domingo, 6 de janeiro de 2013

A estranha vida de Thinothy Green

clip_image002ASSUNTO

Adoção, esperança, fantasia, relações afetivas, sociais e familiares.

SINOPSE

A Estranha Vida de Timothy Green conta a história de um casal (Garner e Edgerton) que não consegue ter filhos. Em uma noite regada à vinho, Jim propõe à sua esposa que façam um jogo: ambos escreveriam em pedaços de papel as características que gostariam que seu filho tivesse, tal como “ele nunca desiste das coisas”, “irá marcar o gol da vitória” e “será como Picasso, com um lápis”. Em seguida eles colocam os pedaços de papel em uma caixa e enterram no quintal. Porém, e é sempre no “porém” que a fantasia acontece, após uma noite com uma estranha tempestade (onde a chuva ao invés de cair, sobe para o céu) um menino cheio de lama aparece na casa dos Green, os chamando de “papai e mamãe”. A partir daí a história já está lançada. Timothy aparenta ter entre 10 anos e seu comportamento “é o de um menino com as qualidades que os pais desejaram”, mas “essas qualidades se manifestam de maneira que nunca poderiam ter imaginado”.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA

Um filme que trata de vários assuntos de maneira encantadora e sutil. Uma fábula sobre o desejo de ter um filho. Ao depositarem todas as folhas/sonhos em uma caixinha de madeira e enterram no jardim, o casal abre a porta da fantasia para a elaboração de um sonho. O que vem a seguir é pura magia. O filme é uma fábula, por isso é pura fantasia, imaginação. Trata-se de uma bela reflexão sobre amar o diferente, aceitar as imperfeições que a sociedade entende como "defeitos de fábrica", ou seja, sobre adoção. Timothy Green é muito especial. Filme indicado para toda a família, especialmente, para os casais impedidos de terem filhos.

Durante a exibição, fiquei refletindo a respeito das expectativas que os pais têm sobre o filho. De fato, muito antes do nascimento, o filho começa a ser idealizado, sonhado, “constituído” pelos pais. Muito antes de chegar ao mundo, cada ser já existe na mente de seus pais, do jeito que cada um pré-concebe. Independente de ser um filho adotado ou gerado pelos pais, antes de sua chegada, já há um peso psicológico que o precede, e se interpõe em sua caminhada. No consultório, muitas vezes passamos algum tempo separando a pessoa que chega desse peso que lhe foi colocado nos ombros. Assim, é muito interessante, olharmos para esta fábula com muito carinho, pois muitas realidades estão implícitas nessa fantasia. Nem todo desejo dos pais se torna fardo, pode também ser escolha do filho. Entretanto, no processo de individuação, o filho tem a oportunidade de manter consigo somente aquilo que faz parte de suas escolhas e separar-se de sonhos e fantasias que lhe foram depositados. Os pais, por sua vez, não estão livres de aprenderem com o desenvolvimento do filho. Como dito na trama: ‘Cometemos erros, tentando consertar erros. Não é isso que os pais fazem?’ e depois o Timothy comenta: “Eles farão seu melhor. Cometerão alguns erros.” Isso ilustra que a constituição da família é uma via de mão dupla, independente de ser adoção ou não. Os pais orientam os filhos em suas descobertas, mas de certo, também aprendem muito durante a convivência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante!