quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

E se vivêssemos todos juntos?

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ASSUNTO

Luto, sexualidade, terceira idade, solidariedade e amizade.

SINOPSE

2010 - Na região da Grande Paris, vivem os casais Jean e Annie (Guy Bedos e Geraldine Chaplin) e Albert e Jeanne (Pierre Richard e Jane Fonda) mais o viúvo paquerador Claude (Claude Rich). Eles são amigos há décadas e, embora felizes, os sinais da idade começam a aparecer. Jeanne tem um câncer terminal, mas decidiu não contar a Albert, que já apresenta lapsos de memória. Claude, afeito a transas com garotas de programa, não possui o mesmo coração da juventude. Parte, então, de Jean e Annie, ambos com a saúde em dia, a proposta de todos morarem juntos na casa deles. Além da ajuda mútua, a vida comunitária permite a troca de experiências e um contato diário próximo. O grupo contrata um jovem alemão (Daniel Brühl) para auxiliá-los. Para um ator idoso, deve ser um prazer imenso interpretar um ótimo personagem principal. Com gosto e rugas no rosto (exceto a esticada Jane Fonda), o elenco mostra-se afinado e com fôlego de sobra. Entre a graça e a morte iminente, o diretor e roteirista Stéphane Robelin comanda seu segundo longa-metragem sem choro nem vela. Prefere fazer um registro real da velhice oferecendo reflexões prudentes e comoções contidas. Retirado da veja, leia mais.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

Existem alguns assuntos que permanecem como tabus, principalmente quando falamos de sexo e morte. Permanece muita distorção na exploração dos temas. Quando o ponto é sexo, por exemplo, ainda há uma distância grande entre a realidade dos fatos e a as estórias “de pescador” que são propagadas. Quanto à morte, evitamos a todo custo tocar no assunto, apesar de ser a única certeza que temos desde o nascimento. É, parece que tudo que é óbvio, também assusta. No entanto, o filme ousa discutir estes tabus com bom humor, sem perder de vista a realidade. É um filme que sinaliza o que é inevitável: o ciclo final da vida e a morte. “Velhice”, “terceira idade”, “boa idade” são os termos usados para nomear o ciclo que mais tem alterado as estatísticas, pois a expectativa de vida tem atingido um crescimento até então inimaginável. Novas demandas exigem novas configurações que possam atendê-las.

A solidão, a incompreensão dos familiares, a demência senil, o câncer em fase terminal, a sexualidade e outras dificuldades enfrentadas nesta fase fazem com que cinco amigos busquem uma nova alternativa. No filme em questão o convívio de um grupo de amigos em uma mesma casa foi a proposta compartilhada. A trama mescla comédia com assuntos sérios que devem ser pensados e discutidos por todos. Não é possível que os idosos continuem a ser desrespeitados em pleno século XXI, principalmente porque todos nós caminhamos para o mesmo fim. O filme retrata uma realidade europeia, no entanto, não está muito distante do que vemos no Brasil. Não é raro assistirmos o desrespeito, a falta de consideração, a agressão psicológica e até física que os idosos sofrem. Por mais que busquemos a longevidade, o ser humano caminha para o desgaste físico e mental, tudo isso faz parte da vida. “A gente planeja tudo, mas nunca pensa no que fazer nos últimos anos da vida”. Precisamos falar sobre isso, e o filme cumpre seu papel com graciosidade. Confira!

(...) filme coeso e com ritmo na sua proposta de abordar o fim de todos nós, não sem antes bater ponto nos percalços que o antecedem, como o Mal de Alzheimer, a "hospedagem" em asilos, entre outros. A diferença, porém, está na maneira como isso foi colocado, sempre com doses inteligentes de humor, que ajudam a suavizar sérias questões. (...)Cheio de diálogos realistas, que reforçam a ideia de que idosos "não são anjos" ou que a sexualidade sempre existiu (antes mesmo da famosa pílula azul), é inspirador constatar, apesar do final triste e significativo, que os coroas também zoam e se divertem. Leia mais.

(...) bons diálogos e numa trama que, longe de ser melodramática, confere reflexões ajuizadas em meio a sentimentos e expressões contidas (mas explícitas) e sem quaisquer sobressaltos. Bem-aventurado, Robelin demonstra grande sensibilidade ao inverter valores e declarar, indiretamente (ainda que abertamente), pela voz (e ótima atuação) de Jane Fonda, que os anjos são, na verdade, os mais senis, especialmente aqueles que estão próximos ao fim da vida. Leia mais.

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