ASSUNTO
Superação, auto-suporte, relações sociais, afetivas e familiares
SINOPSE
Maud Lewis (Sally Hawkins) tem problemas de artrite
reumatoide, que causa inflamações e deformações nas articulações do seu corpo.
Apesar disso, possui incríveis habilidades artísticas. Passada para trás pelo
irmão e incomodada com a vigilância exagerada da tia, ela busca independência
trabalhando para um rabugento e pobre vendedor de peixes (Ethan Hawke).
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Somos convidados
a partilhar de um olhar único, através da janela, de onde Maudie observa as
transformações contínuas, que revelam “toda a vida já representada”. Em tempos
de pandemia, quando para muitos de nós, a janela tem sido ‘a perspectiva’, o
convite se faz único, encantador e necessário. O filme é baseado na história
real de Maudie, uma mulher decepcionada com a família, que decide sair de sua
zona de conforto e enfrentar o mundo, a partir de suas possibilidades. Para
além da superação dos próprios limites, da importância da vida e obra da
artista, escolhemos desenvolver a perspectiva relacional da personagem, que entre
pequenos gestos, em cenas sensíveis e delicadas, alinhavam a relação do casal.
Frustrada com as
atitudes dos familiares, Maudie escolhe o caminho mais difícil, se candidatando
a uma vaga de emprego pouco convidativa. Everet, o empregador, é um homem
desagradável, grosseiro e até estúpido. Ele precisa de alguém que possa manter
sua casa limpa e vigiada, enquanto sai para trabalhar. Fugindo de um ambiente repleto
de mentiras, fantasiadas de proteção, ela adentra num universo recheado de
verdade nua e crua, o que beira a insensatez, a grosseria e até agressão
física. Ainda assim, ela insiste em enfrentar as impossibilidades, na
construção difícil de um novo vínculo com o outro, consigo e com o mundo. A
narrativa desenvolve a relação entre Maud, e Everet, dois opostos. Ela se
revela uma mistura de ternura, timidez e ousadia. Ele é um homem calado, áspero
e pouco comunicativo. A sensibilidade e inteligência dela, aos poucos, vão alinhavando
um vínculo repleto de amor, as palavras se fazem desnecessárias. Vindos de
ambientes familiares pouco funcionais, ambos foram afetados de formas distintas.
Encontrar o ritmo, para que se tornem casal, é um processo lento, difícil, até
doloroso. A relação deles é pouco convencional, pouco compreensível, tendo em
vista seus contrastes, mas é impossível não ser afetado pela construção
silenciosa, sensível e delicada nas cenas de amor entre ambos. Aos poucos, os
papéis se invertem, a superação de Maud através de sua arte, dá espaço para
Everet se permitir outros papéis. E, mesmo quando se acha pequeno, diante da
grandeza e importância da obra de sua esposa, reagindo agressivamente, se
perdendo em si mesmo, é por e com ela, que ele descobre a si mesmo. Sem usarem,
em nenhum momento a palavra amor, eles imprimem na tela e no coração do
espectador a grandiosidade do sentimento que os uniu: é amor, sem dúvida. Entre
segredos familiares, que emergem, e os discursos agressivos, muitas vezes
desconectados dos pequenos atos reveladores, vamos percebendo a visão de mundo
de Maudie. Através da janela, é possível vislumbrar vida para além do que pode
ser visto. È preciso ultrapassar o óbvio, sentir as pequenas mudanças que
ocorrem a cada momento, atualizar e ampliar a infinita capacidade de vislumbrar
o mundo, a simplicidade e a totalidade daquilo que chamamos vida. Que filme lindo!!
Está disponível na netflix, não perca!
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