quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Minha mãe é uma viagem

clip_image001ASSUNTO
Relações familiares, confluência, autoestima, mecanismo de defesa.
SINOPSE
2013 COMÉDIA - Andy Brewster está prestes a realizar a viagem de seus sonhos pelo país e quem melhor para acompanhá-lo do que sua autoritária mãe Joyce. Depois de decidir dar início à sua aventura com uma rápida visita à sua mãe, Andy se vê forçado a levá-la com ele na viagem. Por 3.000 milhas de cenários sempre diferentes, ele constantemente se irrita com as artimanhas da mãe, porém, com o tempo, ele percebe que suas vidas têm mais em comum do que ele imaginava. Os conselhos de sua mãe podem acabar sendo exatamente aquilo que ele precisa.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
Mais que simpático, o agradável filme brinca com situações autênticas, que são facilmente encontradas na relação mãe e filho. Alguns filhos reconhecerão algo da própria mãe em Joyce, seja pela superproteção ou pela falta de limites, principalmente quando se trata de invadir o espaço da própria cria. Eles podem reconhecer ou não as próprias dificuldades em seu funcionamento no mundo. As mães, por sua vez, poderão se dar conta de seus excessos ou, ao contrário, podem se irritar com as atitudes invasivas desta mãe superprotetora, exatamente por não terem coragem de admitir ou reconhecer as próprias atitudes. Na realidade, as mães superprotetoras apenas amam demais, fazem de tudo para que os filhos não sofram. Na intenção de apenas evitar que o seu rebento sinta as dores do mundo, não percebem que a mensagem recebida por ele é outra. Na maior parte das vezes, o filho se percebe incapaz de enfrentar a vida, passa a não acreditar em si mesmo, se torna inseguro ao não ter parceria. No filme, Andy é o filho prodígio que desenvolveu-se no universo acadêmico, realizando pesquisas que resultaram em um produto competitivo. No entanto, o jovem tem certa dificuldade no que se refere à transmitir a mensagem. Embora ele tenha ciência da eficiência de seu invento, os termos que usa tornam sua comunicação enfadonha, desviando o foco do produto. A mãe, por outro lado, se preocupa com o fato dele não ter um relacionamento estável e tenta resolver o que considera “problema” do seu jeito.
Trata-se de uma comédia dramática de poucos risos, que retrata uma relação misturada, que gera transtornos para ambos. Ainda que distantes fisicamente, eles se mostram um tanto dependentes. De fato, o filme não se restringe a uma comédia descompromissada, pois alguns episódios retratados provocam algumas reflexões. É comum chegar a nossos consultórios adultos inseguros, muitas vezes desenvolvendo sintomas fóbicos ou algum tipo de transtorno. Ao aprofundarmos a investigação do contexto deste sujeito, muitas vezes encontramos mães superprotetoras. Aquela mãe que “pensa em tudo”, que “sabe o que o filho quer, antes dele pedir”, que não deixa o filho sofrer, não percebe que muito colabora para que o filho tenha dificuldade em buscar sua autonomia. O filho pode interpretar as ações maternas como uma forma de declaração da própria incapacidade. Ao enfrentar o mundo, um erro comum pode se tornar uma catástrofe, pois não aprendeu a enfrentar obstáculos por si. Algumas vezes, este filho busca em seus relacionamentos alguém que ocupe o lugar da mãe, promovendo assim uma pseudoautonomia, quando na verdade é apenas uma substituição. A mãe é substituída por uma esposa, e, ele volta a sentir-se “inteiro”, uma ilusão que nem sempre traz um final feliz. Quanto à mãe, não é muito diferente. Estando “misturada” com seu filho, ela também não se vê como pessoa, mulher capaz de buscar seu destino. Muitas vezes, ela vive com tanta intensidade o papel de mãe, que se esquece de si mesma. Toda sua energia está comprometida com uma espécie de “receita” dê contorno ao papel de “boa mãe”. A partir das experiências boas e ruins com a própria mãe e dos encontros com outros modelos, ela cria suas regras, se empenhando tanto em tal projeto, que se esquece de si. “Minha mãe é uma viagem” provoca tal reflexão, mas também sugere novas possibilidades. A viagem se revela como alternativa para que ambos se despeçam das receitas prontas, favorecendo uma relação mais autentica entre ambos. A nova aproximação, ainda que com outras finalidades, faz com que se conheçam mais, permitindo assim que possam se ver como indivíduos autônomos. Nesse aspecto, o longa se revela um mimo ao expectador, confira!




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