ASSUNTO
Psicoterapia de grupo, arte e psicologia,
teatro e psicoterapia, relações sociais, afetivas e familiares.
SINOPSE
Minissérie
em 13 capítulos. O projeto de Osvaldo Montenegro criou enredos de vida para 6
personagens, buscou atores que interpretassem a cada um deles em sessões de
terapia para uma psicóloga real, Joana Amaral. “São três dimensões: a dos
personagens vivendo o que escrevi para eles, a da terapeuta reagindo àquilo no
padrão profissional, e a dos atores tentando
interpretar aquilo que é pedido” — conta Montenegro em entrevista ao Jornal O
Globo. Os personagens criados são: Mariana, que nasceu
Mariano; Paulo, (homem que se culpa pelo suicídio da esposa; Manuela, bailarina
que sofre com dores na coxa durante suas apresentações; Cláudio, artista
plástico que se sente inferior por necessitar de terapia; Lucia, que sempre
sofreu com a educação rígida recebida do pai e tem grande trauma ao vê-lo
beijando outro homem; e Julia, uma socióloga frustrada por descobrir que
seu namorado peruano místico é uma farsa. Os pacientes não conhecem a
vida nem os dramas uns dos outros. A cada novo episódio, o diretor explica ao
elenco o que acontecerá durante a sessão, e os atores precisam colocar em
prática a arte do improviso.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Osvaldo Montenegro fez uma homenagem aos profissionais envolvidos, ao
realizar um “casamento” entre o teatro e a psicologia. Não há como não se
encantar com o resultado da experiência. A interpretação de alguns atores torna
o drama do personagem quase real, e porque não dizer, verdadeiro. O diretor salientou:
atores tentando interpretar aquilo que é
pedido. A arte da interpretação tem contorno flexível do diretor, não é
limitada. Não é diferente do lugar do Terapeuta, que oferece contorno, ou
suporte, para o desabrochar do cliente. O ofício da dramatização envolve um
pouco da experiência pessoal com a história do personagem, um exercício de empatia
muito parecido com aquele do terapeuta com o cliente. Um aspecto encantador da
proposta é a mistura que faz da arte da interpretação com a perspectiva
terapêutica. Muitas vezes, a improvisação de uma cena é utilizada como
ferramenta terapêutica, uma possibilidade para o cliente ampliar sua visão de
mundo. Os atores aceitam a proposta, mas cada qual vive a experiência com sua singularidade. As questões apresentadas pelos pacientes são particulares e universais, tocam o espectador em seus desdobramentos. Impossível não se emocionar com cada revelação do drama pessoal, que poderá encontrar eco no espectador. A equipe do projeto, envolvendo atores, profissionais distintos, incluindo a psicóloga, e, também o público podem ser tocados pelo projeto do autor, que rompe barreiras e apresenta um resultado tocante, encantador, reflexivo e único.
O grupo terapêutico, como tal, apresenta um movimento próprio, buscando
a melhor forma (gestalt) de funcionar. O terapeuta, por sua vez, tem um papel de
contorno, permitindo que os fenômenos do grupo revelem outras possibilidades
para seus membros. A sensibilidade de Osvaldo Montenegro, por outro ângulo, dá
contorno ao movimento dos atores. Personagens e atores vivenciam, encenam e experimentam,
em maior ou menor grau. O grupo pode ser visto como uma oportunidade
experimental de por à prova novos modos de ser e de relacionar com os outros,
conforme salientado por Polster & Polster. Ainda que o grupo tenha uma totalidade,
um movimento próprio, a disponibilidade de cada membro estará de acordo com seu
próprio ritmo. Ora personagens, ora atores, a experiência se desdobra sem
controle (seja do psicólogo ou do autor/diretor), pois no contato, na
experiência do momento presente, a dinâmica grupal é maior do que qualquer
planejamento a priori. Ribeiro destaca que “grupo é um fenômeno com poder de
transformação, na sua capacidade de escutar, de sentir, de se posicionar, de se
arriscar a compreender o processo de significação do viver e do
responsabilizar-se.”. Atores e personagens, certamente, foram transformados
durante o processo, afetando e sendo afetados, em maior ou menor grau. Observar
a experiência na telona é perceber o possível, sem que seja necessário nomear,
rotular, teorizar. Entretanto, podemos aplaudir seu resultado, que oferece ao
público a oportunidade de conhecer o poder da terapia de grupo em diferentes
situações, sem perder de vista o poder das artes cênicas. Tudo é costurado com
músicas de Osvaldo Montenegro, encantando o espectador. Não perca!
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