ASSUNTO
Autossuporte, aceitação, relações afetivas e sociais.SINOPSE
Renee (Amy Schumer) convive diariamente com insegurança e
baixa autoestima por conta de suas formas físicas. Depois de cair e bater
a cabeça numa aula de spinning, ela volta a si acreditando ter o corpo que
sempre sonhou e assim começa uma nova vida cheia de confiança e sem medo de
seguir seus desejos.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
I Feel Pretty, a tradução
literal seria "eu me sinto bonita", o título em português: “Sexy
por acidente”. Gosto mais do titulo original, que prioriza o “sentir”, processo
mais importante apresentado no filme. Sim, Renne, como muitos, é vítima de uma
pressão cruel, midiática e social, que teima em apresentar corpos e pessoas
perfeitas como modelo. Daí, um pulo fácil para a baixa autoestima e insegurança
gerada pela sensação de inadequação. Numa luta
diária com a busca da perfeição, ela vai se distanciando de si mesma, em
busca de lugar num mundo restrito de “aparências perfeitas”, onde tudo é
felicidade. Será? Bom, apesar de clichê, a comédia nos mostra um desejo
compartilhado por mulheres e homens do mundo todo, que ainda estão “contaminados”
pelo universo mágico da aparência perfeita. Renne tem dificuldade de emagrecer,
mas sonha com um corpo perfeito. Após diferentes tentativas, ela tem a ilusão
de que conseguiu realizar seu sonho. Ao acreditar ter o corpo sonhado, a
protagonista inaugura uma nova etapa de vida, onde o amor próprio e a
autoconfiança ditam seu novo comportamento. Daí, a trama se desenvolve como tantos outros filmes clichês, que
apresentam soluções fáceis e finais felizes, sem deixar de passar uma mensagem
interessante.
Obviamente, a ilusão de ter a aparência tão sonhada, transforma
sua forma de estar no mundo, nem sempre de forma positiva, pois Renee também
adota atitudes desagradáveis, até mesmo com suas amigas. Ser “aceita” na “sala
secreta”, disponível apenas para os VIPS, faz com que ela sinta-se como parte de um mundo de glamour, onde suas amigas
“normais” não podem fazer parte. Ainda que consiga guardar algo de sua autenticidade,
a protagonista afasta-se de seus contatos mais caros. Apesar das soluções
fáceis e transformações mágicas apresentadas na trama, não podemos deixar de
observar que o tema central é relevante e necessário. Aqui, o dilema é outro, deixa de ser entre o ser e o ter, para figurar entre o ser e o “parecer”.No mundo das aparências, escolhemos, para as redes sociais, as melhores imagens, é preciso aparentar o que estiver mais perto da perfeição. Preenchimentos, botox, cirurgias estéticas, dentre outros tantos procedimentos, são o sonho de consumo desenfreado de novas aparências. Tudo em busca da aceitação do outro. A magreza é parte do corpo desejado, não pela saúde ou bem estar, mas para ser aceita neste universo de glamour e perfeição.Apesar de vários
movimentos destacarem a singularidade do ser, a sociedade ainda dita e
contamina nossas formas de estar no mundo, muitas vezes, desqualificando quem
realmente somos. Nós colaboramos muito com isso, quando não aceitamos descobrir
quem nós somos. Na trama, tudo acontece num “passe de mágica”, até mesmo o “dar-se
conta” e a aceitação quase instantânea. A epartir da ilusão, a protagonista "sentiu" como se fosse real, o que promoveu mudança de comportamento, nem sempre tão adequado. Mas, de outro jeito, a trama mostra que a aceitação é um processo de integração, não de faz de conta. Trata-se de uma comédia despretensiosa, que torna
tudo muito fácil. Entretanto, não
podemos esquecer que conhecer a si mesmo - se aceitando, permitindo se
descortinar-, é processo, está acontecendo a cada momento. Vale conferir!
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