segunda-feira, 11 de abril de 2011

O discurso do rei

o discurso do rei ASSUNTO
Relações familiares, afetivas e terapêuticas, gagueira.
O “terapeuta” em questão não é psicólogo, não tem título, não é certificado. No entanto, durante todo o processo, podemos identificar uma relação terapêutica, tal qual a psicoterapia. Aos poucos o cliente é levado a se dar conta de que sua gagueira é uma impossibilidade de se expressar, de se expor. “O tom da voz do pai o fazia tremer”, sua infância foi repleta de “sintomas” (crises estomacais crônicas) apresentados após as correções e formatações a que fora submetido (escrever com a mão direita, mesmo sendo canhoto, correção das pernas tortas,etc.). George buscava apenas o equilíbrio quando assombrado por seus medos infantis, diante de situações ameaçadoras, desenvolvida algum sintoma na busca de sobrevivência.
Especialistas afirmam que há dois tipos de gagueira, a adquirida e a de desenvolvimento. Quando identificada como genética, profissionais afirmam não ser psicológica, ainda que afirmem que não se podem desprezar os fatores ambientais. Pois, algumas situações podem disparar o gatilho da gagueira em pessoas que tem predisposição genética. Embora, no filme a gagueira seja abordada como resultado de um trauma de infância, diversos especialistas discordam.
Importante, é perceber que o filme mostra como a gagueira era entendida na época. O trabalho do terapeuta do rei, autodidata e heterodoxo foi pioneiro. Há que se destacar o quanto fenomenológico ele se apresenta, pois foi a partir da experiência vivida nos de vários casos anteriores é que desenvolveu seu método de trabalho. Além do trabalho da oratória do seu tempo, ele usava técnicas de relaxamento e suavização da fala que ainda hoje são usados. Lionel se coloca de igual para igual, servindo-se de instrumento, de ferramenta para auxiliar George a se dar conta de suas questões. É através desse vínculo terapêutico que o Rei vai qualificando suas potencialidades. Sua história está repleta de perdas, violência física e psíquica, manipulações, desqualificações, e, principalmente, falta de vínculo que qualificasse sua forma de ser. Como Gestalt-terapeuta, o que mais me chamou a atenção no filme foi esse vínculo Terapeuta-cliente, que para nós é tão caro. Nosso trabalho é na relação, pois somos constituídos a partir delas. É através desse vínculo terapêutico que percebemos a forma de funcionamento do cliente no mundo e suas interrupções. E é essa relação, esse vínculo, essa quase “matriz” que dará suporte para o desenvolvimento das próprias potencialidades, ampliando-as, revelando novas formas de funcionamento singulares. Isso tudo sem contar com a interpretação e produção estupenda que conquistou o Oscar. Amei o filme, recomendo!
SINOPSE
O Discurso do Rei  conta a história de George, personagem de Colin Firth, que é gago desde os quatro anos de idade.  Mas este problema comum ganha muita seriedade, pois George pertence a realeza britânica, e por isso precisa fazer discursos com grande freqüência.  Apesar de já ter passado por diversos médicos, ele nunca conseguiu encontrar resultados eficazes. A situação fica pior quando George se vê obrigado a ocupar o trono de rei da Inglaterra depois que seu irmão Edward, vivido por Guy Pearce, abdica do posto em 1936. A história de George começa a mudar quando sua esposa Elizabeth, personagem de Helena Bonham Carter, o leva até um terapeuta chamado Lionel Logue, interpretado por Geoffrey Rush. Lionel  usa métodos diferentes dos convencionais, por isso no começo George perde um pouco da esperança de que este novo tratamento possa realmente lhe ajudar. No entanto, o terapeuta se coloca em uma posição de igual para igual com George e passa a ocupar um lugar de “psicólogo”, até se tornar seu amigo.
A estratégia de Lionel é fazer com que fazem com que George adquira autoconfiança para cumprir os maiores desafios da sua vida. Através dos seus exercícios e métodos, ele consegue ajudar George a assumir a coroa e mudar a sua concepção de que é incapaz de governar a Inglaterra por conta de uma gagueira nervosa.
TRAILER

2 comentários:

  1. Acredito totalmente que o rei George é um traumatizado, com uma enorme carga de tarefas rígidas a seguir que acabam fazendo-o sentir complexo pelo seu "eu" e somatizando tudo na gagueira.Mas o bom é que ele busca ajuda. Nem sempre a adequada, mas busca. Inseguro, mas prossegue. Prosseguir é preciso, ou não há evolução. Só atrofia, estagnação.

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    1. Lamento a demora, só recentemente, descobri que existiam varios comentários numa caixa de spam, que ignorava a existência. Obrigada por sua participação.

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