sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Smashed De volta a realidade

clip_image001 ASSUNTO
Alcoolismo, dependência química, relações afetivas, sociais e familiares.
SINOPSE
Kate (Mary Elizabeth Winstead) e Charlie (Aaron Paul) formam um jovem casal apaixonado. Eles compartilham uma paixão pela música, risos e álcool. Com o tempo, Kate desenvolve um comportamento antissocial que compromete seu trabalho como professora. Ela então decide entrar no AA e ficar sóbria, contando com a ajuda da amiga Jenny, do vice-diretor da escola e do seu marido. Mas nem tudo será fácil nesta jornada, pois essa transformação vai trazer à tona os outros problemas da sua vida.
TRAILER
O OLHAR DA PSICOLOGIA
O alcoolismo, como outras formas de dependência química, é cada vez mais frequente entre as mulheres. Como outros vícios, este é fácil de apontar em “outras pessoas”, e, muito difícil de ser reconhecido em si. “Bêbado”, “Sem noção”, “embriagado”, “papudo” é sempre uma qualidade daquele outro, que se comporta de forma inadequada. Quem está envolvido no processo dificilmente se percebe como alcoolista, ele acredita que apenas bebe socialmente. É muito difícil ter consciência do próprio estado de embriaguês, dependência. No filme, a partir de algumas situações inusitadas, Kate se dá conta do quanto a bebida está lhe tirando o controle. A diversão compartilhada com o marido, regada a muito álcool, aos poucos vai tornando o dia seguinte  sem sentido. Acordar num banco de praça, não perceber como chegou até ali, ou pior, vomitar em sala de aula, são os alertas que despertam a professora. A rotina de quem bebe sem limite é assim, aparenta ser um “tempero” para a diversão, mas se apresenta como mecanismo de fuga da realidade. Os problemas reais não deixam de existir, a bebida serve como um anestésico, suspendendo por alguns momentos as preocupações da vida. Da diversão à autodestruição é rápido, basta um instante, sem que muitas vezes a pessoa possa se dar conta. Além de perder a capacidade de discernimento, a pessoa pode chegar a consequências bem piores. A ilusão é o objetivo primeiro, pois não há responsabilidade enquanto a droga tem efeito. Acordar para a realidade é, na maior parte das vezes, muito sofrido.
Depois de tempos de alienação, retomar as rédeas da própria vida pode significar enfrentar perdas irreparáveis. A realidade dói, e, a pessoa pode se achar incapaz de enfrentá-la. Nesse momento, sempre é importante uma rede social de apoio. Nem sempre a família tem disponibilidade para dar suporte, mas existem amigos ou companheiros de luta, como os Alcoólicos Anônimos. Kate não tem muito com quem contar, tanto seu marido como sua mãe se apresentam também como dependentes químicos. Aliás, fica implícita a configuração disfuncional de sua família de origem. Não há detalhes sobre os acontecimentos de sua infância, mas o distanciamento e outras passagens da trama oferecem pistas que apontam para a disfunção familiar. O filme explora bem as dificuldades inerentes ao processo de recuperação de uma pessoa viciada. O discurso de Kate, durante a comemoração de um ano sem álcool, retrata a dura realidade do processo. Ela afirma que em determinado momento as coisas deixaram de ser vergonhosas e se tornaram assustadoras. Infelizmente, muitas famílias são desfeitas, pessoas adoecem gravemente, sem que o alcoólatra se dê conta da situação. O filme fala com honestidade sobre as dificuldades enfrentadas pelo alcoólatra para largar o vício. Não há um grande prêmio no fato de resistir à tentação, nada fica mais colorido nem a porta do paraíso se abre, a única conquista é uma nova consciência, a certeza de que o caminho assustador direcionado para decadência foi interrompido. No fim, de volta à realidade é apenas o recomeço, uma nova chance de viver.




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