sábado, 18 de julho de 2020

Maudie – Sua vida e sua arte





ASSUNTO

Superação, auto-suporte, relações sociais, afetivas e familiares


SINOPSE

Maud Lewis (Sally Hawkins) tem problemas de artrite reumatoide, que causa inflamações e deformações nas articulações do seu corpo. Apesar disso, possui incríveis habilidades artísticas. Passada para trás pelo irmão e incomodada com a vigilância exagerada da tia, ela busca independência trabalhando para um rabugento e pobre vendedor de peixes (Ethan Hawke).

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

Somos convidados a partilhar de um olhar único, através da janela, de onde Maudie observa as transformações contínuas, que revelam “toda a vida já representada”. Em tempos de pandemia, quando para muitos de nós, a janela tem sido ‘a perspectiva’, o convite se faz único, encantador e necessário. O filme é baseado na história real de Maudie, uma mulher decepcionada com a família, que decide sair de sua zona de conforto e enfrentar o mundo, a partir de suas possibilidades. Para além da superação dos próprios limites, da importância da vida e obra da artista, escolhemos desenvolver a perspectiva relacional da personagem, que entre pequenos gestos, em cenas sensíveis e delicadas, alinhavam a relação do casal.

Frustrada com as atitudes dos familiares, Maudie escolhe o caminho mais difícil, se candidatando a uma vaga de emprego pouco convidativa. Everet, o empregador, é um homem desagradável, grosseiro e até estúpido. Ele precisa de alguém que possa manter sua casa limpa e vigiada, enquanto sai para trabalhar. Fugindo de um ambiente repleto de mentiras, fantasiadas de proteção, ela adentra num universo recheado de verdade nua e crua, o que beira a insensatez, a grosseria e até agressão física. Ainda assim, ela insiste em enfrentar as impossibilidades, na construção difícil de um novo vínculo com o outro, consigo e com o mundo. A narrativa desenvolve a relação entre Maud, e Everet, dois opostos. Ela se revela uma mistura de ternura, timidez e ousadia. Ele é um homem calado, áspero e pouco comunicativo. A sensibilidade e inteligência dela, aos poucos, vão alinhavando um vínculo repleto de amor, as palavras se fazem desnecessárias. Vindos de ambientes familiares pouco funcionais, ambos foram afetados de formas distintas. Encontrar o ritmo, para que se tornem casal, é um processo lento, difícil, até doloroso. A relação deles é pouco convencional, pouco compreensível, tendo em vista seus contrastes, mas é impossível não ser afetado pela construção silenciosa, sensível e delicada nas cenas de amor entre ambos. Aos poucos, os papéis se invertem, a superação de Maud através de sua arte, dá espaço para Everet se permitir outros papéis. E, mesmo quando se acha pequeno, diante da grandeza e importância da obra de sua esposa, reagindo agressivamente, se perdendo em si mesmo, é por e com ela, que ele descobre a si mesmo. Sem usarem, em nenhum momento a palavra amor, eles imprimem na tela e no coração do espectador a grandiosidade do sentimento que os uniu: é amor, sem dúvida. Entre segredos familiares, que emergem, e os discursos agressivos, muitas vezes desconectados dos pequenos atos reveladores, vamos percebendo a visão de mundo de Maudie. Através da janela, é possível vislumbrar vida para além do que pode ser visto. È preciso ultrapassar o óbvio, sentir as pequenas mudanças que ocorrem a cada momento, atualizar e ampliar a infinita capacidade de vislumbrar o mundo, a simplicidade e a totalidade daquilo que chamamos vida. Que filme lindo!! Está disponível na netflix, não perca!

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