ASSUNTO
Relações
familiares, segredo, luto, aparências, fobia social, suicídio, depressão, conflitos familiares e existenciais.
SINOPSE
Uma exposição celebrando a fotógrafa Isabelle
Reed (Isabelle Huppert) três anos após sua morte prematura traz seu filho
mais velho Jonah (Jesse Eisenberg) de volta para a casa da família
– forçando-o a passar mais tempo com seu pai Gene (Gabriel Byrne) e com
seu recluso irmão mais novo Conrad (Devin Druid) do que ele passou em
anos. Com os três sob o mesmo teto, Gene tenta desesperadamente
conectar-se com seus dois filhos, mas eles lutam para reconciliar
seus sentimentos em relação à mulher que eles se lembram de maneira tão
diferente.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O título pode
nos remeter a diferentes perspectivas do drama, como a explosão que causa em
cada personagem ou no espectador. A
fotógrafa falecida é o elo entre os personagens. O ofício de retratar situações de guerra,
envolvendo os afetados, inaugura uma questão pertinente, ao revelar uma linha
tênue entre o que é e o que pode aparentar. Tal questionamento nos remete a
outras guerras do cotidiano, seja com os semelhantes, ou, consigo mesmo.
Afinal, entre o que aparentamos e o que somos pode haver uma distância
considerável. É exatamente aí que
identificamos um sentimento comum a muitos personagens contemporâneos, reais,
que não compreendem as aparências comumente retratadas, sentem-se
particularmente deslocados. A lembrança
da falecida é retratada por diferentes pontos de vista. As diferentes formas de
lidar com o luto e suas complicações são evocadas no momento de reunir material
para a exposição dos trabalhos. O marido,
que tem problemas como filho adolescente, convida o filho casado não só para
ajudá-lo a separar o material, mas principalmente para ajudá-lo na comunicação
com o mais novo. As diferentes formas de
lidar com a falta que aquela mulher faz se desdobra.
A delicadeza
de abordar os temas, que aos poucos se desvelam, pode ser outra bomba,
explodindo o segredo que não pode mais ser guardado. A conseqüência daquela
perda na vida de cada um, aos poucos monta o quebra-cabeça familiar, emergindo
algum sentido. Se por um lado tem o
Conrad, filho adolescente que enfrenta a fobia social na busca por auto-aceitação,
por outro lado, temos Jonah, o filho que acaba de ser pai e está em conflito
diante da responsabilidade de seu novo ciclo. O viúvo, por sua vez, tenta
administrar sua vida amorosa, a falta de comunicação com o filho adolescente e
as difíceis revelações que irá
enfrentar. Aos poucos, conhecemos um pouco mais daquela mulher, a profissional
reseitada e admirada, a mãe, a fotógrafa que se arriscava muito no campo de
guerra e sentia-se deslocada dentro da própria casa. Depressão, luto, auto-descoberta,
segredo, conflitos familiares, paternidade e fobia social são temas abordados
na trama. O conflito existencial fica
evidenciado na dificuldade de escolha entre vivenciar papéis e o encontro de si
mesmo, e, tudo começa a ser revelado na vida e morte da mãe. Pode ser muito difícil descobrir que ela cometeu suicídio, entretanto, culpar a si ou aos que estão vivos pela perda pode ser devastador. A verdade, por pior que pareça, pode dar algum sentido aos conflitos nossos de cada dia. Talvez, a culpa tenha influenciado Isabelle a ficar, sem refletir, sem escolher. Talvez, lhe parecesse a única escolha não escolher, sendo escolhida. Não escolher pode ter sido arriscado, oportunizado doenças como a depressão, que influenciaram sua forma de perceber o mundo. Toda escolha traz uma renúncia e uma consequência, mas é também uma oportunidade de experimentar o novo. Talvez, seja uma lição difícil de ser aprendida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante!