domingo, 27 de julho de 2014

Questão de tempo

clip_image002ASSUNTO
Relações familiares, relações afetivas, adolescência, aqui e agora (conteito da abordagem gestáltica).
SINOPSE
Ao completar 21 anos, Tim (Domhnall Gleeson) é surpreendido com a notícia, dada por seu pai (Bill Nighy), de que pertence a uma linhagem de viajantes no tempo. Ou seja, todos os homens da família conseguem viajar para o passado, bastando apenas ir para um local escuro e pensar na época e no local para onde deseja ir. Cético a princípio, Tim logo se empolga com o dom ao ver que seu pai não está mentindo. Sua primeira decisão é usar esta capacidade para conseguir uma namorada, mas logo ele percebe que viajar no tempo e alterar o que já aconteceu pode provocar consequências inesperadas.
TRAILER
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O OLHAR DA PSICOLOGIA
Primeiro vamos falar sobre Tim, um adolescente como outro qualquer. Ele está inseguro, “sem lugar”, mas tem clareza do desejo mais importante de todo ser humano: encontrar o amor. E, ele não tem vergonha de assumir sua necessidade diante do pai. Partindo desta premissa simples, o filme traz a possibilidade de ter uma “ferramenta especial” para lidar com sua necessidade genuína. QUESTÃO DE TEMPO é de fato uma bela surpresa. Com personagens cativantes, distantes da perfeição, bem próximos da realidade de qualquer um, a trama usa a fantasia de “viajar no tempo” sem com isso tornar-se fantasiosa demais. Ao saber da possibilidade de viajar no tempo, Tim duvida de início, mas não aproveita seu privilégio para ingressar em momentos tão distantes, que possam fugir tanto de sua realidade. Ele tenta seguir as regras básicas, para refazer erros primários de seu cotidiano.
O mais interessante de suas viagens, são as descobertas que faz sobre o valor de viver o momento presente, seja bom ou ruim. Atentem para episódio do acidente da irmã. Neste particular, fiquei refletindo sobre as escolhas que o outro faz, podendo ser irmã, filho, ou um amigo qualquer. Não podemos evitar que o outro sofra as consequências das próprias escolhas. Afinal, o aprendizado surge das experiências pessoais, de onde nascem as próprias descobertas. Nem sempre, avisar ou evitar algum incidente ou situação de dor, irá ajudar ao outro. Tim também percebe que, ainda que possa voltar no tempo e tentar refazer sua história, ele não irá se livrar da necessidade de ser responsável pelas próprias escolhas. O mundo se faz a partir de escolhas, não há como fugir disso! Não podemos ser vítimas eternas das escolhas alheias Até mesmo quando escolhemos não decidir, estamos de fato escolhendo! Fiquei pensando sobre um pensamento que tem circulado no universo virtual, que afirma algo parecido com “querer apagar uma dor do passado é também desfazer parte da pessoa que nos tornamos”. Creio que essa é uma das mensagens do filme, que traz como cenário a importância das relações familiares. Há um foco especial na relação pai e filho, que nos comove em diversos momentos. Não podemos deixar de falar que estar “preso” ao passado não nos facilita o momento presente. As escolhas que fizemos ou não pudemos fazer no passado é o que nos tornou quem somos, mas o que faremos com o que nos tornamos é escolha do momento presente. Agora é o momento de viver e reviver, escrever ou passar a limpo nossa história. Pois bem, o filme acompanha um período da vida de Tim, desde a adolescência até a construção de sua própria família, do desengonçado rapaz ao chefe de família. A trama é leve e descompromissada, mas não deixa de promover boas reflexões sobre o tempo e nossa relação com ele e com as pessoas. Super recomendo!







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