terça-feira, 29 de julho de 2014

Distante nós vamos

clip_image001ASSUNTO
Relações afetivas, sociais e familiares. Casal e família, processo de auto-descoberta, família em construção, gravidez.
SINOPSE
Uma comédia cativante que conta a história de um casal descobrindo os segredos da deliciosa aventura que é construir uma família. Burt Farlander e Verona De Tessant são um casal apaixonado, de Denver, vivendo a experiência de esperar o primeiro filho. Aos seis meses de gravidês, eles são surpreendidos por uma má notícia: os pais de Burt, Jerry e Glória, estão saindo do país para passar dois anos na Bélgica. Como os pais de Verona já são falecidos, o casal se vê frustrado na expectativa de compartilhar com a família as habilidades paternas e garantir um ambiente familiar ao bebê. Fixados na ideia de dividir sua experiência com pessoas que amam, eles decidem viajar pelos EUA e Canadá para rever outros parentes e velhos amigos e encontrar o lugar perfeito para começar uma família. Burt e Verona passam por Phoenix, Madison, Miame e Montreal e se deparam com histórias emocionantes até fazer uma grande descoberta: o verdadeiro significado da palavra "lar".
TRAILER
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Jeff indicou “Away we GO”, com título no Brasil DISTANTE NÓS VAMOS, o que ao pé da letra seria traduzido como lá vamos nós, o que seria mais fiel ao Road movie. Sim, podemos considerar como tal, a partir do momento que o casal coloca o pé na estrada em busca de uma “receita de bolo”, melhor dizendo, uma boa receita que os auxilie na constituição da família. De fato, eles seguem buscando não só um bom lugar, mas um exemplo de educação que pudesse servir para a família que está em construção. Logo, me lembrei de José Angelo Gaiarsa, que já alertava sobre a necessidade da mãe olhar e ouvir seu filho, no lugar de seguir exemplos ou “receitas” de como ser boa mãe. Cada um de nós tem algum “modelo” formado do que é ser mãe ou pai, que foi construído com as experiências da vida, mesmo que não tenhamos consciência de ser uma repetição de algum modelo que foi introjetado como “bom” ou “verdadeiro”. O casal, a partir da gravidez confirmada, - uma das cenas mais bonitas do filme, decide buscar um “lugar”, físico e/ou psicológico, para constituir uma “boa família”. Aí, nos deparamos com a desconstrução necessária aos novos tempos. A família “exemplo” não existe.
Em tempos de pluralidade, o conceito “família” tem se transformado para atender novas demandas e denominar diferentes formas, como a família homoafetiva, família estendida, família monoparental e outras. Ainda que a busca do casal se restrinja a família nuclear, diferentes formas serão encontradas. Como já dizia Nelson Rodrigues, “De perto ninguém é normal”, pelo jeito, nem família! Afinal, o que é ser normal? Ainda que tenhamos um modelo em mente, não há parâmetros a ser seguido, cada qual constrói a própria família a partir do encontro de dois indivíduos, vindos de distintas famílias de origem, que ainda encontram no bebê um novo membro para configuração familiar. A nova constituição irá se desdobrando como for possível o contato. Não há parâmetros que possam definir um modelo perfeito. O que irá diferenciar a família disfuncional da família saudável é uma linha bastante tênue. Gaiarsa destaca a importância do foco, da atenção na relação que está em construção, ou seja, no aqui e agora há a necessidade de “atenção” entre os membros da família, é preciso foco, os membros precisam de contatos autênticos. Gaiarsa afirma “Quem não tem a atenção de ninguém, não sente que existe”, “se ninguém olhar pra mim, eu não sinto que eu existo”. Ou seja, olhar, focar ou dar atenção, uns aos outros, parece ser a melhor forma de constituir uma família saudável. Voltemos ao filme. Durante a busca, o casal vai encontrar diferentes abordagens familiares. A trama retrata uma viagem de formação, de autoconhecimento, uma busca que começa no mundo externo, mas os colocará em contato com seus universos particulares, com suas próprias necessidades. Há a necessidade de partirem de onde estão, de aceitarem o momento presente, para que a mudança ocorra e eles possam construir novos papéis. Os filhos se tornam pais um dia, ainda assim, nunca deixarão de ser filhos. Fica a dica, o filme é simplesmente encantador, imperdível!







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