quinta-feira, 27 de julho de 2017

Preto e branco

ASSUNTO

Alcoolismo, dependência química, racismo, luto, disputa de guarda de menor, direito, relações familiares, afetivas e sociais.

SINOPSE

Ao mesmo tempo que se esforça para superar a recente perda da mulher, Elliot Anderson (Kevin Costner)  tenta dar o melhor de si a Eloise (Jillian Estell), a neta que vive aos seus cuidados desde a trágica morte da sua filha. Apesar das dificuldades inerentes à sua condição de viúvo e avô, a criança tornou-se a sua única razão de viver e o que o motiva a continuar. Quando We-we (Octavia Spencer), a avó da criança, o informa das intenções de obter a custódia partilhada, Elliot recusa-se terminantemente a aceitar. De um momento para o outro, a pequena Eloise é forçada a dividir-se entre as duas famílias que lutam pela sua atenção e pelo que consideram ser o melhor. Quando a rivalidade entre os dois sexagenários chega à barra do tribunal, eles vêem-se confrontados com algumas das suas crenças e preconceitos mais enraizados.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA


O título original é “Back or White”, usando “or” (o – em português) no lugar do “e” do título em português. O que agrada de cara, tendo em vista que muito do trabalho terapêutico da Abordagem Gestáltica está focado na integração de polaridades. Ou seja, priorizamos a noção integrativa oferecida pelo aditivo “e”, em detrimento das dicotomias promovidas pelo “ou”. Afinal, por que não as duas coisas? A visão dicotômica de conceitos como, “preto ou branco”, “bom e mau”, “verdade ou mentira” são restritivas e estão sendo revisadas, muitas vezes sendo substituídas por noções mais integrativas. O filme desenvolve essa idéia, ainda que o processo tente argumentar uma divisão racista em nome da vitória nos tribunais. Mas, o drama é mais que isso. Fala de luto, de alcoolismo, de dependência química, de mágoas, de relações familiares, de super proteção, de construção de afetos e desafetos.
O drama começa com a morte esposa de Elliot, proprietário de um escritório de advocacia. Somos apresentados a sua netinha Eloise e outros personagens, que aos poucos dão sentido e forma ao drama em desenvolvimento. Embora o fato de  estar abalado com a perda da esposa possa justificar suas bebedeiras, sua dificuldade de parar fica evidente. Ainda assim, ele não perde a noção de realidade, sem medir esforço para se adequar às necessidades da neta. Por outro lado, temos a avó paterna, que vê na perda da avó uma oportunidade, não só de estreitar o convívio com a neta, mas principalmente de usar a situação para dar uma chance ao filho de se redimir em seu papel de pai. Para tanto, até aceita que seu irmão utilize o racismo como razão para pegar a guarda da neta, mesmo ficando visível que não é um argumento verdadeiro. O tribunal requisita sessões terapêuticas com a menor para avaliar a situação. A relação com o avô, apesar de afetuosa, passa a um período de aprendizado, tendo em vista que a falecida era quem lidava diretamente com a neta nos afazeres do cotidiano. Ainda que não acredite na recuperação do pai da criança, ele tenta promover a aproximação dele, depois de perceber que as sessões terapêuticas revelaram o desejo da neta de conhecê-lo. Questões individuais, afetivas, familiares e sociais emergem durante o processo legal. O roteiro não escolhe lado, apenas relata as questões, revelando as imperfeições dos indivíduos envolvidos e das necessidades reais da criança. Ela pode escolher morar com o avô, não precisa por isso, perder a noção integrativa do que representa família para ela. Não  há divisão, nem racismo, não é preto ou branco, pode ser como ela, um pouco de cada um. Vale conferir!Preto e branco

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