sábado, 8 de abril de 2017

De Sonhos e Segredos (Minissérie)

ASSUNTO

Psicoterapia de grupo, arte e psicologia, teatro e psicoterapia, relações sociais, afetivas e familiares.

SINOPSE

Minissérie em 13 capítulos. O projeto de Osvaldo Montenegro criou enredos de vida para 6 personagens, buscou atores que interpretassem a cada um deles em sessões de terapia para uma psicóloga real, Joana Amaral. “São três dimensões: a dos personagens vivendo o que escrevi para eles, a da terapeuta reagindo àquilo no padrão profissional, e a dos atores tentando interpretar aquilo que é pedido” — conta Montenegro em entrevista ao Jornal O Globo. Os personagens criados são: Mariana, que nasceu Mariano; Paulo, (homem que se culpa pelo suicídio da esposa; Manuela, bailarina que sofre com dores na coxa durante suas apresentações; Cláudio, artista plástico que se sente inferior por necessitar de terapia; Lucia, que sempre sofreu com a educação rígida recebida do pai e tem grande trauma ao vê-lo beijando outro homem; e Julia, uma socióloga frustrada por descobrir que seu namorado peruano místico é uma farsa. Os pacientes não conhecem a vida nem os dramas uns dos outros. A cada novo episódio, o diretor explica ao elenco o que acontecerá durante a sessão, e os atores precisam colocar em prática a arte do improviso.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA
Osvaldo Montenegro fez uma homenagem aos profissionais envolvidos, ao realizar um “casamento” entre o teatro e a psicologia. Não há como não se encantar com o resultado da experiência. A interpretação de alguns atores torna o drama do personagem quase real, e porque não dizer, verdadeiro. O diretor salientou: atores tentando interpretar aquilo que é pedido. A arte da interpretação tem contorno flexível do diretor, não é limitada. Não é diferente do lugar do Terapeuta, que oferece contorno, ou suporte, para o desabrochar do cliente. O ofício da dramatização envolve um pouco da experiência pessoal com a história do personagem, um exercício de empatia muito parecido com aquele do terapeuta com o cliente. Um aspecto encantador da proposta é a mistura que faz da arte da interpretação com a perspectiva terapêutica. Muitas vezes, a improvisação de uma cena é utilizada como ferramenta terapêutica, uma possibilidade para o cliente ampliar sua visão de mundo. Os atores aceitam a proposta, mas cada qual vive a experiência com sua singularidade. As questões apresentadas pelos pacientes são particulares e universais, tocam o espectador em seus desdobramentos. Impossível não se emocionar com cada revelação do drama pessoal, que poderá encontrar eco no espectador. A equipe do projeto, envolvendo atores, profissionais distintos, incluindo a psicóloga, e, também o público podem ser tocados pelo projeto do autor, que rompe barreiras e apresenta um resultado tocante, encantador, reflexivo e único.
O grupo terapêutico, como tal, apresenta um movimento próprio, buscando a melhor forma (gestalt) de funcionar. O terapeuta, por sua vez, tem um papel de contorno, permitindo que os fenômenos do grupo revelem outras possibilidades para seus membros. A sensibilidade de Osvaldo Montenegro, por outro ângulo, dá contorno ao movimento dos atores. Personagens e atores vivenciam, encenam e experimentam, em maior ou menor grau. O grupo pode ser visto como uma oportunidade experimental de por à prova novos modos de ser e de relacionar com os outros, conforme salientado por Polster & Polster. Ainda que o grupo tenha uma totalidade, um movimento próprio, a disponibilidade de cada membro estará de acordo com seu próprio ritmo. Ora personagens, ora atores, a experiência se desdobra sem controle (seja do psicólogo ou do autor/diretor), pois no contato, na experiência do momento presente, a dinâmica grupal é maior do que qualquer planejamento a priori. Ribeiro destaca que “grupo é um fenômeno com poder de transformação, na sua capacidade de escutar, de sentir, de se posicionar, de se arriscar a compreender o processo de significação do viver e do responsabilizar-se.”. Atores e personagens, certamente, foram transformados durante o processo, afetando e sendo afetados, em maior ou menor grau. Observar a experiência na telona é perceber o possível, sem que seja necessário nomear, rotular, teorizar. Entretanto, podemos aplaudir seu resultado, que oferece ao público a oportunidade de conhecer o poder da terapia de grupo em diferentes situações, sem perder de vista o poder das artes cênicas. Tudo é costurado com músicas de Osvaldo Montenegro, encantando o espectador. Não perca!


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante!