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sábado, 4 de julho de 2015

Divertida Mente

clip_image001ASSUNTO
Totalidade, Gestalt-terapia, emoções, memória, depressão, apatia.
SINOPSE
Crescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith). As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.
TRAILER

 
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Sucesso de público e de crítica, DIVERTIDA MENTE ainda pode render muito assunto. Logo, me chamou a atenção o fato da menina Riley enfrentar aos 11 anos sua primeira crise. Muitas famílias protegem os filhos por bastante tempo, tornando difícil o enfrentamento das crises previsíveis da vida. Na realidade, o amor superprotetor não tem intenção de tornar o filho inseguro, ao contrário, a intenção é que o filho não sofra, não sinta dor, não encare os fatos difíceis da vida ainda cedo. A informação recebida pelas crianças, nessas situações, é de que elas não são capazes de enfrentar problemas. Fica a dica, embora não seja o assunto do filme. Então, voltando para DIVERTIDA MENTE, trata-se uma animação repleta de símbolos que podem nos levar a diversas reflexões. Nosso olhar será gestáltico, à medida que escolhe as emoções como partes da totalidade do ser. A Gestalt-terapia tem uma visão de homem como organismo em relação, uma totalidade, onde as partes de relacionam, um movimento constante de tornar-se integrado. A alegria é a emoção privilegiada na trama, tentando estar no comando o tempo todo, com a finalidade de tornar a vida feliz. Seu oposto, a tristeza, é sempre colocada para segundo plano, evitada a qualquer preço, afinal, todos buscam a felicidade. É aí que o filme nos encanta, elaborando de forma lúdica movimentos tão semelhantes com as ideias e ideais perseguidos pelo ser humano. Medo, nojinho e raiva são as outras emoções personificadas no filme. Ainda criança, a menina tem com o medo os alertas necessários para evitar problemas. Nojinho é também mostrada como uma emoção, no caso, capaz de ajudar Riley a rejeitar alimentos e situações que podem não ser agradáveis. A raiva, embora não seja explorada em sua devida importância, é apresentada como parte necessária para nossa sobrevivência. Fomos educados para não respeitarmos a raiva como emoção válida, muitas vezes aprendendo que é feio sentir raiva, o que muito atrapalha nossa evolução, tendo em vista que a raiva é também parte do que sentimos. Fingir que tal emoção não existe, com a finalidade de parecermos “bonzinhos” só ajuda a nos desintegrar, não aceitando parte de nossa existência. Como o propósito do ser humano é a integração, vemos na animação um movimento bastante semelhante ao do ser humano.

sábado, 9 de maio de 2015

A história de Luke

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ASSUNTO
Diferença, saúde mental, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
Abandonado como uma criança por sua mãe por ser autista, Luke foi criado por seus avós que lhe ofereceram uma educação amorosa mas protegida. Quando sua avó morre de repente, Luke, hoje com 25 anos, e seu avô senil Jonas são forçados a morar com os parentes tio Paul, tia Cindy e primos Brad e Megan. A adaptação é difícil para todos e vovô Jonas logo se mudou para uma casa de repouso, não antes de deixar Lucas com suas palavras coerentes finais: "Consega um emprego. Encontre uma garota. Viva sua própria vida. Seja um homem!" Apesar de seus familiares disfuncionais, Luke tem agora uma missão. Mais fácil dizer do que fazer, uma vez que Luke não sabe nada sobre o mundo fora da casa de sua avó. Com a ajuda Megan, e auxiliado por suas boas habilidades de cozinha, Lucas sai em uma busca que o leva todos ao redor da cidade visitando agências de trabalho temporário e centros de serviços com necessidades especiais. Finalmente Luke tem uma oportunidade de treinamento em uma grande empresa. Mas sua missão está apenas prestes a começar, como ele agora se encontra à mercê de Zack, o filho anti-social do proprietário falastrão, mas que também o entende de uma maneira que ninguém mais o faz.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Apesar dos personagens estereotipados, não retratando com clareza nenhum dos psicodiagnósticos sugeridos, o filme tem lá seu charme. Não serve para aprendizagem sobre os casos descritos, Asperger e Anti-social, entretanto, alguns pontos podem ser de grande valia quando pensamos nas dificuldades enfrentadas pelos “diferentes”, ao conviverem em sociedade. Espanta o fato de um Asperger ter facilidade em se relacionar, pois este é um dos sintomas claros no quando, que tem sérias dificuldades de contato. Em alguns momentos, seu colega, descrito como anti-social, apresenta alguns sintomas semelhantes ao de um Asperger, pois além de sua inteligência acima da média, ele mostra clara dificuldade de contato. Asperger é uma condição psicológica do espectro autista, caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. O enredo poderia ter sido mais trabalhado, explorando as questões de um autista, servindo assim para esclarecer algumas de suas reais dificuldades. Não é o caso, pois tanto Luke quanto Zac apresentam comportamento difuso, insuficiente para retratar a proposta.

sábado, 28 de março de 2015

A demora

La DemoraASSUNTO
Relações familiares, afetivas e sociais, terceira idade, senilidade.
SINOPSE
No Uruguai vive uma família pobre que é composta por um velho homem, que esquece as coisas e dá trabalho, por três crianças e uma mulher, a mãe, que cuida do pai e dos filhos, e é a única que trabalha. Cansada da jornada de trabalho e percebendo que não dá conta da situação, ela tenta ajuda com a irmã ou em um abrigo de idosos para o seu pai. Quando não encontra resposta para sua angústia, toma uma decisão drástica. Em um dia gelado, ela passeia com o velho em uma praça,  diz que vai comprar água e volta logo, mas o abandona. Depois, ela liga para abrigos do governo para ver se alguém recolhe o seu pai, conseguindo assim, que eles sejam obrigados a acolhêlo. Só que  não, seua planos são frustrados.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme uruguaio dá um sôco no estômago, definitivamente, não é para qualquer público. Longe de ser comercial, a fita retrata a realidade nua e crua que pode ser vivida por diferentes famílias ao redor do mundo. Não falamos de uma questão estritamente uruguaia, falamos de uma realidade de qualquer país que não é capazr oferece suporte para a terceira idade. Talvez, o que mais choque, é saber que quanto mais o tempo passa, maior o número de pessoas idosas, e, menor o número de subsídios dirigidos para acolher os problemas enfrentados na velhice. O filme conta a estória de uma família monoparental (quando apenas um dos pais de uma criança arca com as responsabilidades de criar o filho e ou os filhos), que é sustentada por Maria, mãe solteira com três filhos. Trabalhadora, a dona de casa também acolhe em sua casa o pai idoso, que está senil e com a memória afetada. Por mais que deseje mudar de atividade profissional, Maria percebe que trabalhar em casa é sua única alternativa, para dar conta das necessidades do pai, que esquece até do próprio endereço.  Ao deparar com as discrepâncias do sistema de suporte governamental, que não a considera pobre o suficiente para ter direito ao azilo público para o pai, ela procura a irmã, com a intenção de alternar a responsabilidade com o genitor. Diante também da recusa da irmã, ela se vê obrigada a deixá-lo em praça pública, com esperança de que assim ele seja recolhido para o abrigo. O restante da trama gira em torno das situações enfrentadas pelo pai, enquanto espera a filha retornar e dos momentos de Maria enfrentando as possíveis consequências de seu ato. Não é preciso 24 horas da permanência do idoso naquele local, para que emoções e situações diversas aconteçam.

quinta-feira, 12 de março de 2015

A passagem

                A Passagem                       

ASSUNTO

Relação terapêutica, relações afetivas, alucinações, culpa, medo, dor, suicídio.

SINOPSE

Sam Foster (Ewan McGregor) é um psicólogo que trabalha numa prestigiosa universidade americana. Certo dia um de seus jovens pacientes o procura para dizer que planeja cometer suicídio em breve. À medida que Sam estuda o caso, o rapaz começa a fazer estranhas e terríveis profecias que se realizam. Aterrorizado, Sam tenta ajudar seu paciente e impedir o suicídio de todas as maneiras, mas acaba se envolvendo numa misteriosa jornada da alma.

TRAILER (inglês)

O OLHAR DA PSICOLOGIA

De difícil compreensão, o filme só se explica no final. Até então, consideramos real tudo que se passa na tela. Os conflitos do Terapeuta e do cliente são apresentados como se assim ocorressem de fato. O que é verdade o que é alucinação? A relação terapêutica é apresentada de forma quase “misturada”, quando o terapeuta vive seus conflitos pessoais e os de seu cliente tal quais cartas embaralhadas. O que é real o que é imaginário? O que é do cliente, o que é de si? Assim questionamos durante a fita. Os resgates de cada um são o enredo vivido por Henry em seus últimos suspiros, A passagem fala exatamente desse momento: passagem: e todos os rostos que desfilam ao seu redor passam a fazer parte dele. Vítima de um acidente de carro fatal, para si, para a namorada e para os pais, Henry parece só um corpo, no chão, em meio a metal retorcido, fogo e barulho. As pessoas correm e o cercam, observam, oferecem ajuda. Ele ainda está vivo, mas, por apenas um instante. É nesse instante que ele fita vários olhares, ouve várias frases, sente o contato das pessoas. É o seu instante final, ele sabe disso. Mas, não se desespera. São estes olhares, frases e contatos que o farão reviver seus conflitos, os sentimentos que o dominam. Naquele instante, com aquelas pessoas, ele monta o enredo final de sua vida, tentando, de alguma forma, uma resolução para seus dilemas e sofrimentos. Nesse instante, só lhe vem a culpa. E é essa culpa que, num espaço de três dias (em seu tempo mental) ele vai viver intensamente, com todas as suas dores (depressão, abandono, medo, dor, suicídio). É nesse espaço de tempo mental que o filme se desenrola. Ele sabe que tudo agora é só um instante.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Jogo da Imitação

imageASSUNTO
Relações sociais, familiares e afetivas, homossexualidade, genialidade, coportamento anti-social.
SINOPSE
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico monta uma equipe que tem por objetivo quebrar o Enigma, o famoso código que os alemães usam para enviar mensagens aos submarinos. Um de seus integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de 27 anos estritamente lógico e focado no trabalho, que tem problemas de relacionamento com praticamente todos à sua volta. Não demora muito para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe. Seu grande projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas. Entretanto, para que o projeto dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe e tem Joan Clarke (Keira Knightley) sua grande incentivadora.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O filme é baseado na vida do cientista Alan Turing, matemático considerado o pai da computação. Retratado com dificuldade de contato social, o gênio é um homem obcecado por seu trabalho, atividade que o encanta desde a infância. Por meio de flashbacks, somos apresentados aos momentos difíceis de seu desenvolvimento. Vítima de Bullying, incompreendido e com sérias dificuldades para entender as regras sociais de comunicação, porque não dizer as mentiras sociais, seu crescimento foi marcado por conflitos. Algumas cenas trazem situações surreais, pouco críveis, mas que podem ser perdoadas por conta do que é chamado de ‘licença poética’. Obviamente, as oscilações de incompreensão/compreensão de situações metafóricas, piadas e outras formas de comunicação não estão comprometidas com o quadro sugerido, pois a aprendizagem seria possível, mas trata-se de uma repetição aprendida e não uma reação natural. Fora isso, temos uma questão desumana no que se refere a homossexualidade. Sim, o rapaz é homossexual numa época em que, na Inglaterra, tal condição era considerada crime. Ele é arrogante, narcisista, grosseiro, incapaz de compreender mentiras, rodeios e metáforas, mas é um gênio. Desde criança, aprende a mentir para se manter em seu mundo lógico, distante da crueldade social e esconde sua homossexualidade.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Birdman

imageASSUNTO
Indústria cultural, indústria do consumo,  vivência de papéis, crise de meia-idade, relações familiares, afetivas e sociais.
SINOPSE
No passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone cultural. Entretanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira começou a decair. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Entretanto, em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e ainda uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
imageDemorei muito a escrever sobre o filme, tamanho assombro que me provocou. Agora, como vencedor do oscar, não posso continuar protelando. Vamos lá: O filme é complexo, provocador, existencial, crítico, profundo. Podemos nos reter na história contada, de um ator em crise, diante da possibilidade de arriscar o sucesso, sendo quem ele é, sem máscaras. Não se trata de um filme sobre super-herói, embora ele seja mencionado. O papel de herói foi um dia pesado demais para o ator, que agora, em crise de meia idade, assistindo sua família desintegrar, decide arriscar ao estrelato vivendo um papel menos clichê e mais existencial. Se por um lado, a necessidade é se mostrar sem máscara, por outro há uma voz interna ameaçando a impossibilidade de ser aceito por seu talento real, de cara quase limpa. Seria a voz de seu ego ou o ser se desintegrava em surto psicótico? Os bastidores revelam as dificuldades reais de um projeto tão ousado, ambicionando retratar o “ser” em detrimento do “ter”, como reagiria a público? Trata-se apenas de uma crítica óbvia a indústria cultural cinematográfica de nossos tempos ou podemos nos aprofundar mais? No que é possível se identificar diante das angústias do protagonista?

sábado, 17 de janeiro de 2015

Para sempre Alice

clip_image002ASSUNTO
Alzheimer, relações familiares, afetivas e sociais, luto, momento presente - Abordagem gestáltica.
SINOPSE
A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguistica. Aos poucos, ela começa a esquecer certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ela é diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a força de sua família. Enquanto a relação de Alice com o marido, John (Alec Baldwinse), fragiliza, ela e a filha Lydia  (Kristen Stewart) se aproximam.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Filme sobre Alzheimer não é novidade, o tema já foi debatido em outras películas. O que há de novo nessa versão? Além de retratar a doença precoce, em sua versão rara, hereditária, que atinge pessoas em fases mais precoces da vida, o filme nos faz refletir sobre outros aspectos: processo de perda, adoecimento inesperado e relações familiares. Acompanhar a jornada de Alice não é nada fácil. Tocante, emocionante, dramático, o filme nos faz refletir sobre muitos aspectos, seja sobre o Alzheimer, sobre valores ou qualquer outra doença, que pode ser inesperada e atingir toda a família. Existe também um aspecto informativo no filme. Por exemplo, minha mãe tinha o hábito de fazer palavras cruzadas. Ela dizia que isso ajudava a exercitar a memória e evitar algumas demências. Se existe um aspecto positivo nisso, não tem qualquer relação com a capacidade cognitiva, como pode fazer crer. Talvez, ajude no exercício da repetição, como uma gravação que firma sua marca, tornando mais difícil perdê-la. No filme, quando o marido pergunta a respeito da preocupação com deterioração acelerada da memória, o médico diz: “Cada caso é diferente, casos familiares podem evoluir bem rápido. E, nas pessoas com alto grau de instrução, as coisas podem ser ainda mais aceleradas. Elas sustentam processos mentais por mais tempo, e isso atrasa o diagnóstico”. Ele afirma, assim, que as pessoas mais inteligentes, ao contrário do que possa ser esperado, podem ser as que mais se comprometem com o processo. Dentre os interessantes informativos, há também a visão do doente. Na cena em que a filha caçula pergunta como é estar assim, Alice esclarece: “Não é sempre a mesma coisa, tem dias bons e dias ruins. E nos dias bons, quase sou uma pessoa normal. E nos ruins, não consigo me encontrar. Eu sempre fui muito guiada por meu intelecto, pelo meu modo de falar, articulação. E agora, vejo as palavras na minha frente e não consigo me expressar. Não sei quem sou, não sei o que mais vou esquecer.”

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

No espaço não existem sentimentos

ASSUNTO
Síndrome de Asperger, Relações familiares, sociais e afetivas, diferenças, amizade, amor fraterno.
SINOPSE
Quando a namorada de Sam rompe o relacionamento, ele fica muito deprimido. Para animá-lo e fazer com que volte à sua vida normal, Simon decide ajudar o irmão a encontrar uma nova e perfeita namorada. Mas, vítima da Síndrome de Asperger, Simon percebe que a busca é muito mais complicada do que poderia imaginar e fica em dúvida se realmente poderá ajudar Sam.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O título do filme nos remete ao funcionamento de Simon, que tem dificuldade de comprender e expressar sentimentos, mas se sente seguro onde não precisa lidar com emoções. O chefe de Simon diz: “Anda, tempo é dinheiro!” E Simon responde: “Tempo é tempo, dinheiro é dinheiro.” É assim que funciona para os portadores da Síndrome de Asperger, não há facilidade na compreensão do que que não é literal. Ele usa uma roupa que o identifica como portador da síndrome, deixando claro que não gosta de ser tocado, pois perde a tranquilidade e o controle nessas ocasiões. Outro problema para ele é mudar a rotina, qualquer coisa que saia do controle compreensível, previsível, repetido, para ele é sinônimo de caos. Ele não entende muito bem o mundo, e as pessoas em geral,  que por sua vez não entendem ele. Os pais não conseguem falar sua língua e qualquer ameaça de desestabilizar seu universo, ele se esconde em sua “nave”, um latão fechado, ou reage agressivamente.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Adam

clip_image002ASSUNTO
Sindrome de Asperguer, Autismo, relação terapeutica, relações afetivas, familiares e sociais.
SINOPSE
O jovem engenheiro eletrônico Adam acaba de perder o pai. Com dificuldades de se socializar, vive isolado em seu excessivamente organizado apartamento em Nova York. Sua rotina se transforma quando a atraente Beth se muda para o andar de cima. Inicialmente reticente com o comportamento estranho do vizinho, ela aos poucos passa a conhecê-lo melhor e a entender as razões por trás de suas dificuldades de comunicação. Percebendo o interesse de Adam e a profunda conexão que se formou entre eles, Beth resolve dar uma chance ao relacionamento.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Adam é portador da Síndrome de Asperger, transtorno de espectro autista. Sua forma de funcionamento traz algumas peculiaridades, principalmente no que se refere à percepção. Costumamos considerar “Normal” ter a capacidade de selecionar o estímulo ambiental que nos interessa. Por exemplo, no universo dos neuróticos, escolhemos o que ouvir, o que ver, o que “perceber”. Muitas vezes, o trabalho da terapia é favorecer a ampliação da percepção, pois nossa tendência de selecionar o que é possível pode provocar comunicação ineficiente, causando sofrimento. Por outro lado, para compreendermos, de fato, o que estamos ouvindo, vendo, percebendo, é preciso focar no alvo de nosso interesse. Em Gestalt-terapia, chamamos de “figura” o estímulo em foco, e de “fundo” todo o restante. Assim, estando aberto ao fenômeno que se revela, ele é selecionado, “destacado”, em detrimento dos estímulos restantes, que vão para o fundo. O processo saudável consiste em trocas sucessivas de figura e fundo, de acordo com o interesse da pessoa, fluindo naturalmente e constantemente. A cada formação de sentido ou “fechamento de uma gestalt”, outro estímulo se torna figura e o anterior se torna fundo. Pessoas portadoras da Síndrome de Asperger não conseguem selecionar estímulos, o que transforma seu universo em alvo de múltiplos estímulos simultâneos. A sensibilidade com a informação sensorial, como luz, som, textura e gosto podem ser percebidas como invasivas, transformando o convívio social em uma ameaça insuportável. O isolamento social é consequência desse e de outros sintomas. Os “aspies” – como se autodenominam os portadores da síndrome – não apresentam nenhum traço físico aparente da doença e possuem inteligência normal, muitas vezes acima da média. Suas dificuldades de comunicação são confundidas muitas vezes como mera timidez, enquanto, na verdade, enfrentam problemas de primeira ordem relacionados à sociabilidade, compreensão da linguagem e interesse exclusivos por determinados assuntos, o que abala as estruturas convencionais na formação de vínculos com a sociedade. Dificilmente eles olham para seu interlocutor, sempre evitando o contato direto. Do mesmo modo, quando olham, eles não conseguem interpretar suas expressões faciais. Isso quer dizer que esteja você sorrindo ou com cara de zangado, a reação é a mesma e neutra, o que acusa a falta de entendimento das emoções. Essa característica provavelmente é uma das que mais lhes gera angústia, pois não conseguem compartilhar e entender os sentimentos do próximo. Uma característica peculiar da síndrome faz que seus portadores se interessem quase que exclusivamente por um único assunto, como pode ser visto com Adam. Cada caso é um caso, nem todos os sintomas são iguais ou têm a mesma intensidade nos portadores. O filme nos mostra como é para Adam, que depois de perder o pai, encontra-se perdido. Beth representa um vínculo nutritivo, que o auxilia a ampliar suas habilidades sociais, a partir de sua disponibilidade e carinho. O desdobrar da história, irá retratar alguns sintomas peculiares e novas revelações dentro  das possibilidades. Trata-se de um filme simpático, que não perde a chance de ser didático, pois a consciência da própria síndrome faz com que Adam explique parte do que ocorre em seu universo. A inaptidão para perceber a linguagem não verbal é amenizada pelo aprendizado lento, mas possível. O longa é super recomendado para melhor compreensão de outras formas de funcionamento no mundo, nem melhor nem pior, apenas diferente. Confira!




terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O lenhador

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Pedofilia, relações afetivas, sociais, familiares e relação terapêutica.
SINOPSE
Após 12 anos na prisão, Walter (Kevin Bacon) se muda para uma pequena cidade. Ele vai viver num apartamento em frente a uma escola de ensino básico, cheia de crianças. Walter arruma emprego em uma madeireira e se mantém o mais reservado possível, mas isto não o impede de se envolver com Vicki (Kyra Sedgwick), uma extrovertida colega de trabalho. Ele, porém, não pode escapar do seu passado e quando os colegas de trabalho descobrem seu crime, o clima amigável desaparece.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Confesso minha resistência em assistir ao filme. Pedofilia é um tema difícil, que provoca sentimentos conflitantes, dificultando a necessária neutralidade no processo terapêutico. Recordo que na época de seu lançamento, o longa foi recomendado por uma professora querida, que sinalizava a respeito da consciência que o terapeuta deve ter sobre os próprios limites. Existem situações nas quais o profissional pode ficar impossibilitado de manter a postura de imparcialidade, do não julgamento, a pedofilia pode ser uma delas. Como atender com imparcialidade um cliente, que em um momento de descontrole, é capaz de molestar uma criança indefesa? Como lidar com tal situação de forma imparcial? Certamente, o filme nos dá pistas sobre o outro lado da situação. Não há como não repensar nosso impulso de considerar o pedófilo como monstro, após assistir ao drama. Nós somos convidados a acompanhar os dias de Walter, após 12 anos de detenção. Aos poucos, somos apresentados ao seu drama, e seus conflitos cotidianos diante da necessidade de se reinserir na sociedade e seus conflitos internos, frente à possibilidade de se descontrolar novamente.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Numb

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Relações familiares, sociais e afetivas. Erros e acertos nas relações terapêuticas, transtorno de despersonalização.
SINOPSE
Um roteirista sofre de um  transtorno, que o faz perder contato com sua personalidade e ter sensações de irrealidade e estranheza. Suas tentativas de tratamento e cura são retratadas na fita.  Quando se apaixona por uma mulher, o esforço dele aumenta, passando por todo tipo de terapia existente para conseguir conquistá-la.
TRAILER
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Numb é um filme de 2007, que inicia com Hudson se percebendo de forma estranha. Havia algo errado em sua percepção, mas ainda assim, era possível manter as aparências. Ninguém percebia o que estava acontecendo com ele até o dia ao fumar maconha ele perde o controle. Diante do surto, ele procura ajuda. O médico descarta as doenças físicas e o encaminha para o psiquiatra. De acordo com a psiquiatria, o filme retrata o transtorno de despersonalização e desrealização, que de forma resumida relaciona-se a um estranhamento em relação ao próprio corpo e ao mundo externo e que ocorre puramente como patologia, ou como fenômenos em diversos transtornos psiquiátricos como transtornos dissociativo e no famoso transtorno do pânico. Hudson (Matthew Perry) define assim sua desordem metal: O transtorno de despersonalização é o desligamento de sensações exteriores. Consiste na persistência ou recorrente experiência de se sentir desligado, como se alguém fosse um observador de seus próprios processos mentais ou do corpo. Além de oferecer um material informativo sobre o transtorno, o filme apresenta diferentes intervenções, psicológicas e psiquiátricas, que revelam algumas situações terapêuticas pouco recomendadas. O material a seguir contém Spoiler (revelações do enredo), portanto é recomendado ser lido após o filme ter sido assistido.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Dentro da casa

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Relações sociais, afetivas e familiares. Homossexualidade, voyeurismo, arte e literatura.
SINOPSE
Um pouco cansado da rotina de professor, Germain (Fabrice Luchini) chega a atormentar sua esposa Jeanne (Kristin Scott Thomas) com suas reclamações, mas ela também tem seus problemas profissionais para resolver e nem sempre dá a atenção desejada. Até o dia em que ele descobre na redação do adolescente Claude (Ernst Umhauer) um estilo diferente de escrever, que dá início a um intrigante jogo de sedução entre pupilo e mestre, que acaba envolvendo a própria esposa e a família de um colega de classe.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Atendendo ao pedido da colega Cristiana Chagas, assisti Dentro de casa, que é um filme intrigante que permite diversas leituras. Gosto do olhar de Celo silva (para ler a crítica completa clique aqui.), que considera a trama sendo iniciada elucidando um “dramédia” social e logo evoluindo para um tom metalinguístico – o roteiro é recheado de discussões sobre o uso da própria linguagem (metalinguagem pode referir-se a qualquer terminologia usada para descrever uma linguagem em si mesma). Para os que gostam de literatura, tal perspectiva pode estimular discussões enriquecedoras.
No filme conhecemos Germain, um professor desapontado com o fraco desempenho de seus alunos, que ao deparar com as redações do jovem Claude, fica intrigado e surpreendido com seu talento. Logo, a relação entre professor e pupilo é iniciada, com o propósito de desenvolver o talento do jovem. Durante o processo, somos apresentados a esposa de Germain, que administra uma galeria de arte e por isso inclui na trama algumas pinceladas sobre o assunto, e, a vida cotidiana de uma família de classe média. Temas como homossexualidade, crise familiar, relações afetivas e sociais são elementos presentes na trama. Fato é que o filme passeia entre realidade e imaginação, trazendo em seu desenvolvimento inúmeras provocações. O que o professor de literatura desmotivado e o aluno misterioso, com características que beiram a sociopatia, têm em comum é o prazer em assistir a vida alheia, o voyeurismo.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Álbum de família

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Relações familiares, segredo, alcoolismo, suicídio, câncer, dependência química, adultério, pedofilia, divórcio e incesto.
SINOPSE
Barbara (Julia Roberts), Ivy (Julianne Nicholson) e Karen (Juliette Lewis) são três irmãs que são obrigadas a voltar para casa e cuidar da mãe viciada em medicamentos e com câncer (Meryl Streep), após o desaparecimento do pai delas (Sam Shepard). O encontro provoca diversos conflitos e mostra que nenhum segredo estará protegido. Enquanto tenta lidar com a mãe, Barbara ainda terá que conviver com os problemas pessoais, com difíceis relações com o ex-marido (Ewan McGregor) e com a filha adolescente (Abigail Breslin).
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Que família é essa? Pergunta apropriada diante do encontro com personagens tão densos. Beverly é o pai, um professor, escritor aposentado e alcoólatra. Sua mulher é Violet, portadora de câncer, ela é viciada em medicamentos e tem a língua bastante afiada. De acordo com o próprio marido, o câncer na boca é uma ironia, tendo em vista a quantidade de veneno destilado por ela. Somos apresentados a ambos, no momento em que o mesmo contrata a índia Johnna, nos fazendo crer que seria para cuidar da casa e de Violet, devido à doença. O diálogo ilustra bem o quanto agressões verbais estão naturalizadas no convívio do casal. Violet já dá pistas sobre suas crenças, valores e sua forma de enfrentar não só a doença, mas também o envelhecimento. Ivy é a filha que está próxima, suportando o mau humor, a indiferença e o veneno mãe, que deixa clara a sua preferência pela filha Bárbara. A irmã tagarela de Violet é Mattie Fae, esposa autoritária de Charlie, um sujeito tranquilo, que de acordo com a cunhada, suporta há anos a esposa devido a quantidade de maconha que consome. O “pequeno Charles” é o filho do casal, que apesar de claramente desconsiderado pela mãe, conta com apoio e proteção do pai. Barb chega com Bill, pai da filha adolescente do casal. Logo, percebemos que há algo errado, também, na relação deste casal. Em repetidos momentos, Violet expressa seu incômodo com o distanciamento da família, principalmente em relação à Bárbara, que é considerada a “preferida” do pai. A batalha cruel de Violet tem munição de “culpa” suficiente para atingir Barb, que por sua vez, enfrenta a mãe de forma bem semelhante. Há cobranças de ambos os lados, embora Violet seja a que sempre cobra de todos de forma cínica, agressiva e cruel. O desaparecimento de Beverly promove o reencontro da maior parte dos familiares, só incluindo a filha Karen e seu atual parceiro após a morte do patriarca. Após o funeral, “pequeno Charles” se une a família, num jantar de luto. Aí, então, começam a emergir muitos conflitos familiares, entre segredos e revelações que irão tornar o jantar de funeral um verdadeiro caos.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Blue Jasmine

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ASSUNTO
Relações sociais, afetivas e familiares, autoestima, neurose, transtornos mentais, crise financeira, crise existencial.
SINOPSE
Uma mulher rica (Cate Blanchett) perde todo seu dinheiro e é obrigada a morar em São Francisco com sua irmã (Sally Hawkins), em uma casa muito mais modesta. Ela acaba encontrando um homem (Alec Baldwin) na Bay Area que pode resolver seus problemas financeiros, mas antes ela precisa descobrir quem ela é, e precisa aceitar que São Francisco será sua nova casa.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Além de azul, a palavra "blue" significa melancólico, deprimido no inglês. O nome do filme também acaba sendo uma referência à música "Blue Moon", tocada diversas vezes durante a obra, seja para marcar situações de ostentação, seja para mostrar o quão diferente está a vida de Jasmine. O drama, como tantos outros de Woody Allen, brinca com alguns dos conflitos puramente humanos. Claro, brincadeira é coisa séria, quando falamos do diretor. Assim, questões financeiras, problemas nas relações familiares, afetivas, sociais ou questões de autoestima estão presentes no longa. Do ponto de vista social, o filme expõe uma realidade recente, pois devido à crise financeira, muitos, especuladores ou não, perderam posição sua social na última década. Diante de obras como esta, fica difícil focar em apenas um aspecto do que é exposto na trama. O filme é provocador, não há dúvida. Loucura e neurose, verdades e mentiras, Ser e Ter... Quantas realidades cabem numa vida?

sábado, 16 de novembro de 2013

Marie Kroyer

 
clip_image001ASSUNTO
Saúde mental, disfunção familiar, traição, esquizofrenia.
SINOPSE
2012 - Marie Kroyer vive um casamento infeliz com o famoso pintor dinamarquês P.S. Kroyer, no final do século XIX. Ele divide-se entre as funções de artista, mãe e esposa, e ainda é obrigada a conviver com uma doença mental do marido. Com o tempo, ela se sente cada vez mais sozinha e angustiada. Decide, então, fugir da rotina e sair de férias. No período, conhece o compositor sueco Hugo Alfvén, por quem se apaixona loucamente.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Baseado em fatos reais o filme conta a história de Marie, artista, esposa de um renomado artista, que é portador de transtorno mental. Logo percebemos o amor e cuidado que ela tem com o marido, que apesar de muito amá-la, ele não consegue retribuir seu carinho. A dedicação da esposa não é suficiente para conquistar a reciprocidade, principalmente porque a doença afeta o comportamento do marido, que além de apresentar delírios e alucinações, traz a franqueza cruel como marca. Acompanhamos algumas crises do marido e os esforços da Marie para manter seu casamento. A família é afetada pela doença, que torna cada dia mais difícil sua manutenção. Apesar da dedicação da esposa, os surtos psicóticos do pintor tornam a esposa extremamente infeliz. Após longo período de internação, o artista passa um tempo lúcido até que explode em novo surto, afetando diretamente a filha. É cruel a forma com que ele obriga a criança a se comportar como um cachorro, que segundo ele, seria bem mais bonito que ela. Mesmo  tendo superado ameaça à própria vida, a cena é a gota d’água para a esposa. Sendo assim, Marie aceita o convite de sua amiga e parte para a Suécia, levando a filha. Lá conhece o compositor que será pai de sua segunda filha. A trama se desenrola focando a luta de Marie, sua força diante dos obstáculos de sua época. O amor do artista por Marie é indiscutível, mas sua doença prejudica não só a relação com a esposa, mas também afeta a filha Vibeke, que demonstra evidente carência afetiva. Em seus poucos momentos de lucidez, Kroyer assume total responsabilidade pela consequente traição sofrida, mas em nenhum momento se dá conta da forma que assustava a própria filha. O filme não tem a proposta de aprofundar a doença mental, no entanto faz um recorte interessante sobre o tamanho do sofrimento dos familiares de um portador de doença mental, especialmente quando não haviam recursos terapêuticos eficientes para o tratamento de transtornos psicóticos.



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pelos olhos de Maisie

imageASSUNTO
Relações afetivas e familiares, separação, alienação parental.
SINOPSE
Em meio ao conturbado divórcio dos pais, Maisie (Onata Aprile), uma garotinha de sete anos, tenta entender o que se passa. De um lado a mãe, Susanna (Julianne Moore), uma estrela do rock. Do outro o pai, Beale (Steve Coogan), um influente galerista. Unindo os dois, a menina, que logo descobre um novo significado para a palavra "família".
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Em muitos momentos o filme parece confuso, imprevisível. De fato, compartilhamos do olhar de Maise diante das mudanças que ocorrem em sua vida. Também, pudera, ela é transformada em joguete das relações afetivas conturbadas de seus pais, no momento da separação. Após a batalha judicial, Maise passa a ter 4 pais e duas casas, mas isso não torna sua vida mais estável. As atitudes inconsequentes de seus pais, com relações sociais pautadas no interesse, nas aparências e também no narcisismo afetam o cotidiano da menina. Notamos que o comportamento da menina aparenta certo distanciamento, uma provável defesa diante dos fatos. O processo de desmoralização e afastamento do ex-cônjuge, denominado alienação parental, é bastante explorado no longa.

sábado, 31 de agosto de 2013

O SUBSTITUTO ( Indiferença)

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ASSUNTO
Abuso, Sistema educacional, relações sociais, afetivas, humanas, existencialismo, suicídio, mecanismos de defesa.
SINOPSE
Henry Barthes é um professor brilhante com um verdadeiro talento para se conectar com seus alunos. Em outro mundo, ele seria um herói para sua comunidade. Mas, assombrado por um passado conturbado, ele escolhe ser professor substituto - nunca na mesma escola por mais que algumas semanas, nunca permanecendo tempo suficiente para formar qualquer relação com os alunos ou colegas. Uma profissão perfeita para alguém que busca se esconder ao ar livre. Quando uma nova missão o coloca numa decante escola pública, o isolado mundo de Henry é exposto por três mulheres que mudam a sua visão sobre a vida: uma estudante, uma professora e uma adolescente fugitiva.
Durante somente três semanas o professor substituto (Henry Barthes) deverá enfrentar a doença (Alzheimer) e morte do avô, com quem viveu uma terrível história familiar; a vida de uma adolescente prostituta e maltratada, que acabará hospedando na sua casa; alunos violentos e sem perspectiva de futuro, outros com uma carga incrível de sofrimento e carentes do mais básico; professores/as que ainda tentam fazer o seu melhor com alunos/as que não estão para nada interessados em estudar, enquanto outros, carregando histórias pessoais trágicas, afundam na angústia e na depressão. Para ler mais, clique aqui.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Acabo de escrever sobre a necessidade que temos de pertencimento e de reconhecimento no post sobre o filme “Dá para fazer”. Agora, me deparo com o título deste filme, que no original seria indiferença. INDIFERENÇA é um NÃO LUGAR, uma invisibilidade, um não reconhecimento de si no ambiente. Parece que falamos da mesma questão, aqui discutida sobre outra perspectiva. Um primeiro olhar nos remete ao ambiente escolar, o que nos faz crer que o foco é o sistema educacional em decadência. Entretanto, a trama vai muito além, nos propõe reflexões profundas sobre existência. Neste sentido, o tema é bem existencialista, no sentido filosófico da palavra. É um drama existencial repleto de sentidos e não “sentidos”. O personagem principal é professor substituto, o que o configura como a impermanência, não aquela que nos permite o desapego, a renúncia, a aceitação das mudanças. O conceito aqui é usado para definir fuga, trata-se de uma defesa, o movimento de evitar a autenticidade, riscos que o vínculo pode provocar. No desenrolar da trama, somos aos poucos informados das possíveis “razões” que promoveram tal comportamento. Tendo como ponto de partida o texto de Edgar Allan Poe - “A queda da casa dos Usher”, o drama aborda a queda de um sistema. Cenas melancólicas retratam o isolamento, a falta de contato com outros sistemas como agente provocador do esvaziamento. Pais, professores, alunos, todos se trancam em seus universos particulares, incapazes de trocas nutritivas, transbordam frustrações. O sistema, por falta de alimentação, adoece, assim nos ensina a “teoria de sistemas”. De fato, é isso que assistimos na trama, a escolas e as pessoas não mais participam de trocas nutritivas. “Detachment”, o título original, pode significar deslocamento, ou melhor, dizendo, retrata a postura neurótica de estar destacado, isolado. Henrý tenta fazer a diferença em seu ofício, mas também se preserva. Os fantasmas de sua infância teimam em assombrá-lo. Aqui, também, os rótulos são responsáveis por algumas situações críticas, como no caso de Meredith, que por ser obesa é alvo de Bullying. Ela sofre humilhações diárias, é agredida verbalmente por seus colegas e pelos seus próprios familiares. O universo caótico é pessoal e educacional, retratando uma realidade dura, que incomoda o telespectador, chegando a sufocar.

Dá pra Fazer (Si Può Fare )

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Saúde mental, psicodiagnóstico, relações sociais, afetivas e familiares, esquizofrenia, reforma psiquiátrica.
SINOPSE
Nello, um sindicalista afastado do sindicato por suas ideias avançadas, se vê dirigindo uma cooperativa de doentes mentais, ex-pacientes dos manicômios fechados pela Lei Basaglia. Acreditando firmemente na dignidade do trabalho, ele convence os sócios (doentes mentais) a substituir as esmolas assistencialistas por um trabalho de verdade, inventando para cada um, uma atividade incrivelmente adaptada às respectivas capacidades, mas indo também de encontro às inevitáveis e humanas contradições.
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Um filme que consegue ser comédia, drama e retratar a história, é mesmo sensacional! Para quem é da área de saúde, o filme é uma aula sobre a reforma psiquiátrica italiana, conhecida como psiquiatria democrática. A negação da psiquiatria que aprisionava em manicômios, faz com que o movimento, iniciado por Baságlia, priorize a inclusão do diferente na sociedade. Baseada em fatos reais, a trama gira em torno do encontro de um sindicalista, que defende suas ideias cooperativistas, e, um grupo de doentes mentais, que foram beneficiados pela recente reforma do sistema de saúde mental italiano, promovida por Franco Baságlia. De fato, o sindicalista nada sabia sobre a reforma psiquiátrica, conforme pode ser visto na cena em que o psiquiatra pergunta a respeito. No entanto, suas ações junto aos ditos “loucos”, ainda que por outras razões, acaba por ser a prática do pensamento da reforma, visto que prioriza a inclusão. Para o sindicalista, é a oportunidade de colocar em prática suas ideias cooperativistas, e, consequentemente, ele dá lugar para a singularidade de cada paciente. Eles se tornam sócios da cooperativa, saem da invisibilidade, encontram um lugar. Através do voto, cada sócio participa, encontrando seu valor no ato. Por outro lado, o diretor motiva e valoriza a singularidade de cada um, fazendo com que eles possam participar com suas próprias possibilidades. A oportunidade de ser ouvido faz com que as questões particulares e gerais encontrem espaço. Sendo assim, logo a trama tem a chance de discutir questões, que podem abranger outros segmentos da sociedade.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Terapia de Risco

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Indústria farmacêutica, efeitos colaterias de medicações psiquiátricas, psiquiatria, saúde mental, crise de ansiedade, depressão, relação terapêutica, manipulação, relações afetivas e sociais.

SINOPSE

A trama gira em torno da jovem Emily Hawkins (Rooney Mara), que acaba de ver o marido (Channing Tatum) ser libertado da prisão por um crime de colarinho branco. Mesmo aliviada, Emily tem crises de depressão e busca a ajuda de medicamentos prescritos para conter a ansiedade. Ela também busca amparo num tratamento psicológico, lidando com profissionais (Jude Law e Catherine Zeta-Jones). O tratamento, por mais que comece de forma positiva, vai gerar consequências inesperadas na vida da jovem.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

Com o título original “Side Effects” – efeitos colaterais, o filme fala da transformação da felicidade em mercadoria de lucro, sobre a busca da felicidade através de medicamentos. Já na chamada, o trailer é finalizado com a imagem de diversos comprimidos e a seguinte frase: “TERAPIA DE RISCO, em alguns casos a morte pode ocorrer.” Em tempos de discussão sobre o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a discussão proposta na trama se encaixa perfeitamente. O DSM-5 vem sendo duramente criticado pela comunidade acadêmica e pelos profissionais de saúde mental do mundo todo. O novo manual traz em sua proposta a diminuição dos limites de diagnóstico e das categorias dos diagnósticos existentes, além de acrescentar novas categorias. A preocupação gira em torno de toda uma geração, que ao manifestar variações normais de comportamentos, que embora sejam considerados problemáticos, podem ser “categorizados” pelo DSM-5 como algum tipo de doença mental. Tal procedimento pode acarretar em prejuízo para toda uma vida, devido aos estigmas provocados pelos rótulos, além de indicar a prescrição de drogas psiquiátricas poderosas, que podem ter sérios efeitos colaterais. Rompendo as barreiras do Universo acadêmico e profissional, as propostas do DSM-5 devem ser discutidas por toda a sociedade, pois suas consequências podem afetar a saúde de pessoas. Trata-se de uma questão séria.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O amor não tem fim

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ASSUNTO
Terceira idade, ninho vazio, processo envelhecimento, psicologia do desenvolvimento, sexualidade
SINOPSE
2011 - Adam (William Hurt) e Mary (Isabella Rossellini) são casados há 30 anos. Seus filhos já saíram de casa há bastante tempo e eles agora estão em uma fase calma de suas vidas. Os problemas de memória de Mary e a carreira de Adam, que já não é tão próspera quanto antes, fazem com que assumam que estão envelhecendo, o que faz com que se afastem um do outro cada vez mais.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Em psicoterapia de família, é hábito usar o termo “ninho vazio” para nomear o período no qual os filhos partem e o casal pode se ver só outra vez. Dependendo de como acontece, ambos ficam perdidos, configurando a ambiguidade deste momento, que por um lado é alívio por estarem finalmente sós, por outro a solidão se torna um vazio difícil de ser enfrentado. O “enfim sós”, antes um sonho, pode transformar-se em momento de crise familiar ou individual. Trata-se da mudança de ciclo previsível, que ocorre durante um espaço de tempo de mudanças que buscam a reconfiguração familiar, um período que pode ser longo ou curto, ocorra. No filme, o casal vivencia a crise ao mesmo tempo que também enfrentam o processo de envelhecimento. Cada qual encara a crise com sua forma peculiar de ser, da melhor forma possível, de acordo com o histórico pessoal que lhe dá as ferramentas próprias. Lapsos de memória já ocorrem com Mary, o que a faz perceber o quanto precisam se preparar para o processo de envelhecimento que já dá sinais. Adam, pelo contrário, se recusa a perceber que está envelhecendo. Diante da possibilidade de realizar um projeto para um lar de idosos, ele reage em desacordo, a negação é visível. No lugar disso, prefere investir em um projeto junto aos jovens estagiários, o que o faz sentir-se jovem. As diferentes formas de enfrentar o momento acabam por afastá-los, mas não por muito tempo.