quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Amor

clip_image001ASSUNTO

Terceira idade, relações familiares e afetivas, cuidado, AVC, processo de envelhecimento.

SINOPSE

Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) são um casal de aposentados, que costumava dar aulas de música. Eles têm uma filha musicista que vive com a família em um país estrangeiro. Certo dia, Anne sofre um derrame e fica com um lado do corpo paralisado. O casal de idosos passa por graves obstáculos, que colocarão o seu amor em teste

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

Tudo tem dois lados na vida, não canso de repetir isso. Pois bem, o que falar do amor? Como pode ser amor sem aquele tom meloso ao qual estamos acostumados? Quando falamos de um livro ou filme com tal título, logo criamos a expectativa de ver alguns obstáculos serem vencidos por um casal, que no final trocam carícias e declarações até ser concluído com a famosa frase “E foram felizes para sempre”. Antes que recriminem minha afirmação, me antecipo lembrando que existem também romances que acabam em tragédia, como “Romeu e Julieta”. Entretanto, também neste romance somos brindados com muitas cenas melosas que ilustram o amor que nós estamos acostumados a ver como tal. Não me recordo de qualquer obra que fale do outro lado da moeda, que fale de amor sem recorrer às cenas românticas, recheadas de trocas de beijos apaixonados e declarações de amor. O cotidiano de um casal, todos sabem, ultrapassa e muito o final feliz dos contos de fadas. Muito já se questionou sobre o que vem depois da união feliz, principalmente quando falamos do cotidiano de duas pessoas, antes estranhas, que trazem histórias de vidas diferentes, com valores, crenças e famílias de origem distintas. Ainda assim, muito já se apresentou em filmes e livros sobre encontros e desencontros do amor. No entanto, devo destacar que o filme AMOR nos apresenta o outro lado da moeda deste tema. Estamos falando de toda uma vida compartilhada, e, do que acontece quando a vida está perto do fim.

O filme nos brinda com outra linguagem sobre o amor, a sobrevivência deste em carinhos e cuidados muito diferentes de paixões alucinantes ou declarações de amor. Nenhuma declaração explícita ou cenas de beijos e abraços ardentes. Durante o processo de “envelhecer junto” o amor ganha outras formas de expressão, principalmente quando os desafios impostos pelo tempo reordenam as prioridades. A trama apresenta a rotina de um casal de idosos em seu cotidiano em declínio. Após a esposa sofrer o primeiro AVC, o amor se revela em cada gesto íntimo do casal. Às vezes são cenas compartilhadas que exibem a cumplicidade conquistada, outras vezes é o antagonismo que expressa à grandeza deste amor. De qualquer modo, o amor nos é apresentado sem alegorias, está despido, se mostra nu e cru, sobrevivente que triunfa sobre as adversidades. A degeneração do corpo e da mente de Anne vai revelando um caminho sem volta, o que torna a trajetória um tanto quanto dura para ambos. Por outro lado, é também em cada novo desafio que o amor revela seu lado mais verdadeiro, sem falsos pudores, está em cada momento íntimo que é compartilhado com o telespectador. Sem usar palavras de amor, cenas de beijos apaixonados ou sexo, não resta um pingo de dúvida, o filme nos fala de amor, Amor com letra maiúscula!

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