ASSUNTO
Desenvolvimento,
perdas, tempo, aventura, crescimento, relações familiares, sociais e afetivas.
SINOPSE
Alice (Mia Wasikowska) retorna após uma longa
viagem pelo mundo, e reencontra a mãe. No casarão de uma grande festa, ela
percebe a presença de um espelho mágico. A jovem atravessa o objeto e retorna
ao País das Maravilhas, onde descobre que o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp)
corre risco de morte após fazer uma descoberta sobre seu passado. Para salvar o
amigo, Alice deve conversar com o Tempo (Sacha Baron Cohen) para voltar às
vésperas de um evento traumático e mudar o destino do Chapeleiro. Nesta
aventura, também descobre um trauma que separou as irmãs Rainha Branca (Anne
Hathaway) e Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter).
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Alice
volta a personificar questões humanas do seu, porque não dizer do “nosso”, ”vir a
ser” constante. Em “Alice através do Espelho” acompanhamos sua jornada já na
idade adulta, diante dos desafios da vida, enfrentando tempestades e se arriscando
acreditar no impossível. Como ela diz: “A
única maneira de acreditar no impossível, é acreditar que é possível”, temos
assim o ponto de partida para mais uma aventura, repleta de metáforas, que
caminham em direção ao crescimento. A crítica não perdoou a inconsistência do
longa, apontando a falta de aprofundamento em qualquer dos temas, dos excessos de
efeitos e da fragilidade no desenvolvimento da trama que muito se distancia do
livro, segundo eles. Um olhar mais inocente irá se maravilhar com os efeitos
especiais e a realização do impossível na tela. Trata-se de uma aventura, que
mescla o universo infantil com o adulto, de forma leve, nos permitindo um belo
entretenimento.
Penso que entrar na vida adulta requer de todo ser humano fazer
as pazes com a criança que foi um dia, e, que se for possível dar as mãos à
mesma, é possível seguir em frente, aceitar o possível sem que se perca o dom
infantil de arriscar. Certamente, o momento requer habilidade de responder ao
momento presente, que traz obstáculos e situações que não podem ser controladas
por nós. Ou seja, a responsabilidade da vida adulta nos chama. Penso que Alice
pode ser uma boa metáfora para tais momentos, quando desejamos voltar no tempo,
tentando corrigir erros do passado. Mas, como diz o tempo personificado: Não
podemos mudar o passado, mas é possível aprender com ele. Alice tenta com todas
as suas forças mudar o passado, num esforço de evitar que seu amigo viva uma
dor como a sua, a falta que o pai faz em sua vida. Ela não pode voltar atrás com a sua perda, mas
se arrisca para evitar que o amigo perca sua família. É também interessante
olhar o passado como algo que nos tornou o que somos, mas nunca tratá-lo como
determinista de nossa história. Afinal, sempre poderemos aceitar nosso passado
e seguir em frente, agora, no momento presente, o único tempo capaz de realizar
mudanças. Talvez, o passado seja um lugar para ser visitado e colocado em seu
devido lugar, aceitando-o como um tempo que nos construiu, nos dando contorno,
mas nunca nos restringindo. Assim, Alice elabora o tempo e aprende com ele a
aceitar possibilidades, imperfeições, erros e acertos da vida. Ela não desiste
da criança que habita em si, dos sonhos e de suas convicções. Ao mesmo tempo, compreender a imperfeição de si e dos
outros, aprende que o amor é apesar de e não porque, aceitando assim sua mãe
como é. Abre novas possibilidades de relação, consigo, com sua família, com
suas lembranças e com o mundo. Apesar de o filme tocar em temas como perdas,
família, compaixão, tempo, feminismo, etc., o que mais me encantou foi aquele implícito,
que nos confronta com questões universais do desenvolvimento. Em alguns momentos, a trama aponta dualidades presente em nossas relações familiares, afetivas e sociais. Apontar dualidades, como: normal/patológico (loucura), antes/depois,
certo/errado, passado/presente, infantil/maduro, sonho/realidade, e , tantas outras, nos
convida para integrar o impossível na vida, tornando possível uma visão mais ampla da
humanidade que habita em nós. Vale sempre a pena sonhar e realizar, através da criatividade, a
característica humana mais preciosa da existência. E, neste aspecto, o filme é
espetacular, confira!
Muito bem colocado por Patrícia Santos, este filme e o primeiro Alice No País Das Maravilhas, trás assuntos que abordam valores muitas vezes esquecidos por nós, e proporciona momentos de reflexões.
ResponderExcluirObrigada, Ricardo, por sua participação! Volte sempre, sugira, nos presenteie com suas percepções, quando possível. Será um prazer!
ExcluirAbs,
Patrícia
O filme nos apresenta algumas questões ben duras em certos momentos, como o que devemos considerar real/possível e mais que isso, o por quê. Além de demonstrar que sempre tem algo a mais em cada pessoa, seja isso algo bom ou não, como o caso da rainha branca por exemplo, e também nos mostra que muitas vezes apenas umas poucas palavras podem mudar muita coisa, por exemplo a mágoa que a rainha vermelha guardou durante tanto tempo e só gostaria de ouvir o pedido de perdão da irmã. Essas e outras indagações bem interessantes nesta história, ansioso pela leitura.
ResponderExcluirObrigada, pessoa, por sua contribuição, indicando outras perspectivas. A proposta é essa, cada olhar somar oportunizando uma visão mais ampla. Volte sempre!
ExcluirPerfeito!! Anotei em meu diário alguns trechos de seu texto. Amei, bela visão!!
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