio corpo, a transexualidade traz uma pessoa que não se identifica com o seu corpo, seu gênero psicológico não corresponde ao físico.  Independente da ficção, a trama denuncia algumas questões reais. Por exemplo, na procura de solução para seu incômodo, Lili encontra até o diagnóstico de esquizofrenia. Dentre outras intervenções que tentavam "resolver" a questão, o choque também foi utilizado,

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Refúgio do Medo


ASSUNTO
Relações sociais, afetivas e terapêuticas, saúde mental, reforma psiquiátrica, normal e patológico.


SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos - baseado em um conto do mestre Edgar Allan Poe. Um jovem recém-graduado na faculdade de medicina assume um cargo numa instituição mental e logo se vê apaixonado por uma de seus colegas - e tal distração não permite que ele perceba uma terrível mudança no corpo de funcionários.






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Indicado por uma cliente, o filme apresenta um quadro não tão distante de nossa realidade. Ainda que se desenrole de uma forma um tanto quanto absurda, o filme oferece a oportunidade de refletirmos sobre as diferentes e ultrajantes formas de tratamento daqueles que não são considerados “normais”. Aliás, ótima oportunidade para questionarmos o que é necessário para consideramos alguém normal. A saúde mental é o foco do enredo, que em diferentes momentos retrata a realidade dos manicômios do século passado. Ainda que muitas intervenções façam parte da história, é preciso rever as mudanças e questionar as verdadeiras transformações realizadas. Em pleno século XXI, ainda temos tratamentos desumanos, pois a reforma psiquiátrica ainda não alcançou seus plenos objetivos. Ainda é possível encontrar tratamentos desumanos, falta de esclarecimento na sociedade, falta de humanidade com qualquer pessoa que não apresente comportamento comum ou esperado. Enfim, o filme é também denúncia, quando dá voz aos “pacientes”. Qual o limite entre a sanidade e a loucura? Sem a pretensão de responder a questão, o filme abre discussão sobre o tema, que volta para o foco de diferentes segmentos sociais contemporâneos. Como dizia um professor da faculdade, quem pode garantir que sabe onde está a chave de seu próprio manicômio? Difícil responder, nenhum de nós pode ter certeza, pois a certeza é parte consistente do quadro da loucura, tanto quanto a dúvida é pressuposto necessário para a saúde. Não podemos falar muito sobre o enredo, sem revelar partes importantes da trama, portanto, recomendo que assistam, e, assim, visitem os próprios sentidos que darão a trama.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O Quarto de Jack


ASSUNTO
Relações afetivas e familiares, infância, sequestro, depressão, transtorno pós-traumático, relações sociais e potencialidades.

SINOPSE
O longa conta a história de Jack (Jacob Tremblay) , um menino de cinco anos que é criado por sua mãe, Ma (Brie Larson). Como toda boa mãe, Ma se dedica a manter Jack feliz e seguro e a criar uma relação de confiança com ele através de brincadeiras e histórias antes de dormir. Contudo, a vida dos dois não é nada normal: eles estão presos em um espaço de 10m², um minúsculo quarto sem janelas, com apenas uma claraboia Enquanto a curiosidade de Jack sobre a situação em que vivem aumenta, a resiliência de Ma alcança um ponto de ruptura. Os dois, então, começam a traçar um plano de fuga. Ao mesmo tempo em que conta uma história de cativeiro e liberdade, O Quarto de Jack destaca o triunfante poder do amor familiar mesmo na pior das circunstâncias.

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Profundamente tocante, o filme é intenso, angustiante. Acompanhamos o início da trama sem compreender direito a razão daquela forma restrita de Ma educar o filho. Aos poucos percebemos a grandeza daquela mãe, que transforma a condição de cativeiro em um mundo particular, explorando a fantasia e transbordando afeto para seu filho. Jack desconhece a possibilidade de existir um mundo diferente daquele. Para ele, tudo que é apresentado na televisão é irreal, é fantasia, é de mentira. Ainda com a angústia provocada pelos acontecimentos restritos ao quarto, fomos transportados para "nossas neuroses de cada dia". É sabido sobre a importância dos eventos e impressões registrados em nossos primeiros anos de vida, compondo assim nosso mundo, que pode ser considerado verdadeiro e único. O que muitas vezes torna difícil aceitar outras perspectivas. Entretanto, ainda que as experiências iniciais sejam dolorosas, é possível que existam outras pessoas capazes de apresentar outras versões, que ampliam nossas possibilidades. Ainda assim, na infância há questões difíceis de serem questionadas ou superadas, dificultando nosso processo de desenvolvimento. Pode ser pela ausência de afeto, por excesso de “verdades”, por violência, valores restritos, julgamentos exacerbados, etc. Independente do que acontece nesta fase, é fato que  se torna parte do que nos tornamos,  parte difícil de ser desconsiderada ou questionada. Na abordagem Gestáltica, vemos o homem como um ser que se constrói através dos contatos que faz com o seu meio - pessoas com diferentes perspectivas -, num processo eterno de vir a ser. É muito importante mantermos contatos nutritivos, com pessoas que colaboram para nosso desenvolvimento, evitando cristalizações, engessamentos produzidos em contatos tóxicos – pessoas que prejudicam nosso processo. Muitas vezes, os contatos tóxicos da infância nos contaminam, tornando difícil aceitar outras perspectivas, produzindo conflitos que nos paralisam diante da vida. Sintomas diversos expressam a necessidade de mudança, ao mesmo tempo em que revelam um difícil obstáculo, em uma paralisação ou repetição É o momento de pedir ajuda profissional de um psicólogo, um psiquiatra ou ambos. Outras vezes, contatos nutritivos nos ajudam a superar tais conflitos, favorecendo nosso desenvolvimento através do afeto, transformando nosso mundo, até então empobrecido, restrito. Certamente, Jack tem afeto e suporte para seu desenvolvimento. No entanto, seu mundo se restringe ao quarto e sua mãe, um universo afetuoso, entretanto, limitado.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Coração mudo

clip_image002ASSUNTO
Esclerose múltipla (esclerose lateral amiotrófica), eutanásia, relações familiares, afetivas e sociais, segredo.
SINOPSE
Três gerações de uma família se encontram na casa da matriarca para um fim de semana. Doente terminal, ela está decidida a acabar com sua vida naquele domingo e, por isso, deseja dar o adeus final a seus entes mais queridos. Sanne e Heidi, suas filhas, já concordaram em acatar a decisão da mãe de partir antes da doença se agravar, mas a proximidade com o fim faz da decisão algo cada vez mais difícil de lidar. Enquanto o fim de semana progride, antigos conflitos voltam a atormentá-los.
IMAGEM
O OLHAR DA PSICOLOGIA
“Coração Mudo” (2014) do dinamarquês Bille August (Marie Krøyer – 2012, Trem Noturno para Lisboa – 2013). O filme explora um tema polêmico, estamos falando de eutanásia. Diferentes aspectos são apontados na trama, envolvendo a decisão de um suicídio com o consentimento de toda a família, a aceitação e sofrimento dos envolvidos, segredos familiares, conflitos antigos e a experiência de viver um luto antecipado. As três gerações da família enfrentam a difícil questão, cada qual com sua perspectiva singular. Aos poucos vamos conhecendo a dinâmica das relações da família, as questões pessoais de cada elemento, sua forma de enfrentar a possível despedida. Somos convidados a refletir nossos lutos, nossas questões pessoais e familiares, nosso sistema de relações. Esther sofre de esclerose lateral amiotrófica, uma doença que irá acabar com ela em questão de pouco tempo: ela não terá mais os movimentos do corpo, perderá a consciência e no fim precisará de ajuda até para respirar. Com o consentimento de todos da família, eles farão uma despedida num fim de semana. Quando o momento chegar, tudo acontecerá sem que não fique claro tratar-se de escolha. Não será um final de semana fácil, definitivamente, não!