ASSUNTO
Relações afetivas e sociais, sexualidade, transsexualidade, transtorno de identidade de gênero.
SINOPSE
Não recomendado para menores de 14
anos
Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar
Mogens Wegener e foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança
de gênero. Em foco o relacionamento amoroso do pintor dinamarquês com Gerda
(Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher.
TRAILER
O
OLHAR DA PSICOLOGIA
O
filme é a cinebiografia de Lili Elbe, nascido Einar Mogens Wegener, um artista
plástico dinamarquês que teria sido a primeira pessoa a se submeter a uma
cirurgia de mudança de gênero. A década de 20 era um momento em que a
medicina ainda não estava preparada para lidar com as possíveis complicações
daquela intervenção. É preciso considerar que o filme foi baseado em um livro,
que por sua vez foi baseado em uma história real, um marco na história da
medicina e uma porta que se abria para os transexuais. Na adaptação para o
cinema, importantes detalhes foram omitidos ou modificados. Por exemplo, Lili
foi submetida a 4 cirurgias, pois encontrou o amor e pretendia constituir
família, ter filhos. Segundo diversos relatos, na ocasião de sua morte, Gerda
já não convivia com Lili, que estava acompanhada de seu novo amor, um curador
de artes. Gerda, por sua vez, bissexual assumida, após se divorciar do segundo
marido, não obteve sucesso profissional e se tornou alcoólatra, encerrando sua
passagem pela vida no anonimato. Embora não haja qualquer menção à
bissexualidade de Gerdra na trama, é possível considerar algumas pistas, seja
no roteiro ou na interpretação da atriz. A
trama foca o relacionamento do artista com sua esposa Gerda, sua descoberta como mulher e a reação de ambos
durante o processo. Não há exposição sobre as reações da sociedade. As
críticas não foram favoráveis nem ao desfecho do filme, nem a forma, sendo considerada
por muitos como rasa na abordagem do assunto. Fato é que o enredo abre uma brecha
para discussão e melhor compreensão do que é ser transexual. Esclarecendo:
Diferente da homossexualidade, que é caracterizada apenas pela
atração sexual e afetiva entre indivíduos do mesmo sexo, sem que haja incômodo
com o próprio corpo, a transexualidade traz uma pessoa que não se identifica
com o seu corpo, seu gênero psicológico não corresponde ao físico. Independente da ficção, a trama denuncia
algumas questões reais. Por exemplo, na procura de solução para seu incômodo,
Lili encontra até o diagnóstico de esquizofrenia. Dentre outras intervenções que tentavam "resolver" a questão, o choque também foi utilizado,
Ao longo da história,
diferentes classificações foram utilizadas para diagnosticar indivíduos. A
última classificação americana dos transtornos mentais (DSM-IV-TR) retirou dos
seus diagnósticos os termos transexualismo, travestismo e homossexualismo. Ao
invés disso, adotou-se o termo Transtornos da Identidade de Gênero, que é visto
como menos preconceituoso ou discriminatório. Hoje,
o sofrimento do indivíduo,, que não se identifica com seu corpo, pode ser
amenizado através de uma intervenção cirúrgica mais segura. Entretanto, ainda
vivenciamos pensamentos retrógrados em relação ao tema. Talvez, seja a razão da
perspectiva rasa adotada. Ainda assim, o filme oferece um olhar suave e
delicado, capaz de tocar o espectador. Na trama, acompanhamos Einar adotando com naturalidade os
adereços femininos e, paulatinamente, reconhecendo o próprio corpo como algo
que não corresponde à mulher que descobre habitar o seu ser. Aos poucos, Einar
vai deixando de existir, dando lugar a Lili, um ser atormentado por habitar um
corpo que sente como estranho a si. Antes da transformação, ele é retratado em
sua rotina boêmia, acompanhando a esposa em aventuras diversas, incluindo as cenas
sexuais do casal. Até então, Einar demonstra apetite sexual pela esposa. São
sutis os detalhes que mostram as iniciativas mais presentes nas atitudes de
Gerda, só emergindo no decorrer da trama. É também a esposa que inicia o
movimento de apreciar o marido vestido de mulher. Aos poucos, ele vai
descobrindo sua identificação com o que podia ter sido fantasia, e Lili passa a
ser a própria identidade. Não é mais possível retornar ao lugar que esteve até
então. As angústias experimentadas por Einar são apresentadas em delicados
movimentos, são expressões suaves adotadas pelo ator. Mais do que diálogos, os
gestos expressam a inquietude que pode tocar o espectador. O drama é provocador
e as questões são sutis, o que não pode ser percebido e/ou aceito por qualquer
público. Quase um século depois, ainda temos dificuldade para discutir
abertamente sobre tudo que está fora do comum, ou seja, tudo que é diferente. As
questões de gênero continuam urgentes e a sociedade precisa discutir e aceitar possibilidades
de existência fora da “caixinha”.
gostei do post, mas queria o filme relacionado a sua area de Psicologia, relacionado a alguma abordagem, seria possivel? por exemplo, relacionar a gestalt, ou qq outra abordagem, seria mais interessante!!!!
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