sábado, 4 de julho de 2015

Divertida Mente

clip_image001ASSUNTO
Totalidade, Gestalt-terapia, emoções, memória, depressão, apatia.
SINOPSE
Crescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith). As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.
TRAILER

 
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Sucesso de público e de crítica, DIVERTIDA MENTE ainda pode render muito assunto. Logo, me chamou a atenção o fato da menina Riley enfrentar aos 11 anos sua primeira crise. Muitas famílias protegem os filhos por bastante tempo, tornando difícil o enfrentamento das crises previsíveis da vida. Na realidade, o amor superprotetor não tem intenção de tornar o filho inseguro, ao contrário, a intenção é que o filho não sofra, não sinta dor, não encare os fatos difíceis da vida ainda cedo. A informação recebida pelas crianças, nessas situações, é de que elas não são capazes de enfrentar problemas. Fica a dica, embora não seja o assunto do filme. Então, voltando para DIVERTIDA MENTE, trata-se uma animação repleta de símbolos que podem nos levar a diversas reflexões. Nosso olhar será gestáltico, à medida que escolhe as emoções como partes da totalidade do ser. A Gestalt-terapia tem uma visão de homem como organismo em relação, uma totalidade, onde as partes de relacionam, um movimento constante de tornar-se integrado. A alegria é a emoção privilegiada na trama, tentando estar no comando o tempo todo, com a finalidade de tornar a vida feliz. Seu oposto, a tristeza, é sempre colocada para segundo plano, evitada a qualquer preço, afinal, todos buscam a felicidade. É aí que o filme nos encanta, elaborando de forma lúdica movimentos tão semelhantes com as ideias e ideais perseguidos pelo ser humano. Medo, nojinho e raiva são as outras emoções personificadas no filme. Ainda criança, a menina tem com o medo os alertas necessários para evitar problemas. Nojinho é também mostrada como uma emoção, no caso, capaz de ajudar Riley a rejeitar alimentos e situações que podem não ser agradáveis. A raiva, embora não seja explorada em sua devida importância, é apresentada como parte necessária para nossa sobrevivência. Fomos educados para não respeitarmos a raiva como emoção válida, muitas vezes aprendendo que é feio sentir raiva, o que muito atrapalha nossa evolução, tendo em vista que a raiva é também parte do que sentimos. Fingir que tal emoção não existe, com a finalidade de parecermos “bonzinhos” só ajuda a nos desintegrar, não aceitando parte de nossa existência. Como o propósito do ser humano é a integração, vemos na animação um movimento bastante semelhante ao do ser humano.
As emoções, em momento de crise, separam-se, anulam-se, aventuram-se numa busca de integração. Vemos na aventura de emoções aparentemente opostas a busca deu caminho para restabelecer a harmonia. As aventuras da Alegria e da Tristeza trazem memórias como caminho, algumas sendo devidamente apagadas, outras restauradas, de acordo com as possibilidades, e, até mesmo o inconsciente.... Ainda que evitemos contar mais sobre a trama, destacamos alguns aspectos importantes. O primeiro é retratado na cena do pensamento abstrato, que nos remete ao momento de crise, quando nossas emoções se desintegram, trazendo uma sensação de descabimento, de descontrole, de instabilidade total. Bela metáfora. A outra se refere á tristeza, que nos remete a doença do século, a depressão. Momento de crise é também momento de oportunidade, quando tudo parece perdido, apagado, desconectado, abstrato (que também pode nos levar a apatia, a ausência de emoções), tudo pode se encaminhar na direção dos sentidos. Fazer sentido tem a ver com viver as emoções, todas, não como antagônicas, mas como partes de um todo, indivisível, de uma totalidade do ser, que se desenvolve a partir da tensão de suas partes, enriquecendo seu todo. A experiência da trama é imperdível por todos os aspectos enriquecedores apresentados, através do lúdico, nos integrando como seres inteiros, capazes de enfrentar crises previsíveis e imprevisíveis, respeitando todas as emoções possíveis. A lição maior, acredito, fica por conta da necessidade de enfrentarmos as emoções como surgem, elaborando-as como possível. Evitar uma emoção é o caminho para desarmonia. É a tristeza, com toda rejeição possível, que nos mostra sua importância, não como oposto, mas como parte integrante. Quando é aceita, a Tristeza não assume o comando sozinha, eternamente, logo, ela convida a alegria a fazer parte. Lindo!!!






7 comentários:

  1. Perfeito! O filme é uma grande aula para todos nós. Há muita coisa subjetiva, nas entrelinhas, e a cada cena, a cada situação, vamos tomando conhecimento da importância dessas emoções dentro de nós. Uma sugestão de leitura é o livro "Fiéis às nossas emoções, o que elas realmente nos dizem ". O autor é Robert Solomon.

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  3. O filme realmente é muito bom para todos os públicos, principalmente nós universitários... Depois de uma aula sobre introdução à gestalt e o início de outra sobre memória... assistir divertida mente ajudou de maneira ilustrada entender os conteúdos expostos pelos professores e as teorias lidas. Recomendo a todos!

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  4. Anne,
    Obrigada por sua contribuição, volte sempre!!!

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  5. oi tudo bem?
    Sou estudante de psicologia e assim que vi o trailer fiquei louca p assistir o filme.
    É uma aula e tanto!
    Gostei do filme por mostrar alguns detalhes importantes que passam despercebidos no dia a dia, como o nosso "sacrificio" diário de tentar a todo custo manter um sorriso no rosto quando em certas ocasiões a tristeza insiste em predominar. Nos ensina então que a tristeza assim como outros sentimentos são importantes p manter o nosso equilibrio emocional, e que fingir que está td bem quando não está não vai adiantar muita coisa, na verdade só vai adiar uma reação que mais cedo ou mais tarde vai ter que se manifestar de alguma forma.


    refugiosinsanos.blogspot.com

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    1. Giselle, obrigada por sua participação. Boa sorte em sua formação, volte sempre!!

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