quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Eu me chamo Elisabeth

clip_image001ASSUNTO
Rito de passagem, separação, abandono, solidão, depressão infantil, saúde mental.
É um filme delicado, que fala um pouco sobre solidão infantil e o rito de passagem da infância para a adolescência. Enquanto o casamento dos pais está em processo de dissolução, Elisabeth está em situação de isolamento. A mansão é muito grande e a falta de contato com outras pessoas, vai fazendo a menina sentir-se abandonada, chegando a apresentar sintomas de depressão. Sua carência fica evidente quando encontra no paciente psiquiátrico uma oportunidade de fazer amizade, se relacionar. Há que se observar muitos aspectos da vida moderna na trama. Gostaria de chamar a atenção para a situação de carência da criança, hoje tão comum nas famílias “modernas”. A importância das relações sociais para a construção de nossa identidade é notória. Quantos pais e mães deixam seus filhos, seja por necessidade ou negligência, em situações parecidas? Seja em casamentos em crise ou não, qual é o círculo de convício das crianças? Outro aspecto que me chamou a atenção foi o contato puro que fez com o paciente fugitivo.
Trabalhei um tempo com pacientes psiquiátricos graves, e percebi o quanto a falta de amor, carinho e atenção, os prejudica. A desospitalização, processo que rompeu com o tratamento desumano dos manicômios, não foi suficiente para reparar esse equívoco. A intolerância coma as diferenças ainda permanece em nossa sociedade, até mesmo no interior da família.  O funcionamento diferente do que consideramos “normal” se torna sempre algo a ser excluído, isolado ou pior, ignorado. Percebam que o rapaz, mesmo com problemas mentais, constrói um vínculo forte com a menina. A relação é elaborada aos poucos,  com carinho, cuidado e pureza. Não há qualquer pré-julgamento em Betty quando se aproxima do rapaz, que se transforma em seu porto seguro. Na escola, as relações são frustrantes, pouco confiáveis. A relação da criança com o paciente psiquiátrico vai sendo fortalecida, até o momento que é necessário tirá-lo da cabana, pois será transformada em sala de jogos. Ela o orienta, vence seus medos e o acompanha, dando-lhe instruções para viagem. Aos poucos, seu desamparo ressurge e a dor a impulsiona para buscar seu fim. E seu amigo reaparece e a resgata de um possível suicídio. Os conflitos familiares motivam a  fuga  com seu amigo. E, é também no final do filme, que o amigo a salva. O mesmo que é considerado suspeito de tê-la seqüestrado é quem, apesar de seu estado mental, tem a lucidez “emocional” suficiente para resgatá-la. A cena nos convida a refletir sobre a importância do carinho, cuidado, atenção nas relações em geral, independente das diferenças. Vale a pena conferir, é um filme tocante!
SINOPSE
Na trama, passada na década de 1940 no interior da França, uma garotinha assustada vive com seus pais e irmã numa mansão ao lado de uma clínica psiquiátrica. O pai é diretor do local e se vê às voltas com o sumiço de um dos pacientes, justamente enquanto luta para manter o casamento. Deixada praticamente sozinha durante o dia, apenas na companhia da babá deficiente mental, a pequena Betty (Bellugi) certo dia encontra o fugitivo escondido na cabana ao lado de casa - e passa a cuidar dele. A relação se torna seu segredo mais íntimo e a única coisa pela qual ela tem controle em meio às difíceis mudanças de sua vida. Clique aqui.
TRAILER

Um comentário:

  1. Preciso assistir esse filme mas não encontro. Alguém conhece um site que tenha online para me indicar? Grata

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