domingo, 17 de fevereiro de 2013

O amor não tem fim

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ASSUNTO
Terceira idade, ninho vazio, processo envelhecimento, psicologia do desenvolvimento, sexualidade
SINOPSE
2011 - Adam (William Hurt) e Mary (Isabella Rossellini) são casados há 30 anos. Seus filhos já saíram de casa há bastante tempo e eles agora estão em uma fase calma de suas vidas. Os problemas de memória de Mary e a carreira de Adam, que já não é tão próspera quanto antes, fazem com que assumam que estão envelhecendo, o que faz com que se afastem um do outro cada vez mais.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Em psicoterapia de família, é hábito usar o termo “ninho vazio” para nomear o período no qual os filhos partem e o casal pode se ver só outra vez. Dependendo de como acontece, ambos ficam perdidos, configurando a ambiguidade deste momento, que por um lado é alívio por estarem finalmente sós, por outro a solidão se torna um vazio difícil de ser enfrentado. O “enfim sós”, antes um sonho, pode transformar-se em momento de crise familiar ou individual. Trata-se da mudança de ciclo previsível, que ocorre durante um espaço de tempo de mudanças que buscam a reconfiguração familiar, um período que pode ser longo ou curto, ocorra. No filme, o casal vivencia a crise ao mesmo tempo que também enfrentam o processo de envelhecimento. Cada qual encara a crise com sua forma peculiar de ser, da melhor forma possível, de acordo com o histórico pessoal que lhe dá as ferramentas próprias. Lapsos de memória já ocorrem com Mary, o que a faz perceber o quanto precisam se preparar para o processo de envelhecimento que já dá sinais. Adam, pelo contrário, se recusa a perceber que está envelhecendo. Diante da possibilidade de realizar um projeto para um lar de idosos, ele reage em desacordo, a negação é visível. No lugar disso, prefere investir em um projeto junto aos jovens estagiários, o que o faz sentir-se jovem. As diferentes formas de enfrentar o momento acabam por afastá-los, mas não por muito tempo.
De fato, a realidade não acompanha às pretensas fugas, o que aos poucos se revela como possível e necessária a ambos. A busca por adaptação segue rumos opostos, a princípio, para adiante alcançar o reencontro. O suporte familiar e da rede de amigos surge para ajudá-los. De forma inteligente e delicada, a trama retrata os conflitos inerentes aos relacionamentos, incluindo a sexualidade e as diferentes formas de existir no mundo. Em tempos de relações instantâneas, é lindo assistir formas diversas de vivenciar a construção e reconstrução de relações amorosas que vencem conflitos individuais e familiares, permanecendo após décadas de forma nutridora. O filme discute não só o amor e a sexualidade na terceira idade, como também, talvez principalmente, o medo de envelhecer e morrer. Simples e delicada, a trama nos provoca reflexões a respeito desse processo natural que nos acompanha desde o nascimento: envelhecer e morrer. Em determinada cena, o filho cita um estudo que confirma uma distância razoável entre a idade que se sente e a idade que se vive. Ou seja, muito antes do lapso de memória, custamos a perceber o nosso desgaste físico e mental, nos surpreendendo a cada dia em situações nas quais nossos corpos não mais acompanham nossas ideias e “percepções”. Concordo com Robledo Milani, quando afirma:
O Amor Não tem Fim é, em última instância, uma encantadora e emocionante história de amor. O que o filme mostra, acima de tudo, é que não importa a idade dos envolvidos, e sim o desejo e a vontade de cada um em envolver e surpreender o outro. A arte da conquista deve estar sempre presente e em prática, e a idade não deve ser mais do que um mero fator em todo esse cálculo, sem nunca assumir a posição de peça fundamental. Uma obra sem maiores pretensões além de entreter e estimular a reflexão sobre um assunto que todos, mais cedo ou mais tarde, irão enfrentar. Para ler a crítica completa, clique aqui.






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