sábado, 8 de abril de 2017

Léo e Bia

ASSUNTO

Relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE

Brasilia, 1973.  No auge da ditadura militar, sete amigos, jovens como a cidade em que moram, sonham viver de teatro. Liderado pelo diretor Léo (Emílio Dantas), o grupo  leva adiante os ensaios de uma peça que tece comparações entre Jesus Cristo e o cangaceiro Lampião. Enquanto a repressão política rola solta na capital federal e a liberdade sexual ainda é tabu, Bia (Fernanda Nobre) se mostra cada vez mais prisioneira da obsessão de sua mãe (Françoise Forton), fazendo com que todos questionem, cada vez mais, os conceitos e valores da sociedade. (RC)

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Pegando carona com a minissérie DE SONHOS E SEGREDOS, resolvi procurar outras obras de Osvaldo Montenegro. Gostei do que encontrei. A relação entre o teatro e o cinema é o ponto de partida do autor, que abusa da arte em sua totalidade para contar uma estória (ou história?). Não se trata de um teatro filmado, há linguagem cinematográfica costurando as cenas teatrais. Depois de assistir, fiquei com a impressão de que a mensagem mais forte do filme se resume no pensamento “Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”. Mas não é seu único recado. Temos um grupo que troca afetos, que se une em prol de um projeto, há presença física, contatos reais, eles compartilham experiências. A força do grupo está na intimidade revelada na tela. Foi resultado de muito ensaio e cumplicidade, parceria, durante um tempo de convivência. Por ser um cenário único, a interpretação é o ponto chave, capaz de tocar o espectador. Entretanto, não podemos deixar de lado o texto, que dá voz a uma geração, através de frases e citações impactantes.
Baseado em fatos reais, o filme apresenta a alegria, a cumplicidade, a parceria e força de um grupo de jovens em bisca de um sonho comum. No fundo, temos a época conturbada da ditadura, mas não foi o único obstáculo que essa galera encontrou. A atriz principal, Bia, além de namorada do diretor, Léo, é também filha de uma ex-atriz frustrada e obcecada pela filha. É doloroso acompanhar o drama de Bia que é forçada a escolher entre sonhos e amores. Diante da manipulação doentia da mãe, qual seriam suas reais possibilidades? Não a resposta fácil. Difícil também enfrentar situações comuns nessa faixa etária, que ora prioriza prazeres, perdendo compromisso com seus próprios sonhos, ora perde o controle em paixões desenfreadas. São as paixões que movem os jovens, paixões individuais e compartilhadas. A dança entre escolhas, caminhos e desvios possíveis, é apresentada com honestidade. Alegrias e tristezas fazem parte do cardápio, que conta com a energia jovem para encantar o espectador.  As cenas são costuradas pela música de Osvaldo Montenegro e outros recursos criativos. Definitivamente me apaixonei pela forma sensível no qual o autor/diretor apresentou/dramatizou os acontecimentos. É um filme sobre teatro, sobre uma geração, sobre amor, relações afetivas, familiares e saúde mental. É delicado, singelo, emocionante e delicioso, recomendo!

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