ASSUNTO
Anorexia,
distúrbios alimentares, família disfuncional, relações familiares, afetivas e
sociais.
SINOPSE
Uma jovem (Lily Collins) está lidando com um
problema que afeta muitos jovens no mundo: a anorexia. Sem perspectivas de se
livrar da doença e ter uma vida feliz e saudável, a moça passa os dias sem
esperança. Porém, quando ela encontra um médico (Keanu Reeves) não convencional
que a desafia a enfrentar sua condição e abraçar a vida, tudo pode mudar.
TRAILER
O OLHAR DA
PSICOLOGIA
Anorexia,
entre outros distúrbios alimentares, é tema central do filme. Ellen, 20 anos, tem
anorexia, uma doença que afeta também aos familiares. Antes de tudo, vamos falar sobre transtornos
alimentares, um mal que atinge parcela significativa da população. Os
transtornos alimentares envolvem fatores
biológicos, psicológicos, familiares, socioculturais, genéticos e de
personalidade. A anorexia é um dos principais transtornos
alimentares contemporâneos, no qual a pessoa vive o peso ou a forma do corpo de
uma forma distorcida, se recusando a manter o peso corporal dentro do mínimo considerado
adequado para sua idade e altura. Ellen acredita ter a situação sob controle,
quando seu corpo revela o contrário, uma aparência esquelética e assustadora. A
família, embora seja apresentada como disfuncional, está abalada, tentando ajudar
da melhor forma possível, para cada um. Filha de pais separados, Ellen morou
mais tempo com a mãe e sua namorada, mas foi enviada para a casa do pai, no
momento em que a mãe não suportou mais lidar com a questão da anorexia. Apesar
do pai ausente, assistimos o bom convívio com sua meia irmã e o esforço de sua
madrasta em buscar ajuda para a enteada. Embora a família seja apontada como
conflituosa e disfuncional, em nenhum momento são citados como responsáveis,
nem é o foco da trama. Que, aliás, explora mais as questões do ponto de vista
daqueles acometidos pelo transtorno. “Aqueles” são os outros personagens em
tratamento, que embora sejam pano de fundo, também retratam suas angústias. O
encontro com eles apresenta outras perspectivas do transtorno, seja pelos
sintomas ou pela singularidade de cada personagem ao lidar com o problema.
O filme nos convida a
transitar entre mundos distintos, sem apontar soluções. Há maior aprofundamento
nas questões da protagonista, sem deixar de pincelar outras formas de vivenciar
o transtorno, incluindo a dificuldade de manter uma gravidez nessas condições.
Limiar é o nome do lugar no qual os pacientes convivem, eles mesmos estão no
limiar, talvez entre a vida e a morte. Lá é proibido falar sobre comida, há
regras, pontuação para os que conseguem superar seus limites e tem um grupo
terapêutico com uma psicóloga. Não há foco no trabalho terapêutico, apenas
relatos durante parte de algumas sessões. Nenhuma perspectiva é central, a
trama é costurada a partir da protagonista, revelando seus conflitos pessoais,
sua dificuldade em lidar com o mundo. É possível perceber que não é só em
relação ao alimento que ela tem bloqueio, parece que nas relações afetivas
também ocorrem obstáculos impostos por ela. Podemos constatar sua tentativa em
se manter distante afetivamente, privilegiando a lógica nas situações nas quais
a emoção quer ter voz. O médico sinaliza sua preferência por uma falsa segurança,
o que a impede de ter experiências, mesmo àquelas boas. Sua conduta
profissional sempre destaca que estar vivo é a única razão para sentirem cada
momento presente, mesmo que as coisas possam não fazer sentido. Ele lembra que
coisas ruins vão acontecer, não é possível evitar, mas o que importa é como
lidar com isso. Mesmo quando aparenta a família ter desistido dela, ele lembra
que talvez seja necessário que ela chegue ao fundo do poço para perceber a si
mesma e poder sair de onde está. As cenas seguintes podem ser consideradas
excessivas, chocantes ou apelativas, entretanto, elas podem ser consideradas
uma expressão criativa de seus conflitos mais primitivos. Além disso, a clara
representação do “dar-se conta” dela oferece uma perspectiva interessante de
refletirmos. Como é possível ajudar a alguém, que não tem noção real de sua
forma, a enxergar a si mesma? O filme revela que é um processo difícil, requer
ajuda profissional e muito suporte, seja familiar ou profissional. Não basta
informar, dialogar, exigir, é preciso buscar ajuda, ter paciência, carinho,
cuidado, e, respeitar o tempo de cada um. Independente da forma em que o
assunto é abordado, a melhor mensagem do filme é que precisamos falar mais
sobre o assunto, para que mais pessoas possam compreender a necessidade de
buscar ajuda diante dos diferentes transtornos alimentares.
O filme retrata uma realidade de muitos jovens. O diretor e o os atores estão de parabéns.
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