sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Green Book: O Guia

ASSUNTO

Racismo, preconceito, homofobia, relações sociais, familiares e afetivas.

SINOPSE

1962. Tony Lip (Viggo Mortensen), um dos maiores fanfarrões de Nova York, precisa de trabalho após sua discoteca, o Copacabana, fechar as portas. Ele conhece um um pianista e quer que Lip faça uma turnê com ele. Enquanto os dois se chocam no início, um vínculo finalmente cresce à medida que eles viajam.

TRAILER


O OLHAR DA PSICOLOGIA

O racismo aqui é apresentado com uma dinâmica invertida, onde um negro contrata um branco e racista para ser seu motorista e assistente. Apesar de branco, Lip é também vítima de preconceito, tendo em vista sua classe social e ser ítalo-americano, ou seja, pertencente a uma família de imigrantes italianos. Além da troca de papéis, a comédia dramática apresenta personalidades antagônicas. Don Shirley, além de ser um conceituado pianista, tem uma formação cultural refinada, enquanto Tony Lip é bronco, grosseiro e de pouco estudo. É exatamente sua característica grotesca, que o qualifica para a vaga de motorista, assistente e segurança. O músico tem uma turnê marcada no sul dos Estados Unidos, o que nos anos 60 representava um risco para ele, tendo em vista o racismo que marca a época e o lugar. Logo no início, percebemos o comportamento racista do motorista, o que é prenúncio de um difícil processo. Ao longo da trama, o público pode ser surpreendido. A forma delicada que o contato dessas diferenças pode produzir grandes transformações, contribuindo muito para o crescimento de ambos. Chamamos de contato, em Gestalt-terapia, o encontro genuíno entre diferentes, que se afetam mutuamente, gerando desenvolvimento do ser. Nesse aspecto, o filme nos brinda com passagens espetaculares, promovendo uma clara demonstração de humanidade. Sim, porque apesar das pré-definições que temos sobre o que nos parece estranho, tais preconceitos só afastam as possibilidades de trocas necessárias ao ser humano.
Emocionante, o filme acompanha a evolução dessa relação, dos conflitos e possibilidades que vão sendo costuradas, durante o processo de convivência. O racismo, o preconceito, o classismo e a segregação são apresentados com leveza, tornando a trama graciosa e bem-humorada, o que pode ter sido mal considerado pelos críticos. Entretanto, é esse aspecto delicado, que agrada e encanta ao espectador. Além do racismo, social e individual, e, a trama aborda diferentes tipos de preconceito, tocando sutilmente no tema da homossexualidade. Dos filmes indicados ao Oscar, por sua perspectiva encantadora, quase utópica, GREEN BOOK:O GUIA (de recomendações para o convívio racista sulista) se destaca. Com o desfecho clichê, tão desejável em nossas guerras permanentes (com tudo que é estranho ou diferente), a comédia dramática supera qualquer expectativa, ao tratar de temas tão discutidos e necessários de forma inusitada. Mais do que indicado ao Oscar, o filme é indicado para todos. Vale conferir!

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