ASSUNTO
Relações sociais e afetivas, realização profissional,
relação eu-mundo, passado-presente, razão-emoção, conceitos Gestálticos: totalidade, contato, estética, "boa forma", processo criativo.
SINOPSE
Ao chegar em Los Angeles o pianista de jazz
Sebastian (Ryan Gosling) conhece a atriz iniciante Mia (Emma Stone) e os dois
se apaixonam perdidamente. Em busca de oportunidades para suas carreiras na
competitiva cidade, os jovens tentam fazer o relacionamento amoroso dar certo
enquanto perseguem fama e sucesso.
TRAILER
O OLHAR
DA PSICOLOGIA
Aclamado pela crítica, o longa encanta pelo conjunto da obra. O musical
traz o ‘colorido da vida’ ligado pela ponte da cena inicial, ligação que pode
ser o lugar da busca pelo sonho, o lugar da vida, o lugar do encontro, o lugar
da existência . Temos uma bela metáfora, ligando passado e futuro (presente,
caminho, momento), realidade e sonhos, razão e emoção, dentro e fora, eu-mundo,
etc. Será que existe mesmo uma ponte que une/separa ou tudo é uma coisa só, uma
totalidade? Lalaland toca o coração do espectador, contando uma estória
simples, que resume muito bem o roteiro da vida de qualquer um. Como buscar a
realização profissional e o amor, como escolher, como seguir ou não as receitas
de felicidade? Oscilamos o tempo todo entre nossas necessidades e as
necessidades do mundo que nos cerca, somos parte e todo, e, é nesta relação, nesta
dança, neste lugar de ir e vir que vivemos e nos desenvolvemos. A ponte,
lugar de ligação e de paralisação do trânsito, é também lugar de dança, música e movimento.
Um recorte excepcional para expressar o processo da existência. Este é apenas o
ponto de partida, ou uma perspectiva inicial, para falarmos de Lalaland, que
canta e encanta em sua evolução, tocando o público de forma sutil, evidenciando
o lugar de encontro como tempo-espaço de ganhos e perdas, o lugar de escolhas. Não se trata de um
simples musical, e, sim, de uma forma poética de expressar resumidamente a
vida. Acompanhamos encontros e desencontros dos protagonistas em busca de seu lugar no mundo. O processo de conhecer a si mesmo e ao outro, descobrir-se,
descortinar-se a cada encontro, faz de Lalaland uma obra excepcional. Não
falamos apenas de estética cinematográfica, que inclui cores e sons para
englobar sua beleza, falamos da estética da vida, que supera os requisitos
exigidos pela academia da sétima arte, pois prioriza o fluir como condição necessária para
a busca da “boa forma”.
A Abordagem
gestáltica acredita na valorização da estética, na busca da melhor forma para
resolver a emergência do momento. Para tanto, a fluidez é necessária, pois é
preciso ampliar o repertório de recursos que possam dar suporte para novas
escolhas. A importância da forma não está em sua estrutura, mas na fluidez das
formas e estruturas que perfazem uma estética harmoniosa. A estética gestáltica
aponta para paralisações ou repetições como interrupções deste processo natural
de fluir. Dar suporte a um cliente é ampliar seu repertório de escolhas, para
que seu processo natural de fluidez volte a funcionar de acordo com seus próprios
sentidos capacitando-o para realizar escolhas mais saudáveis. Não há certo ou
errado, há uma busca particular de novas escolhas, que serão sempre singulares.
É encantando, cantando e dançando que Lalaland costura sua estética, os encontros
e desencontros dos protagonistas podem
expressar processos comuns ao espectador. Todo mundo tem um amor guardado em
sua memória, que foi e será único, independente do desenrolar dos
acontecimentos. A totalidade pode ser vista na integração do casal dançando nas
estrelas, se misturando com o universo, sendo parte um do outro, integrados num
único rítimo. Os encontros que marcaram nossos momentos foram aqueles contatos
que afetamos e fomos afetados. Novas escolhas nos levam a outros caminhos,
novas conquistas, novas realizações. Mas, não há escolha que não nos remeta a alguma
perda. Entretanto, quem sou hoje, aqui e agora, é resultado de todo o processo,
ou seja, aquilo que penso ter perdido um dia faz parte de quem sou agora. E não
podia ser diferente, afinal, a vida é feita de ciclos. Tudo tem começo, meio e
fim, mas meu presente é um conjunto do que fui, do que sou e do que serei. Somos
mudanças, produtos de nossa história, do
conjunto de contatos que fizemos, que faremos e que fazemos agora. O passado
pode ser atualizado pela conscientização do que sou agora, aceitando-o como
parte do nosso universo. Com um encantamento peculiar, o filme nos convida a
brincar com este e outros aspectos sutis da vida. Não há o que lamentar, a
urgência está em cantar e dançar aqui e agora, conforme o ritmo que melhor te
agradar. Dentre as diversas perspectivas que o longa pode oferecer, compartilho
o que pode me tocar aqui e agora. Como toda obra de arte, não é possível
restringi-la a um único olhar. Portanto, convido o leitor a assistir ao filme e
depois voltar aqui, compartilhando sua percepção. Estou certa que poderemos
ampliar infinitamente a discussão, pois o filme é, de fato, uma obra de arte.
Divirta-se!
Oi! Eu tinha uma certa resistência em ver o filme, porque não gosto de musicais, porque a sinopse me pareceu rasa... Bem, eu percebi bem mais poesia que psicologia, mas você com muita competencia fez a análise . A vida não é igual pra ninguém, então gostei que tenha falado de leveza e conflitos mas com pessoas estáveis mentalmente. Só achei exagero Oscar para Emma Stone; ela está bem, só isso.
ResponderExcluir