quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Somos Todos Diferentes

SOMOS TODOS DIFERENTES

ASSUNTO


Dislexia, relações sociais, familiares, terapêutica e afetivas, potencialidade, percepção, psicodiagnóstico e tolerância

SINOPSE

Ishaan é um garoto de oito anos que não possui muitos amigos, é cheio de imaginação e gosta muito de desenhar e brincar. Solitário, tem como amigos os cães e os peixes do aquário. Suas brincadeiras passam por poças d'água e pipas. Vive com sua família em um conjunto na Índia. Ishaan apresenta muitas dificuldades na escola, tendo sido reprovado no ano anterior. Já seu irmão é o melhor da classe,tendo sucesso nos esportes também. Após uma reunião com os professores de Ishaan, que informam aos pais que o menino não apresenta avanços na escola, eles decidem enviar o garoto a um colégio interno para que seja disciplinado e consiga êxito nos estudos. Após um período em que se torna cada vez mais triste e solitário, sofrendo severas punições dos professores, Ishaan conhece o professor Nikumbh, que além do trabalho no colégio, leciona também em um colégio para crianças com necessidades educacionais especiais. Nikumbh percebe a existência de um problema e, na busca da solução, devolve a alegria e a auto-confiança de Ishaan.

TRAILER



O OLHAR DA PSICOLOGIA


Filme indiano de 2008 que recebeu duas traduções no Brasil: “Como Estrelas na Terra” e “Somos Todos Diferentes”. Nos Estados Unidos, foi exibido com o título: Every Child is Special (Todas as crianças são especiais). Como todas são afirmativas verdadeiras, deixemos de lado tal divergência, pois o mais importante é considerar a qualidade do filme, que é simplesmente excepcional!!! Falamos de um filme sensível, espetacular, uma obra prima indiana. O desdobrar da estória do menino disléxico revela a complexidade e a importância das relações em nossa existência. É fato  nos afetarmos e sermos afetados pelas reações interpessoais, entretanto, um mesmo acontecimento pode ser percebido de formas diversas, dependendo do “afeto” de cada um. Por isso, é necessário ter cuidado com nossas formas de “cuidar” do outro e de nós mesmos.Entre outras cenas inesquecíveis, há uma passagem na qual o professor conversa com o pai de Ishaan, questionando o que significa a palavra “cuidar”. Neste momento sublime, o mestre alerta para que não aconteça com Ishaan o que acontece com as árvores das Ilhas Salomão, que morrem após as pessoas gritarem, repetidamente. palavras ofensivas à sua volta. Afinal, as palavras têm poder, e, quais são as palavras que usamos com a intenção de “cuidar” do outro?Mais do que falar de dislexia, o filme fala das relações afetivas e sociais. Me lembrei de uma frase que li há muito tempo, que descreve muito bem a mensagem principal do filme: “Você é especial e único, não existe outro de você no mundo, sua singularidade faz de você quem é, não esqueça disso.”
O filme tem sido exibido em diversas escolas, servindo como material de debates ricos sobre questões importantes para o desenvolvimento do ser, sem deixar de destacar a dislexia como outra forma de raciocínio, um aspecto importante dessa abordagem. De fato, a dislexia não torna ninguém menor, trata-se de outra forma de funcionamento que não afeta a inteligência do sujeito.
Outro aspecto importante do drama, vai além do diagnóstico de dislexia, falamos da depressão na infância. De fato, por mais que não queiramos admitir, a depressão na infância é um fato cada vez mais apresentado na geração atual. É preciso alertar pais e responsáveis para o fato, que no filme é deflagrado. O isolamento, a tristeza, o desânimo, a alteração no apetite, nem sempre dependem de fatores desencadeantes. Ou seja, nem sempre precisam de um gatilho claro, muitas vezes acontecem sem qualquer razão, e, os pais podem estar atentos às mudanças comportamentais possíveis.Com lirismo e poesia, nas imagens e nas músicas, que dão encanto e magia à narrativa, o filme nos emociona e nos coloca diante da questão: – por que a sociedade tem tanta dificuldade de lidar com as diferenças e a tendência de valorizar só quem está dentro dos padrões estabelecidos?  Leia mais clicando aquiEm contraste com a organização de tempo do filho problemático, pai, mãe e irmão seguem o script de uma vida produtiva. A cena que sintetiza esta ideia chega a ser hilária – vemos os três cumprindo rituais e tarefas cotidianas prosaicas em uma “rotação” acelerada, uma crítica clara ao ritmo frenético que temos de imprimir em nossas ações para conseguirmos um lugar ao sol na sociedade contemporânea. O valor está nessa pressa, na hiperatividade, como se isso fosse sinônimo de determinação, empenho. (...) Fica evidente no filme a inadequação não só do sistema de ensino como do ambiente familiar: ambos falhavam repetidamente com o garoto, exigindo que se adequasse a padrões de funcionamento e comportamento, que, na verdade, o impediam de aprender a partir de sua forma de olhar e compreender o mundo. (...)Diante disso, como dizer que as supostas dificuldades do garoto advinham de um problema individual orgânico? O que vemos é uma organização defensiva contra essas graves falhas ambientais, e uma tentativa de se manter saudável em ambientes claramente doentes, contaminados por uma pressa e submissão impeditivas do contemplar e criar livremente. Leia mais...


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